terça-feira, 7 de maio de 2013

X-Men: Mutantes versus vampiros versus mercenários

A primeira missão da equipe de segurança e contraespionagem de Utopia foi um sucesso, mas assim que a poeira baixou, Tempestade percebeu que alguém de sua equipe estava faltando. Para onde teria ido a ex-mutante e atual vampira Jubileu? Estaria ela em perigo... ou o perigo (para os outros) seria ela? Essas e outras perguntas são respondidas em X-Men 135 e 136, no mais recente arco de Victor Gischler, com arte de Al Barrionuevo e Jorge Molina, para o terceiro volume de X-Men.



Como os leitores já sabiam (mas Tempestade não), Jubileu na verdade partiu voluntariamente em companhia de Raizo Kodo e seus Perdoados. Não sabe quem eles são? Sem problemas: trata-se de um grupo de vampiros que conseguiu abandonar a tentação de consumir sangue humano, alimentando-se apenas do sangue de outros animais, a fim de manterem parte de sua humanidade e viverem em paz (ainda que em segredo) com os humanos.

Raizo se ofereceu para ajudar a jovem X-Man a se libertar das constantes transfusões do sangue de Wolverine. Falar é mais fácil que fazer, e Jubileu acabou passando por uma crise severa de abstinência, recusando-se a beber sangue não-humano. Boa parte dos Perdoados não confiava na reabilitação da garota, e alguns sugeriram matá-la antes que ela acabasse matando inocentes para saciar sua sede. Felizmente, quando ela conseguiu fugir do grupo e estava prestes a morder um garoto, Jubileu percebeu que estava perdendo seu último resquício de humanidade e voltou para seu novo mentor.



O problema é que os outros X-Men não sabiam que ela estava bem; a dedução a que chegaram foi que ela foi levada por outros vampiros (como chegaram a essa conclusão, não sabemos...). Isso levou Ororo, Colossus, Psylocke, Apache e Dominó a exterminarem grupos atrás de grupos de vampiros em busca de informações, após testemunharem atrocidades que os mesmos vampiros cometiam. Com a ajuda de Madison Jeffries (o "membro à distância" da equipe), eles encontraram o esconderijo dos Perdoados em uma ilha próxima à China; embora Raizo tenha tentado dialogar, o resultado foi o que acontece 99% das vezes em que dois grupos de superseres se encontram: porrada!

Antes que vampiros matassem mutantes (ou vice-versa), Jubileu apareceu para botar ordem na casa e mostrar que não estava em perigo. Mas mal um combate havia terminado, outro estava prestes a começar: Colossus encontrou os Irmãos Zapata espreitando o esconderijo dos Perdoados, e logo ficou claro que alguém colocou a cabeça de Raizo a prêmio, com mercenários de todos os tipos (e altos níveis de periculosidade) desembarcando na ilha.

Apesar de Tempestade não esconder sua desconfiança (e, convenhamos, preconceito) em relação aos vampiros, X-Men e Perdoados se uniram para enfrentar os assassinos de aluguel, desde figuras pouco conhecidas até gente como o Escorpião, a Mercenária e Deadpool. Dominó conseguiu passar este último para o seu lado em troca da promessa de um encontro (diga-se de passagem, para ela ter aceitado um encontro com o Deadpool - aliás, pra ter aceitado trabalhar em equipe com o Deadpool -, já dá pra ter uma noção do desespero nessa luta...).



Em geral, mutantes e vampiros (e Deadpool) conseguiram superar seus inimigos; o problema é que aquilo era uma armação: enquanto a maior parte das duas equipes enfrentava assassinos (todos os lados sem ideia do plano que se desenrolava), o terrível Lorde Letal conseguiu entrar no esconderijo de Raizo e incapacitar os poucos X-Men e Perdoados que ali estavam (inclusive Psylocke, que cuidava da comunicação psíquica entre todos). Com Raizo prestes a morrer após uma estaca perfurar seu peito (e quase chegar ao coração), sobrou para Jubileu encarar o vilão. Obviamente, o famoso assassino estava em clara vantagem contra a garota, mas após apanhar bastante, ela conseguiu surpreender o adversário com criatividade (e um pouco de masoquismo da parte dela).



Jubileu venceu a difícil luta contra o mestre assassino, mas seria capaz de vencer a luta contra seus próprios instintos? Ao ver o Lorde Letal inconsciente, ela quase se alimentou do sangue dele; felizmente, Raizo e Tempestade (que antes dessa luta mais brigavam do que trabalhavam em equipe) convenceram a jovem a abandonar a tentação - bem a tempo para Letal se recuperar, cumprimentá-la e fugir. Após conversar com seus colegas X-Men, ela optou por permanecer com os Perdoados, que ganharam uma nova adição à família - mas também uma nova preocupação: quem estaria por trás do atentado a Raizo? Quando se fala em intrigas entre clãs de vampiros, a verdade nem sempre é o que se espera...

O segundo arco de Gischler após a reformulação de sua série manteve os acertos e erros do anterior: enredo superficial, mas cheio de combates divertidos e boa arte (desta vez mais cartunesca e com mulheres menos voluptuosas). Foi muito legal observar a crise de abstinência de Jubileu, dando à personagem uma profundidade que ela passou longe de ter no primeiro arco da série (onde ela virou uma vampira); também é interessante constatar a ironia na postura de Tempestade, discriminando vampiros assim como ela e os mutantes em geral são discriminados. Mas claro, vampiros são inerentemente uma ameaça para a sociedade... se bem que não é exatamente isso que os antimutantes dizem sobre eles?

Na minha opinião, o maior problema deste arco vem justamente no final, ao mostrar representantes de dois clãs de vampiros conspirando tanto contra os Perdoados como contra Drácula. Sabemos que o roteirista foi responsável pela reinserção dos vampiros nas tramas do universo Marvel, mas fica um tanto desagradável quando as tramas envolvendo eles acabam "pulando" de revista em revista: começou numa história única (não publicada no Brasil, ao menos que eu saiba), passou para os X-Men, foi parar numa minissérie com o Hulk (então um dos servos do maligno deus asgardiano Serpente), e agora voltou para os X-Men (se é que já não passou por outras séries nesse meio tempo). Não tenho nada contra o uso de vampiros na Marvel, mas é desagradável ter que procurar séries que originalmente não seriam acompanhadas pelo leitor só para entender por que aquele personagem está fazendo aquela coisa naquela edição da revista favorita do leitor.

Mas talvez seja apenas chatice da minha parte. Seja como for, o arco não impressiona mas diverte; na próxima edição, começa (e termina) o último arco do roteirista na série. Uma boa despedida ou uma nova queda de qualidade? Em breve saberemos...

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