segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Homem-Aranha...que descanse em paz

A vingança contra Wilson Fisk pode até ter lavado a alma, mas não mudou um fato: May Parker continua morrendo. O desespero de Peter Parker é tão grande que ele procurou ajuda até na magia, que mostrou-se limitada para salvar sua tia. Agora, em Homem-Aranha 82, terríveis conseqüências vão surgir como resultado dessa busca desesperada.

Homem-Aranha

Será que alguém poderia fazer o que o Dr.Estranho não pôde? O Homem-Aranha poderia mudar as coisas? Uma misteriosa garotinha ruiva afirma que ela poderia.

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Quem seria ela? O herói, claro, se preocupa com a segurança de uma criança sozinha na rua, mas ela diz que o Aranha gosta de ajudar e de se preocupar com as pessoas, só que era o momento de deixar alguém protegê-lo e ajudá-lo.

A menina pede para Peter segui-la, afirmando existir pouco tempo para a pessoa que ele pretendia salvar. O Aranha pergunta dos pais dela, no que ela responde que estão por aí, mas a deixam à vontade, já que ela é bem inteligente para sua idade, uma característica herdada de seu pai. Ela, na verdade, queria ter herdado a beleza da mãe. Peter responde que ela cresceria, tornando-se muito bonita, mas a menina se entristece, questionando se realmente cresceria e, em seguida, irritando-se com o herói, chamando-o de egoísta e egocêntrico, uma vez que coloca sua dor no centro do Universo.

Segundo a menina, para ter uma boa noite de sono, Parker faria o mundo pagar. E ao fazer sua dor e vingança tão grandes, ele mesmo se tornaria assim. Logo, ela se arrepende, dizendo que não deveria ter dito isso, fazendo-o segui-la novamente.

Só que ele a perde de vista, enquanto a procura acaba encontrando outra pessoa, um homem sentado em um banco de praça, com a aparência "nerd/cdf" mais clássica possível. O homem diz que a menina passou por ali, mas sumiu logo. Quando questionado por Peter sobre sua identidade, responde que trabalha com softwares, fazendo jogos de computador em primeira pessoa, com batalhas espaciais e super-heróis, coisa que lhe interessou depois da escola. Parker acha um trabalho divertido.

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Porém, o homem não parece nada feliz. Segundo ele, ninguém pode sacar uma arma e tornar-se um atirador ou salvar a moça em perigo, por isso, existem esses jogos e livros de fantasia, para que todos possam tornar-se heróis, como se a vida não tivesse seguido o curso correto. Ele afirma que se pudesse ser um herói de verdade, seria a pessoa mais feliz do mundo.

A conversa é interrompida por um homem, que diz ter visto a garotinha e oferece uma carona.

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O carro do homem possuía as mais extraordinárias invenções. Ele diz ter estudado em um colégio próximo, sendo alvo dos valentões da escola, que sempre ficavam com a glória e as garotas. Tornando-se um grande inventor, repleto de patentes e extremamente bem sucedido. Seus antigos desafetos viraram seus empregados ou sub-empregados de alguma forma, o que lhe dá uma certa satisfação. Só que a felicidade também não é presente em sua vida, pois perdeu o grande amor de sua vida. Mesmo possuindo tantas coisas, trocaria tudo por mais uma chance com a mulher que tanto amou.

O homem então o deixa sozinho e Peter encontra uma misteriosa mulher.

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Esta revela que há muito espera por Peter, que acredita tratar-se de um sonho. Ela revela não se tratar de sonhos, mas que, na verdade, ele teria encontrado outras versões dele mesmo. Os dois homens seriam, basicamente, a resposta para "O que aconteceria se Peter não tivesse sido picado por uma aranha radioativa?", com duas variantes: versão nerd recluso e nerd revoltado e amargurado.

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Esses seriam apenas dois, em infinitas possibilidades, e a mulher diz achar interessante que, na maioria, ele sempre termina sozinho. Peter pergunta em qual versão ele se transforma em garotinha, no que a mulher responde que seria uma história para breve. Parker se irrita, cansando do jogo da mulher e não querendo mais perder tempo, mas ela responde que isso é algo que ele não possui, pois já falhou e perderia sua tia, uma vez que não poderia fazer nada, mas ela poderia.

