segunda-feira, 6 de outubro de 2014

X-Men Legado: Esperança e Glória


David Haller continua tentando fazer com que o mundo seja um lugar mais seguro para os mutantes usando todos os meios possíveis para justificar seus fins, ainda mais agora com boa parte de suas múltiplas personalidades sobre controle, cada uma com poderes diferentes. Sua única aliada é Ruth Aldine, a Olhos-Vendados, mas mesmo assim ambos entram frequentemente em conflito por causa das iniciativas do rapaz, o que não impede que ambos sintam algo especial um pelo outro. 

David foi para Londres e reuniu sob controle mental um grupo de mutantes britânicos como ele: Psylocke, Fada, Câmara, Lila Cheney, entre outros, e tentou cooptar o agente Pete Wisdow, do MI-13, mas não foi bem sucedido graças à intervenção de Ruth em sua forma astral. Wisdow ficou furioso e partiu pra cima do rapaz, ferindo-o mortalmente ou será que não? É o que veremos a seguir na conclusão do arco "Esperança e Glória" e  suas consequências em "O Lugar das Coisas Quebradas", ambas escritas por Simon Spurrier e desenhadas por Tan Eng Huat. Originalmente essas histórias foram publicadas em X-Men Legacy #14 e #15 nos EUA e reunidas aqui em X-Men Extra #8 pela Panini.


Como não poderia deixar de ser, Ruth ataca Wisdow de maneira impiedosa por julgar que ele assassinou David mas o agente logo retoma o controle da situação e pergunta à jovem: "você acha que eu conseguiria matar o Legião tão fácil?". Ela cai em si e se acalma. David, longe dali, admira a esperteza de Wisdow mas não está disposto a facilitar que ele se aproxime novamente para que ele não atrapalhe seus planos. Cada um dos mutantes que David reuniu cumpre uma tarefa específica, todos controlados por ele, que cede aos apelos de Ruth e envia Lila Cheney para que ela explique o que ele pretende, ou seja, "apagar a Inglaterra mutofóbica do mapa". Wisdow teme pelo pior e acha que David quer assassinar o Presidente Abdi, o líder anti-mutante da nação de Aquíria, que está em Londres para assinar um tratado petrolífero com a Inglaterra e acompanhado de um bizarro guarda-costas super-aprimorado. 

Ruth e Wisdow alcançam o interior da mente de David, que não parece se incomodar tanto com o fato. Ruth percebe que o lugar está bem mais organizado do que quando esteve lá pela última vez e observa que David ainda não consegue controlar suas personalidades capazes de alterar a realidade ou manipular o tempo. Wisdow não entende nada do que está acontecendo e pergunta se um dos seres aprisionados ali é Charles Xavier. Este responde que sim, Ruth, que não, mas David não sabe ao certo.

A menina não sabe como parar as ações de David, mas "Xavier" sim e cochicha em segredo para Wisdow sobre como fazê-lo. Imediatamente, o agente ameaça dar um telefonema à sua mãe, a embaixadora israelense na Grã-Bretanha, Gabrielle Haller, e relatar tudo o que o rapaz tem feito. Ele também exige ser imediatamente devolvido à realidade e Ruth o apóia.  David obedece aos dois e diz: "você vai entender, Sr. Wisdow, e você vai me perdoar, Ruth".

Wisdow acorda no pub onde se encontrava antes e sai correndo pelas ruas da cidade, achando que David quer matar o Presidente Abdi. Ruth o acompanha em sua forma astral e ambos encontram David com uma arma na mão. O rapaz lhe dá a arma, dizendo que era do próprio agente e que ele a tinha esquecido no bar. David aponta o dedo para cima, aonde se encontra um atirador numa sacada de incêndio prestes a disparar contra Abdi. O disparo é feito e Pete age rápido, atingindo o pretenso assassino com um disparo de sua arma ao mesmo tempo em que intercepta a bala que mataria o líder estrangeiro.

"Ele é cidadão de Aquíria. Aliás, faz dias que estou sondando a mente dele. Ele foi perseguido a vida inteira por ser gay", esclarece David a Wisdow. "Pega leve com ele, tá?". Enquanto isso, Abdi dá uma severa reprimenda a seu inútil guarda-costas e Lila Chaney filma tudo para disponibilizar na internet. 

A situação se acalma e Wisdow faz um relatório de sua missão. Ele o conclui fazendo severas acusações a David, dizendo que ele "conspirou para prejudicar a imagem da Inglaterra". O rapaz não entende já que tudo que ele fez foi apagar a "mutofobia" inglesa  mostrando cada um dos mutantes britânicos que reuniu prestando relevantes serviços ao bem-estar do país, como se encontra na edição final do vídeo que Lila gravou. Ruth conta a David que o Presidente Abdi foi deposto numa revolução pacífica, inspirado no exemplo dado pela Inglaterra, e que o novo regime também quer fazer o tal acordo petrolífero com o país. Mesmo assim, Wisdow não se conformou com as atitudes de David e, em represália, denunciou-o como terrorista internacional para sua mãe.



