Na nada menos que sua centésima edição da revista X-Men, a Panini começa a nos trazer as histórias especiais da fase Destino Manifesto. No mesmo molde da série anterior, Divididos Lutaremos, estas histórias mostram a adaptação de alguns mutantes em especial a seu novo lar em São Francisco e ao novo momento de suas vidas. Confira a seguir.
A primeira história, escrita por C. B. Cebulski e desenhada por David LaFuente, se chama O Sol Também Se Põe e é, na verdade, uma parte atrasada de Divididos Lutaremos. Sendo assim, se passa no pós-Complexo de Messias, quando os X-Men estavam oficialmente acabados.
Danielle Moonstar toma café tranquilamente no fim da tarde em seu lar no Colorado, mas só até sua porta ser estourada pela antiga aluna Faísca que, muito agitada, diz que não sabia o que fazer e por isso foi até ali, pois precisa de ajuda, antes de desmaiar rapidamente. Ao acordar na manhã seguinte, a menina explica que não consegue conviver com a culpa de não ter podido manter sua equipe, os Novos X-Men, unida. As duas saem para uma caminhada, que Danielle acredita ser um bom jeito de espairecer, e lá Noriko explica a sua frustração. Não importa o fato de terem vencido os vilões, pois parece que as vitórias nunca são completas para os X-Men.
Faísca conta que se sente vazia, como quando se drogava para aliviar a dor causada por seus poderes, antes de ir para a Mansão X. Hoje, ela não precisa mais de remédios, mas aprendeu, ao ver o ônibus de seus colegas explodir pouco depois do Dia M, que não dá para acabar com a dor, apenas escondê-la. Desde então, passou a agir com medo de sofrer, machucando os outros antes que eles pudessem machucá-la e se afastando de qualquer um que pudesse fazê-la sofrer. Mas a dor sempre venceu, e agora que Julian Keller foi gravemente ferido por causa de outra de suas decisões, não restam dúvidas disso.
Moonstar responde, brincando que a menina não deve pensar que pode monopolizar a dor. Faísca não é a única levada aos limites pelos poderes. Ela explica que o sofrimento sempre nos persegue, tirando tudo o que mais importa, chegando a nos controlar e levar a atitudes inimagináveis. Mas, no final, é a dor que nos fortalece. Graças a essa energia que encontramos em nós mesmo, aprendemos a lidar com o que o mundo tem de pior. Ashida se incomoda com o que considera uma resposta batida, mas Danielle continua explicando que não é errado ferir alguém de tempos em tempos e, mesmo que a dor sempre nos acompanhe, não devemos ter medo de usar isso para atingir nossos objetivos.
Concluindo, Miragem mostra a belíssima paisagem do Colorado que sempre a ajuda a superar os desafios e conta que, da forma que vê, a dor é o caminho da cura, conforme seu povo sempre acreditou. O bem convive com o mal e a morte com a vida. Não importa o que aconteça, ela sabe que o sol nascerá na manhã seguinte, lhe dando outra chance. Noriko agradece a tentativa de Danielle, mas a lembra de uma coisa: o sol também se põe.
O clima mais denso e delicado da história anterior é chutado junto com a porta de uma loja por Tabitha Smith, quando ela termina suas compras ali. Agora sim estamos em Destino Manifesto, onde o roteirista Ames Asmus e o desenhista Chris Burnham nos trazem uma história estrelada por ela, a Fusão, ou Dinamite. Enquanto anda pelas ruas de São Francisco carregando várias bolsas de compra, ela pensa consigo que está feliz por ajudar na nova escola, conhecer aquela cidade e poder aproveitar a liquidação que aproveita no momento.
O problema logo surge: uma super-assaltante chamada Nuwa cruza seu caminho após roubar uma loja e, após se livrar de um ataque da mutante, a põe para dormir com seu poder. Mais tarde, no QG dos X-Men, o Fera escuta as furiosas reclamações de Tabitha. Entre elas, a moça reclama que “Nuwa” não significa nada, o que não dá pistas sobre os poderes da vilã, algo bem diferente de um nome como Magneto. O dr. McCoy teoriza que o nome pode significar algo, e sugere uma pesquisa. Após uma breve relutância, a Srta. Smith termina no computador do laboratório e encontra a criminosa num site de relacionamento, onde a moça releva até mesmo seus poderes de sedação (capacidade de sedar outras pessoas, deixá-las sonolentas).
Em uma cena muito divertida que vale a pena descrever, Tabby descobre algo ainda pior: a vilã possui mais amigos virtuais que ela. Hank desdenha, não crendo que algo tão superficial seja medida de valor de alguém. Em seguida, a moça mostra que alguém fez uma página para o Fera, e o rosto dele se ilumina ao perguntar “Quantos amigos eu tenho?”
