quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Jornada ao Mistério: Quem confia no Deus da Mentira?

Loki

O primeiro e um dos maiores vilões dos Vingadores, Loki, já causou muita dor de cabeça por aí. Em sua última traquinagem, manipulou Norman Osborn nos últimos dias de seu Reinado Sombrio e culminou tudo na destruição da Asgard terrena. No meio, tentando aparar boa parte do mal que lançou, Loki também morreu. Todavia, tudo não passou de um plano para ele voltar mais uma vez, mais jovem, e assim capaz de empreender um desafio ainda maior – ser um herói também. Mas o trabalho mais difícil é como convencer os demais disto?

Na última edição de Avante, Vingadores estrelada por ele, vimos que o Deus da Mentira teve um papel importantíssimo na queda da Serpente. Isso, todavia, acabou tendo o seu preço. A profecia teve que ser cumprida, Thor deu nove passos para trás e tombou. Mas será que as pessoas enxergariam esse heroismo da mesma maneira se soubessem que ele teve parte na suposta morte e Thor? No começo dessa edição, acompanhamos uma história do início da volta de Loki como criança, em que o próprio faz uso de uma feiticeira antiga e convoca uma antiga entidade. Seu desejo é que a entidade revele a ele o que os demais asgardianos pensam sobre ele. Será que confiam em Loki ou ainda tem receio pelo que ele fora outrora?

Assim, através dos dons da entidade, Loki espreita a conversa de muitos outros. Os três Guerreiros Hogun, Frandall e Volstagg não veem com bons olhos o menino, mas darão voto de confiança somente porque Thor deu. Sif, amada do seu irmão, e a Valquíria, também mostram pouca confiança no menino, mas sabem que ele fez o sacrifício final por Asgard. Até mesmo Odin (ainda na Terra naquele momento) e Heimdall tem suas reservas, mas confiam na decisão de Thor. Então, a entidade questiona se o menino Loki deseja saber o que pensa seu meio-irmão, mas Loki diz não haver necessidade. Ele já sabe a resposta.

Loki

Então, do nada, a entidade pede seu pagamento. Curiosa pra saber o que de fato pensa Loki, ela o ataca para infiltrar-se em seus pensamentos. É quando surge Thor, chamado sutilmente pela pega Ikol, que expurga a entidade antiga e salva o irmão.  Tudo volta ao normal. Thor dá uma lição de moral no jovem, mas o mais curioso é saber que a entidade “leu” que Loki tinha intenções verdadeiras em suas recentes ações. Seria isso verídico? Ou a maior das mentiras do Deus?

Bom, segue-se então o curso natural dos tempos. Como sabemos, Odin se exilou no final da Essência do Medo e um falso deus, Thanarus, tomou o lugar de Thor. E essas são histórias que vimos o desenrolar (com o envolvimento de Loki como era de se esperar) na edição mensal da revista do Deus do Trovão. Em Jornada ao Mistério, o escritor Kieron Gillen resolveu direcionar para outra situação. Pra começar, fez Loki arcar com as consequências diretas de suas ações em Essência do Medo. Numa audiência com as novas rainhas supremas de Asgard, Freya, Gaia e Idunn, ele foi obrigado a revelar que libertou Surtur do limbo e roubou momentaneamente a armadura do Destruidor. Mesmo justificando que usou tudo isso contra a Serpente, elas agora o obrigaram a “pagar” serviços públicos a Asgard como castigo.

Mas nem tudo saiu tão mal assim para o Deus das Mentiras. Na conversa, ele conseguiu um consentimento das Mães Supremas para que Hela voltasse ao seu antigo Hel, livrando-a dos domínios de Mefisto. Porém, o menino foi obrigado pela Deusa Ifernal a cuidar de Leah (a contraparte mais jovem de Hela), que ficaria como uma espécie de serviçal do jovem para suas próximas aventuras. Todavia, a parte mais curiosa e divertida dessa parte da história é justamente ver Loki tendo que cuidar da Ninhada de Garm, o lobo protetor de Hel. Devido a ele ter atacado ele na aventura anterior, o lobo resolveu castigar o jovem Loki o obrigado a dar uma solução para sua jovem de sete lobinhos infernais. E então garantimos boas risadas ao ver o menino procurando lares adotivos para os bichinhos. Um foi para Mefisto, outro para a sempre bondosa Gaia, um outro foi para a casa dos Novos Mutantes, afim de que Dani Moonstar cuidasse (mas como vimos foi Warlock quem amparou o bichinho). Heimdall ficou com outro, assim como Tyr adotou um. Loki conseguiu ainda a façanha de colocar um para ser adotado pela internet. Todavia, o último, o pior deles – falante, endemoniado e praguejante – não conseguiu um dono. Acabou que Loki ficou com ele e resolveu chamá-lo de Thori. Esperem só até o seu irmão descobrir.

