segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

CCXP2017: Masterclass - Carlos Pacheco


Aqui vamos iniciar a segunda parte do Masterclass, onde teremos a apresentação do artista Carlos Pacheco, o espanhol que conquistou um espaço ao sol da Marvel e que é carregado das referências. Num formato bem mais de uma palestra ele vai nos levar por uma linha do tempo, que vai desde suas referências a artistas europeus, passando pelo Jack Kirby até fase pós Jim Lee.

Masterclass Carlos Pacheco


Carlos Pacheco começou sua Masterclass contando que sua exibição não é muito sobre como é o processo de arte dele, ou como foi a vida dele antes de se iniciar no mercado de quadrinhos, mas será como entender a visão dele do que é quadrinhos e para isso, será necessário mergulhar nas suas referências de outros artistas que o influenciaram, para construirmos a consciência de como ele enxerga a arte para os quadrinhos e o que realmente é essa forma de visualizar a arte narrativa. Mostrou exemplos visuais do que não são quadrinhos e o que são quadrinhos, passando para uma série de exmeplos, logo em seguida, de quadrinhos europeus que o influenciaram em sua carreira, que ele passou rapidamente.



Primeira influencia Marvel, foi Jack Kirby, com suas texturas de fundo e dinamismo dos quadros. Mesmo que Kirby não seja o melhor exemplo em construção anatômica de personagens, mas seus cenários, planos de fundo e cores berrantes nos fazem imergir e vislumbrar toda a maravilha de sua obra.


Outra grande influencia é o de Neal Adams, com relação ao estilo mais realista, onde as proporções são mais corretas, mas ainda guardam uma simplicidade em questão de detalhes, para não atrapalhar o dinamismo do trabalho. Na questão de layout de páginas, ele exmeplificou a maneira como ele trabalha os requadros horizontais e os verticais, quebrando o conceito básico de construção de páginas. Fazendo um complemento nesse ponto, os últimos trabalhos do Pacheco tem uma forte referência a Neal Adams nesse ponto de layout de página, onde ele deixa muitos requadros horizontais, quebrando no fim com um requadro pegando de fora a fora da página!


Outro artista que ele acredita que é o melhor até hoje que passou pela Marvel é o John Buscema. Tanto anatomia, com a devida preocupação com a silhueta do personagem e suas proporções, quanto a narrativa, pra ele, John Buscema era o ponto alto da Marvel dos anos 60/ 70. Entretanto, o que realmente chamava atenção para o trabalho do Buscema era a valorização da humanidade dos persoangens, onde o artista se preocupava em deixar os personagens em poses fortes e exagerados que os tornassem icônicos, o que fez a Marvel, com o tempo, adotar isso como uma espécie de regra para os novos artistas, acrescentando esse detalhe ao estilo Marvel de construir quadrinhos. Outro detalhe a ser pontuado é a questão de como construir o movimento do personagem. Pensei em uma animação e seus vários quadros de movimentos. Partindo disso, perceba que você tenha uma ação inicial, uma ação intermediária e uma ação final. No meio de tudo isso, você tem a transição do movimento que conecta tudo isso. De acordo com o estilo Marvel, você só precisa usar a ação inicial e/ou final. Nunca a ação do meio, porque ela não transmite toda a energia necessária para aquela cena. Isso é parte do método Marvel. Pacheco diz também que mais detalhes, que é para todos os presentes procurarem o livro Como desenhar no estilo Marvel, que já se encontra a venda no nosso país.


Após ele apresentar uma série de imagens de outros artistas que o influenciaram, como Gene Colan, John Romita Sr., ele chegou a fase Jim Lee que, para ele, foi um divisor de período de estilo, tanto gráfico quanto narrativo. O ponto mais marcante que ele diz que destacou o Jim Lee é o olhar diferenciado quanto a fazer poses masculinas mais intensas, trazendo novas silhuetas e acrescentando muito da cultura oriental. A preocupação quanto a detalhes, simplificações de elementos em  determinadas situações, as linhas de movimentos, tão característicos dos mangás, tudo isso fez com que a indústria dos quadrinhos tivesse uma nova visão de como fazer seu material. Então, para Pacheco, os quadrinhos americanos tem esses dois períodos, antes do Jim Lee e após o Jim Lee. 


Foi citado também Barry Windsor-Smith como um grande exemplo de artista para a construção de cenários, incorporando para o story-telling mais um elemento como um tipo de personagem atuante. Preocupação quanto a detalhes e realmente caracterização a ponto de até mesmo reconhecermos a referência do determinado lugar.

Walter Simmonson e Frank Miller são citados também como exemplos de ótimos storytelling, ambos, a sua maneira, quebrando regras básicas de leitura em prol da narrativa mais dinâmica.

A partir desse ponto ele começou a falar de seu trabalho ainda inédito no Brasil, Occupy Avengers, que teremos como protagonista principal, o Gavião Arqueiro, onde ele mostra a aplicação de toda a suas referências apresentadas. E posso te falar que realmente, faz todo o sentido dele ter apresentados suas referências primeiros e, vendo as páginas dele, entender como ele chegou naquela formatação e construção da página.


Uma das coisas legais que ele apresentou foi como ele reconstruiu o segundo personagem da história, o Lobo Vermelho, mostrando o visual clássico do personagem antes e como ficou agora. Ele ainda deu um destaque para uma curiosidade, que ele se sente que muitas outras indústrias parecem que se inspiram muito no visual antigo de personagens da Marvel e que, muitas vezes para ele, realmente ficam muito marcantes, citando o exemplo do personagem do jogo Assassin's Creed 3, Connor Kenway, que uma de suas roupas alternativas do jogo é muito próximo do visual do Lobo Vermelho.



Finalizando o painel, ele apresentou rapidamente seu método de ilustração, onde ele usa papel comum, faz rafes usando alguns materiais como lápis caneta, marcadores e depois, repassa toda a arte, de forma mais limpa, para o papel gabaritado do studio, no caso aqui, o da Marvel, através de mesa de luz! Ele deixou a entender que no próximo ano, ele retornará para passar mais de seu processo mesmo de criação de material, mas que adorou a interação com as pessoas do evento e ainda deu uma zoada no mediador, que aqui ele fez um papel de, segundo o artista, um "tradutor mediano"!





Realmente, esse foi um painel que foi muito mais uma aula de história sobre a visão de uma artista sobre a indústria dos quadrinhos, passando pelos artistas de renome ao longo dos anos até chegarmos ao entendimento sobre como é o trabalho desse artista que realmente é incrível e que fez esse redator ser muito fã ainda dos trabalhos dele.

Marcus Pedro


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