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Ou melhor, ele poderia, uma vez que era um disfarce para Mefisto todo o tempo. O capeta da Marvel afirma que poderia salvar a tia moribunda do rapaz, mas não queria trocá-la por sua alma. Ao que parece, pessoas que vendem a alma para salvar outras não são interessantes de torturar no inferno. Nesses casos, ele prefere negociar com arrependimentos, desesperanças, dores e tristezas. Quando questionado se realmente estava disposto a tudo, como afirmara antes, Peter responde que algo assim ele teria que dividir com alguém. Mefisto, já esperando isso, teleporta o rapaz para o local onde Mary Jane Watson está. Desesperado, ele abre a porta e encontra sua esposa conversando com o próprio Mefisto (é magia, não precisa explicar).

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Ao que parece, ele estava começando a fazer sua proposta para a Sra.Parker, mas ainda não tinha revelado o que queria em troca. Peter o questiona e o monstro revela querer aquilo que trazia felicidade ao casal, ou seja, o amor deles e seu casamento.

Segundo ele, o casal não lembraria dessa barganha, mas uma pequena parte de suas almas saberia dessa perda e gritaria por toda eternidade, o que o deixaria muito feliz. Assim, os dois teriam apenas um dia para se decidir, ou seja, à meia-noite Peter perderia o casamento ou sua tia, o que resultaria, de qualquer forma, no fim do mundo que tanto tentou proteger.

Enquanto pensam a respeito, MJ faz a pergunta que qualquer um (e os leitores fazem há anos): "será que May não viveu bem e por muito tempo, tendo chegado sua hora?"

Peter, claro, responde a mesma coisa que disse ao Dr.Estranho, se fosse de causas naturais ele aceitaria, mas por culpa dele, nunca poderia viver com isso, seria dividido em dois, mesmo se provassem que a culpa não é dele, isso iria corroer seu coração. Alguém mais ficou de saco cheio desse papo?

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Isso claro, piora a situação para MJ, que acredita que "dividirá o marido em dois", caso opte por deixar May partir. Peter, o maior "panos quentes" do mundo, diz que se essa decisão for tomada em conjunto, ele conseguirá lidar com isso. Os dois apenas se abraçam, aproveitando um dia a mais para ficarem juntos.

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O prazo se encerra e Mefisto retorna. Ele explica que os dois não seriam mais casados, porque nunca teriam sido, uma vez que a união deles era apenas uma costura no tempo. Bastaria removê-la e alteraria apenas isso, deixando todo o resto como estava. Para Peter, bastaria saber que May Parker sobreviveria, só que para MJ não é assim tão simples, já que isso teria ocorrido após a revelação da identidade secreta.

O que impediria outro lunático de cometer outro atentado? Mefisto revela que escolheu o casal porque seu amor é algo raro, pois é puro, incondicional e sacramentado aos olhos de Deus, portanto, algo especial para ser tomado. Se o problema era apenas a identidade, isso seria resolvido. Sendo assim, MJ aceita imediatamente.

Mas não pára por aí, ela exige que seja dada uma chance ao Peter de ser feliz. O demônio, claro, pergunta porque faria isso, no que a jovem responde que ele faria mediante algo que ela ofereceria, sussurrando algo no ouvido do monstro.

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Ela, claro, não revela o que disse. Mefisto afirma que Peter ainda não concordou e o tempo está acabando, May está morrendo. Em fúria, Parker concorda e o monstro demonstra surpresa.

Ele se surpreendeu pelo fato de Peter, diante de suas possibilidades alternativas, não questionou a mulher misteriosa. Segundo Mefisto, ela é uma possibilidade que está por vir (deve ser o Parker após a operação de troca de sexo).

Nesse momento, Peter se lembra da garotinha ruiva e pergunta dela. Mefisto, claro, se alegra, pois melhor que mostrar algo que está por vir é algo do passado que foi perdido.

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A menina era a jovem (e esquecida na cronologia) filha do casal, a jovem May, nascida na época da famigerada Saga do Clone. Ela reuniria o melhor dos dois, mas agora deixara de existir, causando tristeza e raiva no casal.

