domingo, 13 de fevereiro de 2011

616 entrevista Will Conrad

Depois de um certo tempo sem entrevistas, o Universo Marvel 616 retoma essa empreitada e convida o desenhista brasileiro Vilmar Nunes Conrado, que a maioria de vocês deve conhecer com o nome de Will Conrad, para responder nossas questões. Para quem ainda não conhece, veremos em breve a arte de Will na revista do Wolverine aqui no Brasil e atualmente ele está trabalhando na mensal da X23 lá fora, além de um novo título dos Vingadores juntamente com Ed Brubaker e Mike Deodato Jr.

Will Conrad

Contudo, o trabalho de Will já se destaca bem antes disso, passando pela Dark Horse, DC e muitos outras edições Marvel que acabaram não saindo por aqui. Assim, os editores Coveiro, Cammy, Eddie e redatores Kinhu, Fernando e Rafael Felga se reuniram nesse bate-papo com o artista mineiro, revisitando todo o seu excelente trabalho até os dias de hoje. Então, acompanhe agora com a gente essa conversa:

Coveiro: Olá, Conrad, antes de mais nada muito obrigado por nos conceder essa entrevista e já de cara te parabenizo pelo excelente trabalho que vem realizando nos últimos anos na Marvel.

Will Conrad: Obrigado. É um prazer poder colaborar com a entrevista.

Cammy: Ser desenhista profissional certamente não é fácil. Vencer em um mercado dominado por estrangeiros também não. Você conseguiu os dois, foi difícil no começo? Chegou a querer desistir? Conta um pouco da sua história para os leitores da Marvel616.

Will Conrad: Poder trabalhar com algo pelo que sempre fui apaixonado é realmente muito bom. Mas não vou negar que no começo foi bastante difícil. Eu sempre gostei de desenhar, e trabalhei como ilustrador por muito tempo antes de poder trabalhar exclusivamente com quadrinhos, embora essa fosse minha ambição. O mercado de quadrinhos sempre foi muito retraído no Brasil, e durante minha infância fazer quadrinhos era visto como uma coisa underground, com poucas exceções. Isso fazia com que "viver" de quadrinhos fosse um sonho meio distante. Quando descobri que havia alguns desenhistas brasileiros trabalhando para o mercado americano, eu comecei a fazer amostras, adequar meu traço, e estudando durante a noite, pois trabalhava durante o dia. Apesar da dificuldade e de muitas vezes escutar que não daria em nada, não me lembro de nenhuma vez em que tenha pensado em desistir, mas me lembro de muitas noites em claro e do cansaço que muitas vezes pesava. Mas todo esforço foi recompensado quando recebi minha primeira revista impressa - ainda como arte finalista - e pude sentir nas mãos o resultado de tanta luta. Foi uma grande emoção.


Wolverine by Will Conrad

Wolverine por Will Conrad, em breve nas páginas de Wolverine

Coveiro: Sua entrada no mercado americano aconteceu um pouco depois da primeira leva de desenhistas brasileiros que começaram a despontar la fora. Como eles influenciaram na sua carreira ?

Will Conrad: A maior influência que tive foi na minha vontade de me tornar quadrinista profissional. Acho que quando descobri que havia desenhistas brasileiros desenhando para fora, eu pensei: se eles podem, eu também posso. E isso foi uma injeção de ânimo que me fez ter ainda mais certeza de que entraria no mercado. Em termos artísticos, não fui mais influenciado pelos desenhistas brasileiros mais do que pelos estrangeiros que sempre me inspiraram. Claro que isso não significa que eu não tenha estudado o estilo daqueles que mais admirava, mas naquele ponto eu já tinha absorvido muita coisa dos desenhistas mais antigos como Eisner, Barry Smith, Frazetta, Kubert, entre outros.

Cammy: Em uma entrevista anterior, você afirma ter recebido palpites valiosos de Will Eisner e que a afirmação dele sobre seu trabalho ter futuro foram muito incentivadores. O que esse empurrão significou na sua carreira? Acha que muitos desenhistas desanimam por essa falta de perspectiva?

