sábado, 17 de fevereiro de 2018

MARATONA 616: TOP 10 Roteiristas do Pantera Negra



Durante seus 50 anos de existência, nem sempre o Pantera Negra teve uma revista mensal de fato. Mas mesmo quando era apenas membro dos Vingadores ou coadjuvante das histórias do Quarteto Fantástico, os roteiristas contribuíram para montar a sua rica história que hoje conhecemos e foi parar este final de semana nos cinemas. Aos poucos, mostrou-se capaz de protagonizar sua própria revista quando teve espaço para histórias inéditas na Jungle Action e com o tempo grandes nomes foram especialmente escalados pela Marvel para cuidar do título mensal do Pantera Negra. Conheça quem foram os grandes responsáveis pelo sucesso do personagem ao longo destes anos em nossa lista a seguir:


10- Jonantan Maberry
Teve uma curta passagem não só pelo Pantera Negra como pela Marvel em si. Praticamente, surgiu como um escritor substituto do Reginald Hudlin nas histórias da Shuri na fase em que ela era Pantera Negra. Fez um arco para estabelecer a personagem como nova heroína e que acabou batendo de frente com Namor e Doutor Destino. Paralelamente, também escreveu a minissérie em quatro edições Klaws of the Panther em que Shuri encontrava um herói da Marvel diferente em cada edição. Seu trabalho mais notável, no entanto, é a minissérie DoomWar em 6 partes que colocou os dois irmãos Panteras Negras, ao lado do Quarteto Fantástico, X-Men e Deadpool, contra o Doutor Destino. É uma história inédita no Brasil, cheia de reviravoltas e com consequências impactantes para Wakanda.



9- Dave Liss
Talvez, a passagem menos marcante do Pantera Negra enquanto revista mensal seja a escrita pelo Dave Liss. Aconteceu logo após os eventos de Vingadores vs X-Men, quando Wakanda foi completamente devastada por uma ataque atlante e Shuri se ver forçada a exilar seu irmão devido a insatisfação de alguns membros do Reino que culparam T'Challa pela tragédia. Com isso, aproveitando que o Matt Murdock estaria ausente de seu bairro após o que lhe aconteceu em Terra das Sombras, T'Challa se incumbiu de ser o novo Protetor da Cozinha do Inferno. Pescando ainda a numeração do título do Demolidor, surgiu a revista Pantera Negra: O Homem sem Medo (#513 a #523) que logo foi rebatizada de Pantera Negra: O Mais Perigoso Homem Vivo (#523.1 até #529). As histórias mostravam um T'Challa resolvendo os problemas da selva de pedra de NY, contando sempre com a ajuda dos amigos Luke Cage e Sam Wilson. Nessa fase, surgiu o personagem "Pantera Americano" e um novo confronto com Kraven, o Caçador.



8-Roy Thomas
Roy Thomas, o segundo em comando na Marvel na Era Stan Lee, foi fundamental no estabelecimento do personagem ao fazer com que o Pantera Negra fosse membro oficial dos Vingadores, deixando assim de ser apenas mais um personagem coadjuvante das histórias do Quarteto Fantástico. Logo na primeira participação dele na edição 52, ele  adentra na mansão dos Vingadores e descobre que a equipe foi derrotada pelo Ceifador e derrota o vilão sozinho. Em seguida, é chamado para ingressar no grupo onde tem que encarar seu ex-adversário Garra Sônica que virou integrante dos Mestres do Terror ao mesmo tempo em que novos vilões pessoais como o Homem-Gorila são apresentados (The Avengers #62). Lutou contra os Filhos da Serpente, Legião Letal, Esquadrão Sinistro e teve sua origem recontada nas páginas da edição #87, com arte de Sal Buscema. Nessa história, é a primeira vez que é revelado detalhes do ritual de passagem do Pantera Negra, conta pela primeira vez que T'Challa teve parte de seus estudos nos EUA e revelou mais um plot de conspiração de seu trono. Roy Thomas ficou nos Vingadores até a edição #104, sendo substituído logo em seguida por Steve Englehart, que continuou com o Pantera Negra na formação do grupo e trabalhou outras tantas histórias com ele como foi no combate contra o Deus-Leão Sekhmet e na luta contra o Zodíaco.



7-Peter B. Gillis
Gillis sempre foi um escritor dos anos 80 reconhecido por histórias maduras e de teor existêncialista, marcado pela sua passagem em Defensores e Doutor Estranho. Contudo, sua minissérie em quatro partes do Pantera Negra (aqui publicada pela editora Globo). Ele coloca o Rei de Wakanda num momento de dúvida, se o espírito da Deusa Pantera, de fato se encontra com ele ou não, fazendo assim até mesmo os cidadãos de Wakanda questionar seu rei. Paralelamente, cria a ameaça dos Supremacistas que invadiam diversas nações locais e estavam prestes a bater as portas de Wakanda. Enfraquecido, T'Challa acaba tendo uma redescoberta do seu 'eu' num novo encontro com a Deusa Bast que lembra sua posição como seu avatar, que seu dever inclusive é proteger aqueles que rezam pelo Deus Pantera. É nessa história que pela primeira vez T'Challa teve que encarar uma personificação do Deus Pantera num combate que mal conseguiu escapar. Essa ideia, mais tarde seria trabalhada por outros autores, que colocariam o confronto e teste com o Deus Pantera como parte necessária do ritual para ser o Pantera Negra. Apesar de só ter contribuído nessas únicas ediçoes, o trabalho de Peter B. Gillis aqui é tão bom que merece de fato um lugar na lista.



