domingo, 26 de agosto de 2012

Ultimate Homem-Aranha: Uma História

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No mês em que o Homem-Aranha completa 50 anos, não poderíamos deixar de fora de nossos especiais comemorativos a versão Ultimate do herói. Surgida nos EUA na estreia da linha, em 2000, a nova versão de Peter Parker tornou-se uma das, senão a versão alternativa mais bem-sucedida de um personagem de quadrinhos. Sua trajetória encerra-se no Brasil neste mês histórico para o herói aracnídeo. Nos últimos 11 anos, o Homem-Aranha Ultimate teve, felizmente, uma carreira editorial bem estável em nossas terras. Saiba mais sobre a vida desse grande herói nessa homenagem do Universo Marvel 616.

Na virada do século, a Marvel decidiu criar a linha Ultimate. Um universo inteiramente novo que mostraria seus principais heróis começando suas carreiras em tempos atuais, no século 21. Ideal para atrair novos leitores, que poderiam começar a acompanhar as histórias do zero e no momento em que aconteciam. A ideia foi do editor Bill Jemas, que sentia que o Universo Marvel não era mais tão acessível com seus 40 anos de cronologia. Ele queria marcar a estreia do novo universo com uma versão reinventada do Homem-Aranha. Joe Quesada, editor-chefe na época, estava cético, pois uma tentativa recente de recontar os primeiros dias do herói não tinha dado certo nas mãos de John Byrne, com Spider-Man: Chapter One (Homem-Aranha: Gênese no Brasil, publicada nos últimos dias do formatinho nas mensais do Aranha).

Em outubro de 2000, chegou às comic shops norte-americanas Ultimate Spider-Man #1. Escrita por Brian Micheal Bendis e com desenhos do já veterano na editora Mark Bagley, a revista trouxe a primeira parte de Poder e Responsabilidade, arco de 7 partes que contaria a origem do Homem-Aranha Ultimate. A origem do Aranha, que teve 11 páginas em 1962, teve, na versão de Bendis, 180.

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Ao contrário do que alguns podem pensar, a decisão de alongar a história mostrou-se um grande acerto. Com isso, os acontecimentos tomaram um ritmo mais natural e as situações, personagens e suas relações puderam ser mais bem desenvolvidas. O jovem Peter Parker é picado por uma aranha geneticamente alterada numa excursão da escola aos laboratórios da Oscorp, empresa de Norman Osborn, pai de Harry, um dos poucos amigos de Peter. Após desmaios e espasmos, ele nota o aumento de sua agilidade e o surgimento do “sentido de aranha” e, pesquisando sobre aranhas na internet, começa a entender as mudanças pelas quais está passando.

Peter acidentalmente quebra a mão do valentão Flash Thompson e, ao ter seus tios processados, começa a trabalhar secretamente num circuito de wrestling local como o “Espetacular Homem-Aranha” para pagar as despesas médicas de Flash como um doador anônimo. O uniforme do Aranha é dado pela organização de luta livre. Ele deixa o trabalho quando é acusado de roubo. Irritado, deixa um ladrão escapar. Chegando em casa, é confrontado pelos tios por suas notas estarem diminuindo. Seu tio Ben lhe fala que com grandes poderes, vêm grandes responsabilidade e o lembra de seu pai. Mas Peter não leva bem a conversa e acaba saindo de casa de novo, apenas para voltar e descobrir que o mesmo ladrão que deixara escapar havia matado o tio Ben. Peter consegue encontrar o ladrão e o entrega à polícia, entendendo agora a lição que o tio o ensinara. É interessante notar que esse momento tão essencial da origem do Homem-Aranha só aconteceu na quarta edição da revista.

No Brasil, a série estreou em setembro de 2001, com o lançamento da revista Marvel Século 21, da editora Abril. Com formato, acabamento e preço interessantes, a revista trazia duas histórias por edição, nas quais o aracnídeo dividia o espaço com Ultimate X-Men desde a estreia. Porém, eram os últimos meses da Abril publicando Marvel e, por conta disso, a revista só durou até dezembro daquele ano, vivendo por 4 números.

