Desde a entrada de Nathan Summers na equipe da Vampira no título dos X-men, a revista Cable & Deadpool perdeu a direção de sua inicial proposta. Seu escritor, Fabian Nicieza, tentou levar o título da irreverente dupla com apenas um de seus personagens principais por algum tempo. Contudo, com as mudanças no cenário mutante promovidas pelo Complexo de Messias, a revista certamente tinha seu fim decretado. Cable ganhou seu próprio título e restava agora ao mercenário tagarela fechar as cortinas com uma fantástica história, cheia de piadas infames e conteúdo non-sense, como lhe é costumeiro.
A revista nacional Wolverine 53 reúne justamente a penúltima e a última edições de "Cable e Deadpool", com a mais piradas das histórias já vividas pelos personagens até então. Tudo começou depois de uma baita briga entre Wade Wilson e Alex Hayden, o dono da Agência X e atual chefe de Deadpool, que se encontrava fulo da vida com os gastos das últimas missões do mercenário tagarela.
A discussão nada amistosa entre os dois só se encerra com a chegada de Irene Merryweather, antiga chefe de estado da extinta nação Providência. Agora, sem a presença de Cable, restou a Irene ajudar o governo do Rumequistão em seu estabelecimento. Inspirado nos ensinamentos de Nathan, o atual governo daquele país do Leste Europeu pretendia se apoderar de todas as armas e munições abandonadas antes que caíssem em mãos terroristas. E isso não incluía apenas aquelas encontradas em seu território.
É aí que entra os serviços de Pool. Irene o informa que uma tecnologia de reconfiguração de eletropolaridade encontra-se atualmente abandonada no antigo QG de Magneto, na Terra Selvagem. Essa benfeitoria poderia ser um grande advento para suprir os gastos de energia daquele pequeno país, mas se caísse em mãos erradas poderia significar uma catastrófe. O Rumequistão não pode pagar muito por esse serviço, mas Irene diz que aquilo seria uma coisa que Cable gostaria que fosse feito. Wade pensa e aceita a proposta.
Graças a tecnologia de teletransporte do "Penetraidor", o Fuinha consegue mandar ele, Deadpool e Bob, o agente da HIDRA até a Terra Selvagem. Obviamente, não da maneira mais segura, claro. Porém, lá estava Zabu, o tigre dentes-de-sabre do Kazar, para salvá-los e dar boas vindas aos três.
O esperto felino pre-histórico logo os levou para uma abandonada construção no meio da Terra Selvagem e lá estava Kazar. Contudo, Kevin Plunder não estava lá em perfeitas condições de ajudá-los. Vítima dos encantos do flautista e de Lorelei, o herói da Terra Selvagem era nada mais do que um zumbi hipnotizado pronto para matar Deadpool e seus amigos.
Durante o combate, Kazar crava sua faca bem nos ouvidos do Mercenário tagarela e somente assim nosso protagonista insano consegue permanecer imune aos encantos da hipnose de Lorelei. Isso, claro, rende umas boas piadas pro personagem, que acaba achando que perdeu seu maior dom - o de falar sem parar - e parte ensandecido para "selvagem loiro, azedo e bronzeado" da Terra Selvagem.
Lorelei e o Flautista são derrubados e seus efeitos hipnóticos sobre Kazar e as feras é anulado. Kevin então explica para o mercenário e sua equipe que o metamorfo Imago também tem seus próprios planos para a tecnologia de eletropolaridade de Magneto. Assim, seguindo cada um por conta própria, Kazar, Zabu, Bob, Fuinha e Deadpool partem para a fortaleza do vilão.
