segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Hércules: A morte do Deus do Olimpo

Herc

Aqueles que acompanharam as histórias paralelas do Cerco devem ter notado a ausência do Leão do Olimpo, Hércules, dentre os Poderosos Vingadores. Em uma nota de canto, nos é informado por Amadeus Cho que seu amigo pereceu em batalha e que mais detalhes nos serão passados numa edição especial. E eis que no começo deste mês de Agosto chega às bancas o encadernado d’A morte de Hércules.

Já fazia um bom tempo que o filho bastardo de Zeus estava afastado das histórias publicadas aqui no Brasil. Algumas edições acabaram sendo sacrificadas nesse intervalo, mas a Panini resolveu dar ao deus grego um merecido encadernado de 180 páginas e que retoma o clímax da luta entre a dupla dinâmica Herc e Cho (orientados pela irmã Atenas) e a madastra Hera e seu novo Olimpo. Originalmente, o começo dessa história (que se passa antes d’O Cerco) ocorreu num arco em cinco partes chamado “Assalto ao novo Olimpo”, com desenhos de Rodney Buchemi e Reilly Brown.

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Em “Assalto ao Novo Olimpo, vemos um pequeno “prólogo” envolvendo um confronto pra lá de engraçado entre Herc e Peter Parker, que mais uma vez tem o universo conspirando contra sua sorte e se vê dando em cima justamente de Hebe, esposa do Olimpiano, sem saber. Quando as coisas finalmente se acertam, Hércules e o Cabeça de Teia se juntam com outros Vingadores para destronar Hera e acabar com os planos da deusa em extinguir a humanidade... mais uma vez. O plano de Hera e seu novo amante, Tifão, é simples: Desfazer essa realidade, criando uma nova através de replicação quântica usando uma máquina chamada Novo Continuum. Assim, sempre orientados por Atenas, e usando a sagacidade de Amadeus Cho, Hércules e os Vingadores conseguem criar um bom plano para invadir as defesas do Novo Olimpo e entrar em confronto direto com os deuses gregos.

A história criada por Fred Van Lente e Greg Pak é bem intricada e o embate silencioso entre a Deusa da Sabedoria e da Guerra, Atenas, com Amadeus Cho é para mim o melhor desta história. Enquanto que uma usa as pessoas como peças de um jogo para mover os acontecimentos futuros a seu bel prazer (como caracteristicamente são retratados os deuses gregos), o outro tenta reverter a situação para driblar amarras do destino e buscar o livre arbítrio, tentando salvar assim seu amigo da morte certa. Isso foi extremamente bem implantado na história e mesmo o título do encadernado entregando boa parte da surpresa, o desenrolar de tudo não deixou de ser interessante para quem lia.

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Nota especial para algumas boas referências gregas reinterpretadas aqui como, por exemplo a nova estratégia de um “cavalo de tróia” na ambulância para invadir o lugar e a participação da bela Afrodite para tirar a ameaça de Ares nesta luta (sendo assim, a última vez que vemos o Deus da Guerra antes de sua morte no Cerco). Outros deuses gregos também fazem sua participação com novas reinterpretações, onde paralelamente vemos suas histórias sendo contadas no passado e justificando suas atitudes no presente.

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Mais pro final, vemos uma inversão da situação. Atenas aparece repentinamente derrotada por Delphyne, que a torna pura pedra. Hera e o rejuvenescido Zeus voltam a se entender e Tifão acaba se voltando contra todos se tornando a grande ameaça. O casal acaba morrendo, sendo aparentemente as vítimas fatais daquela guerra, sendo levados por Thanatos para o além. E quando tudo parecia perdido, Atenas ressurge em sua nova forma, Pan-Helenica, e direciona um conflito perdido rumo a vitória. Todavia, mesmo com a ameaça de Tifão finalizada, a Deusa não deixa de cumprir o que considera o destino como deve ser e acaba sendo a responsável pelo sumiço de Hércules deste mundo.

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Dado como morto, todos choram pela morte de Hércules, inclusive Atenas, que mesmo se sendo obrigado a matá-lo, afirma que o amava como sua verdadeira mãe. E assim, encerrou-se título mensal do Olimpiano numa descontraída história saída de um spin-off da revista do Hulk. Contudo, todos sabemos bem que isso não deve ter parado por aí. Em duas edições extras, tivemos Hércules: Fall of an avengers, com desenhos de Ariel Olivetti que mostra de maneira bem curiosa o que rolou no momento do funeral de Herc.

Essa mini em duas partes pode muito bem ser dividida em dois momentos. Num deles, temos um momento de lembranças dos amigos, contando suas experiências com o deus olimpiano, sejam divertidas, sejam rancorosas. Uma situação curiosa que vale a pena colocar é quando as mais recentes amantes do Herc surgem para elogiar o vigoroso deus e uma delas chama atenção de um dos presentes que também se envolveu com o Olimpiano, mas não se revelou. E neste momento, o Estrela Polar pensa numa desculpa qualquer para fugir rapidinho dali. E, na parte final, é a vez de surgirem os outros deuses para louvar o irmão, mas logo em seguida propor um embate entre campeões para decidir quem dentre os deuses deve comandar o novo Olimpo. Assim, Amadeus Cho, Namor, Skaar, Banner, Pesadelo e alguns outros são elencados para uma disputa, que não termina lá muito como os olimpianos esperavam.

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E no final, tendo Amadeus Cho finalmente aceitado ser o novo Príncipe do Poder e assumindo o status de Campeão de Atenas, o jovem que está entre os oito mais inteligentes do mundo decide que irá usar os recursos do Novo Olimpo para uma só finalidade – encontrar o velho amigo Herc

Fecha-se assim as histórias do Olimpiano no Brasil, que apesar de estarem rolando a margem dos outros grandes eventos que aconteceram na época, certamente podem ser consideradas bem divertidas, valendo o preço alto do encadernado. O que posso dizer é que apesar de não ser lá um grande fã inicial da idéia de outro deus ter sua própria revista solo na Casa das Idéias, fiquei surpreso com o tratamento que Van Lente e Pak deram a Hércules. Ao valorizar o lado simplório do herói do título contrastando com a mente brilhante do seu parceiro mirim, a revista ganhou um tom bem divertido, bem humorada, mas não sarcástica, que não via há muito tempo, talvez na época da Mulher-Hulk escrita por Byrne.

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E quanto ao Amadeus Cho, que podemos dizer que cresceu bastante como personagem, aparecendo nos títulos do Hulk, Poderosos Vingadores e Incrível Hércules só este ano, merece uma menção honrosa. Nos EUA, suas histórias continuaram numa minissérie chamada “Príncipe do Poder”, que infelizmente duvido muito que saía por aqui. Em todo caso, fica meu obrigado a Panini por arriscar no lançamento deste encadernado, que certamente faria uma baita falta num futuro próximo quando as coisas no universo Marvel convergirem para algo mais... caótico.

Coveiro

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