Em meio à lágrimas, MJ afirma que não importa o que Mefisto tenha feito, o destino dos dois era ficar junto e isso aconteceria novamente, pois nenhum poder poderia acabar com o amor dos dois. E, em um último beijo, os dois se despedem com a frase clássica de MJ do dia que se conheceram.

"-Admita, Tigrão. Você ganhou a sorte grande."

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A realidade então muda. Peter Parker acorda atrasado, saindo de sua casa em Forest Hills às pressas, com tempo apenas de comer algo rápido e dar um beijo de despedida na saúdavel Tia May. Ele se dirige, de bicicleta, para uma festa-surpresa. Lá é bem recebido por Flash Thompson, mas Mary Jane está na festa e há um clima estranho entra ela e Parker. Ao que parece, o relacionamento dos dois não terminou bem.

Peter Parker quase perdeu a chegada do homenageado da festa, que chega logo em seguida. Trata-se de Harry Osborn, que chegou de uma reabilitação na Europa. Feliz em reencontrar os amigos, o jovem Osborn apresenta sua nova namorada, Lily Hollister, que está com sua melhor amiga, Carlie Cooper.

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A história termina com todos, novos e velhos amigos, brindando "à um novo dia". Agora, eu me pergunto, qual é o motivo do brinde? Até pensei em encerrar com a imagem dos copos se erguendo, mas optei por uma que capta melhor o momento.

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Porque é exatamente assim que enxergo a situação. Quem acompanha a comunidade Universo Marvel 616 há algum tempo, sabe de minha duras críticas ao personagem desde a revelação da identidade.

Mas faço isso justamente por ser um grande fã do Homem-Aranha. Durante muito tempo, foi meu favorito e, no fundo, ele ainda é. Sabia que a revelação da identidade era um passo grande demais, pois qualquer forma de tentar reverter isso, soaria forçada pela maneira que foi feita. Porém, ainda existia possibilidade de histórias boas, principalmente pela associação do herói com os Novos Vingadores.

Entretanto, o editor-chefe Joe Quesada começou a reclamar do casamento do herói, dizendo que isso envelhecia o personagem e Peter Parker deveria ser sempre jovem, para gerar identificação com o leitor. O que Quesada se esqueceu é que a grande maioria dos leitores cresceu junto com o personagem, portanto, se identifica da mesma forma que antes, talvez até mais. Além disso, o encadernado Caído entre os Mortos prova que casamento não impede boas histórias.

Qual seria a solução para esse "problema"? Um divórcio ou deixar Peter viúvo iria deixá-lo ainda mais velho. Os boatos chegaram até à possibilidade de MJ ser uma skrull, seguindo o rastro da revelação recentemente lançada por aqui.

O resultado podemos conferir em Um Dia a mais. Peter voltou a ser solteiro e morando com a tia, separado de MJ e grande amigo de Flash e do ressuscitado Harry Osborn. Com direito a duas mulheres que, obviamente, serão interesses amorosos/sexuais do protagonista. Ah, com a identidade secreta novamente, é claro.

Quer dizer que uma das principais mudanças de Guerra Civil foi jogada no lixo? Então, Quesada revelou a identidade porque já tinha planos de reverter tudo? E as outras pessoas do Universo Marvel simplesmente sabem que o Aranha se revelou, mas não lembram quem ele era, nem de sua aparência? Todas as gravações e fotos ficaram borradas? Como isso afeta a relação do personagem com os Novos Vingadores, principalmente no clima de desconfiança atual? E o que tem a ver desmanchar o casamento com a volta de Harry Osborn? Por que arruinar mais uma excelente morte das HQs? E como a situação do retorno de Harry afeta Norman Osborn, o psicótico diretor dos Thunderbolts?

A resposta para tantas questões, segundo Joe Quesada, é apenas uma: "É mágica, não precisa explicar."

Depois dessa, não consigo nem falar mais nada. Apenas lamentar pelo Espetacular Homem-Aranha, indo reler antigas histórias e ver o novo desenho animado.

Eddie

P.S. quem quiser ler o artigo do Coveiro na época do lançamento US, basta clicar aqui

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