terça-feira, 26 de julho de 2011

Projeto Marvels: Retornando a era pré-Marvel

A palavra “retcon” costumava vir acompanhada de arrepios quando ouvidas por alguns, mas a grande verdade é que hoje em dia o usufruto deste artifício pela Marvel tornou-se o que costumeiramente chamamos “mal necessário”, uma maneira de revitalizar as histórias ao mesmo tempo que honrando alguns alicerces do passado, sem qualquer necessidade de “crises”. E o mestre deste tipo de jogada chama-se Ed Brubaker, que está promovendo uma excelente fase no Capitão América e foi escalado para algo maior, Projeto Marvels, que chegou as bancas pela Panini alguns dias atrás.

Projeto Marvels

Projeto Marvels tem como meta recontar as primeiras histórias dos heróis da época da Timely ainda, com todo clima de época que somente poderia ser contado pelas mãos ganhadoras do Eisner de Ed Brubaker. Obviamente, assim como foi com seus anos no Capitão América, o escritor dá seu toque pessoal dando um clima mais realista e profundo, nos deixando com uma nova perspectiva quanto a criação do Capitão América ou o primeiro combate de Namor com o Tocha Humana.

Projeto Marvels

Para ajudar Brubaker nesta empreitada, juntou-se a ele mais uma vez Steve Epting, que faz um magnífico trabalho junto com o colorista Dave Stewart, com ilustrações com precioso material cheio de referências de época... E porque não dizer que brilhantemente baseado até nos quadrinhos originais.

Para te acompanhar nessa, usando um recurso até um pouco parecido do “Marvels” original, temos as histórias sendo contadas pela visão de Thomas Halloway, o homem que passou a usar a identidade heróica do Anjo (o original dos anos 40). Thomas escreve numa espécie de diário que terá como meta um dia repassar toda sua vivência ao lado das maravilhas, do nascimento dos heróis no mundo. E assim, ele divide espaço com os célebres Jimmy Hammond (O Tocha original) e Steve Rogers (o Capitão América) ao mesmo tempo que os não tão conhecidos como Brian Falsworth (O Destruidor, que viria a se tornar depois o Segundo Union Jack), Allan Lewis (Bala Fantasma) e o detetive Furão (sem nome, mas sempre acompanhado da Narizinho).

Projeto Marvels

Paralelo às aventuras fantásticas dos heróis, Brubaker presenteou os leitores também com um belo thriller envolvendo uma conspiração nazista em território norte-americano, ao mesmo tempo em que na Europa um Nick Fury bem mais novo, ao lado do amigo Red Hargrove, já começam a ter sua experiência em servicinhos sujos e sorrateiros desarticulando as forças do Reich sem mal eles perceberem. No meio desta, um personagem há muito esquecido, John Stelee é reintroduzido aos leitores. E ele é alguém que certamente vocês deveriam começar a prestar atenção.

Projeto Marvels

A história em si é muito bem conectada. Ela complementa e interliga várias coisas da era pré-marvel, ao mesmo tempo em que dá a Brubaker a chance de abrir novas possibilidades para suas atuais histórias. Não preciso nem mesmo falar do clima, que ao mesmo tempo que é narrado por Halloway, num tom jornalístico as vezes, dá um ar até quase realista a coisa. Resta apenas falar do acabamento dado a Panini, que mais uma vez investe na impressão indonésia que tem dado muito certo. Para uma história assim tão boa, o mínimo era realmente ter essa qualidade de papel e capa dura. E com ótimo preço.

Enfim, é um item importante para todo Marvete que se preze. Compensa bastante o dinheiro e está entre a minha lista de edições favoritas do ano. Não vai ter aquele que vai se arrepender de ter comprado.

Coveiro

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