terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Deadpool: Mais um conto de origem


Se você for fazer uma pesquisa sobre o passado do Mercenário Tagarela, já sabe que vai encontrar inúmeras versões de como tudo começou. Ele está naquele nível do Coringa do filme do Cavaleiro das Trevas, mas com uma criatividade pra lá de aloprada.  Mas parece que desta vez, nas mãos de Brian Posehn e Gerry Duggan, ele pode estar um pouco mais perto da história real. E, por incrível que pareça, é uma história nada engraçada.

Em algum lugar sem nome, numa instalação escondida no que mais lembra um casarão abandonado. Um homem nas sombras está interessado numa cobaia abandonada pelo projeto Arma X. Seu interesse nela acima de tudo é que o individuo já estava tomado pelo câncer, que foi curado pelos experimentos, mas ficou com a mente instável. Como fora descartado acreditando-se estar quase morto, só perceberam muito depois que ele se levantou da pilha de corpos de cobaias que deram errado. Irritado por terem descartado o exemplar que poderia significar a cura do câncer, ele mata o subordinado. E assim, saindo do flashback, temos o mesmo sujeito nos dias de hoje lamentando ao lado de uma câmera de estase onde esta sua irmã. Seu nome? Sr. Butler.

Então, partamos já pra ação. Deadpool (e a Agente Preston, vale lembrar) está atrás das duas pessoas que tem um passado parecido com o seu, Wolverine e Capitão America, ex-participantes do programa do SuperSoldado, e que pode lhe ajudar a descobrir quem anda roubando seus órgãos esporadicamente. Nenhum dos dois mostra plena confiança na história do Mercenário para se dignar a ajudar. Restava a ele bolar um plano e ter uma garantia pra ele funcionar (enxertada na sua perna! Mas explico depois).

Assim, desta vez, após um sonho maluco e cheio de desvaneios, Deadpool se deixa capturar e acaba preso numa câmara de experimentos com o misterioso Butler o observando. Até então, pouco sabemos sobre quem é o Sr. Butler hoje, apenas que está na coreia e tem um acordo com o país. E ao que parece, agora que tem posse permanente de Deadpool, seus experimentos podem chegar a um novo passo. Isso, claro, se Mercenário não tivesse  sua  “garantia”. O mecanismo que Deadpool enxertou em sua perna explode e libera algo – adrenalina provavelmente – que o faz despertar mesmo tão sedado. É o suficiente para o maluco fazer um massacre de cientistas tão horripilante quanto o do Wolverine na minissérie Arma X.

Nesse meio tempo, Deadpool vem entendendo um pouco mais do que foram fazendo com ele nesses curtos ataques e roubos de seus órgãos. Uma tal droga chamada Tabula Rasa lhe é aplicada toda vez e um dos efeitos é causar confusão na memória do individuo.  Depois, encontra o Butler, que tenta convencê-lo a não fugir, mas é aí que vem a parte pior. Do lado de fora do laboratorio, Deadpool descobre um campo de concentração onde coreanos são cobaias recebem implantes dos órgãos de Deadpool misturados ao DNA de alguns dos X-Men. O seja, o imperador ranzinza daquele pais esta encomendando a tempos seus próprios heróis. Isso era mais um motivo pra Wade matar o Butler, mas esse o surpreendeu com uma conversa de sua esposa e filha, e depois o atirou a queima-roupa totalmente desprevenido.


Wilson só despertar muito mais tarde num galpão escuro. Para sua sorte, uma das cobaias se interessou em ajuda-lo em troca de saber mais. Kim era um misto de Deadpool e Noturno, contou que era apenas um de muitos “noturnos”que sobreviveu após forçarem ele a instintivamente desenvolver seus poderes. Na fuga, Deadpool percebe que um dos armazéns esta fortemente guardado. Sabendo que pode haver algo mais ali, ele e Kim operam uma invasão. E após uns sopapos dados, para surpresa dos dois, descobrem que naquele lugar estavam Wolverine e o Capitão America capturados.

Agora com Logan e Rogers ao seu lado (e forçadamente agora acreditando em sua história), Deadpool tem o reforço necessário para agir contra Butler. Wade explica pros dois sobre a história da suposta família que estaria nas mãos do cientista e apresentou Kim, revelando também tudo sobre os experimentos que vinham acontecendo ali. Após engolir toda a história, Wolverine, Capitão America e Deadpool se juntaram a todos os X-coreanos modificados para dominar aquela base militar. Em resposta, os soldados que estavam ali se injetaram conqueteis que também os modificaram, numa espécie de Homens-Pedreiras. E lá se foi uma briga das boas, gerando até momentos engraçados como o arremesso especial mal treinado entre o Colossus e Wolverine coreano.