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Felizmente, esse cancelamento não representou nenhuma perda, já que no mês seguinte a Panini Comics estreava Marvel Millennium: Homem-Aranha, mensal de formato e preço similares a sua antecessora. A revista da Panini trazia ainda capas mais fies às originais, com as duas faixas de cor chapada nas laterais, uma espécie de “selo” do universo Ultimate lá fora. Mesmo dando destaque ao Aranha no título, a revista inicialmente também tinha duas histórias, sendo uma dos X-Men.

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Dando prosseguimento ininterrupto ao ainda primeiro arco da história do Aranha Ultimate, temos nas primeiras edições da Panini mais alguns momentos essenciais, como Peter Parker inventando os lançadores de teia.

O arco tem ainda como trama secundária a origem da monstruosa versão Ultimate do Duende Verde, a partir da fórmula Oz, na qual Norman Osborn tornou-se confiante após acompanhar de longe o desenvolvimento dos poderes de Peter e a injetou em si mesmo. A história culmina com a luta entre o herói e o vilão, depois dele ter assassinado colegas de trabalho e a própria esposa por conta da transformação. O fim do arco marca também a mudança de Harry que, com a vida despedaçada, vai morar com parentes distantes.

As primeiras edições mostram o grande acerto dos criadores ao realmente tornarem as tramas atuais sem medo de alterações significativas na história e no tom das mesmas. Peter ainda é um jovem estudioso que sofre sua parcela de bullying por isso, mas não tem o visual caricato do nerd clichê que tinha nos anos 60. Mary Jane é colega de classe do herói. O elenco adolescente tem caracterização e comportamento realista e adequado à época. O esforço criativo compensou e a revista tornou-se sucesso de público e crítica.

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Nas histórias seguintes, outros elementos importantes, clássicos e modernos, entraram em cena. Peter tira fotos do Homem-Aranha e as vende para o Clarim Diário para ajudar sua tia May com as finanças e acaba ajudando J. Jonah Jameson com um problema de informática, o que o rende um emprego de meio-período como técnico de computador no jornal. Mais tarde ele se torna web designer de lá. No número 13 norte-americano, Peter revela a MJ, agora sua namorada, que é o Homem-Aranha. Bendis mais tarde descreveria essa edição como sua favorita, por representar a confiança que o editorial da Marvel tinha nele. Ele e Mark Bagley demonstraram muita química trabalhando juntos, o que só contribuiu para a qualidade do título. Logo, Ultimate Spider-Man passou a vender mais que Amazing Spider-Man, título principal do Homem-Aranha clássico.

Ainda no primeiro ano da revista, a Panini passou a publicar Ultimate Marvel Team Up no mix. A estreia foi no número 5 e, a partir dele, a mensal passava a ter 100 páginas. A série, que durou 16 números mais um especial de conclusão, foi uma aposta da Marvel devido ao sucesso do Aranha e também contava com roteiros de Bendis, tinha histórias fechadas ou pequenos arcos e um desenhista diferente para cada história. Team Up também era protagonizada pelo Homem-Aranha, que encontrava um ou mais personagens célebres por história e servia, na maioria das vezes, para introduzir as versões Ultimate dos heróis convidados.

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Outros personagens importantes da mitologia do Homem-Aranha e heróis Marvel foram apresentados e tiveram participação na própria revista do aracnídeo. Vilões clássicos como o Rei do Crime e o Dr. Octopus dão as caras nas primeiras histórias. Tal como Gwen Stacy, que aparece no terceiro arco como uma nova aluna da escola. Seu pai, entretanto, já havia aparecido no primeiro, em seu trabalho como capitão de polícia. A revista tinha espaço para alguns personagens novos, como Kenny “Kong” McFarlane*, um atleta que por vezes age como valentão mas demonstra ser uma pessoa legal e o adolescente super poderoso Geldoff, um jovem com poderes e sem responsabilidade que explodia carros por diversão.

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*O sobrenome de Kenny é uma clara homenagem ao desenhista Todd McFarlane, co-criador do Venom e importante artista do Homem-Aranha no início dos anos 90.

O arco Legado trouxe Harry de volta, junto de seu pai, que agora tentava manipular Peter, ameaçando as vidas de Mary Jane e da tia May. Para lidar com a situação, Nick Fury apresenta-se ao jovem Parker, iniciando uma relação bastante interessante que voltaria à tona diversas vezes durante a série.

