sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

616 visita o Studio Made in PB

Talvez não seja uma data conhecida de todos, mas os adoradores dessa arte já devem saber que 30 de janeiro é o Dia do Quadrinho Nacional. E o editorial 616 reservou uma matéria muito especial e bacana para hoje. Aproveitando o clima de férias, um certo editor resolveu esticar alguns dias na Paraíba, e foi conhecer uma galera que desde o final do ano passado tem sido uma excelente colaboração do site. Estamos falando exatamente do Studio Made in PB, que recebeu ninguém menos que o Coveiro (esse que vos escreve) e concedeu uma entrevista pra lá de interessante para os apreciadores de HQ, sejam aspirantes a desenhistas, roteiristas e afins. Confira!
Made in PB

Bem, a idéia da visita surgiu como tudo geralmente ocorre na minha vida. Estalei os dedos e disse “eu vou”, o que certamente surpreendeu um pouco o meu contato com o Estúdio, Januncio Neto (como ele mesmo confessou depois pessoalmente). Aproveitei uma visita familiar no Recife, pedi carona a um velho conhecido que passou a trabalhar por aquelas bandas e parti rumo a terras paraibanas.

Havia marcado a visita para depois do almoço e lá estava eu, pelas três horas da tarde no Espaço Cultural José Lins do Rego. Cumprimentei Januncio e todo o pessoal que já estava totalmente voltado para produção de sketchs baseados nos personagens Marvel. Foi nesse meio tempo, depois de tirar algumas fotos do pessoal trabalhando, que me sentei para conversar com Januncio e trocar idéias a tarde toda.

Made in PB
O quartel-general do Estúdio, localizado no Espaço José Lins do Rego.

E boa parte dessa conversa acabou gerando essa entrevista, que eu e Januncio resolvemos reorganizar por email e pelo MSN:

Coveiro: Antes de mais nada, quero agradecer a você, Janúncio, pela oportunidade de conceder a entrevista para nosso site, e também abrir as portas do Estúdio para minha rápida visita. De fato, foi pouco tempo para trocar todas as idéias que pretendia, mas acho que essa entrevista que estamos realizando agora vai servir não só para isso como também para levar aos leitores do nosso site de todo Brasil o trabalho de vocês.

Januncio Neto: Eu, em nome de todos os membros do estúdio é que agradeço pela oportunidade, que você e o Universo Marvel 616 estão nos dando. Espero que possamos firmar uma parceria duradoura com o UM 616 por muito tempo.


Coveiro: Pode acreditar que sim. Bom, acho que podemos começar falando um pouco sobre o início de tudo. Conte para a gente um pouco das origens do Estúdio Made in PB. Como chegaram à idéia de se juntar para formar o Estúdio?

Januncio Neto: O estúdio foi formado oficialmente em fevereiro (a data eu não posso dizer com certeza) de 1998. Todos os membros da formação original tinham amizades em comum, mas eu particularmente não conhecia todos até então. Todos tinham em comum o gosto por HQ’s, e também era aquela época em que os desenhistas brasileiros começaram a participar de projetos nas grandes editoras americanas. Então, de certa forma, acho que foi meio que natural o desejo de montar um estúdio.

Made in PB
Produção de Sketch pelos alunos Daniel Rolim e Hugo

Coveiro: E ao longo desses 10 anos, desde que começaram, que tipos de materiais próprios, em termos de HQ, já foram produzidos por membros do estúdio? Alguns fanzines interessantes para nos mostrar?

Januncio Neto: No início nós produzimos fanzines (acredito que não exista mais nenhum hoje em dia), em 2000 fomos convidados a participar de um projeto desenvolvido pelo jornal oficial do governo do estado (A UNIÃO). O nome do projeto era “A UNIÃO Quadrinhos”, e tinha como idéia original mostrar quadrinhos produzidos por desenhistas já conhecidos no estado (Deodato Borges, Mike Deodato, Emir Ribeiro e Henrique Magalhães) e novos desenhistas como nós e Shiko (um dos maiores artista do estado).

