quinta-feira, 14 de maio de 2009

O Legado de Charles Xavier – Capítulo Dois: Êxodo

Ele teve um sonho, sonhou com um mundo onde humanos e mutantes poderiam coexistir pacificamente; reuniu os X-Men, jovens Homo superior que, lutando por um mundo que os temia e odiava, compartilharam deste sonho. Ele também teve um amigo, alguém que discordava de seus ideais e acreditava na força como o único meio pelo qual a espécie conseguiria o devido respeito. Muito se passou, e agora, mais uma vez, eles se encontram cara a cara.

X-Men Legacy

Exodus se encarrega de curar o estado moribundo de Charles Xavier. Despedaçando a mente do Professor X, obtém sucesso parcial, falhando em acordá-lo do coma. Mas há alguém que o líder dos Acólitos acredita ser capaz de tal feito: seu antigo mestre, o homem que um dia foi Magneto. Em X-Men 89, descobrimos se essa suspeita era correta e vemos os demais desdobramentos da história.

“Se o inimigo mortal de alguém também é seu melhor amigo, e se sua situação se reflete na minha... Então, nós dois nos saímos muito mal, não concorda? Eu, sem poderes. Você, com morte cerebral”. Isso é o que Eric Lehnsherr diz a Xavier, enquanto o observa em seu leito. Os dois deveriam estar a sós, mas Karima Shapandar os observa das sombras, sendo repreendida por Magnus. Mas ela explica que só está ali para garantir a segurança, como um mecanismo. Só que ela deixou de ser isso em Genosha, graças à ajuda daqueles dois homens que observa, como não deixa de salientar. Indagada por Eric, explica que seus sensores captam uma resposta neural de Xavier sempre que este ouve a voz do velho amigo. Ele está causando algum efeito, ela só não sabe se é bom ou ruim. Magneto afirma que este sempre foi o problema.

Assim, voltamos a ver o que se passa na mente de Charles: um diálogo fragmentado com Magneto, que se inicia em seu primeiro encontro com os X-Men originais, onde o Mestre do Magnetismo afirma que o grupo do Professor X é a única coisa entre os mutantes e o domínio global, chamando Xavier de ingênuo quando este diz que o futuro dourado que os aguarda deverá ser construído junto dos humanos comuns, e que há um caminho para isso que está disposto a encontrar. Enquanto falam, o cenário muda diversas vezes. Avançando para a época em que Magnus liderava os Acólitos, este relembra já ter seguido os métodos de Xavier por um tempo, questionando se o amigo teria coragem de fazer o mesmo. Talvez assim ele veria que os fracos não têm chance de herdar a Terra. O professor rebate dizendo que a fraqueza sempre foi uma questão de perspectiva. Nisso, sua serenidade desaparece, dando lugar à raiva; o cenário agora é a batalha entre os dois que se seguiu logo depois que Magneto removeu o adamantium do corpo de Wolverine, onde Xavier perdeu o controle e acabou por se tornar a entidade Massacre um tempo depois, em decorrência. Aqui, ele questiona, furioso, se Eric ainda não entendeu, depois de tanto tempo, que seu sonho não poderia perdurar, por estar eternamente maculado pelo sangue que derramou no caminho, sob o falso pretexto de que era necessário. Magneto vai ao chão, depois de alguns murmúrios onde afirma que Charles caíra, e muito.

PhotobucketAlinhar ao centro

De volta ao QG dos Acólitos, na realidade, Karima indaga Magneto sobre quem estava certo. A discussão entre os dois durou sua vida inteira, e ela quer saber qual deles ele acha que ganhou. Magnus a aconselha a fazer essa pergunta a Xavier, propondo um método para acordá-lo, tirá-lo da proteção que sua mente criou.

Perto dali, Exodus admite a seus Acólitos que talvez Eric Lensherr seja capaz de ajudar Charles, tarefa na qual falhara. Quando Random se surpreende ao saber que Magneto está presente, seu líder explica, com raiva, que Magneto morreu no dia em que perdeu seus poderes, e este homem não passa de uma sombra do que o Mestre do Magnetismo foi. Para fazer o jovem entender melhor a fúria do homem, Amelia Voght faz uma analogia perfeita: Diz a ele para se imaginar cristão; então, um dia, Jesus Cristo volta a terra como um satanista. É isso que significa para alguns deles a condição humana de Magnus.

