quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Capitão América: A Semente do Mal

A partir do mês de setembro, a revista mensal do Capitão América não só volta a trazer as aventuras de um jovem Steve Rogers de novo como dá início ao principal título que culminará na saga mais polêmica dos últimos anos pela Marvel. Com a queda de Pleasant Hill, veio a revelação de que um plano ainda maior costurado há algum tempo atrás pelo Caveira Vermelha veio a tona. E ele mexerá com os princípios do Capitão América que bem conhecemos desde seu inicio.



Nick Spencer faz parceria aqui com um novo desenhista, Jesús Saiz, dono de um traço detalhado, uma narrativa fluida e que com as cores vibrantes (sim, ele é também faz suas próprias cores). Numa edição especial publicada no FreeComicBookDay temos uma amostrinha do que esse trabalho muito bem casado deles gerou. Na história, a comandante Sharon Carter (futura diretora da SHIELD agora que a corda do pescoço enforcou Hill) tenta lidar com um comitê ansioso por novas diretrizes de segurança da SHIELD. Todos querem saber o que de fato aconteceu em Graz, Austria, dias atrás.

Num breve flashback, vemos o rejuvenescido Steve Rogers como Capitão América mais uma vez. Seu uniforme mudou e já que o escudo circular ainda ficou com Sam Wilson, ele criou um próprio cheio de acessórios. Com a ajuda de Rick Jones, o hacker Sussurante, o Capitão invade um complexo da HIDRA e descobrem que o próximo alvo de um atentado terrorista será o edifícil Chrysler. Daí, entram em ação, Sam Wilson, o Outro Capitão América, e seu parceiro Joaquin, o Falcão. Em minutos, os dois heróis alados conseguem detectar a van que levava o explosivo pro alvo e impede danos maiores ao leva a bomba pra explodir nos céus.

Todos comemoravam o sucesso da ação quando foi anunciado que havia um outro atentado programado ao mesmo tempo em Bruxelas. A SHIELD se precipitou em comemorar e agora o Conselho de Segurança queria alguém pra apontar o dedo. Steve entra reunião a dentro sem pedir licença e concorda. A SHIELD precisa se preparar para esse novo mundo onde a HIDRA tem conseguido conquistar seres tão jovens com seu discurso. E Rogers acha que chegou na hora de decretar "guerra" a eles.

A primeira edição em si da revista Steve Rogers: Capitão América traz detalhes do passado do Capitão nunca antes trabalhados. O menino Rogers mal tinha memórias de seu pai vivo, mas aqui vê joseph bêbado espacando Sarah Rogers na rua. Foi quando chegou a misteriosa mulher, Elisa Sinclair, para ajudá-los. Ela após esse primeiro contato com Sarah mudaria a sua vida e a do menino Rogers para sempre. Mas falaremos mais dessa parte no decorrer deste texto.



De volta ao presente, o Capitão América está invadindo um trem descontrolado e recheado desses jovens agentes da HIDRA. O que mais chama atenção é que muitos deles ali sequer poderiam ser tratados de fato como pessoas más. A exemplo de Robbie Dean Tomlin, usado nessa narrativa para exemplificar como a HIDRA persuadiu os novos corações, vemos como seu passado cheio de intempéries foi fácil de ser usado para manipular sua dor e constrangimento a favor de um discurso mais duro e intolerante. Assim como muitos, Robbie foi chegando mais perto do núcleo desses novos filiados da HIDRA e topou com o sumido Caveira Vermelha. Numa das palestras escondidas do vilão, suas palavras falam de uma América mais nacionalista, protegendo primeiros os interesses de seu povo antes dos imigrantes e respondendo com força qualquer desvio de comportamento.

Alguém confuso e precisando de uma vida melhor como Robbie era facilmente levado na euforia por essas palavras. Contudo, ao cometer os primeiros crimes e machucar os primeiros inocentes, o jovem já não estava tão dentro daquela causa. Assim, quando precisaram de um voluntário para ser homem-bomba,um confuso Robbie Dean Tomlin. Rogers fez de tudo para tentar salvar a vida do rapaz, mas não conseguiu. Ele explodiu bem na frente do Capitão. Por mais que no fim, aquela cena tenha ficado bem nas filmagens para a TV, Rogers se aquieto o resto do dia lamentando o fim do rapaz.