Nós ainda produzimos uma HQ que seria publicada por uma editora do Rio de Janeiro, mas infelizmente o projeto não foi levado adiante. Ainda temos uma história que nunca foi publicada, e estamos com a idéia de terminá-la e publicá-la em uma edição comemorativa pelos 10 anos do estúdio (na verdade essa edição deveria ter saído em 2008, mas infelizmente não foi possível, espero que consigamos este ano).

Coveiro: Já é sabido por muita gente que a Paraíba já tem destaque como berço de quadrinistas nacionais, e creio que isso estimule bastante vocês. Então, que tipo de contato vocês tiveram com eles ao longo desses anos? E existe hoje algum tipo de apoio de alguns deles para o trabalho de vocês?

Januncio Neto: Nós temos a sorte de ter uma boa relação com a grande maioria dos artistas de quadrinhos na Paraíba, para ser mais específico essa “grande maioria” reside em nossa cidade (João Pessoa).

Mike Deodato Jr., Deodato Borges (o pai de Mike Deodato Jr./Deodato Filho, responsável pelo primeiro personagem dos quadrinhos do nordeste), Emir Ribeiro (criador da personagem Velta), Henrique Magalhães (dono da editora de quadrinhos independentes “Marca de Fantasia”), Cristovão Tadeu (humorista paraibano, criador de inúmeros personagens que se destacaram nos jornais paraibanos) e, completando a lista, Shiko.

Mike Deodato é nosso maior incentivador, e Shiko é um grande amigo. Eles, juntamente com Henrique Magalhães, são os artistas com que temos maior contato.

Coveiro: Legal! Vocês, pelo que sei, também têm apoio do Governo do Estado. Como conseguiram esse vínculo, e qual a importância disso hoje para o crescimento dos trabalhos do Estúdio?

Januncio Neto: Bem, nossa parceria com o governo estadual, começou em 2004 (quando fomos convidados para uma exposição no FENART, juntamente com os demais artistas dos quadrinhos paraibanos). Como já tínhamos a idéia de desenvolver o um curso específico para quadrinhos, tivemos a sorte de nosso projeto ter sido aprovado.

Desde então estamos desenvolvendo um curso básico de desenho para HQ’s, trabalhamos com alunos da rede pública de ensino (que tem direito a gratuidade). Os demais interessados no curso pagam a quantia de 40,00 R$, o material do curso é todo por conta. Conseguimos o material através do governo do estado e de uma parceria com a gráfica e editora GRAFSET.

Made in PB
Produção de Sketchs por Izaac Brito e Franciélio "lelo" Alves.

Coveiro: Bem lembrado, Januncio. Enquanto conversávamos no Estúdio, você comentou que estava organizando o próximo curso de desenho ministrado pelo Estúdio Made in PB. Fale um pouco da estrutura do curso, como os alunos interessados chegam até vocês e como os de outras cidades fora de João Pessoa podem fazer para se matricular.

Januncio Neto: A estrutura básica do curso é toda base clássica de desenho (anatomia, proporção, movimento, luz e sombra, perspectiva, e introdução básica aos quadrinhos, entre outros assuntos fundamentais). E também tem noções de criação de roteiros (desenvolvimento de personagens, estrutura do roteiro, ambientação, narrativa, enredo, argumento, e outros temas que servem para o aluno se familiarizar com o roteiro e estimulá-lo a criar suas histórias e personagens).

Apesar de ser professor de roteiro, os demais responsáveis por essa parte do curso são muito melhores do que eu. Sou meio que um professor canastrão, depois de 1 mês os alunos não me respeitam mais.

Normalmente os alunos ficam sabendo das matriculas pela internet, ou através de ex-alunos. A imprensa local ajuda bastante também. Já tivemos a sorte de termos alunos de outras cidades e até de outros estados (Pernambuco, por exemplo), mas a grande maioria dos alunos é de João Pessoa e cidades próximas. Alguns entram em contato comigo por telefone ou e-mail e outros visitam nossa sala, e, quando possível, assistem uma aula sem compromisso, para decidirem se realmente desejam fazer o curso.