As partes finais dessa história trazem referências à clássica morte de Gwen Stacy e consequentemente ao primeiro filme do Homem-Aranha, que havia sido lançado recentemente. O Duende joga Mary Jane da ponte do Brooklyn, o Aranha consegue salvá-la e se enfurece com o vilão, mas Osborn leva a melhor e, enquanto sufocava nosso herói, foi empalado pelo filho Harry. O vilão sobrevive e Fury informa Peter de que ele se juntará à SHIELD quando completar 18 anos.

O Aranha tem que lidar com a opinião pública quando um impostor aparece cometendo crimes e chegando a causar a morte do Capitão George Stacy. A esposa do capitão tinha deixado o lar há pouco tempo e se recusa a ter a custódia da filha, que é aceita por May e Peter Parker, passando a morar com eles. Peter descobre que o impostor é um garoto adolescente e o entrega à polícia.

Um importante momento da série depois de suas histórias iniciais foi o arco Venom, no qual Peter descobre o trabalho científico de seu pai e reencontra o amigo de infância Eddie Brock Jr., que é hoje um universitário. Entrando em contato com ele, Peter passa a saber que seu pai e o pai de Eddie trabalharam juntos numa substância negra chamada “O Traje” e chegaram perto de avanços médicos revolucionários com ela. Peter acaba entrando em contato com o traje e torna-se a versão Ultimate do Homem-Aranha de uniforme negro. Depois de derrotar com facilidade alguns inimigos ele perde o controle e quase mata um assaltante, o que o faz ver que o traje deve ser destruído. Ele conta tudo a Eddie, inclusive sua identidade secreta. Mas Brock, com raiva por ter sido rejeitado por Gwen Stacy após um encontro, apenas finge concordar e faz uso do traje, tornando-se o monstruoso Venom. Após enfrentar o Aranha, ele desaparece.

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Pouco depois disso, foi lançada a minissérie Ultimate Six, com Brian Bendis mais uma vez nos roteiros e Trevor Hairsine na arte. Publicada no mix da própria mensal pela Panini, a história contava a formação do Sexteto Sinistro daquele universo. Cinco prisioneiros da SHIELD, Electro, Kraven o Caçador, Homem Areia, Dr. Octopus e Duende Verde, são acusados do crime de alterar seus códigos genéticos. Unidos, conseguem escapar, mas Norman Osborn está convencido de que “irá haver seis” deles. O sexto elemento seria o Homem-Aranha, que já estava sob proteção de Nick Fury e dos Supremos (os Vingadores do Ultiverso). É o primeiro contato direto do Aranha com os Supremos, que não acreditam que o herói é um adolescente. Durante a trama, o lado calculista de Osborn ganha destaque quando ele chantageia o presidente dos EUA, ameaçando divulgar o tratamento que recebeu na prisão. Ao fim da história, um ataque do grupo de vilões à Casa Branca é impedido quando Fury leva Harry Osborn à cena para pedir ao pai que parasse o atentado, distração suficiente para a derrota do Duende. Porém, Harry diz a Peter que matará todos eles pelo que fizeram com seu pai.

Um dos acontecimentos mais inusitados e originais de Ultimate Homem-Aranha aconteceu no arco Hollywood, no qual Peter descobre que está sendo produzido um filme do Homem-Aranha! Nosso herói se irrita ao ponto de interromper o set de filmagem. Numa coincidência digna de filmes de super-heróis, o Dr. Octopus também invade o set, a fim de matar sua ex-esposa, que trabalha como consultora na produção. O herói protege a equipe do set e acaba capturado e torturado pelo vilão num avião e chega a vir parar no Brasil por conta disso! O filme é feito e de vez em quando surgem referências a ele na série, para a vergonha de Peter Parker. Como cereja do bolo, o nome do ator que interpreta o Aranha nesse filme do universo Ultimate é Tobey Maguire.