Uma prisão comum nunca seria capaz de deter o Legião e, assim, ele foge mas deixa as coordenadas da Ilha Muir, situada na Escócia, para que sua mãe possa encontrá-lo. Não é um reencontro fácil, pois David ainda tem muito ressentimento contra ela por considerá-la que ela o abandonou nas mãos da falecida cientista Moira MacTaggert, que o mantinha em coma induzido enquanto tentava ajudá-lo sem grandes resultados. Ela tenta justificar suas ações passadas dizendo que acha "incompreensível e assustador" o mundo dos super-seres, onde as pessoas "morrem e ressuscitam", o mundo que "pertencia a seu pai". "Nunca pensou que eu pudesse preferir o seu mundo?", ele pergunta. Eles se abraçam em seguida e ela pede pelo seu perdão. 

David se deixa levar pela emoção e ambos são trazidos para o interior de sua mente. Gabrielle percebe aonde estão e pede para continuar lá mais um pouco "para entender". Ele apresenta a ela alguma de suas personalidades, inclusive àquela que se parece com seu pai, que insiste em percutir as barras da cela psíquica que o aprisiona. "Esse aí é...ele?", ela pergunta. David responde que não sabe e a mulher se dirige a "Xavier" e pergunta algo que apenas o verdadeiro saberia responder: "Quando você descobriu que David era seu filho, o que você disse diretamente para a minha mente em segredo?". Ele abaixa os olhos e não sabe o que dizer. "Falso", ela diz, "me tire daqui, David." Ambos voltam para a realidade e David pergunta a ela o que seu pai lhe disse e ela responde: "Obrigado. Ele me agradeceu". David fica feliz em saber a resposta e acrescenta que pela primeira vez em muito tempo poderia dizer que...


Sua mãe cai ao chão, gravemente ferida pelo guarda-costas de Abdi, que ordenou o disparo. A intenção era atingir o rapaz mas o assecla errou o alvo. Sem tirar os olhos de sua mãe, David acessa um de seus poderes e incinera os dois na mesma hora. No interior de sua mente, ele tenta achar um poder de cura para salvá-la mas ela se recusa a ser ajudada. "Sem retorno, nada de morte reversível", ela diz, "é o meu mundo, não o seu, deixe assim, por favor".  No interior de sua mente, "Xavier" percute a sua cela com mais força ainda e ri de satisfação enquanto Gabrielle dá seu último suspiro.

Entristecido, David se teleporta para o jardim da Academia Jean Grey para Estudos Avançados e se ajoelha na frente de uma estátua de seu pai. Os X-Men de Westchester avançam em sua direção e se preparam para atacá-lo. David simplesmente diz: "não tem ninguém aqui" e o grupo se dispersa, ignorando a presença dele, com exceção de Ruth, que se ajoelha ao seu lado. David relata à jovem tudo o que acabou de acontecer, que conseguiu se reconciliar com sua mãe mas que talvez não conseguisse fazer o mesmo com seu pai. De qualquer forma, ele entende que "chegou a hora de amadurecer, encarar a vida de frente e fazer justiça". Enquanto isso, Scott Summers, o assassino de Charles Xavier, começa a ouvir um som de percussão em sua cabeça enquanto sua equipe se ergue sobre os destroços de um robô Sentinela.


Corro o risco de parecer repetitivo, mas não me canso de elogiar a alta qualidade dos roteiros desta série. A Marvel deveria fechar um contrato de exclusividade com Simon Spurrier, se é que já não o fez. A ideia de colocar David enfrentando Ciclope para vingar o pai é algo sensacional. Tivemos mais um plot solucionado, agora sabemos que não há nenhum vestígio do verdadeiro Charles Xavier na mente de David. Achei um pouco estranho que o falso Xavier não conseguiu ler a mente de Gabrielle para saber a resposta do que ela lhe perguntou mas prefiro relevar isso e achei sensacional a maneira de como o escritor soube construir um ambiente de tensão que culminou no assassinato da personagem. Achei que Pete Wisdow teve uma caracterização melhor dessa vez, mantendo o seu humor cínico e mordaz mesmo quando a situação não era nada propensa a isso mas ainda acho que ele não precisava mostrar suas garras de plasma o tempo todo, já que não é essa sua "marca registrada".

Quem acompanha essas resenhas de X-Men Legado já leu muitas vezes minhas críticas ao desenhista Tan Eng Huat mas, dessa vez, reconheço que a narrativa empregada por ele nessas duas histórias apresentadas foi muito boa, casando muito bem com o roteiro e valorizando devidamente o clímax de ambas: o salvamento de Pete Wisdow na primeira e o assassinato de Gabrielle na segunda história. Uma pena que o traço dele continua pesado e envelhecendo demais os personagens.

Se me permitem, aconselho que quem ainda não leu essa série, leia, pois ela já se aproxima de seu final e duvido muito que a Panini a relance em encadernados. 

C@rlos


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