quarta-feira, 27 de julho de 2011

Segundo Advento - Parte III: Messias crucificada

Se Esperança Summers pensava que sua volta para o presente finalmente a colocaria longe de problemas, os acontecimentos em Segundo Advento chegam à terceira parte e mostram exatamente o contrário: só no seu resgate, houve um desaparecimento, uma pessoa gravemente ferida e duas mortes. E como ela está prestes a descobrir, isso não é exatamente um ponto positivo para a forma com que os outros mutantes a veem...

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A terceira parte (relembre aqui a primeira e a segunda) da terceira saga da “Trilogia Messiânica” se encontra publicada aqui em X-Men 115, com histórias de Fabulosos X-Men (roteiro de Matt Fraction e arte de Terry Dodson), Novos Mutantes (roteiro de Zeb Wells e arte de Ibraim Roberson e Lan Medina) e X-Men: Legado (roteiro de Mike Carey e arte de Greg Land).



Embora a messias esteja a salvo, ainda há muito o que fazer. Conforme será mostrado em breve em X-Men Extra, Ciclope ordena que Míssil lidere uma equipe ao Limbo para resgatar Magia, ainda desaparecida (teletransporte por conta da Fada, que não está feliz com isso), e o Clube X recebe a tarefa de investigar as torres que Bastion construiu. Essas duas histórias serão desenvolvidas em tramas paralelas à saga principal.



Também é preciso providenciar um funeral para Noturno, morto ao resgatar a messias (Ariel, também falecida no resgate, foi sumariamente esquecida). O ex X-Man Fera viaja especialmente para o funeral, e culpa Scott pela morte do amigo (e é difícil para a gente dizer se ele está certo e se é o momento mais adequado para discutir isso). Na elegia, os amigos de Kurt relembraram sua alegria, perseverança, companheirismo, coragem e fé.

Nós, leitores, também concordamos: Noturno é alguém que fará muita, mas muita falta. Confesso que minha reação ao ver a cena foi: “Por que logo ele?” E a perda de Kurt só nos lembra de quão altos são os riscos nessa guerra messiânica.



Mas o que mais chama atenção nessa terceira parte da saga é a crucificação moral de Esperança. O que fica claro logo quando os X-Men observam chocados o cadáver de Noturno: Magma diz para a garota trazê-lo de volta, o que a deixa amedrontada com as expectativas que todos estão colocando em cima dela. No funeral do herói, Wolverine também mostra seu descontentamento com a garota: “Espero que cê valha tudo isso”.



E a situação fica ainda pior depois do exame médico (onde a menina começa uma amizade improvável com Magneto), ela vê Dani Moonstar gritando com Cable e a tratando como criança. Logo as duas estão se engalfinhando no refeitório da ilha, e fica clara aqui a diferença entre a postura de Cable e a de Ciclope: Scott acredita que Esperança deve ser protegida de todo perigo, enquanto Nathan defende que ela precisa lutar as próprias lutas.



Mas o combate é interrompido quando revela-se que Donald Pierce, que os leitores de X-Force já sabiam estar espionando Utopia para Bastion, consegue driblar os sistemas de Perigo e explodir os Pássaros Negros da ilha. Pierce é destruído, mas é tarde demais.



Agora, os X-Men estão sem transporte. Dos teleportadores restantes, duas estão no Limbo e Bastion providencia para que Vanisher seja morto, quando o anti-herói foge para Portugal. E fica claro o motivo: o vilão pretende prender os mutantes – e também a cidade de São Francisco e seus arredores – em uma esfera de energia quantum-irresolvível. O Clube X, preso do lado de fora da esfera, tenta achar um jeito de libertar seus amigos, com a ajuda inesperada dos Vingadores. Mas nem o Mjolnir de Thor parece capaz de romper a barreira.



Os X-Men encontram uma segunda esfera, menor, na Golden Gate Bridge. E como nada está tão ruim que não possa piorar, a parte final do plano de Bastion fica clara: lembram quando os X-Men quase morreram enfrentando um supersentinela Nimrod? Pois é, da esfera menor saíram cinco deles. E não há para onde fugir.

Quanto à Esperança, é cruel colocar tanta responsabilidade nas costas de uma menina, a coitada tendo sido moralmente crucificada pelos X-Men durante toda essa revista. Chego a sentir pena dela quando ela confessa que mentiu que estava pronta para voltar: ela só queria fugir da vida sofrida que levava. Mas sendo a salvação predestinada ou não, ninguém pode negar que Esperança é uma guerreira. Ela decide que não vai usar o último salto temporal de Nathan; ela vai ficar. E lutar.



Cable não consegue esconder o sorriso de orgulho pela “filha”. E enquanto escrevo este artigo, eu também não consigo.

Fernando Saker

Obs.: as (muitas) capas variantes das três edições envolvidas neste artigo podem ser vistas aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e (ufa!) aqui

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