Coveiro: Muito bacana conseguir atingir os Estados vizinhos. Prova de que o trabalho vem se destacando.

Januncio Neto: Na verdade (isso é uma opinião minha), a grande virtude do curso é proporcionar a chance das pessoas se familiarizarem com os quadrinhos. Logicamente, existem alunos que se destacam (como João Mário e Franciélio Alves, que foram alunos e hoje em dia são professores do curso). Acho que democratizar os quadrinhos é uma coisa importante para criar um novo público. Por exemplo, eu gosto muito de debater com os alunos sobre os mercados de quadrinhos (principalmente o americano e japonês), e de alguma forma fazer com que eles sejam fãs mais tolerantes e que respeitem os gostos de outros fãs.

Não estou negando que queremos que os alunos desenvolvam seus talentos e um dia possam tentar se profissionalizar no mercado de quadrinhos, mas isso, até certo ponto, depende muito mais deles do que de mim ou dos demais professores. De qualquer maneira me sinto privilegiado por ter a chance de trabalhar com os sonhos de alguns alunos, mas isso também exige muita responsabilidade ("grandes poderes sempre exigem grandes responsabilidades", eu devo ter ouvido algo assim em algum lugar).

Sketch Gambit Sketch Vampira

Sketch do Gambit e da Vampira por Zac Brito

Coveiro: Também já ouvi esse jargão por aí. E você tocou em pontos importantes, Janúncio. Sabemos bem das dificuldades dos profissionais na área em se estabelecer, principalmente em nosso país sem muitos exemplos de publicação de material nacional para o público em massa. Hoje, no mercado, temos atualmente uma boa recepção dos quadrinhos americanos e japoneses. Em menor escala, chega o europeu. O que você acha que falta para os quadrinhos brasileiros ganharem mais espaço?

Januncio Neto: Na minha humilde opinião, o principal problema dos quadrinhos nacionais é uma completa ausência de editores e/ou editoras que tenham a visão de poder pegar o grande talento disponível no mercado e investir nos quadrinhos nacionais como um produto economicamente viável.

Se pegarmos os exemplos dos 2 principais mercados do mundo (o japonês e o americano), é fácil observar as maiores diferenças em relação ao mercado brasileiro. No momento em que existirem pessoas interessadas (e o mais importante: competentes) que saibam promover, desenvolver e administrar uma produção direcionada a um público específico, as chances das produções nacionais ganharem espaço (inicialmente, e não menos importante) em nosso país ficarão mais fáceis.

O grande problema do mercado brasileiro é que ele foi completamente moldado unicamente para revenda de títulos. Não vou aqui defender um discurso (ridículo) de que deveríamos banir os quadrinhos americanos e japoneses do nosso mercado, ou também defender idéias (igualmente ridículas) de que nós nos abastecemos do lixo cultural americano, e agora japonês.

Pessoas que defendem tais idéias se juntam a outros tantos que pregam que desenhistas brasileiros são mão de obra escrava pros norte-americanos. Os artistas apenas encontraram uma maneira de trabalhar com sua arte, recebendo um pagamento digno e um reconhecimento que dificilmente encontrariam no Brasil.

Sketch X23

A mutante X23 por Zac Brito

Lógico que nem todos que procuraram espaço no mercado americano encontraram o sucesso que caras como Roger Cruz, Luke Ross, Ed Benes, Marcelo Campos, Ivan Reis e Mike Deodato Jr. tiveram. Além do fato de que muitos artistas iniciantes também tiveram o azar de cair nas mãos de “pessoas” de péssimo caráter, que usaram seus sonhos e talento para ganhar dinheiro à custa dos outros. Mas tudo isso faz parte de um mercado, seja ele qual for.

