sexta-feira, 16 de maio de 2008

Thunderbolts: Monstros no Comando


Thunderbolts #112

Depois de uma brutal primeira missão, os Thunderbolts voltam a sua montanha no Colorado em Universo Marvel 35. Sem coordenação nenhuma como equipe, sem escrúpulos ou qualquer cuidado com civis ou danos causados, o grupo retorna com Jack Flag capturado, mas com muito a explicar. O desastre que foi a captura é ressaltado por seu líder administrativo, o mentalmente desequilibrado Norman Osborn. A partir daí, as inúmeras falhas dessa deturpada equipe a serviço do governo tornam-se cada vez mais expostas, inclusive demonstrando que os problemas começam na cadeia de comando estabelecida, enquanto Fé em Monstros continua.

Depois que Osborn deixa claro que todos levaram uma surra diante das câmeras, e que apenas o Mercenário, único membro que não pode chegar ao conhecimento do público, foi capaz de neutralizar o que considera um vigilante de terceira categoria, Rocha Lunar discorda abertamente da análise. Para ela, foi bom Flag ter dado trabalho, já que a idéia passada à opinião pública sobre a utilidade dos Thunderbolts passa por aí: capturar superseres considerados de extremo perigo à sociedade civil. E foi isso que o primeiro alvo do grupo parecia aos olhos dos telespectadores. Dessa maneira, a doutora Karla Sofen parece apreciar a maneira como a política da criação de um medo coletivo pode ser útil na condução de determinadas agendas.

Soprano não se contém, e discorda da liderança de Karla, da forma como os Thunderbolts trabalharam, da ausência total de técnica e capacidade como foram conduzidos. O embate entre as duas era previsível, com um claro gosto pelo poder por parte da doutrora Sofen e uma relação afetuosa com o nome Thunderbolts e com a idéia de se redimir por parte de Melissa, e acaba com vitória da primeira, que faz piadas com o que Soprano fez na formação anterior e sua relação com o Barão Zemo, e demonstra total desprezo pela população que o grupo supostamente defende. Osborn dá fim à reunião, enviando todos de volta a seus aposentos.

Thunderbolts

Sem necessidade de escolta, Chen Lu, o Homem Radioativo, tem uma conversa com Norman. Pergunta o porquê do uso de uma roupa estranha e que cobre seu rosto. A resposta é também previsível, mas a forma direta com que é dada surpreende. Norman baseia tal decisão em um consenso que a opinião pública americana é xenofóbica e temerosa com qualquer coisa que venha de fora, especialmente um chinês radioativo. Traça um perfil para lá de estereotipado do que chama de “americano médio” para justificar tal política, e termina com “chave de ouro” dizendo que é mais fácil fazer isso do que tornar a mentalidade da população mais aberta a qualquer coisa estrangeira, expondo em muito de que forma o jogo de poder muitas vezes se aproveita de uma situação em seu favor, reforçando-a.

Chen não termina aí. Exige que Soprano lidere a equipe. Mas peca em um detalhe. Não demonstra total confiança nela, o que justifica a recusa de Osborn, que aproveita ainda e faz uma piada sobre o Protesto da Praça da Paz Celestial (1989), quando um estudante sozinho se colocou à frente de tanques do exército chinês, que reprimia a manifestação. Depois da “aula” de política interna e cinismo, é no mínimo irônico que ele queira dar uma alfinetada em Chen com esse comentário.

Em seguida, Norman pega a lista de vigilantes não registrados a serem caçados, e só consegue gargalhar assustadoramente quando vê o próximo alvo dos Thunderbolts.

Thunderbolts

A TV repercute os novos tempos. Enquanto o arroz de festa mór, Stan Lee, aparece em uma clara paródia ao seu “Who Wants to be a Super Hero?”, entitulada “Quem quer ser um Thunderbolt?”, a recente ação do grupo é debatida em programas de TV. E o que vemos são reações diversas, desde o mais fascistóide que acha que eles pegaram leve com Jack Flag, até aqueles que percebem que empregar esse tipo de serviço aproxima cada vez mais o governo de um regime policial antidemocrático.

No vestiário da base dos Thunderbolts, em um dos raros momentos em que não se cobre com o simbionte de Venom, vemos uma conversa arrepiante entre Norman e Mac Gargan, atual hospedeiro do traje alienígena. Testemunhando um pouco como é essa experiência, demonstra que desenvolveu uma total dependência, uma relação de repulsa e amor, que lhe faz sentir uma fome interminável e assustadora... para nós. Perto dali, apesar disso não isentar os outros, o Mercenário admite que seu prazer em matar as pessoas o faz se sentir um deus, rendendo-lhe um pequeno castigo.

Thunderbolts

Longe dali, Jillian Woods acorda em seu apartamento, aparentemente depois de uma noitada com um desconhecido. Sem nem lembrar o nome do cara, tenta dispensá-lo, pois tem uma entrevista de emprego. Quando ela abre o armário,uma surpresa, entre suas roupas uma chama atenção: inteiramente feita de couro, deixa clara que Jillian é mais do que possa aparentar.

Em uma reserva Navajo, Jason observa um antigo traje que parece lhe fazer vergonha agora. Ficamos sabendo, mediante uma conversa com seu amigo Steve, que ele é o herói Águia Americana, cujos pensamentos vêm sendo tomados pelo registro. Steve diz para ele esquecer a vida heróica, pois sendo indígena, ele não combina com o perfil desejado pela opinião pública, fazendo uma interessante referência ao tempo da abolição da escravidão nos EUA. Mas não adianta. Ao que tudo indica, Jason vai bater de frente com o registro.

Thunderbolts

Em outro local, já à noite, assaltantes de banco são abordados por mais um vigilante: o Aranha de Aço. Utilizando poderosos braços mecânicos presos à suas costas, literalmente mói os bandidos. Ao único refém ele pede uma coisa. Que tudo que aconteceu seja contado, e que avise que ele ainda está na ativa.

Thunderbolts

A notícia chega até os Thunderbolts, e ficamos finalmente sabendo o motivo das risadas histéricas e assustadoras de Norman. Em sua insanidade, sair do nome Aranha de Aço para Homem-Aranha foi um pulo. Suando frio, ele não contém as gargalhadas, que mostram que o Duende Verde ainda vive em sua mente doentia.

Thunderbolts

Diálogos afiados, temas controversos muito bem trabalhados, personagens psicóticos e toda contradição da Iniciativa exposta, além de uma arte belíssima. Os Thunderbolts, de Warren Ellis e Mike Deodato, continua arrebentando.


« Jøåø »

comments powered by Disqus