6-Reginald Hudlin
O nome de Reginald Hudlin é de grande peso na indústria do entretenimento, sendo um grande diretor, produtor e roteiristas de séries de TV, além de ter sido presidente da Black Entertainment Television (BET) por quase cinco anos. Quando foi convocado para escrever as histórias do Pantera Negra, havia portanto grande expectativa em cima de sua passagem pelo personagem. Seu primeiro arco de história "Quem é o Pantera Negra?", O casamento do Rei de Wakanda com a líder dos X-Men Tempestade e, principalmente, ter introduzido uma personagem que só cresceria a partir daí, Shuri, a irmã caçula do Pantera Negra que até então nenhum leitor conhecia foram algumas das suas contribuições importantes. O único problema de Hudlin era sua falta de compromisso com tudo que já tinha sido feito no passado com o personagem. Ignorava bastante coisa da história anterior do personagem, alterou bastante a personalidade de coadjuvantes, causando uma baita confusão cronológica que muitas vezes fazia o leitor fã do personagem se perguntar se no começo suas histórias estavam de fato na mesma cronologia ou não.



5-Stan Lee e Jack Kirby
Numa lista de cinco melhores escritores, não poderia faltar aqui os criadores que apostaram em dar vida ao primeiro super-herói negro com poderes dos quadrinhos. Logo em sua primeira história, a ideia de T'Challa ser um cara tão preparado que era capaz de antecipar as ações do Quarteto Fantástico e derrotá-los um a um seria levado daí por diante a personalidade do herói para todo sempre. Na edição que segue, ambos apresentaram a origem e o principal vilão do Pantera Negra, mas talvez o que mais mereça destaque é terem imaginado um primórdio de afrofuturismo ao estabelecer Wakanda como algo além do tempo, e como de praxe com um visual kirbyano bem arrojado. No entanto, histórias dos bastidores falam que Lee e Kirby que já divergiam bastante nesta fase da vida, tinham ideias diferentes para levar o personagem, tanto visualmente como conceitualmente. Tempos depois, numa fase menos destacável, Jack Kirby escreveu e desenhou sozinho histórias do personagem que tinham quase nenhuma relação e contato com o restante do universo Marvel. Deixou T'Challa com um ar menos sóbrio, mais aventureiro e alegre, com uma trama muito psicodélica envolvendo sapos teletransportadores de outra dimensão e vilões esteriotipados. Apesar da trama hoje ser considerada aqui por ele algo fora da cronologia, vale dar uma olhadinha no visual criado pelo lendário quadrinista para o Personagem e seu Reino altamente desenvolvido (e mais colorido) no meio da África.



4-Ta-Nehisi Coates
O escritor negro americano Ta-Nehisi Coates foi escalado especialmente pela Marvel no mesmo período que o Pantera Negra seria apresentado ao público geral nos cinemas e tinha como principal tarefa dar nova vida e direção as histórias de Wakanda. E ele fez isso de uma forma bastante competente até o presente momento em que estamos acompanhando. Quem leu aqui o recente lançamento no Brasil do arco "Uma Nação sob Nossos Pés" viu que Coates está seguindo o mesmo caminho que Priest fez 20 anos atrás com o Pantera Negra ao discutir temas atuais, introduziu questões políticas importantes e deixou Wakanda ainda mais moderna dentro do conceito Afrofuturista. É um autor dedicado, que tenta sempre pescar das histórias de roteiristas anteriores, redirecioná-las para novos rumos, mas sem densonrar ou esquecer o que foi feito. Além da revista mensal, Coates criou ainda dois outros títulos (limitados a apenas algumas edições) como foi o caso de World of Wakanda e Black Panther & The Crew, convidando outros autores negros para compartilhar suas ideias como foi o caso de Roxane Gay e Yona Harvey



3-Jonanthan Hickman
Um dos nomes de maiores pesos da Marvel dos últimos tempos, Jonanthan Hickman nunca escreveu de fato histórias mensais do herói de Wakanda, mas quem acompanhou seu trabalho na Marvel sabe que desde o final de seu tempo no Quarteto Fantástico, ele tinha planos bem definidos para o Pantera Negra. Mesmo Shuri sendo a atual portadora do manto do Pantera, ele deu um jeito de colocar de volta o uniforme em T'Challa ao fazer dele o Rei da Necrópole de Wakanda, sendo particularmente abençoado por Bast e ganhando seus poderes a partir de agora através dos espíritos ancestrais de antigos Pantera Negras. Daí, Jonantha Hickman levou T'Challa para a revista dos Novos Vingadores, incluindo-o numa nova formação dos Illuminatti. Ao lado de Reed Richards, T'Challa notoriamente era um dos personagens principais da revista e um protagonista certo para o vindouro grande plano do autor até a chegada das novas Guerras Secretas. Nesse meio tempo, Hickman desenvolveu conceito místicos de Wakanda, a relação de T'Challa com seus ancestrais e acirrou a situação tensa que já existia entre o Rei de Wakanda e Namor.