Outra praga no Brasil é de pessoas que tem o mau hábito de ficar menosprezando, e muitas vezes até humilhando desenhistas que trabalham para o mercado americano, dizendo que são artistas inferiores por não produzirem trabalhos autorais. E ficam comparando artistas brasileiros com lendas como Will Eisner, Frank Miller, Alan Moore e Neil Gaiman. Nunca vi Fábio Moon, Gabriel Bá ou o Lorenzo Mutarelli falando mal de artistas que trabalham para o mercado americano.

O mercado está aberto a todos, Fábio e Gabriel, estão colhendo os frutos de seu trabalho e sonhos, e também abrindo uma nova oportunidade para roteiristas e desenhistas brasileiros. Isso é o que realmente deve ser exaltado. Mike Deodato está há vários anos na Marvel Comics, ganhando reconhecimento e admiração tanto dos fãs como de outros artistas consagrados. Ele já produziu Miracle Man com Neil Gaiman (um projeto que até hoje está engavetado por questões jurídicas) e nunca vi nenhum dessas “pseudo-autoridades dos quadrinhos brasileiros” comentarem isso de maneira positiva.

Sketch Lelo Sketch Lelo

Venom e Gata Negra no traço de Franciélio "Lelo" Alves

Voltando à pergunta, peguemos o exemplo de “Holly Avengers”. Na minha opinião foi um dos poucos, senão o único projeto de quadrinho nacional que foi produzido com uma preocupação de atingir um público específico, e criar produtos e se expandir para outras mídias, sempre visando seu público alvo. Maurício de Souza é outro exemplo muito bem sucedido, mas que tem outros fatores que contribuíram pro seu sucesso, mas também é um exemplo digno de nota.

As principais editoras decidiram investir apenas em quadrinhos vindos de fora, simplesmente porque, falando num ponto de vista de mercado, é um procedimento mais garantido. Os personagens, sejam americanos ou japoneses, já possuem uma legião de fãs ávidos por consumir esses produtos. Além disso, a indústria do licenciamento gera outra fonte de lucro com outros produtos relacionados (de figuras de ação a figurinhas e cards, de itens de decoração a grifes de roupa).

Desenvolver o mercado de quadrinhos brasileiro não pode se resumir apenas as revistas. Deve ser uma iniciativa que possa demonstrar o potencial financeiro dos personagens, como conseqüência, outras empresas investiriam, e com isso o mercado se mantém ativo.

A indústria brasileira de brinquedos sofreu muito com a entrada de produtos vindos da China, mas imagino que um bom projeto comercial, com bons personagens e um investimento mínimo, poderia gerar boas oportunidades. Mas não creio que o Brasil esteja com maturidade suficiente pra atingir esse nível de estratégia comercial relacionada aos quadrinhos pelo menos nos próximos 10 ou 20 anos. Eu gostaria muito que mostrassem que minha perspectiva de futuro está errada.

O Made in PB está tentando conseguir espaço no mercado de quadrinhos, como tantos outros no Brasil todo, fanzineiros, blogueiros, e tantos outros que sonham poder trabalhar de alguma maneira com o mundo dos quadrinhos. Não vou negar que gostaríamos de ter a oportunidade de ver um maior número de nossos artistas trabalhando no mercado americano, mas também não negaríamos a oportunidade de trabalhar no mercado nacional. Só que todos sabemos que existem muitos outros fatores envolvidos nisso.

Nós, sozinhos, tentamos ao menos melhorar o cenário dos quadrinhos na nossa cidade (com o curso de desenho e agora organizando pequenos eventos), mas mesmo fazendo alguma coisa, por menor que seja, muita gente aqui ainda não aprova. Isso não é muito diferente da opinião negativa que algumas pessoas aqui da cidade tem em relação a Mike Deodato.

Mas também temos apoio e reconhecimento de outros artistas da cidade, Shiko, Henrique Magalhães, Cristovão Tadeu, Deodato Borges e o próprio Mike Deodato, assim como de nossos alunos e parceiros, isso é e sempre será mais forte do que a crítica de qualquer frustrado ou pessoa mal intencionada possa fazer a nosso respeito.

