segunda-feira, 7 de junho de 2010

Capitão América: Rastro de esperança


Captain America #600

Em Novos Vingadores 76, em poucas páginas, vemos uma rápida recapitulação de apenas uma fração do que Steve Rogers foi como Capitão América até morrer tragicamente pouco depois do fim da Guerra Civil super humana. E no tempo corrido desse universo faz um ano que isso ocorreu, o que movimenta todas as pessoas dos EUA, e não só a imprensa pragmática, a lembrar de um dos maiores heróis que já viram. Mas o roteirista Ed Brubaker, responsável pela morte do Capitão América, acompanhado de um time variado de artistas*, reserva muito mais do que um memorial para Rogers na história principal de Captain America #600, que vemos agora no Brasil.

Em histórias fracionadas tudo converge para um momento crítico, que só podemos ver ao fim da história. A primeira personagem não poderia ser ninguém menos que a pessoa responsável pelo derradeiro disparo que tirou Steve do mundo dos heróis, e a pessoa mais próxima dele então, Sharon Carter.

Assombrada por seus atos, por mais confusos que estes ainda pareçam em suas lembranças, apesar de virem se clareando nos últimos tempos, ela tenta se concentrar na arma que utilizou naquele dia maldito. E é aí que Sharon lembra de tê-la entregado a alguém – mais um dos agentes controlados pelos poderes de persuasão do doutor Faustus –, quando algo a mais salta em sua memória.

Assim, parte em uma violenta investigação, encontrando aquele homem, uma marionete como ela foi, e usa um dispositivo fornecido por Nick Fury para reavivar fragmentos do que ele fez naquele dia, o que acaba levando-a até a arma. E em um suspiro aliviado, constatando que aquela arma não é normal, ela agradece por confirmar o que suspeitava. Mas o que isso significa? Um mistério, por enquanto.

Capitão América

Bem longe dali, o homem que pensava ser o Capitão América (se é que ainda não pensa), vaga pelo país pensando no que fará de seu futuro, lembrando dos sacrifícios que fez para se assemelhar àquele herói cuja memória é celebrada com tamanha honraria. Ressentido, rancoroso, culpa no que o mundo à sua volta se tornou. O “mundo moderno” é o culpado. Um pensamento conservador no pior sentido dos termos, sentindo falta de um passado que só existe em suas lembranças idealizadas.

É envolto nesses pensamentos que tudo isso, no seu ponto de vista, acaba confirmado quando espanca dois homens que roubavam seu carro e sua roupa e escudo de Capitão América. Assim, ele tem mais certeza de que precisa preencher o vácuo deixado por Steve. Para que o mundo volte a ser o que era, pelo menos na sua cabeça. E vai precisar de ajuda para que isso se torne realidade.

Capitão América

Em seguida, uma história surpreendente (resta saber se de uma forma boa ou ruim), em que nos deparmos com ninguém menos que a BuckyRikki Barnes – do universo criado por Franklin Richards na malfadada realidade “Heróis Renascem” (se você não se lembra disso, não se preocupe... MESMO), que vai atrás do Patriota, dos Jovens Vingadores. E o encontra na escola discutindo com o diretor, que diz a Eli que ele não pode discursar sobre o Capitão América por ele ter sido morto enquanto era julgado por traição. Ao fim mais uma suspensão na sua conta.

Ela o segue, e acaba conseguindo vislumbrar seu avô, um dos sobreviventes da tentativa de reproduzir o soro do supersoldado, reduzido a uma vida cheia de problemas e limitações físicas. Bucky se entristece lembrando da morte do “seu” Capitão e do seu mundo, mas logo é interrompida por um furioso e desconfiado Patriota.

Rikki se apresenta e pede para conhecer o atual Capitão América, sua contraparte nessa realidade. Depois de uma reação de estranhamento por parte de Eli, tudo é esclarecido, mas ele deixa claro que o Capitão atual não procura uma parceira mirim. E assim Bucky, lamentando-se por não pertencer a lugar nenhum daquele mundo, acaba momentaneamente consolada pelo Patriota, que a convida para acompanhar a cerimônia de homenagem a Steve Rogers que ocorreria no Central Park naquela noite.

