terça-feira, 28 de abril de 2015

X-Men: Briga de mulheres

A Irmandade de Mutantes (ocasionalmente chamada apenas de Irmandade, já que nem sempre é composta só por mutantes) é uma constante pedra no sapato dos X-Men. Além dos confrontos constantes contra os pupilos de Xavier, uma característica da equipe é sempre reaparecer com uma formação diferente. O que acontece quando uma dessas formações traz vários membros que, sozinhos, já seriam capazes de derrotar os X-Men?



A resposta foi dada nas edições 012 e 013 de X-Men Extra, na série X-Men. Nela, o roteirista Brian Wood dividiu a ação em duas frentes, uma ilustrada por Kris Anka e outra por Clay Mann. Antes de entrar em detalhes sobre a história, deixo algo a se pensar: por que raios a Marvel não colocou Mann na arte logo após a saída de Coipel? Pode ser impressão minha, mas considero a arte dos dois relativamente parecida, e isso certamente ajudaria a manter a identidade visual da série por um tempo...

Enfim, vamos à história. Recapitulando: Lady Letal, cuja consciência foi instalada no corpo da milionária Ana Cortez, decidiu buscar a tecnologia de Arkea para aprimorar suas habilidades. Para isso, ela recrutou Mary Tifoide, que queria resolver seu problema de múltiplas personalidades, e Encantor, então destituída de seus poderes. Mas, quando a nova Irmandade achou Arkea, ela possuiu o corpo da assistente de Ana Cortez e tomou a liderança do grupo. Apesar de ter dado às suas parceiras os aprimoramentos que elas queriam (sim, ela foi capaz de devolver os poderes da Encantor, sabe-se lá como), elas começaram a pensar que a aliança com Arkea talvez não tenha sido boa ideia...

Enquanto isso, em Dubai, Monet sofreu uma agressão brutal de Encantor, mas foi resgatada pelo poderosíssimo protomutante Gabriel Shepherd (que provavelmente só não foi colocado nos X-Men porque nenhum vilão atual representaria ameaça pra ele). Enquanto ela ajudava Tempestade e Psylocke a rastrear as inimigas – sem sucesso –, Rachel Grey ajudava Fera a analisar amostras biológicas de John Sublime na esperança de encontrar uma forma de neutralizar Arkea. E, como era de se esperar, o romance entre os dois começou a azedar. Faz sentido quando você se apaixona por uma bactéria sentiente que incentivou a morte de mutantes em busca de seus órgãos e que assassinou sua mãe...



Falando em Arkea, se a Irmandade já estava apreensiva com a liderança dela, a situação piorou quando ela revelou duas outras integrantes que pretendia trazer para a equipe: Selene Gallio e Madelyne Pryor. Sim, a Rainha Negra (que chegou a criar uma nação de zumbis tecnorgânicos) e a Rainha dos Duendes (que quase chegou a transformar Manhattan no inferno, literalmente). Lady Letal pode estar acostumada com o perigo, mas a consciência de Ana Cortez não aguentou a pressão e se suicidou. Para Arkea, a perda foi mínima: a consciência de Letal foi “baixada” no corpo de Reiko, enquanto o cadáver de Ana foi combinado com o DNA de Pryor para trazer o clone de Jean Grey de volta à vida. Já Selene foi trazida de volta pela magia de Encantor, e ela rapidamente (e meio inexplicavelmente, também) aceitou Arkea como sua líder incontestável.



E, vale lembrar, havia ainda o problema dos sentinelas que a vilã reativou próximo à Ilha Catalina... para deter a ameaça, Jubileu chamou vários alunos da Escola Jean Grey – uma forma bacana de dar espaço para personagens pouco utilizados, como Cifra (a dos Jovens X-Men), Satânico (que além da ameaça, ainda teve que lidar com as piadinhas dos colegas – Julian não sabia que estava indo à praia em missão e passou o combate todo só de sunga...), Fada, Mercury e Bling – as duas últimas, por sinal, enfim conversaram e fizeram as pazes. Com a liderança de Jubileu, usando pela primeira vez (que eu lembre) o poder vampírico de se transformar em névoa, os jovens X-Men conseguiram deter a ameaça e salvar os turistas inocentes.



Já a Irmandade ficou a cargo das X-Men adultas, em uma verdadeira briga de mulheres. A localização de Arkea foi dada pela própria Ana Cortez antes de se matar, com as vilãs escondidas em uma propriedade isolada no Japão. A partir da chegada das heroínas, é só porrada: Monet deu o troco em Encantor, enquanto Psylocke nocauteou Mary Tifoide. Sobrou para Tempestade e Rachel encararem Arkea, Selene e Madelyne, e Rachel não demorou para ser posta fora de combate pelo clone de sua mãe. Infelizmente, o que poderia ter sido um confronto épico foi resolvido da forma mais banal possível: Ororo convenceu Maddie e Selene a abandonarem sua líder com a promessa de não persegui-las.

Sozinha e isolada de qualquer dispositivo elétrico, Arkea experimentou pela primeira vez o medo. Sua hospedeira foi rendida, e Karima Shapandar teve a possibilidade de se vingar, usando uma arma projetada por Fera capaz de matar a bactéria tecnorgânica sem matar o corpo que ela controlava. Assim morreu Arkea, deixando apenas a consciência de Lady Letal (no momento desmaiada) no corpo de Reiko. O dia foi salvo, e o grupo perdeu uma integrante – mas de forma positiva: Karima aceitou a oferta para trabalhar com Sabra e partiu, com a gratidão e os votos de boa sorte de suas colegas.



Assim termina esse arco. Apesar de minha esperança de que Wood fizesse um ótimo trabalho, infelizmente considero que ele repetiu o mesmo erro que Matt Fraction cometeu quando tentou apresentar uma Irmandade feminina: ambos gastaram tempo demais mostrando a formação da equipe de vilãs, tentando mostrá-las como uma grande ameaça, e na hora H elas são derrotadas de forma fácil demais. Fica a impressão que faltou planejamento, o que também pode ser notado na falta de continuidade entre a história principal e a missão paralela de Jubileu e dos alunos: em uma, Quentin Quire está cuidando de Sublime na Escola Jean Grey; na outra, faz parte do grupo que foi com Jubileu enfrentar os sentinelas. Madelyne ainda diz que pretende reorganizar a Irmandade, mas sinceramente, duvido que essa formação do grupo voltará a dar as caras.

Fica a torcida para que, no próximo arco, a história transcorra de forma mais fluida, sem um meio enrolado e um final corrido. Por sinal, na Escola Jean Grey, Sublime mencionou a existência de um assassino serial chamado “Futuro”. Parece que veremos ele em colisão com as heroínas mutantes muito em breve...

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