O mais legal é saber que existem outras pessoas no Brasil todo, aqui e ali, que tentam melhorar os quadrinhos brasileiros, da forma que podem, sem se questionar se o mangá é algo ruim ou não, que os comics são coisa de idiota, ou que os quadrinhos da Vertigo são ou deixam de ser uma coisa boa.

Sketch Joaomario

Thor, por João Mário

Coveiro: Cara, sua resposta em muitos aspectos se assemelha com minhas idéias. Mas já imaginava algo assim pelas conversas anteriores. Bom, você tinha comentado que começaram a produzir capas de cadernos com temas próprios do Estúdio. Fale um pouco da produção desse material, e que gráfica é responsável por ele.

Januncio Neto: Sobre a produção das capas de cadernos escolares, tudo teve início quando começamos uma parceria com a editora/gráfica GRAFSET. Inicialmente fazíamos trabalhos de ilustração para livros didáticos com freelancers. No início de 2006, depois de receber alguns cadernos de cortesia da GRAFSET, comentei que, se eles desejassem, poderíamos criar as ilustrações para os cadernos que eles produzem. Em Dezembro, o chefe de produção da editora me ligou propondo o início da produção dos cadernos. Atualmente, estamos produzindo as capas para o ano de 2010. Nosso desejo para 2009 é poder mostrar nossos trabalhos para outras editoras de material escolar e assim aumentar nossa gama de clientes nesse segmento.

Made in PB

Capas de caderno do tema "Flora" por J. B. Neto

Coveiro: Fora os cursos de desenho e a produção desse material escolar, que outros projetos o Estúdio tem hoje ou pretende começar em um futuro próximo?

Januncio Neto: O ano de 2009 vem cheio de desafios bem como novos e velhos projetos para serem postos em prática. Produzir quadrinhos, desenvolver um portfólio para conseguir novos clientes e parceiros de trabalho, melhorar as condições do curso, bem como ampliar nosso campo de ação. Logicamente cada membro tem seus planos individuais, e particularmente gosto de auxiliar o pessoal da melhor maneira, para que possa alcançar êxito nisso.

Também esperamos poder produzir eventos com uma qualidade maior, para que o público da cidade possa movimentar o cenário dos quadrinhos locais. Creio que é isso, mas sempre aparecem coisas novas quando menos se espera.

Made in PB
Capas de Caderno do tema "Street" por Zac Brito

Coveiro: Vamos falar um pouco do Jackson Herbert, que começou no Estúdio e alcançou o mercado americano, trabalhando hoje para a Dynamite Comics. Conte aos leitores da 616 como tudo aconteceu, e o que isso significa pra o Estúdio hoje.

Januncio Neto: Jackson entrou no Made in PB em 2000, juntamente com Daniel Mathias. Ambos estudavam juntos, e através de um contato em comum souberam sobre o estúdio, e começaram a freqüentar nossas reuniões. Na época ainda éramos um grupo muito desorganizado e amador (ainda somos, mas em menor escala, KKKKKKK).

Jackson sempre demonstrou muito interesse em se tornar um desenhista profissional, como a maioria dos desenhistas da época, tinha muita influência de Jim Lee, e como não podia deixar de ser também era fã do Deodato. Imagine a surpresa (principalmente a dele) quando descobrimos que ele morava a apenas alguns quarteirões da casa do Deodato.

Em outubro de 2000, tivemos a sorte de sermos convidados para uma palestra com o David Campit, o agente de Deodato na época. Ele estava voltando de uma palestra em Curitiba, e Deodato pediu pra fazer um resumo dessa palestra, para todos nós e outros desenhistas da cidade. Nem preciso dizer o quanto essa palestra mudou a nossa maneira de pensar em relação ao mercado profissional de quadrinhos. Todos fomos afetados por aquela palestra. Acho que o efeito foi ainda mais forte em Jackson.