Após garantir a vitória, o soldado coreano restante foi interrogado. Ao que parece Butler e os demais estariam no Campo 23, o lugar onde estão as famílias de todos presas. A estratégia para invadir o lugar agora é outra. Wade decide entregar o que eles querem e lá estava um Deadpool se entregando aos militares. Quando chegou perto de mais de Butler e os outros, puxaram sua máscara e ele revelou sendo na verdade o Ciclope-coreano-modificado. Um raio optico de alta intensidade foi o sinal para o resto do grupo entrar. E mais uma batalha abrupta se desenrolou aí.


No meio da porradaria, Butler conseguiu fugir mais uma vez se fechando num bunker onde estava a câmara de sua irmã doente. Alguns dos ‘X-Men’ coreanos morreram, mas a família da maioria conseguiu ser resgatada. Todavia, alguns dos reféns acabaram sendo assassinados como última ordem do general coreano. E dentre eles estava a tal “esposa” do Deadpool. Em meio a uma pilha de mortos, Deadpool chorava sob o corpo da moça que supostamente já amou. Desesperado, tentava identificar sua filha bastarda. É uma das cenas mais pesadas que já vi nos quadrinhos. E comovente. Nem parece própria pra um roteiro do Mercenário Tagarela.

Restava-lhe apenas a vingança. Enquanto Wolverine tentou um jeito de cavar um buraco a base de garras pra invadir o Bunker, o Capitão America foi sozinho proteger a entrada da base contra novos soldados coreanos. Só sua fama valeu pra causar medo nos recrutas. Por sua vez, Deadpool tentou uma estratégia diferente. Falou para a porta que sabia que Butler estava ouvindo tudo e queria negociar, conversar. O mercenário acabou chegando antes que Wolverine e convenceu o baixinho canadense a deixar apenas ele e o cientista só (além da irmã, claro.

Enquanto negociava se entregar, Butler contou mais do passado de Wade, suas tentativas de fugas violentas e como o projeto arma x mexeu com sua cabeça lhe dando varias memorias estranhas. Butler não sabia quem era T-Ray ou qualquer uma das outras varias situações que outrora achamos ser o passado do mercenário tagarela. No meio da conversa, Deadpool confessou que até não se importaria de ajudar Butler a salvar sua irmã se fosse esse apenas o caso, mas o lance dos x-men mutados mostrava que havia algo mais nos planos do cientista. Ele, no entanto, não tinha qualquer ressentimento disto. Mas sua irmã, que ouvia tudo dali, já se negava a continuar ouvindo mais. Ela fez o esforço de se erguer e abrir a porta de vidro que separa Deadpool deles e assim Wade teve sua vingança. Butler morreu (uma amostra de seu DNA foi coletada a pedida da agente preston para futura analise) e sua irmã agora finalmente iria ser deixada em paz eternamente.

Era o fim dos experimentos de Butler e do plano de supersoldados norte-coreanos. Os soldados deixaram Wade, Logan e Steve ir embora sem novas lutas. E em Tóquio, os três supersoldados se despediram finalmente. Mas enquanto isso rolava, em Nova York, parece que alguém aparentemente está usando o corpo morto da Agente Preston. Mas como isso?

Esse arco está contido nas edições 9 a 11 da X-Men Extra e foi desenhado por Declan Shalvey. Me surpreende bastante que essa dupla de comediantes consiga mais uma vez tocar no já revirado passado de Deadpool e trazer uma história interessante. Curiosamente, é o arco até agora menos engrado do Deadpool 616 e – tirando pelo que vi na versão ultimate – nunca imaginei que uma história com tom tão serio do Mercenário Tagarela ficasse tão boa. E ficou. Acho que desde o Nicieza Wade não tinha uma trama com continuidade e empolgante como essa.


Nessa ultima edição, também temos mais uma história do passado. Desta vez, é uma daquelas voltas no tempo e conta com a arte do fabuloso Scott Koblish. Tudo começa numas férias malucas em Wakanda, mas segue por uma aventura sem pé e nem cabeça que envolve o Vigia, Magog, Fin Fan Foong e até Odin. Não tem nada de sério para se tirar daqui – eu espero – mas trata-se de uma excelente parodia para as histórias de época. Koblish consegue emular o estilo Kirby de um jeito genial e ainda sem perder seu estilo. No final, Deadpool finalmente volta pro lugar de onde surgiu, a década de 90. É praticamente um castigo!

Coveiro

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