Partindo desse ponto, Joanna Cargill, também conhecida como Frenesi, diz que, mesmo assim, ainda se teria a Bíblia, e um pastor ruim ainda poderia dar um bom sermão. Ela explica que o evangelho de Magneto sempre foi claro no que diz respeito a fazer qualquer coisa pelo domínio mutante, e se mostra mais uma vez irritada com o fato de estarem cuidando da saúde do homem responsável pelo aborto de tal sonho, nunca permitindo que ele se concretizasse. Voght diz que estes são novos tempos e talvez se precise de novos sonhos. Gargill sente como se estivessem comendo no prato frio que alguém deixou, e sai bastante irritada, chegando a ameaçar Amelia, caso esta continue com seus argumentos.

De volta à enfermaria, Shapandar usa seus sistemas para criar um “super-condutor” que vai estimular o cérebro do professor a fazer ligações, tornando mais fácil seu despertar. Magnus fala com o amigo, explicando que, se ele não acordar agora que não há nada fisicamente errado, todos saberão que ele está fugindo deste confronto final.

Em sua mente, Xavier revive agora o primeiro confronto dos X-Men com a Irmandade de Mutantes de Magneto, quando estes tomaram temporariamente o controle da república de Santo Marco. Desta vez, o diálogo que trava com Magnus é mais fragmentado ainda; Eric explica que ele não tem escolha e faz o que faz porque o grupo de Charles é fraco demais, e o professor percebe que ele não disse aquilo naquele momento, e logo palavras que eram suas vão parar na boca de seu interlocutor, o que o faz, por fim, acordar.

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Ainda um pouco confuso, ele explica que sua mente não está completa, e Karima o acalma. Sem perder tempo, Eric repassa o questionamento da moça, perguntando qual dos dois ele acha que venceu. Lentamente, Charles tenta responder, explicando que está difícil pensar. Eis que Cargill adentra a sala, dizendo ao professor que, se o problema é sua cabeça, bastava dizer. Magneto pede que Joanna os deixe, lembrando-a de que Exodus dera ordens para não lhes incomodar. Mas ela está disposta a matar Xavier, pois ele ainda é inimigo de seu ideal. Eric afirma que, quando se trata de política, assassinato é um método ruim, e é atacado pela mulher, que diz ter aprendido algo diferente ao estudar a vida do próprio. A Sentinela Ômega parte em sua defesa, e é rapidamente derrotada pela mutante invulnerável. Ao se aproximar de Xavier, Frenesi é pega de surpresa por Magnus, que usa um laser cirúrgico em seus olhos, atingindo diretamente o cérebro da acólita.

Tendo se livrado da ameaça, Magnus volta a perguntar qual é a opinião de Charles. Entre seus métodos distintos, qual venceu? Simplificando extremamente, quem deles dois obteve a vitória? Xavier pensa um pouco, lembrando do fatídico momento no qual a Feiticeira Escarlate dizimou a população mutante quase inteira. E então, responde que acredita que os dois se anularam por muito tempo, até que se tornaram irrelevantes: o futuro os contornou. Ele se dá por satisfeito, e o professor explica que não está inteiramente ali, muito ainda falta, e pergunta por que Magneto foi até lá. Este diz não saber ao certo, talvez quisesse outro conflito filosófico ou apenas se assegurar de que homens que fizeram tanto, como eles, não morrem como cães na sarjeta. Exodus chega, afirmando que esta resolução ainda não foi provada.

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Ele se espanta com o estado de Cargill, e Eric explica o que fez em defesa do paciente. Um humano ferindo uma mutante; qual punição Magneto recomendaria em sua época de líder dos Acólitos, Bennet questiona. A morte, é claro, Magnus não se acanha em responder. Exodus se prepara para aplicar o castigo, e é logo impedido por Xavier. O acólito salvou sua vida, mas afirma que, se for forçado a tanto, poderá destruir o que sobrou dela. Charles não se intimida.

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A seguir, seu cérebro é bombardeado com alguns de seus maiores arrependimentos. Ciclope pergunta por que foi enganado; Perigo, por que foi ignorada; seu filho Legião, por que foi abandonado; Reprise e Petra – colegas de equipe de Vulcano e Darwin -, por que foram assassinadas. Assim se caracteriza a ofensiva de Exodus: das memórias do professor que ele teve de armazenar no processo de cura, as dolorosas serão suas armas. Do lado de fora, a Sentinela Ômega e Magneto observam a batalha mental, podendo ver apenas os dois homens parados, se encarando, com seus sinais vitais acelerados e agitados. Magnus tenta aproveitar o momento para atacar seu ex-discípulo, mas esse é tão poderoso que, sem se desligar do embate com Charles, impede a ofensiva. Karima constata que as energias psíquicas estão atingindo níveis altíssimos: a luta mais parece uma guerra, e ela duvida que ambos sobrevivam a ela.