Jackson Jackson

New Battlestar Galactica Season Zero, por Jack Herbert

A partir de então, ele focou no objetivo de se tornar um profissional. Depois de 5 anos, estava iniciando sua carreira nos quadrinhos norte-americanos. Produziu a série Battlestar Galactica Seasson Zero em 2008 para a Dynamite Comics, e em 2009 começa a produzir a série The Boys, projeto de um dos mais conhecidos roteiristas americano, o polêmico Garth Ennis.

Jackson Jackson

New Battlestar Galactica Season Zero, por Jack Hebert

Jackson tem um objetivo de chegar a uma das duas grandes editoras dos Estados Unidos. Ele tem muita vontade de desenhar o Wolverine, e quem o conhece sabe que isso é apenas uma questão de tempo. Dentro do grupo sempre deixamos bem claro pra todo mundo que a conquista dele é exatamente isso, uma conquista dele. Mesmo que em algum momento o grupo tenha ajudado de alguma forma, a iniciativa partiu dele e somente ele pode se beneficiar do sucesso que conseguiu conquistar.

Jackson

Wolverine, desenhado por Jack Hebert e finalizado por Zac Brito

Da minha parte, e acredito da parte dos outros membros de estúdio, temos que nos esforçar pra termos nossos objetivos alcançados pelo mesmo esforço e competência que fizeram Jackson chegar aonde chegou. Temos muita sorte dele continuar se colocando como um membro do estúdio, mesmo quando tem todo o direito de querer cuidar de sua carreira. Isso é uma grande responsabilidade, pelo menos encaro dessa forma.

Coveiro: Não tive a oportunidade de conhecer o Jackson na minha visita. É uma pena, mas espero ter o prazer de vê-lo muito em breve se meus planos derem certo para uma nova viagem à Paraíba. Mas vamos falar dos demais membros que fazem parte hoje do Estúdio Made in PB. Fale os nomes e as especialidades de cada um, que não dá pra lembrar de todos agora.

Januncio Neto: Bem sobre os membros do estúdio:

Jackson "Jack" Herbert é desenhista do estúdio, e mesmo não participando diretamente da maioria das atividades atuais do grupo, é um dos caras que mais opina nas decisões que tomamos, além de incentivar, e principalmente cobrar uma evolução gradativa de todos os outros desenhistas.

Jackson
Sonja, desenhada por Jack Hebert e finalizada por Adriano Baptista

Josival Silva é desenhista e também o principal arte-finalista do estúdio. É o único membro, além de mim, que fez parte da formação que originou o estúdio. Em matéria de quadrinhos, tem influência de todos os estilos, também faz trabalhos no campo das artes plásticas, já participou de alguns salões de arte na cidade e já foi premiado várias vezes.

Izaac "Zac" Brito, além de desenhar, também produz coloração digital e, como atividade paralela, faz esculturas. Já produziu uma escultura para Mike Deodato Jr., tem influências muito variadas e trouxe muitas idéias para o estúdio. É também um dos professores de desenho do curso de quadrinhos.

Zac
Desenhos por Zac Brito

Franciélio "Lelo" Alves foi um dos alunos do curso que conseguiu se tornar membro do estúdio, possui um estilo mangá de muita qualidade, e tem um potencial enorme. Apesar de jovem, tem um senso de responsabilidade muito grande. Também é um dos professores do curso de desenho.

João Mário, mais um aluno que entrou no estúdio, é o caçula do grupo (16 anos), tem muita influência da mitologia nórdica em seus trabalhos. Apesar do potencial muito grande, ainda está amadurecendo como desenhista, mas nada que comprometa seu talento ou seu futuro como artista. É o terceiro professor de desenho do curso desenvolvido pelo estúdio.

Made in PB
João Mario dando traços ao Deus do Trovão da Marvel

Daniel Mathias é o membro com mais juízo dentro do estúdio. É arquiteto e um dos roteiristas e professor de roteiro no curso. Tem uma forma muito legal de criar histórias, e também tem uma grande facilidade em trabalhar em grupo.

