sábado, 29 de outubro de 2011

Bem-Vindos Ao Futuro

Atenção! Informações inéditas no Brasil e EUA!


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A hora é agora. A aguardada nova fase dos Filhos do Átomo chegou às comic shops norte-americanas com aquele que a editora considera o principal título da franquia mutante. A mensal, completamente nova, vinha gerando expectativas diversas e chegou o momento de sabermos exatamente o que a promissora equipe criativa reservou para a estreia.

Wolverine and the X-Men #1, com roteiros de Jason Aaron e arte de Chris Bachalo, começa a contar a história dos residentes do Instituto Jean Grey para Estudos Avançados, a nova escola para mutantes aberta por Wolverine em Westchester, no terreno que serviu por tanto tempo de lar e quartel-general aos pupilos do Professor X. O motivo para a empreitada (que você pode saber em mais detalhes aqui) foi um sério desentendimento ideológico entre Logan e Ciclope, devido à forma militar do último ao lidar com jovens mutantes, que Wolverine acredita que devam ser preservados, não treinados feito soldados e potenciais assassinos. A divergência entre os dois acabou dividindo a comunidade mutante, com aqueles que concordam com Logan o seguindo e tornando-se parte da escola.

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A história começa um dia antes do início das aulas, com Wolverine mostrando o novo Instituto a um bem-humorado Charles Xavier, que mostra-se maravilhado e orgulhoso de seus alunos, por terem dado prosseguimento a seus ideias e métodos, até confessando que sempre teve esperanças de que algum deles abrisse um nova escola ali - embora jamais tenha imaginado que este seria Logan. Pois é justamente essa a maior polêmica gerada pela decisão de transformarem o velho carcaju nem diretor de escola, com leitores indignados e tudo mais. De fato, seria um tanto absurdo se a personalidade de Wolverine fosse modificada a ponto de torná-lo um modelo de conduta para adolescentes. Agora, alguém acreditou mesmo que o roteirista Jason Aaron daria uma mancada tão grande?

A questão é abordada diversas vezes durante a história e ninguém duvida mais de Wolverine na nova posição do que ele mesmo. Ainda durante a visita de Xavier, o professor reforça que prefere não trabalhar no Instituto, pois acha que um velho de geração passada feito ele atrapalharia e porque acredita que Logan é exatamente o tipo de figura de liderança de que os jovens precisam hoje em dia. Charles faz uso de diversas piadas e frases irônicas, comentando inclusive que a partir de agora o Professor Logan não será mais sequer remotamente considerados legal ou descolado por seus alunos, sem contar a perda de cabelo que certamente ocorrerá.

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Diálogos com um tom certo de humor percorrem toda a revista, dando até um certo ar de sitcom a algumas cenas, sem destoar da história, o que é mais importante. O Professor Xavier, particularmente, me lembrou bastante sua versão mais irônica e divertida do filme X-Men: First Class, tendo sua caracterização bastante parecida com uma versão mais madura do personagem interpretado por James McAvoy.

O primeiro dia de aula chega e é revelada uma decisão muito bem tomada dentro e fora dos quadrinhos: Logan não é o único diretor da escola, dividindo o cargo com a diretora Kitty Pryde, incontestavelmente adequada para o cargo. Ambos se encontram nervosos e ansiosos com o primeiro dia, principalmente porque dois representantes do Departamento de Educação visitam a escola a fim de decidirem se o lugar é adequado para funcionamento. Somos apresentados, junto deles, ao visualmente magnífico Instituto Jean Grey, que ainda não está completamente pronto, mas apresenta um belo e surpreendente visual futurista que não abandona elementos clássicos da antiga Mansão Xavier.

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Clique na imagem para ampliar.

O tour pela escola revela-se uma tragicomédia, com o já preconceituoso casal de representantes do governo sendo exposto a cenas que causam cada vez mais má impressão. Durante tais cenas, descobrimos que a versão da Sala de Perigo com que a nova mansão conta pode ser manifestada em qualquer cômodo e que, juntamente com a surpreendente tecnologia avançada do auto-suficiente novo lar do grupo de Wolverine, está ali graças a uma parceria com o atual Imperador Shiar, o Gladiador. Durante a história, um novo carregamento chega vindo do império alienígena, trazendo algo extra: um novo aluno, o arrogante e entediado filho do Gladiador, Kid Gladiator, que chega acompanhado de sua guarda-costas Warbird. Ele foi mandado pra lá como punição por ter destruído metade da cidade do trono.