Xavier revive um debate com Bolívar Trask, criados dos Sentinelas, mas tem plena consciência do artifício de Exodus e não é afetado. É hora do acólito pegar mais pesado, e ele devolve a Charles um dos piores horrores que ele já testemunhou: A aniquilação de Genosha. Bennet du Parris explica que o considera culpado pelo incidente. Sua mente é uma das armas mais poderosas que existem, seu pecado é não usá-la. O Professor X poderia encontrar cada parente vivo de Bolívar e matá-los de forma indolor, o que teria poupado a vida de dezesseis milhões. Essa lógica em si é obscena, afirma Charles, mesmo independendo do fato de assassinato ser certo ou errado. Bennet diz que isso é definido pela vítima, e que deve lembrar o professor de sua importante missão, pois estes “fogos sagrados só queimam as mentiras” e, assim, parece levar grande vantagem na briga.

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Longe dali, Emma Frost consegue sentir o embate entre dois telepatas, e sabe que um deles é Charles, vivo e emanando poder suficiente para fritar as mentes dos mais próximos. No relevo mental, Moira McTaggert questiona mais uma vez os métodos de Xavier, no qual coloca crianças em risco. Mas eles não serão crianças por muito tempo e precisam ser moldados como exemplos para as futuras gerações, ele afirma, e respondendo outra pergunta da doutora, diz que eles não possuem a escolha de viverem vidas normais, e viver em negação não os ajudaria.

Em seguida, ele vê o destino final que levou as vidas de vários destes pupilos, revendo muitas dessas mortes. Assim, ele revida, e dá um fim à luta.

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Após aconselhar Karima a cuidar de Magneto, Xavier diz a Exodus que, se ele tentar lhe enfrentar de novo, desligará seus poderes com inibições pós-hipnóticas. É então que Bennet explica: ele não levou Charles até ali para enfrentá-lo, tudo o que fez foi com o objetivo de pedir ao Professor X que lidere os Acólitos. Ele perde a paciência perante a oferta, que considera insana, e Exodus explica que, assim, poderiam encontrar a bebê messias e guiá-la para sua missão. Charles o considera um tolo; após acompanhar o sofrimento e a morte dos que o seguiram, ainda lhe pede uma coisa dessas. Negando o convite, ele parte, junto com Karima e Magnus, e aconselha o acólito a não tentar impedi-los. Descendo as escadas, encontra Amelia, que fica feliz em vê-lo bem. Ele diz que se lembra do nome da antiga amante, mas não recorda nada que se passou entre eles. Como, pelo menos, ela não está na lista de pessoas que ele feriu, o professor espera que isso signifique que a fez feliz.

Na saída, Magneto pergunta a seu velho amigo qual rumo tomará. Ele diz que não está preparado para decidir seu futuro até que tenha recuperado mais de seu passado. Portanto, visitará aqueles que o conhecem para tentar ligar suas memórias dispersas e preencher os buracos. Assim, se despede dos dois, afirmando que precisa fazê-lo sozinho. Karima lhe pede que responda uma última pergunta: quando Exodus estava vencendo o embate, de onde ele tirara forças para virar o jogo tão rapidamente? Charles diz que não foi nada profundo ou redentor, o acólito simplesmente errou na sua estratégia de lhe mostrar cada erro e motivo de culpa que existia em sua alma. Mas o homem que cometeu tais erros morreu, levando-os junto. Xavier agora tem a chance de ser alguém melhor, segundo afirma, e parece disposto a cumprir tal objetivo.

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Antes do fim, ainda nos são trazidos dois epílogos. O primeiro se passa na Austrália, onde uma mulher que abastece sua moto recebe cantadas de um dos atendentes do posto, que ainda a alerta de que o caminho que está pegando é adverso, e sua gasolina acabará em pleno deserto, ou seja, encrenca na certa. Chamando-o de “fofo”, Vampira diz que sempre se mete em encrenca, e agora é meio tarde pra mudar isso.

No segundo, vemos uma reunião do Clube do Inferno, em Manhattan. O Rei Negro Roberto da Costa é interrompido por um serviçal que deseja falar com Sebastian Shaw, e este deixa a mesa para atender o homem. Seu objetivo era avisar que o aparato na sala dezessete foi ativado, e logo mostra o resultado ao ex-líder do Círculo Interno. Este o pede que remova os corpos, sele a sala e o traga um arquivo de sua escrivaninha, no qual está marcado “Cronus”.

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Léo

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