Loki

E numa última história dessa edição, vemos o Deus das Mentiras se metendo numa nova aventura, mas que ainda é fruto da aparição da Serpente em Midgard. Tudo começa quando crianças ao redor do mundo são atacadas durante o sono pelo que parece ser uma possessão demoníaca. E contra isso, lá está Damian Hellstorm, o filho de Satã. Porém, no último ataque, Damian chegou atrasado e a criança pereceu. Afim de eliminar o mal pela raiz, ele decide pesquisar onde se origina a fonte desse poder maléfico.  É tudo aponta para a pequena cidade de Broxton. Inevitavelmente, seu caminho tende a ser cruzado com o de Loki.

O curioso é que Loki também vem sofrendo de pesadelos intensos durante a noite. A maioria dos seus sonhos referem-se a seu irmão supostamente morto, Thor. Consumido pela culpa, ele também vai até a origem do mal. Parte naquela mesma noite rumo as ruínas da velha Asgard destruída e é lá que topa com um estourado Damian Hellstorm. Como de praxe no universo do mundo dos super-heróis, eles começam tudo com uma grande briga até que finalmente Leah chega para acalmar os ânimos e Loki tem a chance de explicar o que aconteceu ao Filho de Satã.

Loki

Uma inesperada trindade é formada ali mesmo (isso se não contarmos com o cãozinho Thori). Para descobrir quem é o autor de tal mal, Damian penetra nos sonhos de Loki e, após uma aterrorizante visão de seus maiores medos, descobrimos que o vilão Pesadelo está por trás de tudo. Ao que parece, aquela velha entidade quer se aproveitar do grande medo deixado recentemente pela Serpente na Terra, roubar essa essência dos jovens que sonham a noite e assim criar uma espécie de arma definitiva que o tornaria o “Senhor do Medo Supremo”. Para impedir isso, Loki, Leah e Damian partem ao redor do mundo para “exorcizar” todas as crianças que sofrem do mortífero ataque do Pesadelo no meio dos seus sonhos.

Loki

Assim, muitos combates são travados, sempre com Pesadelo sendo sobrepujado, mas ele não cansa de partir para uma nova vítima. Os três já estão bastante cansados com tudo isso e Loki está decidido a tomar uma outra medida contra o vilão. Então, Loki pede a Leah para retirar de sua cabeça a “Essência de Medo” que aflinge seus sonhos (feito de uma maneira mais comedida) e entrega tudo para Pesadelo em troca de que ele não mais moleste outras crianças. Damian não gosta o plano de Loki, mas isso garante tempo para que o Filho de Satã consiga exorcizar as crianças restantes pelo mundo.

Loki

E na Dimensão dos Sonhos, Pesadelo começa a forjar sua arma definitiva tendo o medo de Loki como matéria suficiente para isso. Deu a ela a forma de uma coroa. Contudo, o que Pesadelo não contava é que Loki já tinha o próximo passo de tudo e contava que ao criar tal arma, o vilão colocasse os outros Deuses do Medo dessa realidade contra Pesadelo. E juntos, eles se mostraram muito maior que o vilão com sua coroa. Deu-se assim o início de uma Guerra entre as diferentes entidades do Medo pela posse do objeto. Uma guerra que se tornou cíclica, eterna, sem fim. Assim, Loki conta de forma triunfante para Damian e Leah sua vitória.

Loki

Damian não parecia nada satisfeito com o resultado, mas aceitou por hora. Caso dê errado, ele promete voltar pela cabeça de Loki. As Mães Supremas também acharam aquele plano deveras arriscado. Mas, do seu jeitinho, mais uma vez o menino conseguiu e tudo volta ao normal. Bem, normal se levarmos em conta que você é um jovem deus trapaceiro, que tem uma clone jovem da deusa de Hel como companheira e tem um cãozinho dos infernos como mascote.

E dando um geral sobre essa edição, só posso mais uma vez desferir inúmeros elogios ao Kieron Gillen, que conseguiu mais uma vez transitar de forma elegante e divertida o mundo dos Deuses com o nosso real. Sua retratação de Loki, como um moleque que agora faz mais uso de seus conhecimentos do mundo moderno do que pela Magia, mas sem perder aquela velha traquinagem típica do vilão está perfeita. Leah é outra personagem que muita gente bateria o pé do jeito que foi criada, mas sua participação nas histórias são pra lá de excepcionais, dando ainda mais humor aos planos ousados de Loki. As duas cenas envolvendo o rapaz na lanchonete são estupendas. E, por fim, esse novo mascotinho Thori promete muita coisa ainda.

Por fim, eu tenho que parabenizar não só o Pasqual Ferry pela arte da primeira história deste número como também creditar o Richard Elson pelo estupendo arco do Pesadelo (a edição da Panini esqueceu o nome do pobre rapaz, que já começa um boa carreira na Marvel assumindo agora nos EUA a revista do Morbius, o Vampiro Vivo).

E pra quem ficou na vontade de ler mais das peripécias do jovem Loki, pode conferir o mesmo em dois crossovers publicados recentemente. Um deles com os Novos Mutantes, que o colaborador do site, Paulo Artur trouxe para vocês; e um outro que está saindo agora na revista Homem de Ferro & Thor. Os dois são altamente recomendados.

Coveiro

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