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Quando o Dr. Curt Connors faz experimentos com o sangue de Peter, com sua permissão, a fim de possivelmente obter grandes avanços médicos, ele usa parte da pesquisa de Richard Parker, pai do herói, e acaba criando acidentalmente uma criatura humanoide assassina chamada Carnificina. Ao escapar do laboratório, a criatura deixa um rastro de assassinatos que culmina da morte de Gwen Stacy. O monstro detinha memórias do herói devido a ter sido criado com seu DNA. Quando o Aranha derrota o Carnificina, o Dr. Connors se entrega a polícia por sua culpa no ocorrido. Sentindo-se culpado e muito abalado, Peter decide não ser mais o Homem-Aranha, mas logo se encontra impedindo um assalto.

Depois da morte de Gwen, a tia May decide que os Parker devem se mudar e a partir daí os dois passam a morar em uma outra casa no mesmo bairro, no Queens, uma sem as trágicas memórias contidas no seu antigo lar.

Outra história bem inusitada ocorre nessa época, num arco em duas partes no qual Peter Parker acorda um dia no corpo de Wolverine e vice-versa, o que rende momentos bem cômicos e mostra uma relação nada amigável entre os dois. A causa do ocorrido foi a x-man Jean Grey, que tinha ameaçado Logan de mandar a mente dele para o lugar que ele considerasse o mais desagradável caso desse em cima dela de novo. As páginas de recapitulação das duas partes da história trazem uma versão desenhada do próprio Bendis creditando a ideia ao editor Nick Lowe, e dizendo que nem ele, famoso por alongar suas tramas, pode escrever mais de duas partes pra história. O descontraído arco foi recentemente adaptado, numa versão mais leve, para o desenho Ultimate Spider-Man, que tem o envolvimento do escritor na criação.

Quando essas histórias foram publicadas, a Marvel Millennium já contava, além do Aranha e X-Men, com a mensal do Quarteto Fantástico Ultimate, já tendo inclusive publicado todo o primeiro volume de Os Supremos e estando perto da estreia do segundo. Na maioria das edições, o aracnídeo tinha duas histórias publicadas. Isso porque a mensal americana teve fases em que saía de forma quinzenal por lá, nos períodos de férias escolares. O destaque dado ao Homem-Aranha no título da mensal da Panini fez todo o sentido.

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Por estar um tanto isolado no Edifício Baxter, Johnny Storm, o Tocha Humana do Quarteto Fantástico passa a estudar na mesma escola em que Peter Parker. Pouco depois disso, Harry Osborn volta à cena, tendo herdado a fortuna de sua família. Após lembrar que conhecia a identidade de Peter com a ajuda e um homem Shaw, que nada mais era que uma alucinação, ele decide se vingar do velho amigo, a quem agora culpa pela suposta morte de seu pai. É revelado que Harry também foi afetado pela fórmula Oz quando ele se transforma no Duende Macabro e confronta o Aranha, que só o derrota com ajuda da SHIELD.

É aqui que Peter soca a cara de Nick Fury, enfurecido pelo general não saber antes sobre os poderes de Harry. Perturbado por Mary Jane ter se colocado em perigo durante a batalha e pela descoberta recente de que ela e Harry estavam saindo antes do acidente do acidente na Oscorp no início da série, Peter diz que ela sempre estará em perigo com causa dele, sendo difícil confiar nela. Por isso, decide romper o namoro.

Em outubro de 2006, a Panini lança o primeiro Marvel Millennium Anual, uma revista espessa que trouxe todos os quatro primeiros anuais das séries mensais que publicava. O do Homem-Aranha era dos mais interessantes, pois colocava Peter num encontro com ninguém menos que Kitty Pryde, dos X-Men. As coisas acabaram dando certo e os dois namoraram por um tempo, formando um casal bem interessante. No ano seguinte, outro anual nos mesmos moldes foi lançado.

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Em 2007, chegava por aqui a espetacular Saga do Clone Ultimate. Quando Peter enfrenta o Escorpião e, desmascarando-o, descobre que ele era um clone seu, um pesadelo começa a se instaurar na sua vida. Mary Jane, de quem começava a se reaproximar, é sequestrada por um clone desfigurado do herói, chamado Kaine, que injeta a fórmula Oz nela, tornando-a similar ao Duende Verde. Gwen Stacy reaparece, detendo os poderes do Carnificina. Nick Fury e seus Esmaga-Aranhas surgem na porta da casa dos Parker. Na confusão, Peter conta a sua tia May que ele é o Homem-Aranha, logo antes de seu pai, Richard Parker, aparecer por lá, vivo. Ela acaba enfartando em meio a tanto estresse, depois que Fury ordena a destruição da casa.

