segunda-feira, 23 de junho de 2008

Thor: O Retorno do Deus do Trovão


Thor #1

Depois de quebrar a reincidência eterna de destruição e recriação do Ragnarok nórdico à qual ele seu povo foram submetidos por eras, Thor e Asgard foram varridos da existência. Acreditou-se que ele tinha voltado na Guerra Civil, mas ao contrário o que vimos foi uma abominação gerada por engenharia genética e cibernética. O destino incerto do deus do trovão começou a mudar a partir de Novos Vingadores 53, quando tivemos a estréia do terceiro volume da revista da divindade que é membro fundador dos Vingadores pelas mãos de J. Michael Straczynski e Olivier Coipel. E não é só ele que volta.

O doutor Donald Blake, outrora a contra-parte terrena de Thor, através de quem o deus mantinha seu contato com o que havia de mundano, havia sido apagado da existência por Odin. Ninguém se lembrava de qualquer coisa sobre ele, que permaneceu dessa forma até o Ragnarok, quando finalmente foi libertado com a não existência de tudo relacionado a Asgard. Começamos a saber disso em Rumo à Guerra Civil: Quarteto Fantástico, quando se descobre o martelo místico Mjolnir caído em Oklahoma e o Dr. Destino tenta tomá-lo para si. O único que consegue é um "misterioso" homem de iniciais DB.

Thor

Nessa primeira história da nova revista do Thor vemos um belíssimo diálogo entre o retornado Blake e o deus do trovão no próprio vácuo da inexistência, onde o humano viveu por muito tempo por causa do encantamento de Odin. Um resignado Thor se sente incomodado e deseja saber por que foi convocado. O dr. Blake diz que os dois têm muito em comum. Que não se encontraram por acaso, e que não cabe aos deuses decidirem se os seres humanos devem ou não existir; mas sim ao ser humano saber se e quando a existência dos deuses é necessária. E, naquele momento, a volta do Thor era imprescindível. Ainda não era hora dele desaparecer para sempre.

Thor

O amor de Thor pelo seu mundo natal o deixa confuso, pois não queria condena-lo a um novo ciclo de Ragnaroks. Blake indica que o fato dele ter quebrado o ciclo de destruição e nascimento no qual Asgard se encontrava colocava a escrita de seu futuro nas mãos do filho de Odin. E onde há Thor, há Asgard. Apelando também a seu amor pelo mundo mortal, o doutor reforça que a existência dos deuses é decisão dos seres humanos, e que assim todos os conterrâneos do deus do Trovão surgiriam da crença humana.

O ápice da história vem quando Thor percebe, com a ajuda de Blake, que seu retorno seria algo indesejado por forças obscuras, o que parece estimular sua volta. Nesse ponto, uma interessante referência a diversas religiões pagãs, nas quais se exaltam ritos de passagem como o nascimento e a morte como experiências dolorosas e de sacrifício, mas necessárias. É lutando e sendo destroçado por diversos demônios que Thor alcança Mjolnir, do qual ambos são filhos, demonstrando sua vontade de viver.

Thor

E o retorno dele é em grande estilo. Thor quer viver!!

Thor

Tal decisão e transformação são prontamente sentidas por Blake no mundo mortal, mais especificamente em Oklahoma, quando resgata sua transformação clássica ao bater com um bastão de madeira no chão, depois de se acomodar em um pequeno hotel.

Thor


Essa primeira edição é bombástica e, acredite, daí é só ladeira acima. Em primeiro lugar, porque apesar de demonstrar que há um recomeço para o personagem, não se esquece nada de seu passado. Pelo contrário, resgata-se seu alterego humano, aparentemente repaginado e funcionando novamente como ancora ao deus do trovão. A perspectiva dos próximos números é de uma lenta reconstrução de Asgard e retorno de seus habitantes. A forma como isso acontecerá permanece um mistério. Mas, sem dúvida, é uma forma legítima de reformular o Thor, já que sua própria mitologia admite tal recomeço, que é uma ótima maneira de atualizá-lo. Essa bela obra já carrega um “digo-te sim”, Straczynski (pelos bons diálogos e roteiros) e Coipel (pela belíssima arte), desde a primeira edição.


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