Frank Castle está de volta. Novo escritor, novo desenhista, nova fase. A única coisa que não mudou foi a insaciável vontade de matar criminosos. É o que veremos em Justiceiro (Vol. 01), lançado recentemente pela Editora Panini.
Após a polêmica fase de Rick Remender, a Marvel parece que resolveu retomar o estilo básico do personagem, sem as grandes estripulias apresentadas na fase anterior. E para isso, a Casa das Ideias chamou o roteirista Greg Rucka, o desenhista Marco Checchetto e o colorista Matt Hollingswoth. A despeito da equipe não alcançar o resultado obtido por Mark Waid e companhia na revista do Demolidor, não se pode dizer que o trabalho apresentado foi ruim. Longe disso.
As cinco primeiras edições do run capitaneado Rucka servem mais para apresentar os novos adversários e coadjuvantes do Justiceiro do que mostrar alguma solução. Basicamente, Frank Castle tem que lidar com a ameaça da organização criminosa conhecida como Câmbio, que está às voltas em disputas com outras organizações de supercriminosos por espaços no submundo do crime. E, no meio dessa guerra particular, estão os detetives Walter Bolt e Oscar Lemons, que tentam localizar os responsáveis por uma chacina ocorrida em um casamento, Rachel Cole, a noiva que sobreviveu ao massacre, e Norah Winters, repórter responsável por apurar os fatos.
Como foi dito, Rucka prefere usar as cinco primeiras edições para definir algumas coisas que, fatalmente, serão exploradas no futuro. A relação entre Bolt, Lemons (Ou Ozzy, como Norah prefere chamar o detetive) e o Justiceiro, as motivações de Rachel Cole para continuar sobrevivendo, as ambições de Norah como jornalista. Além disso, Rucka estabelece um Justiceiro mais humano e imperfeito. Estamos diante de um Justiceiro que erra, que sofre ferimentos e que precisa desaparecer para se recuperar. Ainda estamos diante do mais feroz caçador de criminosos da Casa das Ideias, mas sem a invencibilidade que alguns autores dão ao personagem.
E Rucka, nessa empreitada, está em boa companhia.
Checchetto e Hollingworth esbanjam competência na elaboração dos desenhos, muitos deles extremamente detalhados. Como destaque, citamos a luta entre Castle e o novo Abutre, bem como a cena da chacina do casamento. Obviamente, há mais momentos interessantes, mostrando que a equipe de desenhistas está extremamente afinada com o roteirista. Também não podemos esquecer que a capas desenhadas por ninguém menos que Bryan Hitch, responsável por diversos clássicos modernos da Marvel.
Além das cinco primeiras edições do run do Rucka, a Panini republica duas histórias do Justiceiro: A primeira, um dos clássicos encontros com o Homem-Aranha (na qual consta o anúncio da Coleção História do Aracnídeo). A segunda, um encontro com a Viúva Negra e Demolidor.
Merece destaque o trabalho editorial da Panini ( nesse caso, capitaneado pelo editor Paulo França), que, de uns tempos para cá, vem dando um tratamento digno a determinados trabalhos, como foi o caso de Justiceiro e Demolidor. Ao apresentar um encadernado simples, porém muitíssimo bem feito, a Panini enobrece uma das melhores fases do personagem. Se tivesse colocado tais história em um mix, muito do brilho do trabalho da equipe criativa se perderia. Mais uma vez, como já tem sido feito anteriormente, a Panini está de parabéns pela escolha da forma de publicação.
Boa pedida para os fãs de histórias policiais, Justiceiro, de Rucka e Checchetto, é um bom trabalho para quem quer começar a ler as histórias de Frank Castle sem se preocupar com o que ocorreu antes ou sem precisar entender os pormenores da cronologia do personagem. E para os fãs, leitura obrigatória para ver o bom e velho Frank Castle de volta à ativa.
Rafael Felga