segunda-feira, 27 de abril de 2015

Jovens Vingadores: Festa de despedida

Após meses e meses de antecipação, o confronto que se anunciava finalmente acontece. De um lado, Loki, Wiccano, Gaviã Arqueira, Marvel Boy, Prodígio e a sempre incrível Miss América. Do outro, o parasita extradimensional Mãe, a misteriosa criatura usando o uniforme do Patriota, a asgardiana Leah e a cabala de ex-namorados dos Jovens Vingadores. E esses são só os combatentes centrais, mas não são nem a metade dos heróis e vilões em combate...



Por cortesia do enorme atraso deste que vos escreve (e peço perdão por isso), este artigo resume não um, mas os dois arcos finais de Jovens Vingadores. O primeiro, com roteiro Kieron Gillen e arte de Jamie McKelvie, foi publicado nas edições 014 e 015 de Homem de Ferro & Thor e mostrou a batalha propriamente dita entre os jovens heróis e seus inimigos. Por jovens heróis, diga-se de passagem, não estou falando só dos Jovens Vingadores: para enfrentar o exército que Mãe formou com as contrapartes do grupo vindas de outras dimensões, Prodígio enviou algumas mensagens de texto e recrutou todo super-herói adolescente que estava disponível. Ainda bem, porque os super-heróis adultos estavam suscetíveis à influência de Mãe: quanto mais longe, melhor.



Enquanto seus aliados enfrentavam o exército de Mãe na Terra, os Jovens Vingadores foram à dimensão da criatura tentar detê-la e salvar Hulkling. Mãe e Wiccano se envolveram em um duelo místico, enquanto Prodígio atacava o “Não Patriota”, Noh-Varr escolheu a pior hora possível para contar a Kate que ainda queria ficar com sua ex Oubliette, e América mostrou ao Nulificador Total que não precisa de superforça quando pode apenas acertar um chute bem dado.

Mas a situação era bastante desfavorável, até que Loki confessou todos seus pecados (...bom, todos os recentes, pelo menos): o acordo que fez com Mãe e a quebra do acordo, a manipulação de Billy, tudo para ter controle sobre as regras da magia que Wiccano poderia vir a reescrever. Pior: em sua forma infantil, o asgardiano realmente queria ser alguém melhor... mas ao se tornar um jovem adulto, ele “matou” sua versão mais nova, admitindo ser indigno da confiança de todos. Satisfeita com a humilhação de seu desafeto, Leah partiu, levando a liga dos ex-namorados com ela.

Com o “Não Patriota” não demonstrando interesse em lutar, sobrou Mãe, prestes a devorar Billy e seus poderes. Para ajudá-lo, Prodígio aconselhou Hulkling a procurar o namorado – e, quando Teddy questionou se seu amor por Billy não seria efeito inconsciente causado pela magia dele, a resposta de David disse tudo: “Um poder mágico que alguém tem sobre você sem nenhum motivo que consiga justificar realmente, mas que jorra através de você até cada célula sua desejar o toque dele? O que acha que é o amor?”



E, com o suporte e o amor de Teddy, Wiccano foi capaz de desintegrar Mãe e se tornar o Demiurgo, com poder para fazer qualquer coisa. Mas, como diria o Homem-Aranha, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades... e, percebendo que ainda não tem toda a responsabilidade necessária para saber usar seus poderes, Billy decidiu que ainda não é hora de ser o Demiurgo e voltou ao que era. A guerra foi vencida, o mundo foi salvo, os adultos estão livres do controle de Mãe e tudo parece estar bem: é hora de cair na balada!

E é a comemoração que vemos no arco final da série, publicado nas edições 016 e 107 de Homem de Ferro & Thor. Gillen ainda se mantém nos roteiros, mas McKelvie divide a arte com vários artistas, como Matthew Wilson, Emma Vieceli, Lee Loughride, Christian Ward, Annie Wu, Jordie Bellaire, Becky Cloonan, Ming Doyle, Maris Wicks e Joe Quinones... ufa! As mudanças na arte acontecem entre uma cena e outra (e há várias cenas nesse arco), então não é algo que eu considere incômodo.

A festa, vejam só, coincidiu com a chegada do Ano Novo. E muita coisa aconteceu nela: Kate e Noh-Varr terminaram o namoro. Billy e Teddy reataram o deles, pra valer. América revelou para os leitores (mas não para Billy) o motivo de seu interesse por ele: ela é nativa de um mundo alternativo repleto de princesas, criado pelo Demiurgo (Wiccano, no futuro), de onde ela fugiu ao descobrir que suas mães morreram – infelizmente, ela concluiu que seu criador é “só mais um idiota”.



Ao sair da festa, David encontrou Loki, decidido a se afastar do mundo por saber que acabaria traindo seus colegas, e depois o “Não-Patriota”. O primeiro teve sua cantada recusada pelo ex-mutante. O segundo, sem cantadas, acabou beijado após Prodígio deduzir que a figura é ele mesmo no futuro, tendo sacrificado sua existência para voltar no tempo e garantir que a equipe fizesse o que era preciso. Se o palpite estava certo, ninguém sabe, mas o beijo fez o Não Patriota sumir – e, em seu lugar, Tommy Shepherd, o Célere (que tinha desaparecido faz tempo, lembram?) voltou, e já chegou chamando Kate para dançar.

Algumas horas após a virada do ano, o grupo se despediu dos outros jovens e chegou a algumas constatações interessantes. Primeiro, que todos os rapazes da equipe gostam ou não se importam de beijar outros rapazes, mas Miss América prefere beijar garotas. Quando Kate perguntou se era a única hétero da equipe, a latina extradimensional respondeu na hora: “Já vi como você olha pra mim. Não é tão hétero”. Segundo, que mesmo com o fundador do grupo fora dele e com Kate e Noh-Varr separados, os Jovens Vingadores continuam. Sua primeira missão no ano novo: arranjar café da manhã. E terceiro: Loki pode não estar mais na equipe, mas sempre vai guardar na memória – e no Instagram – seu período como Jovem Vingador...



Assim termina a série dos Jovens Vingadores na era da Nova Marvel. Uma pena ter terminado tão cedo, mas segundo Gillen essa sempre foi a intenção, para evitar que a história se esticasse e precisasse de “tapa-buracos”. Apesar disso, foi gratificante ver um trabalho tão diferente, seja na linguagem jovem, nas referências constantes a redes sociais, hashtags e cultura pop em geral e na arte metalinguística – vide Wiccano como o Demiurgo andando sobre páginas de edições anteriores da série. E vale lembrar, a equipe continua junta, então eles sempre podem reaparecer. Esperemos que, quando isso acontecer, a próxima equipe criativa os use com o mesmo carinho que esta aqui fez.

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