quinta-feira, 19 de julho de 2012

X-Men Legado: Novas perspectivas sobre um velho mundo

Em apenas sete dias, os X-Men foram submetidos a uma vida inteira em guerra, na pseudorrealidade conhecida como Era X. No sétimo dia, tudo voltou ao normal no plano material – já no plano mental, a realidade é bem diferente...



Nas duas primeiras histórias pós-Era X, publicadas em X-Men Extra 126, com arte de Jorge Molina e Rafa Sandoval, o roteirista Mike Carey coloca para si mesmo dois desafios: explorar as consequências de sua pequena saga mutante, e dar mais espaço a outros personagens além da Vampira, que até então tinha X-Men: Legado praticamente como uma revista solo. Se ele atingiu os objetivos? Vocês é que vão dizer.

O que eu vou dizer é que embora a Era X tenha acabado, os mutantes em Utopia ainda são profundamente afetados pelas memórias que guardaram dessa “vida em sete dias”. O trauma de vivenciar tanta morte e tanta violência (ainda que de mentira) faz com que a maioria dos habitantes da ilha aceite prontamente a oferta de Emma Frost para remover estas memórias de suas mentes.



Mas duas mulheres não pensam assim. Uma é Vampira: em sua pseudovida como a ceifadora Legado, a sulista prometeu preservar as memórias de todos os mortos em combate, absorvendo-as (literalmente); agora, mesmo com a realidade restaurada, ela considera que precisa honrar a promessa, não importando se os donos das memórias existiram ou não, nem se as circunstâncias em que a promessa foi feita ainda valeriam.

A outra é Frenesi, que ainda tem sérios problemas para separar sua vida na Era X da sua vida em Utopia, a ponto de ainda se sentir apaixonada por Ciclope (que foi seu marido na realidade criada por Legião), ou disposta a defender a honra de seus colegas de guerra da Fortaleza X (mesmo que em Utopia ela nunca tivesse sido próxima deles). Acima disso, Joanna Cargill parece ser uma dos poucos a preferir a vida que levava na Era X – afinal, lá ela era uma heroína, admirada e respeitada por todos. A ex-terrorista decidiu adotar o visual que tinha na outra “vida” e se tornar a heroína que foi lá. Se ela conseguirá? Eis a questão.



Quanto ao causador de toda essa bagunça, Legião, o jovem parece ter finalmente encontrado a solução para suas múltiplas identidades: trabalhando em conjunto, Dr. Nêmesis e o Professor X remodelaram o cenário mental de David, que agora não é mais uma prisão de personalidades, mas uma central telefônica. Combinando telepatia e tecnologia, os dois permitiram que Legião possa acessar suas personalidades – e os poderes delas – a hora que quiser, por livre e espontânea vontade tanto dele como delas. O problema é que, como os três descobriram, algumas personalidades aproveitaram a Era X para fugir do corpo de Legião...



Outra consequência da Era X? A misteriosa Aparição, que continuou existindo em Utopia mesmo quando tudo voltou ao normal. E quem seria ela: Jean Grey? Esperança Summers? Nada disso, a moça é ninguém mais, ninguém menos que Rachel Summers (ou Grey; sei lá que sobrenome ela usa hoje em dia...) – quer dizer, parte dela. É que Aparição ganhou vida não a partir do corpo de Rachel, mas de sua projeção psíquica, enviada à Terra para dar um recado a Ciclope. Mas ela esqueceu o recado, e esqueceu onde seu corpo está. É claro que Scott não deixaria sua filha na mão, e imediatamente se prepara para trazê-la de volta para casa.



Por fim, não poderíamos esquecer de uma complicação que vem se arrastando há um bom tempo, seja em Utopia, seja na Era X: o triângulo amoroso de Vampira, dividida entre o ex (?) ladrão Gambit e o ex (pelo menos até agora...) terrorista Magneto. O primeiro diz para Anna que tem certeza de que ela é o amor de sua vida e que um dia ela perceberá que ele é o amor da vida dela, mas não tentará se reaproximar dela até que esse dia chegue. O segundo, depois de contar a ela um de seus muitos pecados do passado, reconhece que seu passado sombrio não faz dele merecedor do amor da sulista, e a aconselha a se aproximar de Gambit – afinal, é como Jean Grey disse no segundo filme dos X-Men: “as garotas são atraídas pelos bad boys, mas é com os bonzinhos que elas sempre ficam”, certo?

Mas ao que parece, Vampira ainda não está interessada na segunda parte desse ditado...



Fernando Saker

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