Capitão América

Na prisão, Ossos Cruzados é lembrado do aniversário do assassinato do Capitão América por outros internos, lembrando de sua participação no caso. Ele gargalha pelo luto nacional, insinuando que as pessoas nem ao menos sabem o que aconteceu, deixando algo no ar, que provavelmente tem a ver com a descoberta de Sharon.

Mas seu escárnio gera a fúria de um dos carcereiros, que dispara raivosamente na sua direção com uma arma de choque. Enquanto espanca o prisioneiro momentaneamente debilitado, o policial cita Pecado, sua namorada, deixando a entender que ela também está ali naquela prisão do MARTELO no Colorado. É o suficiente para que Ossos Cruzados ganhe forças, mate aquele e outro carcereiro, dando início a uma rebelião na prisão.

Ele abre caminho na pancada até chegar à sua amada, amarrada em uma cama da enfermaria. Feliz por vê-lo, ela reforça a insinuação anterior, afirmando que as pessoas mal sabem o que realmente aconteceu um ano atrás.

Capitão América

No quartel-general provisório dos Novos Vingadores, em uma sessão de treinamento, Luke Cage conta ao novo Capitão América (que se recusa a assistir qualquer menção feita a Steve na TV) que as pessoas andam reagindo muito mal à tentativa de Norman Osborn de impedir a homenagem pública marcada para o Central Park.

Em um momento de descontração, Cage, Bucky, Clint (Ronin) e Natasha (Viúva Negra) conversam sobre o que fazer, e ela convence a todos de comparecerem em roupas civis, para impedir um conflito em meio a uma multidão, do qual, por mais que Osborn seja culpado, a responsabilidade cairia sobre eles. O foco em Steve seria totalmente desvirtuado. A ex-espiã russa deixa a sala como a pessoa mais razoável dali, o que é logo reconhecido por todos.

Capitão América

Preso em corpo robótico semelhante ao de Arnim Zola, o Caveira Vermelha, grande responsável pelo assassinato do Capitão América, em um delírio, demonstra o quanto Steve Rogers se tornou uma obsessão em sua vida. E gargalha sozinho lembrando do que fez... deixando ainda em suspenso a extensão dos seus planos, impedidos por Sharon, o Falcão e o novo Capitão América de se concretizarem.

Capitão América

A hora da vigília chega, e o Falcão, único dos aliados que não pode ser preso por se manter registrado, monitora a ação de Osborn e seus Vingadores enquanto os outros se juntam à multidão. E que multidão! Mas eles estão preparados, graças ao Wiccano, para sumir dali se forem localizados. Sem luta, sem conflito em meio aos civis.

Nas alturas, o Sentinela se emociona e concorda com a quantidade de pessoas ali para homenagear Steve pelo homem que foi, o que imediatamente gera um retruque de Osborn, tentando diminuir a importância de Rogers, sem sucesso, e com comentário jocoso da Ms. Marvel sombria. Logo os Vingadores ilegais, são localizados, mas mesmo Osborn tem um pingo de bom senso e decide não atacar.

Porém, logo vemos que não é apenas bom senso ali, mas o que Osborn sabe fazer de melhor. Aproveitando-se pragmaticamente e oportunamente da situação, usando uma grande arma: palavras. Norman descende dos céus com sua armadura de Patriota de Ferro, rapidamente descarta a idéia de que a tentativa de proibição da vigília foi sua, faz um “belo” discurso, e glorifica o homenageado, ganhando um pouco mais de popularidade jogando os holofotes para si.

Capitão América

Ele transformou a homenagem a Steve Rogers em um lance publicitário (até a reunião de Simon e Garfunkel conseguiu), o que enfurece seus verdadeiros amigos. Porém, ainda com os efeitos de tamanha audácia sendo absorvidos pelos Novos Vingadores, Sharon Carter surge ofegante do meio da multidão gritando pelo Falcão.

Abraçada ao amigo, ela surpreende a todos revelando que ainda há possibilidade de salvarem Steve. Dele renascer.

Capitão América

O mistério dos planos do Caveira Vermelha e do que aconteceu desde aquele terrível dia, todas as suas pontas soltas, começam a se desfazer.


João

* Dentre os artistas dessa história temos Butch Guice, Howard Chaykin, Rafael Albuquerque, David Aja e Mitch Bretiweiser.

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