quinta-feira, 28 de junho de 2012

X-Men: Filosofando com Jubileu

Depois de mordida e transformada em vampira, Jubileu atravessa períodos difíceis. Se ser mutante já a fazia se sentir um peixe fora d’água, mutante e vampira é demais pra encarar. Seus amigos tentam animá-la, mas isso só piora. Essa é a história mostrada em X-Men 126, mas pode ser uma história que acontece na vida de cada um.

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Calma, eu não estou falando das pessoas que viram vampiros por aí, estou querendo analisar a edição com uma abordagem metafórica. Se não, é apenas uma história perdida e bastante inútil, então vamos ver algo mais. Quem nunca se sentiu um peixe fora d’água em algum momento da vida, que atire a primeira pedra. Os mutantes já são a simbologia disso e surgiram com a intenção de ser algo contra preconceitos desde a década de 60. Mas até que, hoje em dia, é difícil resgatar essa ideia inicial dependendo do roteiro. Afinal, ser mutante é “cool”, pelo menos em São Francisco. Mutantes não se escondem mais, cada dia mais são vistos como heróis. Talvez a temática de se tornar um vampiro seja uma tentativa de resgate da ideia de que as pessoas têm diferenças e isso não faz delas menos pessoas. E ainda existem sim aqueles casos onde a gente pode se relacionar um pouco mais com a situação da Jubileu aqui, quando se é diferente dentro do diferente. Posso citar meus exemplos: uma mulher leitora de HQ, cientista religiosa, bióloga que não gosta de mato, etc... Ser a minoria dentro da minoria pode ser bem solitário, mas, como Jubileu, descobrimos que isso não significa estar sozinho.

É na tentativa de animá-la que preparam uma festa surpresa de aniversário vista com braveza pela menina. Quer algo que aponte mais a diferença que ignorar a diferença? Por isso sempre fui contra essa politicagem correta exagerada, ninguém é igual e algo de diferente não desmerece ninguém, pra que fingir que somos iguais? Não somos, não existe ninguém igual a ninguém e igualar só nivela abaixo. Essa história de não diferenciar cor da pele, sexo, nível social... balela! Cada um tem suas características próprias, sejam físicas, psicológicas ou sociais e ignorar que essas diferenças existem é mostrar que achamos que alguma delas deixa alguém “pior” que o outro. Devemos querer melhorar sim o que não nos agrada, não mudar o que nos define. E se mudarmos, não esquecer o que fomos um dia. Ok, divaguei demais, né? Vamos pensar em algo mais simples e bem mais prático. Essa história me fez pensar como as pessoas tentam tratar um deficiente ou um doente como se ele não possuísse a deficiência ou doença. A deficiência ou doença dele não faz dele menor, pior ou qualquer coisa em relação a você, se você ignorá-la, você está afirmando isso. Sente ao conversar com um cadeirante, ajude um cego atravessar a rua, converse em sinais com um surdo... não finja que ele é como você, ele só é diferente.

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Charles Xavier se aproxima de Jubileu e conta a ela a história de um Vampiro que conheceu que se alimentava de animais e tentava fugir do rastro dos outros. História completamente irrelevante mais uma vez, mas a simbologia que podemos adotar aqui é a de que as nossas condições impostas pela vida de alguma forma não nos definem. O caso de doenças e deficiências mais uma vez é bem prático, mas serve pra diversos outros casos como pobreza, falta de estudo, de oportunidade, ou até mesmo a riqueza e o alto nível de conhecimento. Eles não te definem: você decide se aquilo vai ou não interferir na sua vida, como aquele vampiro fazia e como Xavier tenta convencer Jubileu. A essência do seu eu não está nesses detalhes, eles são só parte de um todo muito mais complexo. Aceitar qualquer condição como empecilho pra fazer algo que você acha certo ou melhor pode ser uma desculpa pra adotar o caminho mais cômodo.

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Convencida, ela retorna à festa dada por seus amigos apenas para animá-la e mostrar que estão com ela pra qualquer coisa. Amigos são assim, eles não veem essas diferenças, esses detalhes, esses empecilhos. Eles veem uma pessoa e gostam dela por inteiro. Sendo semelhante ou diferente, com virtudes e defeitos, de um jeito ou de outro. Eles podem até discordar de você, mas eles não deixam de te amar e estender a mão por isso. E, quando somos amigos de alguém, também devemos ser assim. Aliás, que tédio seria um mundo que fossemos todos iguais, não? Uma hora acabaria o assunto! A raridade de uma peça não a torna especial? Um artefato único não é mais interessante que o produzido em massa? Não é belo reparar aqueles detalhes que tornam alguém tão único? Nunca seríamos únicos se fossemos iguais. Então, vivamos nossas diferenças sem ignorá-las, celebrando-as! Viva a diferença!

Cammy

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