Graças a seu intelecto, Imago foi capaz de prever as ações tomadas por cada um. Ou melhor, quase isso. Contra Kevin Plunder e seu felino companheiro, enviou Anfíbius e Bárbarus para o corredor sudoeste. Já para deter o Fuinha e Bob, bastou manda um bando de velociraptores atrás deles. Contudo, Deadpool simplesmente parecia imprevisível. O nosso protagonista simplesmente decidiu nadar pelos dutos de esgotos do lugar e por muita coincidência do destino acabou caíndo da tubulação justamente na sala que portava a tecnologia perdida de Magneto.
Por celular, Wade avisou o Fuinha sobre o sucesso de sua busca. Ele não perdeu tempo e usou sua tecnologia de teletransporte para tirá-lo juntamente com o Bob daquela enrascada no meio de tantos velociraptores.
E é lógico que Imago não ia deixar eles escaparem tão facilmente. Assim, ordena ao Flautista que envie uma manada gigante de saurídeos da Terra Selvagem contra os estrangeiros mercenários. Sem pestanejar, o nosso protagonista decide encarar todos com sua espada. Contudo, ele tem um plano desta vez para salvar o dia.
Usando a tecnologia de teletransporte do Fuinha, Wade decide mandar todas as criaturas pre-históricas para a embaixada de Genosha, num feito que o próprio diz ser bastante irônico. Só havia um pequeno problema - a Embaixada da ex-nação do vilão Magneto não fica em Genosha, mas sim nos EUA. Errr... eu disse que ele salvava mesmo o dia?
Bem, não sobrou nem muito tempo para comemorações. Com sua eterna tagarelice e um discurso pra lá de meia boca, Deadpool consegue convencer o Senhor da Terra Selvagem a levar o motor de reconfiguração de eletropolaridade. Agora, é partir para Manhattan, que nesse momento acabou de ser salva de uma invasão de vírus simbionte. Lembra desta história?
Bem, então, some esses dois problemas num só. Enquanto, os heróis levavam num comboio os exemplares restantes do vírus, a manada de dinossauros teletransportada acabou chegando na via oposta. Os dois lados chocaram-se e o que eram ameaças separadas tornaram-se uma só. Isso mesmo. Em sua última edição, Deadpool e seus amigos tiveram que salvar Nova York de dinossauros simbiontes.
O primeiro encontro de Deadpool com um herói novaiorquino ocorre num dos becos da cidade. O Homem-aranha e Wilson tentavam deter uma infestação de pequenos raptores no lugar. E para não perder a oportunidade de zoar bastante com a nova condição do cabeça-de-teia, Wade não para de soltar piadinhas indiretas sobre pactos com demônios e referências retconizadas.
O Aranha se afasta e o Fuinha sai de seu esconderijo junto com um Bob, numa lata de lixo. Ele parece que tem uma idéia de como mandar os dinossauros de volta para a Terra Selvagem e Deadpool puxa o Bob pra zona de batalha para garantir o tempo que o inventor precisa para dar vida ao seu plano. É claro que o Bob é literalmente arrastado para a guerra... mas desta vez nem foi culpa de Deadpool.
Enquanto isso, na Agência X, Sandi e a Pistoleira avisam a Hayden que irão se juntar a briga. A loiraça, por sinal, deixou um pequeno alerta para seu chefe e antigo caso. Afinal, se Alex se limitar a sua atual condição obesa, vai praticamente perder tudo.
Voltando as ruas infestada da cidade, Irene Merryweather depara-se com dinossauros correndo pela rua e já lamenta o que pode ter acontecido. Numa das travessas topa com o seu mercenário contratado tentando domar um T-rex possuído por simbionte. Sem pensar, a ex-jornalista xinga Deadpool pela lambança que fez, mas mal esperava chamar atenção da fera para si.
A moça desandou a correr no caminho oposto e por muito pouco não virou alvo dos tentáculos simbióticos do monstro. No último instante, Wade se colocou na frente suportando todo o ataque. Por fim, quase teria virado ração do bicho se não fosse pela chegada de Ms. Marvel e Magnum, o detetive número um do Havaí... Errr... essa última é piadinha da história, que por sinal foi uma ótima sacada do tradutor nacional.
