quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Capitão Marvel, o Grande


Captain Marvel #1

Seu nome é Mar-Vell e ele é um kree. Não um kree comum, mas um cujos superpoderes e comportamento sem igual entre os outros de sua raça fez dele um herói entre os terráqueos e um temor àqueles que se consideram seus inimigos. Ele não deveria estar aqui. Ele morreu de câncer anos atrás, diferente do que alguém de sua raça guerreira poderia desejar a morte. Enquanto pensa nisso, e em como precisa procurar um significado para sua estranha presença nesse tempo, iniciada no meio Guerra Civil, lembra como os seres humanos têm uma relação diferente com a arte. Enquanto os krees apreciam a beleza técnica de uma representação artística, os terráqueos conseguem atribuir significados e ter experiências particulares quando contemplam um quadro. Como o quadro que não consegue deixar de observar, no Louvre, museu mais famoso da capital francesa, Paris, como vemos na história trazida por Brian Reed e Lee Weeks, em Avante, Vingadores 21. Ao olhar para Entrada de Alexandre na Babilônia, do francês Charles Le Brun, pintado em 1664, imagina como os habitantes da Terra, ao produzirem tal obra, sujeitam-na a múltiplas interpretações e emoções de seus espectadores, mas sempre com o objetivo de perpetuar tal realização através do tempo. Mandando, assim, a mensagem: “Eu estou aqui, eu causei isso”.

A presença e a participação de Mar-Vell na batalha final da Guerra Civil, seguidas por seu desaparecimento antes de seu encerramento, não ficaram desapercebidas, e seu destino é uma incógnita tanto para a imprensa dos EUA (e mundial) quanto para a maior agência militar do mundo, a SHIELD, e seu diretor, o Homem de Ferro. Por isso, ele envia a Paris e contata através de uma agente telepata, a agente especial Heather Sante para encontrar o kree. Uma hora antes da “reunião”, no Louvre, teria combatido e deixado morrer, depois de hesitar por um momento, o vilão Ciclone, que havia ido atrás dele, demonstrando uma veia impiedosa relativamente surpreendente, apesar de sua natureza guerreira.

Capitão Marvel

Ao conversar com Tony Stark em um ambiente seguro – sua própria cabeça, onde cria um ambiente confortável de sua infância – Sante fica sabendo que o cargo de Mar-Vell na prisão 42 era fictício, e foi criado pelo medo que o Homem de Ferro e os outros heróis têm em saber se aquele homem é verdadeiramente o Capitão Marvel. Mais importante, como ele voltará a seu próprio tempo, evitando que morra antes de retornar, praguejando contra viagens no tempo. Sendo uma especialista, a agente aceita a missão de encontrá-lo e trazê-lo de volta aos EUA, onde podem se certificar de sua segurança.

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Longe dali, em Manhattan, vemos os efeitos de um episódio até então desconhecidos por nós leitores. Julia Starr foi a última pessoa com quem Mar-Vell conversou antes de desaparecer. Em meio à batalha final da Guerra Civil, ele procurava defendê-la, uma civil, do fogo cruzado. Foi nesse momento em que percebeu que aquele mundo no qual chegou era diferente do seu no passado, e errado, em sua concepção, voando em disparada de lá, para não ser mais visto, até agora. Starr ainda não sabe que ele está em Paris, mas em sua experiência interpretou aquilo como um sinal. Viu o alienígena como um salvador que estava insatisfeito com os seres humanos, e, por isso, fundou um culto, a Irmandade de Hala, para adorar Mar-Vell e pregar uma redenção da espécie humana.

Capitão Marvel

É na Igreja de Hala que o repórter Nathan Jefferson, do jornal Pulso, procura incessantemente uma entrevista com Madre Starr, sempre sem sucesso, e indo embora irritado. Em sua reclusão, Julia diz ao irmão Richard que quando eles vierem realmente à público, quando sua importância for notada, não será através de um jornal sensacionalista.

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De volta a Paris, Sante finalmente conversa com Mar-Vell, que volta a contemplar o quadro que retrata a invasão de Alexandre, o Grande, à Babilônia. Ele conversa normalmente com ela, que se aproxima com cuidado. O kree parece atraído de forma inexplicável ao quadro, e tenta, aparentemente como um humano, procurar um significado ali. E essa tentativa parece ser pelo viés de grande conquistador com o qual o rei macedônico ficou consagrado. A sensação de que, mesmo morrendo jovem, e longe dos campos de batalha, aproximam os dois. E o fato de Alexandre ter realizado muitas coisas e morrido jovem surge quase como um objetivo para herói que sabe de sua futura doença.

Captão Marvel

É sobre isso que ele conversa com Sante, querendo entender porque Stark quer sua volta, e percebe logo o medo que ele e os outros têm que ele não volte “intacto” para seu tempo. A vontade e preferência do kree em morrer em batalha aumenta esse temor, rendendo uma crítica bem aguda da agente. Em seguida brinca com o fato de terem imaginado que encontrá-lo seria tão difícil que ela não sabe exatamente o que fazer agora, arrancando risadas do alienígena.

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A história volta para Nova York, onde os Poderosos Vingadores combatem um robô gigante (pois é), que oferece uma resistência muito maior do que poderia se esperar. Mar-Vell, cujas indagações sobre o motivo de estar ali ainda não foram respondidas, assim como porque se sente atraído ao quadro de Le Brun, ou o que fazia na Zona Negativa quando o encontraram, demonstrando o quanto sua memória tem buracos, surge para auxiliar os heróis mais uma vez. Mesmo com todas essas dúvidas, ele mantém a certeza que não quer ser lembrado como o herói que morreu doente em uma cama, mas que realizou grandes resgates e salvou os outros inúmeras vezes.

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Mesmo sabendo que morrerá de câncer, Mar-Vell quer deixar sua marca enquanto vive. Ele está ali. Ele fez aquilo.


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