A Mulher-Aranha, um clone feminino do herói, o ajuda a resolver a situação. Os clones foram criados pelo Dr. Octopus, que concordara em trabalhar para o FBI em pesquisa genética em vez de ser preso. Junto da CIA, a instituição criou os clones do Homem-Aranha. Octopus é derrotado, Gwen e os clones insanos são pegos sob custódia da SHIELD e, com uma ajudinha de seus amigos do Quarteto Fantástico e dos X-Men no controle de danos, nosso herói consegue superar a situação, apesar de todo o trauma sofrido. O saldo da história é uma Mary Jane curada por Reed Richards reatando o namoro com Peter, a descoberta de que aquele Richard Parker era mesmo um clone, uma tia May que conhece a identidade secreta do sobrinho, o Aranha e Nick Fury “fazendo as pazes” e uma heroína das mais interessantes surgindo: Jessica Drew, a Mulher-Aranha, uma menina adolescente que tem as memórias de Peter Parker e se sente como sendo ele, mas que decide aceitar a identidade que lhe foi dada e parte para voltar a aparecer no futuro.

A Saga do Clone marcou a centésima edição norte-americana de Ultimate Spider-Man e foi o primeiro grande divisor de águas da série. O escritor anunciou oficialmente que as 100 primeiras edições da revista se passam durante um ano na vida de Peter Parker.

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Alguns números depois, Mark Bagley despedia-se do título. Mas não sem antes bater o recorde, junto com Bendis, de número de edições seguidas de uma revista em quadrinhos produzidas pela mesma equipe criativa, com 111 números ininterruptos. O recorde anteriormente pertencia a Stan Lee e Jack Kirby no Quarteto Fantástico. O número #111 americano foi dividido por Bagley e o novo desenhista da série, Stuart Immonen. A passagem de bastão ocorreu numa história fechada, na qual Peter e a tia May conversavam sobre ele ser o Homem-Aranha e se entendiam, dando um clima de capítulo fechado pronto para o recomeço. Uma despedida à altura do desenhista que definiu o visual de todo o universo da versão Ultimate do Homem-Aranha.

Brian Bendis continua firme nos roteiros e a primeira história que conta com Immonen traz um Norman Osborn que, ao escapar da prisão, vai à televisão e usa a mídia para seus fins de manipulação. Algo não muito diferente do que a versão 616 de Norman faria algum tempo depois, sob os roteiros do próprio Bendis.

A história também conta com Kitty Pryde, recém-saída dos X-Men, indo estudar junto com Peter e auxiliando-o de vez em quando no trabalho de super-herói. Ao final, uma crise explode e Norman acidentalmente mata o filho Harry, depois de uma briga de duendes, e pede a Carol Danvers, agora diretora da SHIELD, que o mate, o que ela faz com prazer. Na escola, Peter faz uma homenagem ao velho amigo, afirmando que, no final, ele era um herói.

Em outro momento áureo, temos uma grande homenagem ao antigo desenho Homem-Aranha e Seus Incríveis Amigos num arco homônimo onde Liz Allen descobre ser uma mutante com poderes de fogo. Com ajuda do Aranha e Bobby Drake, o Homem de Gelo, ela tem que lidar com Magneto e com os X-Men e acaba decidindo se juntar ao grupo de heróis, tornando-se a Flama do Ultiverso.

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Shoker é um vilão recorrente nas histórias, mas como piada. Um assaltante infame com equipamentos que lhe dão poderes elétricos que sempre é detido pelo Homem-Aranha com grande rapidez, de forma cômica. Pelo menos até O Pior Dia Na Vida de Peter Parker, história na qual o bandido se vinga do herói, o sequestrando, desmascarando e torturando. Kitty Pryde e Mary Jane se unem para salvá-lo.