Will Conrad: Não posso nem descrever o quão importante as palavras do Eisner foram importantes para mim. Mas é fácil imaginar: Eu nunca havia tido contato com nenhum grande quadrinista na época, havia estudado as principais obras do grande Mestre e sonhava com a possibilidade de trabalhar no mercado, nunca havia estado em um evento de quadrinhos antes. E de repente ali estava eu, frente a frente com Will Eisner e ele CONVERSANDO comigo, enquanto olhava meus trabalhos. E quando ele falou sobre minha arte, e o quanto eu tinha de bom para seguir em frente... Bem, digamos que foi como jogar fogo em gasolina.


Eu sempre procurei dar atenção a todos os desenhistas iniciantes que me procuram. Tento ajudar no que for possível, dar dicas e críticas construtivas. Acho muito importante esse feedback que o desenhista mais experiente pode dar aos novatos, e fico muito feliz em saber que no futuro alguns desses desenhistas podem vir a se lembrar de mim como uma pessoa que o incentivou e ajudou a se tornar um bom profissional, assim como o Eisner fez por mim - guardada as devidas proporções.

Wolverine

Preview de páginas de Wolverine Origens, por Will Conrad

Coveiro: Antes de seus mais recentes trabalhos na Marvel, você teve uma vasta experiência na Dark Horse com adaptações de Star Wars, Buffy e a minha série favorita, Serenity. Qual o grande diferencial de desenhar esse material? Se sente muito preso as referências já existentes? E como é trabalhar com Joss Whedon?

Will Conrad: Eu sempre fui muito feliz com as pessoas que trabalhei, seja na Marvel, DC, Dark Horse, Top Cow, Dynamite... Sempre tive a oportunidade de trabalhar com bons roteiristas e editores de primeira. Mas cada trabalho traz seu próprio desafio. Enquanto na Marvel eu preciso seguir o estilo, design e características pré-estabelecidadas de cada personagem, eu tenho uma certa liberdade ao representar rostos e estruturas anatômicas, desde que não fuja do padrão individual. Quando estava desenhando Kull para a Dark Horse, eu tive extrema liberdade, uma vez que eu estava criando o mundo inteiramente baseado nas obras de Robert E. Howard, e quase não havia registros visuais que eu devesse seguir além do que eu conversava com o Arvid Nelson e Scott Allie - Não segui o que havia sido publicado há anos atrás junto com Conan porque não achava que se aproximava das descrições do autor. Então foi muito interessante poder dar vida e caracterizar desde o personagem principal até os prédios e arredores de cada ambiente.


Kull

Capas de Kull, da Dark Horse, por Will Conrad

Serenity foi uma outra história. Para começar, eu tive que lidar com personagens reais no consciente dos fãs, já que eram representados por pessoas. Isso torna o trabalho muito mais desafiador, porque tive de aprender a desenhar cada personagem com todos maneirismos e expressões corporais e faciais, e não havia como trapacear em nenhuma cena. Como se isso não bastasse, Joss é muito criterioso no que diz respeito ao ambiente, e Serenity TINHA um ambiente extremamente peculiar. E cada localidade, prédio, arma, veículo ou qualquer coisa que eu criasse deveria seguir o estilo do mundo que havia sido criado. Por fim, o seriado que deu origem ao quadrinho - Firefly - já era um cult amado pelos fãs, e quanto mais adeptos os fãs, maior a exigência sobre a fidelidade da arte. Mas fiquei feliz com o resultado e com o retorno que tivemos do público, e a série terminou por ser um grande sucesso :)

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Personagens da série Serenity, desenhados por Will Conrad

Fernando Saker: E o estilo de arte das comics de heróis? É também na sua opinião, muito preso a convenções de traços, ângulos, enquadramentos de cenas, anatomia; ou você considera que há liberdade de estilo nesse nicho?

Will Conrad: Nos quadrinhos de heróis eu vejo alguns padrões definidos que são absorvidos por vários desenhistas. As editoras procuram determinados tipos de traço para cada título, e devido a demanda sobre determinados estilos, vários artistas acabam se tornando uma espécie de "sósia artístico" de um desenhista mais proeminente. Entretanto, eu acredito que hoje exista mais liberdade sobre os estilos e as editoras estão aprendendo a quebrar o padrão e procurar estilos novos e interessantes. Eu procuro olhar tudo o que está sendo produzido e busco referências também fora dos quadrinhos para evitar o "vício" de sempre ficar preso ao que o mercado exige e continuar evoluindo e acrescentando coisas novas em meu estilo próprio.


