segunda-feira, 10 de maio de 2010

Capitão América: Entre o passado e o futuro

O Capitão América, pelo menos desde que foi resgatado pelos recém-formados Vingadores, foi sempre um herói fora do seu tempo. Parece ser o fardo de todos os homens que se dispuseram a ocupar o papel de soldado perfeito, esperança de muitos pela preservação de um modo de vida (discutível e discutido até mesmo pelo maior representante desse legado), a de sacrificar a própria temporalidade em nome de algo que considera maior. Foi assim, por muito tempo, com Steve Rogers. E é assim agora com James Buchanan Barnes, outrora apenas Bucky, agora também Capitão América. O continuador do legado.

Captain America #50

E em uma edição de Novos Vingadores (a 75) totalmente dedicada ao Capitão América, lentamente entramos em uma fase decisiva do sentinela da liberdade, no eterno diálogo entre o olhar para o futuro e para o passado que permeia suas histórias. Ironicamente, essa edição tem a capa do que foi o número 600 de Captain America lá fora, mas há um motivo para isso, e a escolha de publicar até mesmo a edição 601 antes do conteúdo principal da especialíssima 600ª foi coerente, como em breve perceberemos. Mas vamos às histórias.

A primeira delas, por Ed Brubaker e Luke Ross, publicada em Captain America 50 (última edição antes de, somando todas as revistas já publicadas do Capitão, a Marvel chegar à conta dos 600), mais uma vez tem Bucky como personagem central, ainda se acostumando o que é ser Capitão América, atacado repentinamente em uma patrulha regular, mas dessa vez auxiliado remotamente pelos Novos Vingadores. Isso tudo no dia do seu aniversário, muito parecido com os anteriores.

Assim volta sua memória para 1941, quando, ao completar 16 anos, o órfão mais uma vez foi preso por arrumar problemas na reserva do exército. Sob responsabilidade do major Samson, ele finalmente consegue o que quer, e vai para treinamento da linha de frente.

Capitão América

Claro não demorou muito até se tornar parceiro de Steve Rogers, apoiado em uma história meia-boca inventada pelas autoridades. Já com os Invasores, ao completar 18 anos, na Polônia, Bucky ganha de presente (por insistência do amigo Centelha) a chance de comemorar o aniversário, apesar do receio de Steve e do Tocha Humana original. Mas antes que a festa surpresa fosse realizada, um descuido de Centelha se revela fatal, e logo são descobertos e atacados por agentes nazistas liderados pelo Grande Mestre.

Apesar do problema criado, Bucky fica muito feliz com a intenção de lhe prepararem uma festa.

Capitão América

No presente, ele descobre que enfrenta um grupo high tech chamado Cães de Guarda, que ironicamente idolatra o Capitão América. O que lhe leva a 1945, quando já tinha 20 anos, quando a parceria com Steve transcendia o dever e era cada vez mais a relação entre dois irmãos. Mas tudo levou ao confronto com Zemo, à “morte” de ambos, que na verdade significou uma lavagem cerebral que duraria décadas para ele, que assumiria a identidade de Soldado Invernal, e uma hibernação para Steve.

Um passado que o persegue, do qual ele se ressente e tenta se redimir sendo uma pequena fração do que foi Steve Rogers, apesar do pesado fardo. Derrotando os Cães de Guarda ele retorna logo a sua casa, base de operações dos Novos Vingadores, pois apesar de tudo age como herói ilegal. Com a mente presa ao passado ele mal se dá conta que seu presente está se constituindo, e novamente talvez tenha pessoas ao seu lado que possa chamar de amigos.

Uma festa surpresa foi preparada pelos Novos Vingadores, e percebendo a segunda chance que ganhou, ele não tem mais ninguém a agradecer, a não ser ao homem responsável por essa chance. Steve Rogers, o Capitão América.

Capitão América

O que temos em seguida é uma bela recapitulação de Marcos Martin do que foi e do que é o Capitão América. Desde a origem a partir da transformação do franzino Steve Rogers pelo logo tragicamente encerrado Projeto Renascimento, sua luta na Guerra, seu desaparecimento, as várias tentativas de substituí-lo, até sua volta ao mundo moderno e todo o impacto nele e no mundo com esse retorno.

Uma nova vida, encerrada, pouco depois da descoberta de que seu maior amigo ainda estava vivo, no eclipsar da terrível Guerra Civil travada pelos super heróis. Assim, mais uma vez, um homem, talvez o mais capaz disso, tenta preencher o vazio que essa nova ausência deixou. Na eterna esperança de que, novamente, esta seja provisória.

Capitão América

Em seguida mais um caso peculiar que envolve o nome do Capitão. O Acrobata, Carl Zante, em história cartunesca de Fred Hembeck, lembra de quando enganou o Tocha Humana e, principalmente, se fez passar pelo Capitão América, tentando enriquecer. Tentando.