Há ainda outro alienígena estudando lá: Broo, um jovem membro da Ninhada que é mutante, sendo diferente dos sanguinários e intelectualmente limitados membros de sua espécie.

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A primeira edição ruma para seu final quando Kade Kilgore, novo Rei Negro do Clube do Inferno, de 12 anos de idade, bate às portas da mansão e revela, cara-a-cara com Logan, que foi responsável pelos eventos da saga Schism, que levaram ao fim da amizade entre ele e Ciclope. Como o Instituto Jean Grey vai contra o medo e ódio para com os mutantes que alimentam os negócios do jovem, ele diz que destruirá a escola, usando ainda lei, aparências e seus advogados para impedir Wolverine de matá-lo ali mesmo.

Bastante irritado, Logan encontra os nauseados e indignados inspetores públicos prontos para saírem dali com a pior das decisões, sob protesto inúteis de Kitty e a inconveniente companhia das criaturas interdimensionais que infestam a escola desde que o Fera esqueceu um portal aberto dias antes (que são os Bamfs, uma espécie de "mini-Noturnos" existentes num universo paralelo criado por Chris Claremont nos anos 80). Wolverine xinga, joga a gravata que usava no chão e aponta o próprio fracasso em não ter aguentado nem um dia na nova posição. Nisso, um terremoto e o terreno da escolha ganha vida e parece querer devorar todos ali, cortesia do novo Clube do Inferno. É aqui que somos deixados na expectativa das próximas edições, na dúvida sobre como e se nossos heróis derrotarão seus inimigos nos planos físico, ideológico e burocrático.

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A história é realmente muito boa. Todo o status quo do novo Instituto mostra-se muito bem planejado e definido, o roteiro flui muito bem, acertando as dosagens de seriedade e humor, embora o segundo prevaleça, devido ao clima leve e cotidiano que a primeira edição tem. Os traços e colorização de Chris Bachalo, artista que eu já admirava muito, surpreendem, pela beleza, expressividade e inovação presente em alguns layouts e planos de perspectiva.

O clima de inovação prevalece, o que remete à fase de Grant Morrison a frente dos X-Men. As diferenças maiores aqui são a bem-vinda menor pretensão revolucionária e o clima mais otimista de recomeço, que remete um pouco ao início de Surpreendentes X-Men de Joss Whedon. Retomando um dos maiores símbolos dos X-Men, a escola para mutantes, temos também o elemento de tradição e de tempos mais clássicos. Os personagens principais, vindos das mais distintas fases dos X-Men, juntamente com alguns totalmente novos, reforçam o clima de tradição combinada a inovação.

A fase Morrison ecoa também na decisão de Xavier de não ficar no caminho da nova geração, reforçado mais uma vez a amplamente aceita ideia do escritor escocês de que o tempo do Professor X e Magneto como líderes da espécie mutante passou. Agora, Ciclope e Wolverine assumiram o papel, porém com uma relação entre si e características ideológicas diferentes de seus antecessores. Afinal, não há motivos para taxar nenhum dos dois de vilão, por exemplo.

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O fato é que temos uma nova mensal muito promissora, com toques de tradição e elementos de inovaçãao inspiradores. Ao fim da edição, temos algumas páginas especiais bem devertidas que nos ajudam a entender a nova escola, feitas pela designer e produtora Irene Y. Lee.

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Programa curricular do Instituto Jean Grey. (Clique na imagem para ampliar.)


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Esquema com o elenco e suas posições na escola. (Clique na imagem para ampliar.)

Os alunos e interessados em geral podem ainda acessar o site www.jeangreyschool.com para mais informações sobre as matérias e eventos do Instituto Jean Grey para Estudos Avançados, o melhor no que faz.

É isso aí, os novos tempos chegaram. O que vem a seguir, o futuro dirá.

Léo

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