Nessa história, são também introduzidos dois personagens do passado do Capitão América. Tanto o Jack Flagg com a Redentora aparecem como apoio de Steve na missão para lidar com as gangues urbanas da Nova Hidra. Mais tarde, encontra-se com Rick Jones na sala de refeitório da SHIELD e passaram a trocar lembranças e quais grandes feitos fizeram enquanto serviam como companheiros de Rogers.

Uma nova reunião com Maria Hill, que ainda é Diretora até a transferência total de Sharon pro cargo, coloca na mesa o atual paradeiro do Barão Helmult Zemo. Ele está em algum lugar na Bagália, tento aliciar novos capangas, enquanto leva o Doutor Selvig como refém. O Capitão América, Jack Flagg e Redentora aparecem no meio do discurso de Helmut e começa a briga. Os dois coadjuvantes foram tretar com os bandidos de quinta enquanto que Rogers foi atrás do Helmult.



Com alguma vantagem na frente, o Barão Zemo pula em seu jato para fugir com Selvig dali. Na briga, talvez por estar ainda bem travado, o Capitão  é pego desprevenido pelo chão da nave se abrindo e fica a um triz de ser jogado daquela altura pra morte certa. Flagg viu aquilo de longe e correu para tentar salvá-lo. Contudo, após bater no Zemo e resgatar o Capitão, algo surpreendente acontece. Rogers arremessa Flagg para fora da nave rumo a uma queda mortal. E depois se declara fiel a HIDRA.



O impacto da história já tem uma prévia algumas páginas antes com um flashback do passado de Sarah. Depois de algumas reuniões com Elisa Sinclair, a mãe de Steve foi convidada a entrar na Sociedade da HIDRA, um grupo de pessoas preocupadas com o bem-estar da família lá pra ido dos anos 40. Já a edição de número 02 (aqui no Brasil, em Capitão América 8) é totalmente dedicada a explicar como todo esse quadro de fundo se montou até aqui.

Tudo gira em torno de Kobik, a menina-cubo cósmico. Sabemos sua natureza já, mas não sabíamos que os fragmentos desse cubo eram o mesmo que foi criado e usado pelo Caveira Vermelha lá pelo final dos anos 90 no arco de histórias Operação Renascimento (por Mark Waid e Ron Garney). Após dias de experimentação e finalmente criar vida própria, o fragmento Kobik foi secretamente até seu antigo portador Jonanthan Scmitdt reatar o vínculo. Foi assim que curou o rosto de Pecado mais uma vez e rapidamente entrou na linha de frente dos planos do Caveira.

A garota era sua verdadeira espiã ali e lhe dava tanto informações como podia manipular sutilmente algumas ações da SHIELD. Quando estavam juntos fisicamente, o Caveira passou a tratá-la como pai e assim instruiu desde o começo como a HIDRA era uma força do bem mesmo que agisse severamente às vezes. Com o tempo, o segredo de Kobik foi descoberto pelo principal cientista da SHIELD no assunto, o Doutor Erik Selvig, mas a própria garota conseguiu resolver a situação  alterando a mente de Selvig e o tornando um fiel a HIDRA. Ao ver isso, o Caveira Vermelha teve a estupenda ideia de criar Pleasant Hill.



Daí, tudo que vimos acontecer na minissérie Vertentes é mostrada na perspectiva do Caveira Vermelha, que junto com os dons telepáticos que ele ainda tinha de Charles Xavier e os novos poderes de sua ajudante, manipulou os eventos a seu favor. E isso inclui a restauração da idade do Capitão América ao mesmo tempo que deixando essa sementinha de alteração do seu passado.

Podia parecer um absurdo na cabeça de alguns os plots montados nessa história e para alguns, principalmente os resistentes que nunca a leram, ainda é. Contudo, essa é uma daquelas chances únicas de olhar além da caixinha e nos prepararmos para algo que foi realmente bem escrito e gerou boa reflexão dentro do tema. Nick Spencer que sempre foi reconhecido pelo seu bom humor, começa aqui um trabalho sem precedentes nos quadrinhos para temas delicados. E tudo isso feito com aquela tom divertido no canto, sem perder o fio da importância em cada discussão. É certamente um dos meus TOP TRÊS títulos que saem da Panini hoje em dia.

Coveiro

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