sábado, 1 de agosto de 2009

Thor: Everybody Lies*

Imagine que você passou a vida inteira se preparando para impedir um evento, fazendo isso de tal maneira que outras coisas eram até deixadas de lado. Porém, falha em impedir esse evento e, como nada lhe resta, cumpre o papel nele que estava planejado para você. Só que outro acontecimento o faz fracassar até mesmo nesse papel. O que lhe aconteceria, já que aquilo para o que se preparou toda a vida veio e passou?

Thor

Provavelmente, ficaria perdido na vida, precisando de um novo rumo. E é exatamente esse o dilema vivido por Balder que, em Novos Vingadores nº66, encontra-se precisando de aconselhamento que, infelizmente, pode vir da pessoa errada.

Embora ausente das páginas da revista há três meses, não é em Thor que a história se foca, como adianto na introdução. O Senhor de Asgard se afasta para seus afazeres, sendo acompanhado pelos olhos tristes de Balder. Claro que a astuta Loki percebe tal fato, questionando o guerreiro sobre uma possível busca de si mesmo e até sugerindo que ele está preso em uma "gaiola dourada".

Balder, mesmo dizendo que não queria falar com Loki, responde que possui sua liberdade e que essa foi garantida por Thor. Antes que a deusa possa responder, a conversa é interrompida pela chegada dos Três Guerreiros. Fandral toma a palavra, confirmando as palavras de Balder, de que Thor os garantiu o direiro de ir e vir à vontade.

Thor

No entanto, Loki fala de todo um mundo novo e, praticamente, inexplorado, além das muralhas da cidade e pergunta para Fandral onde ele desejaria ir e o motivo de ainda não ter ido, o que deixa o guerreiro sem palavras, sendo salvo pela intervenção de Volstagg, que diz estarem fazendo reconhecimento e lembra que Hogun já saiu para matar javalis. A deusa da manipulação elogia, mas em seguida alfineta, mostrando que isso está longe dos antigos desafios, tais como trolls ou Gigantes do Gelo.

Loki fala que receberam uma segunda chance, porém, isso não valeria nada se a desperdiçarem dentro das muralhas do reino. Ela diz que não acredita que ninguém queira isso para si e, inclusive, afirma que o próprio Thor não deve querer. Termina falando que os guerreiros podem desperdiçar essa dádiva que o deus do trovão tanto lutou para conseguir, mas ela não o faria, principalmente ao saber do retorno dos Gigantes do Gelo.

Essas palavras mexem com Balder, que procura a feiticeira e pede uma passagem para onde os gigantes se encontram. Loki o envia para as Montanhas Rochosas e lhe dá um anel mágico que lhe garantiria o retorno para casa, bastando sussurrar o nome da feiticeira nele para isso.

Thor

Infelizmente, a influência de Loki alcançou também Volstagg, que conversa com Heimdall sobre a possibilidade de entrar para os Vingadores. O vigilante de Asgard, sabendo que o guerreiro deu ouvidos a Loki, zomba do tamanho e peso do guerreiro, provocando uma discussão que só não acaba virando algo mais pela chegada de Bill Junior que, de baixo, pergunta de Kelda. A reação dos dois ao nome da filha da luz, dos céus, das auroras e do vento é muito divertida.

Thor

Enquanto se sente em casa no frio, Balder lembra que sua morte era o sinal do Ragnarok e, dessa forma, sempre tentou evitar o fim dos deuses. Infelizmente ele chegou e o guerreiro caiu, porém, ao renascer ele perdeu aquilo pelo que sempre lutou, já que o Ragnarok pode não acontecer mais. Ao longe, Loki o observa ao lado de um Gigante do Gelo. Terá Balder, o bravo, caído em uma emboscada?

Thor

De volta a Asgard, Kelda surge na muralha, feliz por Bill, ou melhor, por William ter finalmente aceito seu convite. O rapaz trouxe um buquê formado por flores que achou pelo caminho e que lhe lembraram de Kelda que, animada, pede que ele jogue as flores para ela. Porém, como fazer para jogar um objeto tão leve para um lugar tão alto? Bem, amarrá-lo em uma pedra seria uma boa idéia, mas o risco de atingir o rosto da moça oferece certo perigo. Cena hilária!!!

Thor

Nas Rochosas, o motor do carro de uma família superaquece misteriosamente, tornando-os alvos em potencial de três Gigantes do Gelo. O líder deles está prestes a assassinar um pequeno garoto com um machado, mas é impedido por Balder que, rapidamente, inicia uma luta feroz com os monstros. Depois de matar dois, o líder vem ao seu encontro, mas é morto por outra pessoa.

Thor

É, a deusa da trapaça "salva" Balder e nem dá chance para o monstro contar a verdade. Sim, Balder caiu em uma emboscada e no pior tipo delas. A polícia chega e leva os dois asgardianos presos, deixando uma família traumatizada, principalmente, o garoto.

Thor finalmente aparece para tirar seus companheiros da prisão. Na verdade, o delegado diz que não sabia se iria acontecer algum indiciamento por dois motivos, pela imunidade diplomática de Asgard e pelo fato deles não terem matado humanos e terem salvado os turistas. Mesmo assim, não poderiam ter gente indo ali e matando, seja lá o que for.

De volta a Asgard, Kelda fala de tempos antigos, onde homens e deuses viviam lado a lado, caçando na mesma floresta e dormindo com as mesmas mulheres. Ela, obviamente, está "dando mole" para o Bill. Falando nele, muito divertida sua tentativa de ensinar basquete aos asgardianos.

Thor conversa com Balder, sobre as regras que precisam seguir na Terra. O senhor de Asgard diz que o guerreiro deveria ter conversado com ele antes de fazer qualquer coisa e termina dizendo saber que Balder deseja se encontrar, mas há um tempo, modo e lugar para isso. A conversa convence Balder que Thor os deixou livres para fazer seu próprio futuro, mas segundo suas ordens e a sua maneira, significando que Loki tinha razão.

Loki diz que Balder sempre esteve perdido, tendo seu papel definido por forças além de si mesmo. O guerreiro afirma que serve Thor pela amizade e por ele ser filho de Odin, portanto, herdeiro do trono. Diante disso, a deusa revela que ele também é filho de Odin, por intermédio da mãe Frigga, portanto, meio-irmão de Thor e tão herdeiro do trono quanto ele.

Thor

Tremenda revelação, não? Porém, como ela veio da boca da deusa da mentira e da trapaça, devemos duvidar. Estava sentindo falta das histórias do Thor e, embora ele seja apenas um coadjuvante nessa história, ela segue excelente. Poucos conseguem tirar o protagonista do foco e manter as coisas interessantes, o que comprova que J.M. Straczynski é um excelente roteirista. Ao que parece, ele precisa trabalhar apenas com certos personagens, nunca com outros. Já Olivier Coipel continua ótimo nos desenhos. Dá para sentir a tristeza nos olhos de Balder ou a maldade nos de Loki. Poucos desenhistas conseguem passar tanta emoção.

Falando na deusa, a personagem segue merecendo o título de melhor vilã do ano. Ela consegue manipular todos, disfarçando suas mentiras com algumas verdades. Muito bom!!!

Ansioso para ver os desdobramentos desse suposto parentesco entre Thor e Balder.

Eddie


* título do artigo ("Todo mundo mente") é o bordão do Dr.House, na série homônima, fazendo referência óbvia às manipulações de Loki.

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