Ao mesmo tempo em que a caçada silenciosa da família do falecido Kraven, o Caçador continua a afligir o Homem-Aranha, o escalador de paredes se vê no meio de um confronto de proporções gigantescas em Homem-Aranha 116.
Na primeira história da edição, apesar do roteiro de Fred Van Lente e da bela arte de Michael Gaydos (tipo de desenhista que combina bem com o Demolidor), a sensação é mais de um filler (“tapa-buraco”) do que qualquer outra coisa.
Ainda as voltas com seu desemprego e desmoralização como fotógrafo, Peter Parker se vê às voltas com um ex-condenado, Lucas, que tem a seu favor a crença de sua colega de quarto, Michele Gonzalez, em sua inocência e recuperação. Tudo se vê por água abaixo quando descobrimos que ele apenas a enganava (mas ao mesmo tempo percebemos que, mesmo problemática, Michele é uma pessoa “do bem”), pois se envolve em uma disputa que inclui o Capuz, o Lápide e o Guerrilheiro (uma história pré-Cerco, portanto).
O prêmio, tornar-se o “novo Escorpião” e integrar a gangue sob liderança do Capuz. A “surpresa” é o aparecimento da Escorpião (ex-Hidra, ex-SHIELD), vestida a caráter, e que deixa o Aranha momentaneamente sem poderes. Isso tudo não o impede de se aproximar mais de Michele (talvez o grande valor dessa história), salvá-la do ataque de Lucas e ainda ajudar (já com os poderes retornados) a própria Escorpião (mais anti-heróina do que vilão), que estava lá para roubar dos bandidos a roupa de seu homônimo.
Não chega a ser surpreendente que, ao fim, revele-se que ela trabalhava para Sasha e Ana Kravinoff, respectivamente viúva e filha de Kraven, o Caçador, há muito orquestrando uma vingança contra o herói aracnídeo o desgastando física e emocionalmente com o intenso envio de ameaças em seu encalço.
Nas páginas seguintes, duas de três partes de uma história que coloca o cabeça-de-teia em uma disputa muito além de suas capacidades. Explicando um pouco como o Fanático foi parar na prisão, como visto em Thunderbolts, e avançando um pouco nas vicissitudes do quase namoro entre Peter e Carlie Cooper, a história de Roger Stern e Lee Weeks apresenta o que quase sempre é impossível: alguém parou o Fanático e o deixou à beira da morte.
Com ele já preso cabe o Aranha tenta descobrir o que houve com um adversário que tantas vezes esteve em seu caminho, e que às vezes foi até aliado, (além de descolar umas fotografias), o que acaba colocando-o frente a frente com o que mais temia: uma força mais poderosa que o avatar de Cyttorak, a nova encarnação do Capitão Universo! Sua missão, destruir o Fanático.
O Aranha foge do ataque do Capitão Universo, que, mais calmo, não entende porque ele protege alguém como Cain Marko. Levando ao extremo o fato de ter sido escolhido para portar aquele poder, ele não se importa com o aracnídeo e tenta matar o Fanático novamente. A única saída que Peter encontra de ser ao menos ouvido é compartilhando o fato de já ter sido portador das energias que fazem daquele homem o Capitão Universo.
Não adianta muito, e em uma sequencia de pura ação e piadinhas colaterais, o herói tenta impedir o pior, involuntariamente aterrorizando vários pontos de Nova York no rastro da entidade super poderosa, protegendo Marko que sai do radar de seu pretenso algoz. Vemos todo o senso de heroísmo de Peter Parker aflorar, ao arriscar a vida para proteger um homem que já tentou mata-lo várias vezes.
Contudo, quando o Capitão Universo se vê frente a frente com a verdadeira missão que lhe foi dada junto com os poderes (evitar que um evento geológico destrua a cidade), e não o assassinato do Fanático, o Homem-Aranha, imobilizado por ele momentos antes, é libertado pelo avatar de Cyttorak.
Em poucos segundos o Capitão Universo retorna, e inicia uma violenta luta contra o Fanático. Sem ter muito o que fazer, o Aranha ouve que os ataques estão diretamente ligados a algo que aconteceu com aquele homem antes de incorporar tais energias.
Em uma vingança nitidamente pessoal, a história fica na deixa de sua conclusão, na próxima edição, quando tudo deve fazer mais sentido para nós.
João