terça-feira, 8 de abril de 2014

Resenha 616: Capitão América 2: O Soldado Invernal

*Artigo pode conter spoilers do filme!

 

 O primeiro momento mais aguardado deste ano para qualquer Marvelmaníaco está próximo! Depois de um lançamento de já esperado sucesso de bilheteria, Capitão America 2: O Soldado Invernal estreia nessa quinta-feira em todos os cinemas brasileiros. Mas as críticas já estão explodindo favoráveis por aí em vários veículos de imprensa, mostrando que o Super-Soldado realmente veio para vencer essa guerra. E o Universo Marvel 616, que também já conferiu o filme, é claro que vai deixar aqui seu parecer – Será realmente esse o maior filme da Marvel Studios até então?

Diferente de outros sites de críticas gerais de filme, o nosso não tem como ter uma perspectiva diferencial de “leitor de quadrinhos”, ainda mais sendo tão especializado e específico na Casa das Ideais.  E esse talvez seja o grande diferencial que faz esse filme ser um deleite extra para os leitores de HQ. Diferente de seus anteriores, Capitão America 2 é o primeiro filme da Marvel Studios a evidentemente ostentar em seu título um arco de histórias clássico (porém moderno) em seu roteiro. “Soldado Invernal” leva o peso forte da assinatura premiada de Ed Brubaker, o homem que repaginou o personagem ao olhar mais uma vez o seu passado. Seria muito difícil errar o filme se os roteiristas seguissem sua inspiração fielmente.

É claro que, levando o roteiro para o cinema e dimensionando o personagem para um universo onde os novos espectadores sequer tem ideia dos quase 75 anos de história do Bandeiroso, muita coisa ia ficar de fora. E outras, teriam que mudar. Esses acertos de roteiro, no entanto, nem de longe chegam a comprometer a história. Na verdade, com a nova trama que vem acoplada ao Soldado Invernal, muita gente vai reconhecer ali um toque de “Guerreiros Secretos de Jonanthan Hickman” também. É onde entra o clima de suspense e conspiração que vimos nos trailers e nos posters que questionavam quem era ou não “confiável”.


As relações mais próximas com os quadrinhos não se detém apenas no roteiro, mas também na parte visual. Qualquer um já vai ficar preso na cadeira com as cenas de ação que acontecem logo no começo, mas para quem é leitor de longa data vai sentir uma grande evolução na coreografia das lutas corporais de Steve Rogers neste filme. As acrobacias são descaradamente inspiradas nos movimentos que o desenhista e criador Jack Kirby dava ao personagem em suas primeiras histórias, girando e dançando com escudo nas mãos em golpes certeiros e precisos. Quem reclamou que quase não viu o escudo sendo realmente lançado ao ar como devia acontecer nos filmes anteriores, não vai ter do que se queixar aqui. E dessa vez, você realmente verá sua funcionalidade a cada golpe – trata-se de fato de uma arma de concussão porém leve como uma pluma.

Há espaço também para aproveitar mais a vida pessoal do recém-desperto Rogers neste filme, coisa deixada bastante de lado em Vingadores. Em meio as inevitáveis piadas que giram em torno de seu longo tempo ausente do mundo, o roteiro permitiu um espaço para trabalhar questões pendentes antigas – como a da Peggy Carter – e novos laços formados – com a adição de Sam Wilson, já conhecido parceiro do Capitão America nos quadrinhos, o Falcão. E em ambos os casos, de cenas mais tocantes a mais irreverentes, Chris Evans já mostrou faz algum tempo que sabe muito bem como pisar.


O ponto mais crítico que os diretores talvez tiveram que lidar no filme está na verdade no “vilão” que leva o nome no subtítulo. Alvo de uma série de bobas confusões na internet por conta de trocadilhos, o Soldado Invernal é a chave não só para esse longa, mas também toda a franquia que seguirá do Capitão América. Quando ressurgiu nos quadrinhos, Bucky tinha tudo para ser um alvo altamente criticado pelos fãs mais xiitas, mas o que vimos foi o contrário. Em determinado momento, ficou claro que o roteirista Ed Brubaker até mesmo deu prioridade ao Soldado Invernal em seu texto por conta da boa aceitação dos fãs. O mesmo precisava acontecer nesse filme, atingindo dessa vez os não-leitores. E nesse ponto, os irmãos Russo foram muito mais felizes.

Apresentado praticamente como uma lenda pela Viúva Negra, que o temia desde seus velhos tempos na KGB, rapidamente os espectadores vão entender o significado do porquê do Soldado Invernal. E aos poucos, uma costura vai sendo sutilmente feita para que aquele que não conheça as histórias dos quadrinhos associe a verdadeira identidade por trás do braço de ferro. Então, não mais que de repente, lá estamos nós tão familiarizados em ver Sebastian Stan como Soldado Invernal no meio do filme assim como ficamos com Evans no papel do Capitão no primeiro. Temos bons flashbacks para humanizar mais a história, relembrar sua relação com o jovem e mirrado Steve. A parte da sessão do Museu Smithosonian em homenagem ao Capitão America também é bastante ilustrativa (como foi a da Exposição Stark em Homem de Ferro) para relembrar mais do que vimos no primeiro filme.



Mas mesmo com o protagonista e o vilão fazendo impecavelmente seus papeis, o filme não seria o mesmo sem o suporte de Scarlett Johansson como a Viúva Negra e o Anthony Mackie como Sam Wilson. Ambos geraram pontos importantes no desenvolvimento da personalidade de Steve Rogers, mas também tiveram provavelmente as melhores cenas de ação com seus personagens. Particularmente, fiquei receoso como seria os movimentos do Falcão em vôo logo que o personagem foi anunciado, mas o trailer já havia me tranquilizado bastante. Todavia, no filme, é muito mais espetacular. Depois que o filme acabou, lamentei ao saber que não veremos Sam Wilson no ar de novo nos Vingadores 2, mas já estou ansioso pela sua participação em 2016 no terceiro Capitão America.

Por fim, no que cabe a trama, que talvez seja a de tema mais maduro a ser trabalhada até agora pelo Marvel Studios, eu prefiro deixar reservado aqui para uma discussão posterior em nosso podcast. Lá falaremos mais sobre o desenvolvimentos dos demais vilões do filme, surpresas que repercutirão além deste longa, easter eggs, cenas pós-creditos e demais curiosidades que vamos esmiuçar aqui.

Dito isso, resta apenas responder a pergunta do primeiro parágrafo, o que é algo realmente difícil de fazer já que o peso de Vingadores de Joss Whedon é grande. Mas sendo o Capitão America o meu primeiro herói de infância, é com muito brilho nos olhos que eu o vejo  ter um trabalho final de bater palmas de pé. Certamente, é  até agora o melhor filme da fase 2. E não só pela sua qualidade como filme isolado, mas sim por sua ousadia ao conseguir se conectar com outras tramas de filmes anteriores como Homem de Ferro 2 e Vingadores, seriados de TV como Agentes da SHIELD e futuros projetos como Vingadores 2 e até o não anunciado Doutor Estranho.

Coveiro

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