Daniel Neto, é o desenhista mais recente da equipe. Muito talentoso, tem como principal característica o estilo cartoon em seus trabalhos, que acabou por abrir mais uma vertente de atuação para o estúdio, nos tornando um grupo que trabalha com praticamente todos os estilos de desenho.

Daniel NetoDaniel Neto

Daniel Neto

Daniel Neto mostrando seu traço em heróis da Marvel.

Raoni Xavier é outro roteirista do estúdio, e produz contos, tendo já sido premiado em alguns eventos por seus textos. Atualmente desenvolve um projeto paralelo em parceria com a UFPB (Universidade Federal da Paraíba), que é uma extensão do curso desenvolvido pelo estúdio no Espaço Cultural. Chama-se “Projeto Calango” e também atende alunos da rede pública e comunidades carentes de João Pessoa.

Finalizando temos Adijair França, mais um desenhista do estilo mangá de enorme talento e J.B Neto outro desenhista do estúdio, ambos atualmente estão desenvolvendo projetos pessoais paralelos, mas em certas ocasiões participam das atividades do estúdio.

Adijair

Desenhos de Adijair França

Coveiro: Bom, Januncio, gostei bastante da entrevista e creio que a maioria dos nossos leitores deve aproveitar bem ela. Obrigado não só pela matéria, como também pela hospitalidade.

Januncio Neto: Seja sempre bem-vindo a João Pessoa! E se algum leitor do UM 616 estiver de passagem pela nossa cidade, façam uma visita ao nosso Estúdio. Imperius Rex!


A Galera do Estúdio e o Coveiro: Da esquerda pra direita na foto maior, temos Daniel Rolim (aluno do Estúdio), Izaac "Zac" Brito, Coveiro, Delosmar e Hugo (também, alunos), Franciélio "Lelo" Alves, Lilian (que confecciona camisetas baseadas em heróis e demais personagens de desenhos e cinema), João Mario e Rogério Pontes, dono da comic shop Espaço HQ. Abaixo, Januncio Neto e Glauber.

Coveiro:
HAHahuHA... e eu recomendo mesmo a visita. Não é difícil encontrar o Espaço Cultural, não. Fica no bairro do Tambauzinho, pertinho do centro das praias de lá. Acesso fácil de ônibus e todo mundo pode se informar. E uma ótima oportunidade é ir neste dia 31, quando ocorrerá a segunda HQPB!

2HQPB
Cartaz da Segunda HQPB

E antes de terminar essa matéria de vez, vou contar uma boa notícia. Alguns dos sketchs produzidos pelo pessoal no momento em que eu estava lá me foram entregues. Dois deles já têm um certo Coveiro como dono, mas o restante o editorial 616 vai se organizar para ser premiação de nosso primeiro concurso 616. Isso, e mais uma série de Cards e Postais do Estúdio. Gostaram? Bem, mais notícias sobre como será esse concurso lá para o final do próximo mês. Aguardem...

Cards

Alguns Cards feitos pelo pessoal do Estúdio Made in PB

PostaL Hebert Postal Deodato

Postais com desenhos do Jack Herbert e Deodato Jr.


Bem, pessoal, espero que tenham curtido essa matéria que traz tantas informações interessantes para outros jovens desenhistas e roteiristas, ou mesmo grupos similares pelo Brasil afora. Não deixem de visitar a página do Estúdio:

Studio Made in PB Gallery: http://studiomadeinpb.deviantart.com/


.
..E tenham um Bom Dia Nacional dos Quadrinhos!


Coveiro

PS: Quero agradecer a algumas pessoas pela a realização dessa matéria. Em primeiro lugar, a Januncio Neto e todos os membros do Estúdio lá presentes, pela divertida tarde daquele dia. E, por fim, um agradecimento mais que especial ao meu amigo de infância Sócrates “Socó” Gonçalves por auxiliar com a condução e hospedagem durante os dois dias em que estive em João Pessoa, Paraíba.

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