Para muitos nada mais é do que um número irrelevante. Alguns podem referenciá-lo como uma variação do 666, conhecido símbolo popular relacionado ao diabo. Contudo, uma minoria bem particular já sabe que esses dígitos são referentes ao que conhecemos como sendo o universo regular da Marvel. E um homem, Alan Moore, foi o responsável por levar o número 616 pela primeira vez a um gibi, em 1983. Assim, 23 anos depois ele seria usado para batizar a nossa comunidade, que mais tarde viria a se tornar este site. A história de como tudo surgiu você certamente já leu por aqui. Contudo, depois de todo esse tempo, acho que já estava mais que na hora de parar um pouco, pensar e relembrar tudo que aconteceu desde então.
Com um ano de comunidade, três moderadores de diferentes lugares deste país começaram a mastigar idéias que num futuro bem próximo viria a se tornar este site que hoje vocês acompanham. Eu em Recife, João no Rio de Janeiro e J.R. em Ribeirão estávamos motivados – e, porque não admitir, bem ociosos – com tudo o que vinha acontecendo nos quadrinhos e com as extensas discussões de nosso fórum ao ponto de que achávamos que toda aquelas idéias não mereciam ser desperdiçadas.
O lugar mais lógico era levá-las um site, que a principio teria mesmo que ter uma plataforma de blog. Isso, claro, foi acelarado quando um bug imenso da internet pôs todo o Orkut fora do ar. Assim, na semana em que fazíamos nosso primeiro aniversário juntos, presenteamos a todos com o Universo Marvel 616, com domínio ainda do blogspot.
ANO UM
Era o começo. A princípio era pra ser uma brincadeira, mas sabíamos que as chances do negócio nos surpreender eram altas. E como todos os fundadores da 616 sempre tiveram um problema grave em se empenhar em tudo que fazem, resolvemos reforçar o time logo de cara. O primeiro grande passo aqui foi a convocação daquele que mais tarde seria considerado o “mais heróico” dos Editores, Edvando, vulgo Eddie.
Então, os artigos começaram a surgir. Alguns eram meras notícias com leves opiniões, mas com o tempo as resenhas começaram a se fazer necessárias. Tudo ia se modelando de acordo com a resposta de nosso ainda pequeno grupo de leitores. Nada além dos mais ou menos 400 que inicialmente tínhamos em nossa comunidade. Em algum momento, surgiu a necessidade de estender algumas das grandiosas discussões que estavam nos fóruns para levar ao grande público fora do Orkut e assim aconteceu nossos primeiros “Em Foco”. Os chats aconteciam em MSN, sempre com convidados ansiosos por mostrar o que acharam da Dizimação ou da Guerra Civil. Então, vieram as entrevistas. A primeira delas com um irreverente membro da comunidade de quadrinhos. Depois, outros participantes mais ativos foram convidados, seguidos por desenhistas iniciantes que tornaram-se amigos e, por fim, nós mesmos, Editores. E, certamente, essa proximidade entre os dois lados foi o ingrediente principal para isso aqui crescer.
A coisa ia crescendo a olhos vistos, mas nada foi tão tangível quanto a primeira participação na FEST COMIX , em São Paulo. Além de encontrar ao vivo membros participantes da 616 na convenção, fui surpreendido quando o editor da Panini Fernando Lopes se dirigiu diretamente até nós. E quando falo em nós, refiro-me a mim e a Cammy, a adorada (e única até, então) presença feminina em nosso meio. E essa situação em particular foi que me fez erguer a sobrancelha com aquele ar de criança sapeca e não hesitar em convidar a moça como nossa última Editora. E ainda bem que ela aceitou.
Foi um bom ano. Um bom começo para tudo. Estavamos crescendo. Quem sabe um dia fizéssemos nossas próprias camisetas? Bom, ainda tinha mais chão por vir...
ANO DOIS
A 616 não tinha ainda lá um número gigante de leitores, mas certamente já estávamos bem perto das 300 visitas diárias. Acreditávamos que os leitores estavam satisfeitos com nosso serviço, mas a verdade é que nós ainda não. Então, apostamos no primeiro passo ousado e resolvemos comprar o domínio “.com”. A segunda etapa de nosso plano veio meses depois, quando mudamos a marca antiga de nossa comunidade e site para a logomarca atual. Lembro bem dos extensos dias que passamos com todas as possíveis idéias – sempre ligadas a algo do Capitão Britânia – até surgir o resultado que vocês vêem hoje.