Edvando: Você teve vários trabalhos já realizados, inclusive lançados pela Marvel, mas que infelizmente não saíram aqui. Como se sentiu sobre isso? Incomoda uma parcela de leitores brasileiros ainda não conhecer seu trabalho?

Will Conrad: Não chega a incomodar, mas acho meio estranho o fato de ter que fazer sucesso fora para depois ser conhecido em meu país. Na verdade, o que me deixa mais triste é o fato de que alguns dos trabalhos que mais gostei de fazer nunca vão ser vistos impressos por vários brasileiros amantes de quadrinhos - a menos que sejam importados. Isso é uma pena, considerando que sempre há espaço no Brasil para quadrinhos interessantes, como Kull e Serenity.


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Páginas da série da Emma Frost, não publicada no Brasil

Kinhu Heck: Primeiro, parabéns Will pelo ótimo trabalho que vem fazendo, e agora a pergunta: No seu início na Marvel, você fez algumas edições da Emma Frost, Elektra até que foi chamado para assumir como desenhista principal de grandes pesos como Pantera Negra e - agora, Wolverine Origens. Quais as principais diferenças entre estes seus primeiros trabalhos e os mais recentes?

Will Conrad: Experiência. Depois de desenhar os primeiros trabalhos para a Marvel, eu fiquei alguns anos fora da editora, trabalhando com a Top Cow, Dynamite, Dark Horse, DC... Desenhei muitas coisas, trabalhei com diversos editores e roteiristas diferentes, elaborei uma metodologia de trabalho e aprendi várias coisas novas. Quando voltei a trabalhar com a Marvel eu já estava bem mais maduro como artista e isso se reflete em cada traço no papel. Além disso, eu agora faço o lápis e a arte final, e com isso eu garanto que o desenho guarde toda a energia que tento colocar nos quadros.

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A nova série do Pantera Negra com arte de Will Conrad, não publicada no Brasil.

Fernando Saker: Qual a importância da parceria roteirista/desenhista para um resultado final satisfatório, há formas para o roteirista perceber os pontos fortes do desenhista e explorá-las no seu roteiro? Estilos diferentes de roteiro exigem pessoas diferentes na arte?

Will Conrad: Acho muito importante a comunicação entre o roteirista e o artista, assim como acho importante casar um estilo artístico ao roteiro certo. Sempre que possível, tento manter contato direto com o escritor, pedir sugestões e oferecer idéias para melhorar uma determinada cena. Normalmente, depois das primeiras edições tanto o roteirista quanto o desenhista se sentem mais confortáveis e se adaptam ao estilo um do outro. Se não houver uma boa interação entre os dois, o trabalho se torna muito mais difícil e o resultado fica visível no resultado final.

Rafael Felga: Há algum roteirista em especial que você gostaria de trabalhar? E qual roteirista lhe deu mais "trabalho", do ponto de vista elaboração de cenas e quadros?

Will Conrad: Como disse, sempre dei sorte com os roteiristas. Alguns dos quais mais gostei de fazer parceria foram Joss Whedon (Serenity), Arvid Nelson (Kull), Marjorie Liu (X-23) e Ed Brubaker (Secret Avengers). Houve um roteirista que me lembro de ter tido uma relação mais difícil, mas não me lembro o nome. Foi em Red Sonja para a Dynamite. Ele descrevia cenas inteiras que não faziam sentido visual, e sempre se sentia ofendido quando eu mandava alguma sugestão para melhorá-las. Me lembro que em uma dessas cenas ele descreve escravos extraindo "aço reluzente" de uma mineração, e tendo crescido em uma cidade onde uma das fontes de renda é exatamente a extração de minério, eu apontei para ele o fato de que isso é impossível. O que se extrai é o minério, que vai ser processado até se tornar aço. Ele não gostou nem um pouco.

Apesar de não ter gostado muito da forma de roteirização, a minha maior honra foi ter trabalhado diretamente com Stan Lee, em um projeto para a Dark Horse chamado "Feedback". Stan sempre foi um dos ícones dos quadrinhos, e ter podido conversar e trabalhar com ele foi uma experiência incrível.


Sonja"

Capas da série Red Sonja: Thulsa Doom, da Dynamite

Fernando Saker: Sendo tanto desenhista como arte-finalista, quão importante é sincronia nessa área para um bom resultado visual? Um desenho bem feito salva uma arte final mais apagada assim como um excelente trabalho de colorização e finalização salva uma arte mediana?

