quarta-feira, 30 de março de 2016

Espetaculares X-Men: O melhor e o pior de nós


Kurt Wagner, o Noturno dos X-Men, sempre foi um dos integrantes mais carismáticos da equipe mutante. Por trás de sua aparência demoniaca, sempre foi um homem gentil e disposto a tudo para ajudar seus amigos e seus alunos da Escola Jean Grey para Estudos Avançados. Antes de sofrer as consequências dos eventos da saga Eixo, em que diversos heróis e viloes tiveram seus comportamentos invertidos, Kurt teve a oportunidade de ajudar um dos alunos mais antigos da instituição, Victor Borkowski, mais conhecido como Anole

O jovem havia marcado o primeiro encontro com um rapaz que paquerava pela internet mas, envergonhado de sua aparência, não teve coragem de se apresentar a ele. Coube a Noturno e a Jean-Paul Beaubier, o Estrela Polar, ajudá-lo a superar o seu medo enquanto enfrentavam as ilusões de Regan Wyngard, filha do Mestre Mental. No final, Regan foi derrotada e Anole teve o seu encontro. Esses acontecimentos foram mostrados em Amazing X-Men #13, numa boa história escrita por James Tynion IV e desenhada por Jorge Jiménez, publicada no Brasil em X-Men Extra #23 pela Panini.


Infelizmente, não veremos a seguir o elfo agindo como todos nós conhecemos e adoramos. Com sua personalidade invertida, Noturno decidiu voltar a Winzeldorf, Alemanha, onde por pouco não foi linchado muitos anos atrás, antes de ser salvo por Charles Xavier. Seu objetivo é encontrar as primeiras pessoas que o feriram de verdade, uma das quais a responsável pelo seu quase linchamento, o pároco local. Apenas sua mãe, Mística, "invertida" em heroína, é capaz de detê-lo, ao mesmo tempo em que é caçada pela SHIELD. Essa desagradável reunião familiar será mostrada pelo escritor Chris Yost e os desenhistas Carlo Barbieri e Iban Coello em Amazing X-Men #14, publicada em X-Men Extra #25 pela Panini.

Noturno decide brincar com sua vítima antes de matá-la e faz com que ela corra pelas ruas da cidade, tomada por uma tempestade de neve. Kurt encurrala o padre e revela a ele que tentou ser um homem de Deus, mas descobriu que "minha vocação nunca foi para o perdão, mas para o juízo."


Kurt é bruscamente interrompido por sua mãe, que se atira em cima dele. De início, ele pensa que ela veio ajudá-lo, mas ela diz que veio até ali para detê-lo. Ela tenta trazê-lo à razão, dizendo-lhe que ele tem uma "boa alma". Noturno responde que não tem mais nenhuma, pois a utilizou para sua ressureição. Em seguida, ele parte para se vingar dos "humanos de boa alma, que hoje vão pagar caro por tudo que nos fizeram". 

Mística percebe que seu filho utiliza seus poderes de teleporte de maneira que ela sempre temeu, como faria Azazel, o demônio que é o pai de Kurt. Ela se desdobra para que ninguém morra por causa disso. Num ato desesperado, ela assume a forma do melhor amigo de Kurt, o falecido Wolverine, o que o faz hesitar por um momento e isso é tudo o que ela precisa para tentar derrubá-lo em um combate feroz. 


Mas o combate é interrompido por uma rajada de metralhadora de um helicóptero da SHIELD. Mística tenta afastá-lo, mas o piloto não lhe dá ouvidos. Kurt se teleporta para a cabine e luta contra o piloto para derrubar a nave. Mística vem em seguida e afasta os dois, decidida a evitar que Kurt não mate ninguém. Ele se teleporta seguidas vezes no interior da cabine com sua mãe para desorientá-la, mas ela não desiste: "Eu não vou soltar nunca, meu filho, eu te amo". 


Kurt hesita novamente e vai embora, sozinho. O helicóptero está prestes a atingir o solo, mas Mística consegue se salvar junto com o piloto no último instante. Ela respira aliviada, pois ninguém morreu nas mãos de seu filho e renova sua determinação em encontrá-lo, pois ele nunca desistiria dela. 

Craig Yost mais uma vez fez um bom uso da cronologia mutante ao fazer com que Noturno reencontre um de seus antigos algozes da juventude. Como observado por Mística na narrativa dessa história, Kurt sempre foi alguém que enxergava o melhor de cada um, algo visto claramente na anterior e, com sua "inversão", passou a encarnar o pior, querendo se vingar daqueles que quase o queimaram vivo e matar qualquer um que cruzasse seu caminho. O resultado deste "tie in" ficou bom num evento que gerou muita controvérsia. Gostei também dos desenhos de Jorge Jiménez na primeira história e de Carlo Barbieri e Iban Coello na segunda, com boa narrativa e boas sequências de ação. 

Gostaria de acrescentar que neste "tie in" tivemos a presença de Nick Fury Jr., mas ele ainda se recupera do incidente que sofreu em Vingadores Secretos, onde foi atacado por ácido. Culpa mais de quem editou do que de quem escreveu a história. A Panini também poderia ter sido mais cuidadosa em sua revisão, já que os créditos da segunda história ficaram com a impressão meio borrada. 

C@rlos

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