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Já a Guerra dos Simbiontes (arco que homenageia o vídeo game Ultimate Spider-Man) trouxe de volta Gwen Stacy, que fugira da detenção da SHIELD, Venom e a Mulher Aranha. Depois de enfrentar o Aranha e Gwen, o alter ego de Eddie Brock Jr. absorve o Carnificina de Stacy, tornando-se ainda mais monstruoso e deixando a menina saudável e livre do “simbionte”. Venom acaba capturado pelo vilão Besouro e levado para a Latvéria.

E chegou o Ultimatum, evento orquestrado por Jeph Loeb que quase acabou com o Ultiverso contando a história de um Magneto ensandecido provocando grande destruição em Nova York e a morte de vários heróis e figuras importantes daquele universo. Fora dos quadrinhos, os títulos do universo Ultimate já andavam mal das pernas, com escritores que não acertavam a mão e histórias que passavam muito longe da inovação e identificação com a realidade tão comuns às séries num passado não muito distante.

O Homem-Aranha havia se tornado literalmente a única série Ultimate que valia a pena acompanhar, em minha opinião e na de muitos. Em meio às histórias frustrantes dos outrora excelentes X-Men, Quarteto Fantástico e até dos Supremos, talvez maiores vítimas, o Aranha permanecia firme e forte, sem perder o ar de novidade e originalidade que a série sempre teve. Ultimatum veio para acabar com o Ultiverso e fazê-lo renascer, na esperança dos editores, com histórias melhores.

No caos da saga, nosso herói foi soterrado e desapareceu, fazendo com que todos acreditassem que ele havia morrido. E foi assim que o Ultimatum encerrou-se, junto da revista Marvel Millennium: Homem-Aranha, em sua edição número 100, de abril de 2010. Na numeração americana, a revista acabava no número 133.

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Em junho do mesmo ano, saiu o especial Marvel Millennium: Réquiem, mostrando as consequências de Ultimatum para o Homem-Aranha, X-Men e Quarteto Fantástico. As duas partes da história do Aranha mostraram seus entes queridos lidando com o que achavam ser sua morte. J. Jonah Jameson escreve uma homenagem ao herói no Clarim Diário, reconhecendo o heroísmo do jovem e desculpando-se por recriminá-lo e, em meio aos escombros da cidade, Peter Parker é encontrado. Inconsciente, mas vivo.

No mês seguinte, chegava às bancas Ultimate Marvel #1, já no novo formato de 76 páginas da Panini. Finalmente chamada de Ultimate, a revista trazia a mensal do Homem-Aranha, a nova série Ultimate Vingadores e a primeira parte da mini Ultimate Guerra das Armaduras, no formato que perdura até, sempre com espaço para minis e publicações especiais do Ultiverso.

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A revolução aconteceu da mesma forma que nos EUA, onde as revistas também foram zeradas. Ultimate Comics Spider-Man #1, como a revista se chamaria a partir de agora, continuava escrita por Brian Michael Bendis e tinha agora na arte David LaFuente, embora outros artistas dividissem ou assumissem o trabalho em alguns números.

A primeira história se passa seis meses após o Ultimatum e mostra um status quo um tanto diferente. Nova York já está se recuperando bem da catástrofe e festejando a recuperação. O Clarim Diário está fechado e Peter Parker trabalha agora numa lanchonete fast food. Gwen Stacy está morando novamente com os Parker e namorando Peter. O uso de poderes mutantes está proibido. E o povo agora gosta do Homem-Aranha. No primeiro arco, Johnny Storm e Bobby Drake estão sem lar e acabam sendo aceitos por tia May para também morarem em sua casa. Kitty Pryde continua no elenco de apoio e Mary Jane está arrependida de ter rompido o namoro com o nosso herói, mas continua sendo amiga dos personagens centrais.

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A histeria anti-mutante logo faz com que Kitty seja perseguida na escola, até pelo governo, o que a deixa perturbada e faz fugir do Queens. Gwen também não dura muito como namorada de Peter, pois percebe que MJ ainda o ama e acredita que ela é a garota perfeita para ele, admitindo inclusive que praticamente obrigou Peter a namorá-la. Numa história cheia de tensão envolvendo o Camaleão, Jameson e Peter são sequestrados pelo vilão e o chefe do Clarim Diário (que agora funciona online) deduz que o jovem é o Homem-Aranha, sem que o herói saiba. Mas devido ao respeito que agora tem por ele e por ter, naquela ocasião, a vida salva, ele promete a si mesmo manter secreta a identidade.