Will Conrad: Na verdade, é o inverso. Basta lembrar que, no fim das contas, o traço que ira aparecer impresso é o do arte finalista, e não do desenhista. Quando eu arte finalizava, sempre conversava com o desenhista para saber o que ele queria. Já peguei muito desenho mal feito e refinei os traços para que no mínimo ficasse apresentável. Já chequei ao ponto de pegar páginas inteiras em traços de layout e fazer praticamente tudo na arte final. Quando comecei trabalhando como desenhista, tive muitos problemas com o arte finalista, exatamente por ser muito criterioso quanto a arte final. Tive vários trabalhos estragados assim, e muitas vezes o traço ficava totalmente descaracterizado. Por outro lado, quando trabalhei com um bom arte finalista, eu tinha certeza de que o trabalho ficaria ainda melhor. No Brasil só há um arte finalista com quem me dei bem trabalhando junto: Joe Pimentel. Por ser tão difícil essa adaptação, e por não querer mais arriscar a ter o desenho mudado, eu comecei a fazer todo o trabalho: desenho e arte final. Assim eu tenho mais controle de como ficará cada página, e se alguma coisa sair errado eu sei que só haverá uma pessoa a culpar.

Rafael Felga: Qual trabalho exigiu mais de sua capacidade? Qual foi o personagem mais complicado de se desenhar?

Will Conrad: Não acho que houve um trabalho "mais difícil". Cada projeto trás um tipo diferente de desafio, e eu sempre tento acrescentar algo de novo ou melhorar a cada edição. Da mesma forma, cada personagem tem seus truques, e sempre que assumo um novo título eu passo por uma fase de adaptação até me sentir confortável com o personagem. Depois que essa etapa é vencida, fica mais fácil desenhar qualquer um deles. Apesar de não achar um personagem mais difícil que o outro, sempre acho mais complicado desenhar grupos de personagens, já que a composição fica mais complicada é são mais fatores a se pensar quando estou fazendo a narrativa visual.


Kinhu Heck: Você costuma usar muito material de filmes e Tv como referência? Aproveitando a deixa, quais sãos seus filmes, seriados, e porquê não livros, preferidos?

Will Conrad: Eu busco referência em qualquer lugar que puder encontrar. O problema de só buscar referência nos quadrinhos é que muitos quadrinistas "trapaceiam" determinadas coisas, e você corre o risco de cair na mesma armadilha. Se tenho que desenhar algo que não sei, é sempre bom dar uma olhada em fotos, Tv, ou o que for melhor. Muitas vezes tenho que desenhar cenas em NY ou qualquer outro lugar e me lembro de que determinado filme foi feito naquele lugar, aí dou uma olhada para tornar a cena mais real. Quando estava desenhando Serenity, eu tinha que ficar com os dvds do lado para qualquer necessidade, já que tive de desenhar os personagens, a nave e tudo mais baseado no seriado.

Gosto de muitos filmes. Entre os preferidos estão a trilogia do Senhor dos Anéis, Indiana Jones, Blade Runner, Os Imperdoáveis, entre outros. Seriados que mais gostei: Firefly, Prison Break, House M.D., My Name Is Earl e The Big Bang Theory. Dos livros, todos do Cornwell e do Tolkien.

Cammy: Muitos desenhistas tem mais rejeição a certas partes do processo de ilustração de uma cena como o cenário, sequências de ação, características ou até mesmo o gênero dos personagens. O que é mais desafiador e o que é mais prazeroso para você num desenho de uma cena?

Will Conrad: Durante minha carreira, eu peguei muitas cenas de interação entre personagens, dramas psicológicos e longas cenas onde os personagens tinham variações sutís de humor ou emoção. Acabei sendo muito procurado para esse tipo de estória por que acabei aprendendo a torná-las mais interessantes e a enfatizar cada tipo de reação. Fica muito mais fácil quando você tem que desenhar uma edição inteira de pancadaria: os quadros são mais dinâmicos e há muito mais elementos visuais para prender o leitor. Mas quando o roteiro apresenta longas sequências de diálogos e momentos introspectivos, o desenhista tem que lançar mão de todo um repertório de ferramentas para tornar a estória interessante, e potencializar cada emoção e cada significado do que se diz. Caso contrário, a revista se torna uma sequência de quadros com "cabeças falantes".