A seguir, Tabitha sai para servir de isca fazendo compras – situação na qual só poderia sair ganhando, não deixa de relembrar. Encontrando Nuwa rapidamente, ela consegue driblar seus poderes com... café!
Agora Dinamite entende o porquê de nunca ter ouvido falar da mulher antes, já que uma supervilã cujos poderes são inibidos pelo uso de cafeína não há de ser promissora. Constatando que a criminosa não faz ideia de como vencê-la, Tabitha faz sua investida final, citando motivos para cada um de seus ataques à Nuwa. O primeiro é por tê-la derrotado com um poder meia-boca, o segundo por ser tão burra a ponto de pôr informação pessoal importante na internet e o terceiro e último por ter mais amigos virtuais que ela. Tabby conclui que adora pesquisar.
Uma história de comédia que chega a parecer boba a princípio, mas se prova de grande qualidade, resgatando, ainda, uma mutante muito carismática que andava sumida do universo X – tendo sido membro da Nova Onda há pouco tempo. Isso nos lembra por que é uma pena o destino súbito e meio sem sentido dado à moça por Kyle e Yost recentemente na série da X-Force.
Karma é nossa próxima protagonista, através do roteiro de C. B. Cebulski e arte de David Yardin. Ela conta, em monólogo, que se orgulha de estar em constante controle de tudo a seu redor. Não gosta quando as coisas saem dos eixos, o que é compreensível se considerar do que ela é capaz e o que já viveu. Quando perde o controle, coisas ruins acontecem.
Ela pensa nisso enquanto tenta, em vão, dominar a mente de Emma Frost, num exercício proposto pela própria Rainha Branca. Pedindo-a para aceitar que é fraca, Emma explica que ela possui um dos maiores poderes mutantes do planeta e que, embora não esteja satisfeita com isso, previu o desequilíbrio da moça. A telepata finaliza dizendo que esperava de alguém capaz de comandar mentes alheias maior domínio sobre as próprias emoções e a própria vida.
Esta última afirmação irrita Shan, que pensa nela mais tarde, quando vai buscar os irmãos Leong e Nga, toda a família que lhe resta, na escola onde estudam. Ela conta que, quando criança, jurou que ninguém lhe obrigaria a fazer nada depois que crescesse. Foi para São Francisco por que quis e, embora alguns mutantes possam se sentir deslocados na cidade nova, não é o caso dela, que se recusa a ser uma refugiada de novo. Ali, pode conviver com seu povo, sua família, seus irmãos gêmeos que cria desde que teve de matar seu irmão perverso Tran. Eles têm um ao outro e isso basta, além de que se criar gêmeos não for uma lição de autocontrole, ela não sabe o que seria.
Hoje ela tem, certamente, domínio sobre sua vida. Na juventude, foi a mais centrada entre os amigos, na maioria das vezes e, mesmo nos piores momentos, onde quase chegou a perder as esperanças, recuperou o autocontrole e o usou a seu favor. Sua presença trazia estabilidade. Vendo uma foto dela junto de Kitty Pryde, Shan tenta se perguntar se, caso estivesse com ela, a amiga teria tido um destino diferente, mas não completa a frase nem contém as lágrimas.
Neste momento, seus irmãos a encontram na sala, preocupados com suas lágrimas. Ao verem a foto da “tia Kitty”, sentem saudades e ficam animados ao imaginar que ela pode ir visitá-los – o que deixa subentendido que eles não sabem o que houve com ela.
Karma diz que Pryde não irá visitá-los e que já passou da hora de eles estarem dormindo. Gritando e pulando no sofá em uma bagunça típica de crianças de sua idade, os dois dizem que Kitty assistia TV até tarde com eles e que a querem ali. Dada a tensão da situação, Shan se irrita profundamente e usa seus poderes nos irmãos enquanto grita que é ela que está no controle ali. É quando relembra o que Emma Frost lhe disse e, espantada, liberta as crianças de seu domínio.
Pedindo perdão aos dois, ela admite para si que não aguentou, se deixou levar pela emoção, perdeu o controle. Mas ela não é assim, passou dos limites, é fraca. Conclui que precisa se reequilibrar, dominar seus poderes, suas emoções, sua vida.
Além destas três, temos ainda uma história estrelada pelo Jovem X-Man Graymalkin da qual o Fernando já falou aqui no site. A julgar por estes exemplos, podemos ter boas expectativas para estes especiais, que até aqui demonstraram grande qualidade. Fique ligado, pois logo eu volto para falar das outras histórias da série já publicadas por aqui em X-Men Extra 100. Até lá!
Léo