Depois de 15 números norte-americanos, a revista volta a sua numeração original, com a edição comemorativa de número 150. Nela, a diretora da SHIELD Carol Danvers conversa com o Capitão América, Homem de Ferro e Thor sobre o que fazer a respeito do Homem-Aranha. Depois e conversar com a tia May, Carol anuncia a Peter que, após a escola, ele passará a ter treinamento de super-herói. Por conta disso, Tony Stark o treina e acompanha no arco seguinte.

Depois disso, temos a história de aniversário de Peter Parker. J. Jonah Jameson o presenteia com seu emprego de volta e a cobertura dos custos futuros do jovem na faculdade. Tony Stark o envia lançadores de teia modificados com sua tecnologia. Na ocasião, Peter e Mary Jane oficialmente voltam a ser um casal.

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A bonança precede a pior das tempestades. Logo depois do aniversário, chega o arco final de nosso herói, A Morte do Homem-Aranha. Norman Osborn não havia morrido, estava apenas aprisionado pela SHIELD, que acreditava que ele não possuía mais os poderes do Duende Verde. Eles estavam errados. Osborn foge da prisão, levando consigo mais 5 inimigos do Aranha, em mais uma referência ao Sexteto Sinistro, sendo eles Electro, Homem Areia, Kraven, o Abutre e o Dr. Octopus. O último, porém, ao não querer fazer parte do plano de destruição da vida do nosso herói, é assassinado pelo Duende. Ao mesmo tempo, se dava o conflito entre os Vingadores e os Novos Supremos na cidade de Nova York.

A derradeira jornada do Homem-Aranha começa nessa luta, que observava de longe quando viu o Justiceiro apontando sua arma ao Capitão América. Salvando a vida do herói, Peter é atingido na barriga pela bala. Mas, sabendo que Norman está a solta, precisa proteger sua família.

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O Queens presencia, com direito a filmes sendo feitos de celular, a emocionante batalha final do Homem-Aranha, que conta com a ajuda do Tocha Humana e até mesmo da tia May e de Mary Jane em momentos de desespero. Peter Parker, com um ferimento de bala contido com teia e com sua máscara perdida, enfrenta um poderoso Norman Osborn, que só quer destruir a vida e a família de Peter, culpando-o pela destruição da sua. Com a explosão de uma van com a qual o exausto herói golpeava o vilão, os dois tombam.

Em seu último suspiro, cercado por sua família, Peter diz à tia que está tudo bem. Ele não conseguiu salvar o tio Ben, não importava o que fizesse. Mas May e os outros estão a salvo. Isso ele conseguiu fazer. Com esse momento, provavelmente o mais tocante que eu já vi em uma revista em quadrinhos, a vida de Peter Parker, o Homem-Aranha, chega ao fim.

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No número 25 de Ultimate Marvel, ainda nas bancas, encerra-se a espetacular carreira do Ultimate Homem-Aranha. No arco final, Mark Bagley retorna para dar um ar ainda mais marcante ao fim da carreira do herói. O escritor Brian Bendis, envolvido durante tanto tempo com o personagem que ajudou a criar, disse que chorou escrevendo os momentos finais do herói. E sim, eu sei que morte nos quadrinhos da Marvel podem não significar muita coisa. Mas esse é o Ultiverso, que tem provado, para o bem ou para o mal, que pode sustentar decisões editorias impensáveis na linha principal da editora.

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A série, reconhecida por público e crítica, é uma das mais interessantes do século 21 e, sendo escrita por seu criador até o fim, manteve sempre a personalidade. É claro que Ultimate Spider-Man não é unanimidade e mesmo quem gosta pode não aprovar todos os momentos ou histórias já mostrados na série. Mas, mesmo em um ou outro momento mais fraco, a qualidade característica da série nunca foi pra muito longe.

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Com 129 edições publicadas no Brasil, 160 nos EUA mais alguns especiais, Ultimate Homem-Aranha fez história. Vida longa a Peter Parker.

Léo

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