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Arte de capa para a série da X23, ainda inédita no Brasil

Fernando Saker: Fala um pouco da seu atual trabalho para a Marvel na revista da X-23 ilustrando os roteiros da (excelente roteirista, na minha opinião) Marjorie Liu? Tem sido uma experiência gratificante? Como é a relação entre você e a Marjorie?

Will Conrad: Na verdade eu estou trabalhando em X-23 e Secret Avengers, respectivamente com a Marjorie Liu e Ed Brubaker. Os dois são incríveis, mas têm perfis diferentes. A Marjorie é extremamente efusiva e afetiva, e é muito legal trocar idéias com ela. Ela se entusiasma a cada página que vê, dá opinião e aceita muitas idéias que dou. Ela sempre me diz que se eu quizer desenhar alguma coisa, é só dizer para ela que quando puder ela coloca no roteiro. O Brubaker é mais minucioso e meticuloso. Ele tem uma imaginação visual muito aguçada e embora isso torne o trabalho do desenhista mais fácil, também deixa menos espaço para interpretação. Mas quando há uma sugestão, ele é sempre muito receptivo e atencioso. Ambos são grandes pessoas e excelentes criadores.


X23

Arte interior da série mensal da X23, ainda inédita no Brasil

Coveiro: Uma pergunta que não pode faltar em todas as nossas entrevistas. Existem planos para algum quadrinho autoral seu por aqui? E, em sua opinião, porque é tão difícil uma produção nacional conseguir emplacar?

Will Conrad: Tenho alguns projetos pessoais que venho nutrindo e desenvolvendo aos poucos junto a um grande amigo roteirista. Ainda é cedo para divulgá-los e ainda tenho muito trabalho para fazer, mas pretendo lança-los em um futuro próximo. Provavelmente, serão lançados primeiro no exterior e depois gostaria de publicar aqui no Brasil. Acho que o nosso país ainda tem um longo caminho a percorrer para tornar a produção nacional interessante. Ainda é muito caro se publicar no Brasil, e a falta de incentivos aliada aos custos de produção tornam muito difícil se viver de quadrinhos aqui. As coisas têm mudado a passo de tartaruga, mas torço para que um dia seja mais interessante desenhar para o mercado nacional que para fora.

Cammy: Agora você é o Eisner da vez. Se um jovem ilustrador te pedisse conselhos para continuar, quais seriam os seus hoje?

Will Conrad: Primeiro eu pediria para ver seus trabalhos e daria sugestões de acordo com seu nível técnico. Mas o que eu enfatizaria é o fato de que ele tem a faca e o queijo nas mãos. Quando comecei, tinha que mandar amostras por correio, esperava passar da meia noite para enviar layouts por fax (a conta telefônica ficava alta demais se passasse durante o dia), era uma dificuldade ter contato com outros quadrinistas, principalmente com profissionais, e para achar referências tinha de comprar revistas ou revirar arquivos. Além disso, ainda tinha de vencer o preconceito contra desenhistas latino americanos. Hoje em dia há uma boa aceitação aos bons desenhistas brasileiros, e com a internet tudo ficou mais fácil: mandar e receber arquivos é praticamente instantâneo, é fácil ter contato com profissionais e qualquer referência é encontrada em questão de minutos. Por isso, com tantas ferramentas a disposição, basta ter talento, vontade e disciplina para chegar a seleta galeria dos grandes quadrinistas.

Coveiro: Obrigado mais uma vez, Will. E espero que continue fazendo ainda mais sucesso com esse seu talento.

Will Conrad: Eu agradeço a chance de conversar sobre aquilo que adoro, e espero poder desenhar por dezenas de anos ainda e ajudar a contar muitas e muitas estórias interessantes e belas para os fãs de quadrinhos!Um grande abraço!

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E é isso ai, galera! Esperamos que tenham gostado da entrevista e aguardem por muitas outras ainda esse ano. Por sinal, aproveitando esse momento, vale a pena informar que Will Conrad está concorrendo ao Eagle Awards deste ano como "Favourite Newcomer Artist", juntamente com alguns outros brasileiros em diferentes categorias. Clique aqui e vote em nossa seleção brazuca campeã!

Eagle Awards

Equipe 616

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