quarta-feira, 29 de abril de 2015

X-Men Legado: Longedosolhos

Na resenha anterior, vimos o final da saga de David Haller, o Legião. Agora, veremos o final do título "X-Men: Legado",  publicado lá fora em "X-Men: Legacy #300" e aqui no Brasil em X-Men Extra #14 pela Panini. Trata-se de uma história fechada, desenhada por alguns dos principais responsáveis pelo título nos últimos anos: Simon Spurrier, Mike Carey e Christos Gage, acompanhados respectivamente por Tan Eng Huat, Steve Kurth e Rafa Sandoval.

À meia-noite, uma intrusa solitária tenta invadir a Escola Jean Grey para Estudos Avançados e se vê aprisionada pelo sistema de segurança psíquica da mansão, de tecnologia Shiar. Quanto mais ela se debate, pior fica. Em seguida, ela se vê diante de um homem trajando um antigo traje de "X-Man". Pra ser mais preciso, um que a equipe utilizava na fase de Grant Morrison no título.


Ele se apresenta como "Longedosolhos" e pede que a jovem se acalme. A moça duvida que ele seja um X-Man, mas o homem esclarece que já faz parte da equipe há seis anos e que seu poder mutante é de ser completamente esquecido quando as pessoas param de olhar para ele. O único que sabia de sua existência era Charles Xavier, que havia programado uma espécie de "despertador psíquico" em sua mente para que este pudesse se lembrar dele de tempos em tempos.

O intrigante personagem resolve tirar o capacete que a jovem utilizava para que ele possa ver o seu rosto e evitar que ela se sufoque. Ele fica surpreso ao perceber o rosto deformado que ela tem. A razão disso, explica a moça, é que um ex-namorado atirou no seu rosto uns produtos químicos que o deformaram  e a deixaram cega de um olho. O culpado foi preso, mas só ficou seis meses na cadeia porque o time de futebol em que jogava passou um "abaixo assinado" pela liberdade dele. Enquanto isso, a jovem teve que passar por sete operações no rosto. Desde então, ela se revoltou contra todos aqueles que a veem deste jeito e tentou invadir a mansão para pleitear uma vaga nos X-Men. A jovem quer sumir da vista de todos, enquanto Longedosolhos quer apenas ser lembrado por alguém. 


Para que a moça se acalme, ele narra alguns episódios em que participou diretamente, mas ficou completamente esquecido depois. O primeiro, se passa durante a chamada "Era X", em que David Haller havia criado uma espécie de "realidade alternativa artificial". Ele conta que passou várias noites inteiras ao lado de soldados feridos que eram apenas "construções mentais" que desapareciam com a aurora e se renovavam em outra "identidade" para participar dos combates do dia. Longedosolhos conta que tentou alertar Magneto a respeito, mas este logo se esqueceu do aviso. Na verdade, o interesse maior dele era morrer durante alguma luta para que Legado (a identidade de Vampira na Era X) pudesse tocá-lo e absorver suas memórias. Assim, ele não seria esquecido.


Longedosolhos conta que várias situações inesperadas que salvaram os X-Men foram causadas por ele, mas ninguém se lembra disso. Ele narra quando se encontrou com  Arma Ômega e Mímico , associados aos X-Men de Westchester, para tentar se livrar de seu poder. A dupla estava mais interessada em salvar as pessoas do que enfrentar os inimigos da equipe. Longedosolhos pede a ambos para absorverem seu poder, mesmo que ele morra no processo. Logo em seguida, eles são abordados pelo X-Men de Ciclope, que querem recrutar a dupla para a sua "revolução mutante". Eles se recusam e uma batalha se inicia. Longedosolhos pede que seus aliados distraiam os X-Men e assim é feito: uma luz cegante faz com que o trio saia das vistas de seus adversários. Imediatamente, Ciclope e os demais se esquecem do que vieram fazer e vão embora.

Ômega diz que atende ao pedido de Longedosolhos, mas ele e Mímico pedem que ele pense um pouco mais a respeito, pois o poder dele é muito útil para ajudar às pessoas. Longedosolhos se afasta um pouco, aparentemente refletindo sobre o que lhe foi dito, e sai do campo visual dos outros dois. Como não poderia ser diferente, ele é esquecido mas resolve seguir o conselho da dupla e fazer "algo que importe".


Nisso, Longedosollhos consegue libertar a jovem da armadilha psíquica ao ocupar o lugar dela. Ele diz que isso não é nenhum problema, pois logo o dispositivo se esquecerá dele e o libertará. Para finalizar, ele diz algo que a jovem precisava muito de ouvir: "O mais importante não é como o mundo te vê, mas como você o vê e o que faz para torná-lo melhor. O legado vale bem mais do que a pessoa que o deixou".

A jovem, agradecida, se afasta e diz que vai procurar ajuda para soltá-lo mas, tão logo ela lhe dá as costas, esquece-se dele. Ela telefona para sua mãe e diz que não quer se mudar para outro lugar, que parou para pensar melhor e que agora estava mais tranquila. Perto dali, com o capacete da moça no chão, Longedosolhos ouve tudo e sorri.


Trata-se de um ótimo encerramento para um título repleto de momentos marcantes. A ideia de reunir algumas de suas principais equipes criativas e colocá-las para revisitar alguns de seus próprios momentos na série foi algo digno de louvor. Spurrier e Huat apresentaram o "enredo principal", Carey e Kurth revisitaram sua "Era X" e Gage e Sandoval fecharam um "plot" da passagem deles por Legacy.

Huat, que vinha fazendo um trabalho sensacional nas edições anteriores, resolveu mudar para um estilo mais convencional no desenho e na diagramação que, na minha opinião, não ficou bom. Os desenhistas convidados fizeram seu trabalho com muito mais esmero do que ele.

Certamente ouviremos falar de Longedosolhos novamente. Seu nome original é ForgetMeNot, mas gostei de como a Panini o "batizou" no Brasil. Um grande acerto, na minha opinião.

C@rlos

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