domingo, 14 de agosto de 2022

Grandes Histórias Marvel no Brasil: A trajetória da Mulher-Hulk


 A SELVAGEM, A SENSUAL, A SENSACIONAL MULHER-HULK .

Criada por Stan Lee e John Buscema, a personagem é Jennifer Walter, prima de Dr. Bruce Banner, o Incrível Hulk. Após ser baleada por um bandido, Jennifer é socorrida por seu primo, que estava com ela no momento do crime. Percebendo que sua prima estava perdendo muito sangue, e tendo o mesmo tipo sanguíneo, Banner improvisou uma transfusão para salvá-la. Por causa do sangue contaminado pela radiação gama, Jennifer acaba se tornando a versão feminina do Hulk. A personagem foi criada a "toque de caixa", tudo porque a Marvel descobriu que a personagem tinha sido cogitada para estrear na série televisiva do Hulk. Para garantir os direitos, a Marvel se antecipou e criou a personagem nos quadrinhos.

Alguns pesquisadores apontam uma certa “paranoia” de Stan, em relação a criação da personagem. Naquela época, a série televisiva do Incrível Hulk era um sucesso. E muitas outras séries também faziam. Uma delas era o “Homem de Seis Milhões de Dólares”, que logo ganhou um spin-off com a “Mulher Biônica”.  Com um certo temor da “Universal Studios”, responsável pela exibição da série em criar a personagem antes (dizem que Stan Lee, viu o nome “She-Hulk”, em um mural do estúdio, como uma suposta criação para a série), uma preocupação nasceu na cabeça de Stan Lee. O próprio, acabou escrevendo a primeira história, desenhada por John Buscema, e assim, acabou garantindo mais uma criação. Em entrevista ao Washington Post, Stan disse que “a Mulher-Hulk foi criada como um tipo inteligente do Hulk”.


Com capa datada de fevereiro de 1980, chegava a primeira edição de “The Savage Hulk” pela Marvel Comics. No início, a personagem era muito parecida com seu primo, sua transformação era também motivada pela ansiedade e raiva. Com o tempo, foi ganhando mais personalidade, passando a controlar sua transformação e suas atitudes. 

Sua primeira série teve 25 edições publicadas, a maioria com roteiros de David Anthony e com desenhos de Mike Vosburg. Com o fim da revista, a Mulher-Hulk fez diversas aparições, principalmente nas histórias dos Vingadores. Após os eventos da primeira “Guerras Secretas”, a personagem acabou entrando para o Quarteto Fantástico no lugar do Coisa, que acabou ficando no “Mundo Bélico” ao final da mega saga. Sua participação no Quarteto se encaixou como uma luva. Isso graças ao talento de John Byrne, que estava revitalizando as novas histórias do Quarteto Fantástico naquele momento. Sua entrada na equipe aconteceu na edição Fantastic Four nº 265 de 1984.

Foi em Quarteto Fantástico que a Mulher-Hulk conquistou os fãs. John Byrne adorava a personagem, e a partir dessas histórias na revista do Quarteto, acabou criando uma nova revista. Diferentemente da primeira série em que era chamada de “A Selvagem Mulher-Hulk”, chegava em 1989 a primeira edição de “A Sensacional Mulher-Hulk”. Com histórias satíricas, metalinguísticas, malucas e muito divertidas, a nova série escrita e desenhada por John Byrne, acabaria redefinindo a Mulher-Hulk para as próximas décadas. 

O mais importante em Sensacional, era a quebra da quarta parede. Na capa nova edição, a Mulher-Hulk, segura a edição nº 1 de 1980 dizendo “Beleza, vou te dar uma segunda chance. Se não comprar esse livro, eu vou na sua casa e rasgo seus capas-duras dos X-Men”. A Mulher-Hulk tinha consciência que estava em uma HQ e acabou usando desse artifício para falar com o leitores, rasgar páginas, pular entre um quadro e outro e até mesmo discutir com os editores da revista. Essa série teve 60 edições. John Byrne produziu as edições n° 1 a 8, 31 a 46 e da 48 a 50. A série seria cancelada na edição nº 60 em fevereiro de 1994. 