Nada que fizéssemos, no entanto, se comparava ao poder que os filmes tinham sobre os leitores. Já tínhamos uma boa idéia disso no ano anterior e, com isso, apostamos pesado na cobertura dos grande filmes Marvel de 2008. Homem de Ferro e Hulk ganharam verdadeiras maratonas com tudo e mais um pouco que os leitores precisariam saber sobre os personagens nos quadrinhos, seriados de TV, desenhos e videogames. A resposta para esse empenho foi assustadora. Nossas visitas praticamente dobraram.
O crescimento era nítido. Com orgulho, os Editores viam os gráficos de desenvolvimento do site e noticiavam a cada seis meses a explosão de visitantes, tudo com os devidos agradecimentos. E, certamente, essa rápida popularidade foi o que nos rendeu o nosso primeiro contato importante dentro da indústria de quadrinhos. Estavamos em negociação para entrevistar ninguém menos que Mike Deodato Jr.
Este também foi o ano em que tivemos uma perda, mas ainda assim a família cresceu. Um dos editores fundadores, J.R. Dib optou por nos deixar e seguir outros caminhos. Em compensação, surgiu a categoria de redatores em nosso site. A família começou a crescer, começando por Rafael Brizola e Léo, dois de nossos colaboradores mais ativos da época. Mais tarde o convite foi extendido para Rafael Felga. No ano seguinte, seria a vez de Jeferson Vasconcellos adentrar em nossas fileiras. O atual corpo editorial portanto se encontra aqui!
O ano, então, se encerrava, mas com promessas de que algo mais estava por vir. Estávamos loucos para criar as camisetas agora. Afinal, já tínhamos logomarca e tudo mais...
O ano, então, se encerrava, mas com promessas de que algo mais estava por vir. Estávamos loucos para criar as camisetas agora. Afinal, já tínhamos logomarca e tudo mais...
ANO TRÊS
Esse é recente. Afinal, foi o ano que passou. E começamos até bem empolgados. Quem não lembra que começamos de cara com a primeira matéria de campo, em que me escalei para visitar o pessoal do estúdio Made in PB? E as entrevistas que se seguiram? O editor Aracno-X da Panini, Rogério Saladino, e mais tarde, a ilustre desenhista Adriana Melo foram nossos destaques do ano. Mas não parou por aí.
O filme do Wolverine foi uma baita surpresa pra nós. E não estou falando do fato de que foi um sucesso de bilheteria mesmo sendo a porcaria que foi. Estou me referindo a chance que nosso site teve em entrar na coletiva de impressa do Hugh Jackman quando ele esteve no Rio de Janeiro. Esta foi a primeira vez que a 616 se destaca em meio a tantos outros sites jornalísticos, sejam de quadrinhos ou não.
Então, veio o segundo semestre e com ele a necessidade de que mais uma vez acontecesse uma pequena revolução em nossas fileiras. Estávamos empolgados com o alcance de popularidade que os editores tinham fora da internet e começamos a pensar se não seria a hora de arriscar outras formas de mídia para levar os quadrinhos até o seu público.
Então, Eddie, veio com o Inominata 616, nosso podcast que certamente estava destinado a ser uma das mais divertidas maneiras de ouvir sobre quadrinhos, seja em casa ou no seu mp3 player no caminho para o trabalho. Tudo começou com uma trilogia cobrindo tudo de importante que se passou nos últimos quatro anos na Marvel e muito mais está por vir neste novo ano.
E quase que concomitante a idéia do Eddie, eu elaborei o Canal 616, um programinha de vídeo com cerca de meia hora de duração em que o nosso publico poderia ter acesso de uma vez só sobre todas as novidades nas mais diversas mídias envolvendo os heróis da Casa das Idéias. O programa tende a ser mensal e temático, sempre com bons momentos de humor intermediando cada trailer ou notícia.
E assim, fomos chegando ao final do terceiro ano. Começamos uma nova etapa, invadindo a vida de vocês com mais sucesso que certos alienígenas verdes. Só lamento porque ainda não saíram as malditas camisetas, mas sabe que não seria uma má idéia...
Coveiro
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