quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

X-Men: Irmandade letal

Há pouco tempo, a Terra esteve ameaçada quando um meteoro trouxe a bactéria sentiente Arkea de volta para o planeta. Capaz de controlar tecnologia e sedenta por dominação global, a ameaça só foi detida porque seu “irmão” John Sublime pediu ajuda a um grupo de X-Men organizado por Tempestade. Mas a nova inimiga pode não ter sido completamente derrotada, especialmente após ela despertar o interesse de outra antiga inimiga da equipe...




Essa é a premissa do segundo arco da série X-Men (carinhosamente apelidada por vários leitores como "X-Women"), publicado nas edições 009, 010 e 011 de X-Men Extra. Brian Wood mantém-se no roteiro, agora com apoio da arte de Terry Dodson e Barry Kitson. E, se alguém leu o título desse artigo e pensou na Lady Letal... pensou corretamente. Embora ela esteja um pouco diferente desde a última vez que a vimos.

Vamos explicar: acontece que Yuriko Oyama perdeu seu corpo, e agora existe como uma espécie de consciência digital alojada em nanitas. Esses nanitas foram comprados por Ana Cortes, herdeira de um empresário bilionário de Bogotá, e injetados em seu corpo por sua associada Reiko, antiga amiga de Lady Letal. Com isso, as consciências de Yuriko e Ana passaram a compartilhar o mesmo corpo de forma simbiótica, uma interessada em “voltar à vida”, a outra buscando poder para assegurar o controle sobre os negócios de seu falecido pai.



Normalmente, Lady Letal tem pouco interesse nos X-Men (com exceção de Wolverine, claro). O problema é que a vilã decidiu que seu novo corpo precisava de “upgrades” – e, ao saber que Karima Shapandar, a Sentinela Ômega, encontrava-se na Escola Jean Grey, Yuriko e Ana decidiram capturá-la para obter sua tecnologia...

Ah sim, falemos dos heróis – ou melhor, das heroínas: devido aos eventos da “Batalha do Átomo”, Kitty Pryde abandonou a escola, enquanto Vampira encontra-se afastada (quem está lendo Fabulosos Vingadores talvez tenha uma ideia do que está por trás da ausência dela...). Quatro das mulheres que enfrentaram Arkea continuam no local: Tempestade, considerando a possibilidade de oficializar uma equipe própria de X-Men; Jubileu, radiante ao saber que a adoção do pequeno Shogo foi legalizada; Rachel Grey, que parece dividida entre o perigo e a sedução oferecidos por John Sublime; e a ninja Psylocke. Já no início desse arco, as quatro e os demais moradores da escola ganharam duas novas companheiras: Karima Shapandar, agora livre do controle – e dos poderes – de seus implantes tecnológicos; e a sempre insolente Monet, procurando um lugar para descansar depois de tudo pelo que passou em suas últimas experiências no X-Factor. As duas, diga-se de passagem, se deram bem logo de cara.

Ainda bem, porque não demorou para elas terem que lutar juntas, quando Lady Letal levou um grupo de asseclas para atacar Karima. Frustrada ao descobrir que a indiana recobrou sua consciência e perdeu sua biotecnologia, Letal pediu a Reiko uma atualização dos dados sobre os X-Men – e foi aí que o perigo realmente começou, ao descobrir sobre a existência de Arkea...



Lady Letal decidiu obter Arkea para si. Mas, sabendo que não poderia conseguir isso sozinha, ela tratou de buscar aliadas. A primeira foi a assassina Mary Tifoide, contratada para invadir a Escola Jean Grey e roubar as informações e a amostra viva de Arkea. Mesmo com Psylocke em seu encalço, Mary conseguiu roubar o que foi pedido, mas a amostra já estava morta. Procurado por Yuriko, Sublime ficou surpreso em saber que sua irmã podia morrer, mas deixou escapar que poderia haver outra amostra viva da bactéria no meteoro em que ela veio – e um pedaço caiu na Noruega, onde Encantor passava seus dias, banida de Asgard e sem seus poderes. Letal encontrou nela sua segunda aliada, obtendo de Amora a localização do pedaço do meteorito em troca da promessa de devolver os poderes à feiticeira asgardiana.

As três vilãs então levaram a rocha para a oficina de corpos de Ana Cortes em Dubai. Apenas lá descobriram o perigo com que estavam lidando: ao tocar na amostra, Reiko foi completamente possuída por Arkea, agora obcecada em se vingar de Sublime e dos X-Men. Com seu controle sobre tecnologia, ela foi capaz de aprimorar os nanitas no corpo de Letal, fundir todas as personalidades de Mary em uma só e até devolver os poderes de Encantor (como um feitiço asgardiano foi quebrado por tecnologia, eis a questão que Wood não soube explicar direito) – mas ficou claro que, a partir desse momento, Arkea deixou de ser uma ferramenta para ser aquela que tem o destino da nova Irmandade em suas mãos...



E, se a situação não era a das melhores para as agora subordinadas de Arkea, o que dizer dos X-Men? Monet foi a primeira vítima, brutalmente atacada por Encantor, a ponto de seu rastro psíquico ser perdido por Rachel. E, como desgraça pouca é bobagem, a bactéria sentiente despertou uma série de sentinelas desativados ao redor do mundo... será o grupo de Tempestade capaz de deter os robôs assassinos de mutantes e deter a irmandade de Arkea... ao mesmo tempo?? É o que descobriremos nos próximos meses.

Com esse arco, Brian Wood apresenta um grupo de vilãs para enfrentar o grupo de heroínas dos X-Men. Um ponto positivo é que, assim como no caso do grupo de Tempestade, não se trata de um grupo de mulheres se reunindo simplesmente porque são mulheres: a história deixa bem claro que cada uma delas foi recrutada por Lady Letal por motivos bem específicos. Outra boa sacada foi colocar no grupo inimigas de outros heróis, contra as quais os X-Men têm pouca ou nenhuma experiência de combate. Porém, é estranho notar que, nessas três edições, as vilãs foram o verdadeiro destaque, enquanto as heroínas pouco apareceram. No caso delas, o destaque vai para Jubileu, ajudando a jovem Bling! a lidar com seus sentimentos por outras garotas – e sendo uma das garotas em questão.

O maior problema, por ora, é que essa série deveria ser aquela em que a ação corre solta (segundo o próprio roteirista disse em outras ocasiões), mas na minha opinião houve pouca ação e muito diálogo (por vezes um pouco confuso, até). Apesar disso, está longe de ser um arco ruim: Monet e Karima adicionam novos elementos às interações entre as personagens, a nova Irmandade parece interessante (e Arkea dá a entender que deve recrutar mais gente nas próximas edições) e a arte de Terry Dodson se encaixou muito bem à história. Vejamos o que vem pela frente.

Fernando Saker

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