Capitão América

A história seguinte é a única extraída de Capitain America 600, e conta a história de alguns amigos deixados para trás por Steve. De quando ele se permitia ter uma vida civil, e como se lembram dele um ano após sua morte. Bernie e Josh juntam as boas memórias que sua convivência com ele deixou, desde que lhes foi apresentado pelo bombeiro Mike em Nova York.

Bernie lembra da paixão que sentiu por ele, e que em pouco tempo foi retribuída, e nesse ritmo uma fase inteira da vida do Capitão América nos é reapresentada, mostrando mais uma vez como sempre foi difícil para ele ter uma vida pessoal em nome do que decidiu se tornar. Como teve de enfrentar amigos, quando Mike se juntou aos Cães de Guarda, e mais tarde acabou morrendo por não se livrar desse mundo de super heróis e super vilões.

Logo sabemos que Bernie viu tudo acontecer de perto. A morte de Steve aos olhos de todos, como planejou o Caveira Vermelha. E enquanto os dois prestam homenagem final ao falecido Mike, fogos explodem nos céus relembrando o primeiro ano de falecimento do Capitão América, e sua memória.

Capitão América

Por fim chegamos a edição 601 de Captain America, em que voltamos ao período da Segunda Guerra Mundial para mais uma vez acompanhar a parceria entre Steve e Bucky, poor Brubaker e Gene Colan.

A história começa com uma conversa entre Nick Fury e Bucky, ainda durante a Guerra Civil, que leva o mais jovem (pelo menos em aparência) a lembrar de um caso durante a Segunda Guerra em que também foi necessário enfrentar aqueles que considerava aliados.

Aparentemente acuados em Bastogne, na Bélgica, o Capitão América e Bucky vislumbram os últimos momentos de um soldado que se encanta com a preocupação de Steve com ele. E as últimas palavras que escuta são dele contando como nasceu o Capitão América, sua origem e anseios. A morte do soldado revolta Steve.

Capitão América

O mais surpreendente é que, assim que ele morre, volta à vida. Ou quase isso. Como um morto-vivo, um vampiro, que só é parado com uma estaca atravessada no coração e sua cabeça decepada. Os soldados vem sendo vampirizados, e por isso os dois entram em contato com Union Jack para que se verifique se o Barão Sangue está vivo e é responsável por isso, o que é logo descartado.

O período na Bélgica foi difícil e doloroso, principalmente depois que vários soldados estavam morrendo e retornando como vampiros. A única maneira de elevar a moral foi montar uma apresentação da USO com uma famosa atriz, o que deixou a todos em polvorosa.

Enquanto as atenções se voltavam para Mary Arnett e Terry Foyle, o Capitão e Bucky chegam a uma casa do vilarejo cheia de marcas religiosas, e encontram lá dentro uma velha, que parece ter idéia do que vem acontecendo no local.

Capitão América

Ela diz que, na invasão alemã, junto ao desaparecimento dos judeus e dos ciganos, algo muito pior aconteceu. A presença do oficial da SS Helmut Von Schuler. Foi com sua chegada que a verdadeira carnificina teria começado, e logo percebem que ele é um servo do Barão Sangue. Mas ele partiu há muito, depois de falar com o Barão, e sua marca de sangue permaneceu, em outra pessoa...

A investigação continua, e no cemitério um novo ataque. A vida de uma menininha é salva quando mais um soldado vampirizado aterroriza o local. Mais uma vez o Capitão América precisa matar um de seus homens, e o segredo dos vampiros não pode ser mais mantido.

Capitão América

A neurose aumenta e homens desconfiados são a pior coisa para se ter em uma situação como essa. Sangue e mortes acidentais começam a ocorrer. O medo é mais terrível do que a certeza da ameaça.

Steve decide que o show da USO deve ser cancelado, mas logo se sente influenciado por uma força maligna, na porta do camarim da senhorita Arnett. Mas logo ele descobre a terrível verdade. Era Arnett a responsável pelos ataques, com objetivo de criar uma tropa de vampiros. Ela era uma vampira.

A surpresa de Steve acaba favorecendo à monstruosidade, que só não o transformou em vampiro graças a Bucky, que não hesitou em utilizar sua metralhadora, expondo-a à luz do sol que já nascia do lado de fora.

Capitão América

Todo o acampamento ficou chocado, e a desconfiança de Steve não acaba. Quem teria mordido a atriz? E a desconfiança é correta. Não foi Arnett a agente deixada pelo oficial alemão, mas uma menina que jazia morta há quatro anos, a mesma que pensavam ter salvado no cemitério. Ela acaba sendo morta, ou retornada à morte, pelos dois. Horrorizados com tal monstruosidade não poupar nem uma criança.

Conversando com Fury, Bucky parece perturbado em lembrar disso, porque logo em seguida foram enfrentar o Barão Zemo. E nós sabemos muito bem onde essa história termina.


João

PS.: Não percam mês que vem como ficou o mundo depois de um ano em que Steve Rogers esteve morto.

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