quinta-feira, 22 de setembro de 2011

X-Men: Ao vencedor, as batatas*

Depois do Reinado Sombrio e do Cerco a Asgard, uma nova Era Heróica se inicia no Universo Marvel. Neste tempo, os mutantes também passaram suas próprias dificuldades com a construção de Utopia, Necrosha, os X-Men Sombrios, a busca pela Messias e, mais recentemente, o ataque das forças anti-mutante lideradas por Bastion e um exército de Nimrods. Os X-Men, agora, iniciam uma fase nova, mas antes cada um tem que se recuperar de tudo o que passou. Essa calmaria que segue a tempestade nos é narrada na revista X-Men 117 de 3 diferentes pontos de vista: Scott Summers, Hank McCoy e Esperança.

Photobucket

O ponto de vista do líder, Ciclope, após a guerra. “Eu fiz certo?”, “Eu tomei a decisão acertada?”, “O que irá acontecer agora?”, “Que consequências meus atos trarão?”. Depois de tanta tensão em que o X-Man teve de resolver problemas surgidos no calor da batalha, expor suas manobras sombrias (X-Force) e perder amigos em lutas a que ele os destinou, o que ele precisa é relaxar, é descansar a cabeça. Afinal, como líder o que mais vinha fazendo era pensar, esquematizar, criar estratégias e escapatórias... Não lutar. Seu lado soldado se manteve suprimido, não houve batalha puramente física onde pudesse esgotar suas energias e descontar as frustrações. Ele busca isso agora, na Terra Selvagem, caçando dinossauros. Sem pensar, só agindo. Ele recebe a “visita” de alguém ilustre, que sabe o fardo de comandar, decidir e ter que arcar com consequências há anos: Steve Rogers. Steve sugere que é hora dos X-Men saírem das sombras e se assumirem como heróis publicamente, afinal, uma Era Heróica acaba de começar e todos viram o que eles fizeram para salvar a todos em São Francisco. Porém, Scott ainda mantém a mente de odiado pela humanidade; após tantos anos é difícil mudar esse pensamento. De qualquer forma, ele acaba aceitando ser homenageado pelo presidente com uma medalha de honra (obra de Steve).

Photobucket

Falando em consequências dos atos de um líder, uma delas é Fera ter deixado a equipe. Ele não concordou com as atitudes de Summers e, atualmente, faz parte da equipe secreta de Vingadores de Steve Rogers (que anda onipresente como o Wolverine!). Seu “pós-guerra” é um momento agradável onde ele espera a namorada (agente Brand) no zoológico. Após ela não aparecer, surge Molly Hayes (mutante, membro dos Fugitivos) e a conversa dos dois é ótima. É a provocação da criança (mesmo que ela já tenha crescido um pouco) que enxerga as coisas de forma mais simples contra a do cientista que vê tudo de forma complexa. A conversa é sobre extinção, para um trabalho de Molly. Mas Hank começa a falar com a menina esquecendo que sua linguagem não é a mesma que a dela, explicando que “extinção” (pergunta dela) significa que uma espécie não existe mais, o que a assusta como se algo fosse acontecer com ela. Nem os 6 nascimentos ocorridos desde Esperança não reanimam as chances do cientista que, como tal, sabe que não é um número significatico estatisticamente para evitar a extinção. Mas a contraparte otimista, Molly, soa como Noturno que diz que ele tem que acreditar que vai ficar tudo bem. Depois de tanto pessimismo, McCoy diz algo acalentador: eles sabem que serão extintos, ao contrário da maioria dos animais, e têm capacidade de deixar algum legado. O que eles vão deixar para um mundo quando não existirem mais mutantes? É algo pra se pensar, mas não agora. Agora é hora de começar o resto da vida deles... comendo pipoca. A criança venceu o cientista.
Photobucket

Esperança nasceu já em meio à violência e morte. A primeira mutante depois do Dia M chamou a atenção de todos que brigaram por sua guarda e muitos morreram. Ela foi resgatada e perambulou com Cable pelo futuro e passado, fugindo de Bishop. Sempre fugindo, se escondendo. Em meio a épocas mais insólitas que a nossa, em meio a guerras, fome e tudo mais. Ela cresceu assim e agora está “em casa” e também vai começar o resto da vida dela, mas depois de tanta insalubridade, os X-Men decidem levá-la para um check up pelo Dr. Reed Richards. Não parece existir nenhum dano devido aos saltos temporais, só os problemas normais de alguém que viveu em situações difíceis. Menos mal. Em meio aos exames, ela conhece o curioso Franklin Richards, pra quem é até normal conhecer alguém deslocado no tempo. Da mesma forma que Molly no papel da visão otimista da criança para Hank, Franklin passa uma visão de esperança, de que aquelas pessoas estranhas serão, no futuro, uma família. Ou, na mesma ideia da Molly, de que é preciso acreditar que tudo ficará bem.

Photobucket

Escritos todos por Matt Fraction, cada ponto de vista é retratado por um artista: Whilce Portacio na parte de Ciclope, Steve Sanders para o Fera e Jamie Mckelvie nas páginas de Esperança (que finalmente desenhou um uniforme decente para a Vampira). De certa forma, cada artista retratou sua parte de uma forma que, a meu ver, veio muito a calhar com cada conteúdo. Na história de Scott, traços mais firmes, corpos mais robustos, cenário mais finamente detalhado, cores mais escuras, combinando com uma história de um encontro de soldados caçando dinossauros. Na de Hank, traços mais alegres, um tom de animação infantil, cores mais vivas, remetendo à simplicidade infantil de Molly e da situação (uma conversa no Zoológico). E, por fim, para o episódio de Esperança existe um certo meio termo, também mais simples nos traços e mais vivo nas cores, mas mais realista nos rostos e expressões que o segundo.

No geral, uma história de 3 pontos de vista que sofreram bastante nesses últimos tempos dos mutantes (cada um a seu modo) e que recebem de outras pessoas, como vimos na capa, uma promessa otimista de fé que precisavam naquele momento. Mas, apesar de ser Reed na capa, a mensagem é bem mais forte na fala de Franklin. Contudo, Esperança ainda tem coisas que precisa resolver pra poder deixar qualquer fantasma pra trás e seguir. No exame foi levantada a questão de que não se conhece seu histórico médico familiar já que não se sabe quem é sua família, no Alasca. Convencendo Scott a deixá-la fora da missão de busca pelos outros mutantes que apareceram após o dia M, ela irá buscar sua origem. E assim os X-Men são recebidos com festa em São Francisco e assim eles viveram felizes para sempre... até o próximo problema.

Photobucket


Cammy

*Frase do livro "Quincas Borbas" de Machado de Assis

comments powered by Disqus