A próxima série solo de Mulher-Hulk foi publicada somente dez anos depois, em 2004, quando o escritor Dan Slott e o artista Juan Bobillo lançaram “She-Hulk  nº 1”.  A série pegou o tom divertido e a personalidade da personagem, focando mais em sua profissão de advogada atuando no escritório “Goodman, Lieber, Kurtzberg & Holliway”, com uma bonita homenagem a Martin Goodman, Stan Lee e Jack Kirby, com casos envolvendo os heróis e vilões da Marvel, A série foi cancelada na edição n° 12, mas foi relançada 8 meses depois com a mesma equipe criativa e uma série de capas memoráveis do artista Greg Horn. Peter David assumiu as funções de redação com a edição n° 22 e escreveu até a edição n° 38. Posteriormente, a personagem acabou ganhando novas publicações solos em novas séries. 



No Brasil, a série de 1980 foi publicada pelas editoras RGE e Abril. Sua estreia ocorreu em 1982 em “Almanaque Premiere Marvel” n° 01 da RGE, tendo suas sequencias publicadas a partir da revista “O Incrível Hulk” nº 40 também da RGE. Das suas 25 edições, a RGE publicou apenas as 9 primeiras e com a mudança da Marvel da RGE para a Abril, apenas uma história foi publicada na primeira edição do Hulk. As demais permanecem inéditas até hoje por aqui. A partir daí, a Mulher-Hulk seria figura recorrente pelas publicações da Abril. A história de sua entrada no Quarteto Fantástico foi publicada pela primeira vez em “O Homem-Aranha” n° 72 de junho de 1989, e em 1990, a Abril trouxe, dentro da coleção Graphic Marvel na edição nº 4 a primeira publicação em seu nome no Brasil, com a primeira história solo produzida por John Byrne. 

E falando em John Byrne, sua fase com a Sensacional Mulher-Hulk chegou em “Grandes Heróis Marvel n° 36, publicado em 1992. A sequência seria publicada na revista mensal do Incrível Hulk. Porém, algumas histórias dessa fase não foram publicadas pela Abril. Somente em março de 2022 que a Panini, enfim, sanou esse problema. Toda essa fase foi compilada no formato Omnibus em suas 752 páginas. Sua fase ao lado do Quarteto Fantástico foi publicada pela Abril em diversas edições de O Homem-Aranha”. Recentemente a Panini publicou toda essa fase do Quarteto Fantástico com a participação da Mulher-Hulk em duas edições no formato Omnibus. 



A Fase de Dan Slott, pode ser conferida na “A Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel n° 35  da Salvat de janeiro de 2015. Essa série também possui algumas histórias inéditas por aqui. Recentemente a Panini publicou a edição “Marvel-Verse: Mulher-Hulk”, compilando alguns de seus principais momentos. E pra quem gosta da personagem, em breve chega pelo UCM a série da “Mulher-Hulk: Defensora de Heróis” com Tatiana Maslany no papel principal. Pelos trailers já apresentados, a série será focada nas histórias de Dan Slott com algumas pitadas da fase de John Byrne. A série estreia em 18 de agosto pela Disney +. Se a série for tão divertidas como suas histórias, com certeza teremos um bom show pela frente. 



Nota de agradecimento ao site Guia dos Quadrinhos por ajudar na pesquisa e dispor de imagens de capas para ilustrar esse artigo.

Alexandre Morgado

Alexandre Morgado é cartorário do 15° Tabelionato de São Paulo. É também autor do livro Marvel Comics - A Trajetória da Casa das Ideias do Brasil, livro que narra a história da Marvel em nosso país, relançado em 2021. O autor possui um acervo gigante de HQs, principalmente com material da Marvel Comics.


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