2-Don McGregor
Quando começou na Marvel nos anos 70, Don McGregor tinha a modesta tarefa de revisar títulos que continham republicações como foi o caso da Jungle Action, cuja primeira história do Pantera Negra que saiu na revista foi uma revisão da The Avengers #62 com o personagem. McGregor convenceu o editorial que precisavam trabalhar mais os títulos envolvendo heróis negros da editora, pedindo assim para continuar novas histórias do herói de Wakanda e juntou-se com Rick Buckler para essa tarefa. Eram apenas 12 a 15 páginas de material novo por edição, mas feitos de modo planejado, auto-contido, mas sempre com um plot maior indicando um longo run em que estabelecia com maior robustez conceitos do Pantera Negra. McGregor criou o grande nemesis do personagem, Erik Killmonger, e no meio disto uma série de pequenos outros vilões bastante característicos para o personagem. Apesar de sua wakanda ser mais tribal do que futurista, tentou levar ao máximo da cultura do antigo continente aos leitores americanos. Jungle Action #6 a #18 acabou sendo reconhecida posteriormente pelos críticos como a primeira ideia de uma Graphic Novel, mesmo que fosse originalmente serializada. "A Fúria do Pantera Negra" é considerado o pilar inicial do herói. Seu arco subsequente levou T'Challa aos EUAs confrontando o Klu Kux Klan e de tão polêmico teve que ser concluido em outro volume, nas páginas da Marvel Premiere. Mais adiante, McGregor criou nas páginas de Marvel Comics Presents o arco de história "Panther's Quest" em que T'Challa tem que resgatar sua madrasta desaparecida de um reino que a fez refém. É uma história continuada de poucas páginas que perdurou por 25 edições do título.




1-Christopher Priest
Pode perguntar a qualquer um que tenha estudado pra valer o personagem, a longa passagem de Christopher Priest no Pantera Negra é considerado a "fase definitiva" do personagem. Apesar de todo o mérito que Don McGregor teve para estabelecer os conceitos primordiais e a mitologia por detrás do herói, foi Priest quem realmente se empenhou em entender o que é o Pantera Negra, não só como herói mas também como Rei de uma Nação avançada no meio da Africa e o avatar de um força divina na Terra. Começou as histórias com o selo Marvel Knight e mesmo quando a revista foi retirada do conceito, permaneceu com seu roteiro ousado, com personagens marcantes e sólidos e uma trama sempre grandiosa digna da complexidade do personagem.

 Foi Christopher Priest que pela primeira vez deu forma a uma Wakanda altamente futurista, transformou o Pantera Negra mais do que um exímio lutador, mas sim um personagem com todo o suporte tecnológico e retomou seu conceito inicial de ser alguém sempre preparado pro seu inimigo. Recheou as histórias com uma série de coadjuvante novos marcantes, com funções na trama e sempre um humor bem tratado. Ele renovou conceitos de antigos vilões, ao mesmo tempo que trouxe uma grande leva de novos para a galeria do personagem. Conceitos que ficaram marcados até hoje como as Dora Milaje e Hatut Zeraze foram criados aqui e boa parte das relações tribais modernizadas foram estabelecidas nessa fase.

Inspirado no recente sucesso do Wesley Snipes de Blade, o Pantera Negra dessa fase tinha uma voz moderna para falar com o público de hoje e conseguiu um feito ao estabelecer por tanto tempo um herói não-americano como algo vendável nos EUA. Apesar de sempre estar no risco do cancelamento, Christopher Priest conseguiu manter a revista do Pantera Negra por mais de 60 edições e ainda depois do seu cancelamento colocou um pouco de sobrevida nesse seu trabalho com a revista "The Crew" formada por personagens negros e latinos basicamente. Recentemente, Priest foi convidado pela Marvel para participar de sua reunião anual de escritores no começo de 2018, o que significa que provavelmente há sinais de que o autor deve voltar a casa em breve. Espero que isso se realize, fez bastante falta.




Outros autores que merecem aqui algum menção são Jason Aaron  (fez um dos mais memoráveis Tie Ins da Invasão Secreta), Ed Hannigan (foi Filler da fase do Kirby no Pantera Negra), Kurt Busiek (que colocou T'Challa como membro constante dos Vingadores em seu período como escritor do grupo), Dwayne McDuffie (que escreveu as histórias do Quarteto Fantástico quando Tempestade e T'Challa substituíram a família Richards nas suas férias) e Eric Jerome Dickey (que retrabalhou o primeiro encontro entre Ororo e T'Challa na minissérie 'Storm').

Coveiro

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