A atual líder dos Poderosos Vingadores já chegou questionando o mercenário quanto a origem dos dinos, mas mal esperava que ele também a questionasse sobre os aliens parasitas. Por fim, decidiram que não valeriam discutir aquelas questões agora e juntaram forças. E assim é feito!
Os dois vingadores levam Irene e Deadpool até o Sr. Fantástico (Wade opta por uma carona nada convencional, e vai "surfando" literalmente nas costas do Tom Selleck (digo, Magnum). De alguma maneira, Reed inventou uma arma capaz de separar a simbiose entre os dinos e os aliens.
Contudo, num momento de distração, Johnny Storm foi vítima de um ataque de um pteronodon possuído e quase caiu inconsciente. Sem pensar, Wade parte para cima do pterossauro e atravessa seu cérebro com a espada. A criatura é derrotada , mas custa a Deadpool uma feia queda até o chão.
Em outro ponto da cidade, Sandi e a Pistoleira estão ajudando a derrotar as criaturas da maneira que podem. Mas elas mal esperavam a ajuda de peso (literalmente) de seu chefe. Alex Hayden, trajando uma sunguinha de sumô se joga de um dos prédios da cidade. No impacto com o chão, ele deixou vários dinos inconscientes. O Agente X voltou a ativa!
E não é só o Hayden que teve seu momento heroíco. Bob, o agente da Hidra, que estava atrelado a um outro sauro e correndo loucamente pelas ruas da cidade, teve sorte ao se pendurar num letreiro luminoso e acabar derrubando-o em cima do bicho. O animal foi eletrocutado e o simbionte dizimado. Isso lhe garantiu uma boa impressão com a patroa.
Por toda a cidade, a briga continuava ferrenha. Deadpool vai narrando em seus recordatórios amarelos os desempenhos dos demais heróis (alguns que ele nem mesmo conhece). Mais uma vez, é divertido ver sua perspectiva insana bem no meio da batalha, principalmente quando ele mesmo decide dar vozes a efeitos sonoros.
Dado momento, o mercenário é simplesmente jogado para o alto e caiu num beco, em meio a latas de lixo. Lá, ele recebe um presente de um velho amigo que certamente poderia ajudá-lo e muito - a psimitarra de Cable (junto com um recadinho irreverente). De posse da arma, Wade volta praticamente rasgando tudo o que passa pela frente. Contudo, os efeitos psiquicos da arma tem o contra-efeito de absorver as energias psíquicas dos inimigos. No caso, os simbiontes, que se aproveitaram para tentar se mesclar ao insano mercenário.
Prestes a se tornar uno com os aliens, Deadpool decidiu aplicar a melhor idéia que teve no momento. Pegou a própria lança psiquica que tinha em mãos cravou na testa. O feito praticamente estendeu-se também para o animal que o atacava, que caiu inerte no asfalto de Nova York.
Somente alguns minutos depois, Deadpool voltava a consciência, em meio a amigos e demais heróis. A cidade está a salvo. E Deadpool começa nova vida. A cena final, em muito, lembra o começo deste título. Wade Wilson está em sua casa, sentado em sua poltrona e assistindo televisão. Porém, diferente do que nos mostravam no número 1, o herói (acho que posso chamá-lo assim) termina rodeado de amigos.
E assim encerram-se as 50 edições com um dos últimos personagens mais criativos da Casa das Idéias, que começou como um mero vilão, mas conquistou rapidamente uma gama de fãs que lhe deram oportunidade de ganhar revistas próprias e muitas aparições especiais. É até com certo pesar que vejo essa Era Nicieza se acabar, mas ainda assim, já adianto que nem de longe essa será a última vez que veremos as trapalhadas de Deadpool por aqui.
Aguardem...
Coveiro
Ah, e os mais curiosos podem clicar aqui e ver os especiais que surgiram na última edição americana!
