domingo, 22 de abril de 2012

AvX: Ato 1 (lado X)

* Atenção! Informações inéditas no Brasil e EUA!

Saudações, caros leitores! Como vocês devem saber, abril marcou o começo da grande saga Marvel de 2012. Sem querer entregar grandes detalhes para quem não está acompanhando as notícias do que acontece lá nos EUA e que não sabe (e quer continuar não sabendo) do que essa saga se trata, há um conflito que move a história. Ontem, meu estimado colega Kinhu Heck apresentou um dos lados do conflito; hoje, assumo a responsabilidade de mostrar o outro lado.



Se vocês ainda estão lendo este artigo, é porque não se importam com os spoilers, certo? Então vamos lá: a saga em questão, Avengers Vs. X-Men, mal começou e já colocou os Vingadores e os X-Men em rota de colisão. Kinhu, como eu disse antes, apresentou o lado dos “maiores heróis da Terra”; agora, é hora de apresentar o lado daqueles que “juraram proteger um mundo que os teme e odeia”.

Certo, então a Fênix está vindo à Terra e consumindo planetas no meio do caminho; logo, ela é uma força maligna, certo? Não é bem assim: o propósito da Fênix, vale lembrar, é queimar aquilo que não mais funciona nem evolui, para dar a oportunidade de que algo novo cresça em seu lugar. Já vimos, na história de Nova na one-shot Point One, que assim que o planeta de Terrax é queimado, uma planta começa a nascer. Os Vingadores citam o período da Fênix Negra, quando ela consumiu um sol e condenou um planeta inteiro à morte – só que isso aconteceu apenas depois que o Clube do Inferno corrompeu a entidade, e depois de sua “morte” e “ressurreição”, a Fênix foi quase sempre uma entidade benigna. Mas OK, vamos dar um desconto aqui, porque os habitantes dos planetas queimados provavelmente não aceitariam a morte só por "não mais funcionarem nem evoluirem".

Chegamos então ao problema: como os Vingadores descobrem, a Fênix está vindo para a Terra em busca de um novo hospedeiro, que tudo indica ser a messias mutante Esperança Summers. O plano deles é fugir com a menina do planeta, e o Capitão América fica indignado quando Ciclope diz que a Fênix pode salvar os mutantes da extinção.

Dois pontos precisam ser levados em consideração aqui. Primeiro: a posição de Ciclope realmente parece completamente ilógica... até lembrarmos que essa crença dele não veio do nada: é um aviso enviado por seu filho Cable, que esteve no futuro e viu que o planeta estaria condenado exatamente se Esperança não encontrasse a Fênix. Embora eu acredite que Wolverine não ficou do lado dos Vingadores por más intenções, o fato é que ele mesmo desconhece esse fato. Alguém pode argumentar, claro, que existem vários futuros na linha do tempo 616, e Cable poderia simplesmente estar na “linha errada”. O problema é que existe o segundo ponto.

Vamos a ele então: a Fênix está destruindo planetas enquanto ruma para a Terra. Notem que ela está fazendo isso sem um hospedeiro. Se é assim, a maior probabilidade em retirar Esperança da Terra é exatamente a de que a Fênix vá atrás dela – destruindo a Terra no meio do caminho! Tendo uma hospedeira, pelo menos haveria alguma possibilidade de conter a destruição causada pela Fênix (lembrando que vários hospedeiros foram capazes de contê-la e fazer o bem com ela, vide Jean e Rachel Grey). Não tendo uma hospedeira, como deter seu rastro de destruição?

É verdade que Ciclope não é representado de forma muito simpática na edição, quase mas alguém pode condenar suas atitudes? Sim, ele pegou pesado no treinamento com Esperança, mas exatamente por querer que ela esteja pronta física e mentalmente quando a Fênix chegar. Sim, ele foi agressivo com o Capitão América, mas convenhamos que Steve Rogers esteve o tempo todo desrespeitando a autonomia de Utopia (ele deixou claro que não estava pedindo para levar Esperança, e que a levaria à força se necessário) e menosprezando o fato de que os X-Men conhecem muito melhor a Fênix do que os Vingadores; logo, são eles que sabem como lidar com ela.



Também não está errado quando acusa os Vingadores de raramente estarem presentes quando os X-Men precisaram, e aqui nem estamos falando de casos pontuais como, por exemplo, dos Vingadores não terem ajudado quando os sentinelas da U*N*I perderam o controle ou quando um megassentinela foi posto em rota de colisão com Utopia – mas quando anunciar a formação nova da equipe e implantar uma patrulha em bairros de traficantes é mais importante do que prestar solidariedade aos mutantes logo que eles ficaram “em extinção” e submetidos ao controle de militares, ou quando brigar com a gangue do Capuz é mais importante do que acompanhar o Wolverine a São Francisco para impedir que Norman Osborn prendesse e torturasse mutantes (e diga-se de passagem, seria uma ótima oportunidade para os Vingadores derrubarem o Osborn, na época o maior nêmesis deles), é porque os mutantes estão realmente bem baixo na lista de prioridades dos “maiores heróis da Terra”.

E sim, Ciclope deu o primeiro golpe. Para logo depois descobrirmos que o tempo todo havia um aeroporta-aviões com os Vingadores prontos para atacar – ordem que o Capitão não demora a dar; notem que Ciclope foi o único que cometeu a agressão, mas o Capitão já decidiu começar a guerra contra os mutantes – lembrando que há menores de idade na ilha. Some-se a isso o fato dele estar ordenando um ataque contra uma nação, o que constitui claramente um ato de guerra.

“Ah, mas ele só ordenou o ataque depois que o Ciclope o agrediu!”... essa argumentação é curiosa se lembrarmos que a mesma coisa aconteceu durante a famosa Guerra Civil. Exceto que nela, foi o Capitão América que agrediu primeiro o Homem de Ferro, levando o lado pró-registro a contra-atacar. Ou seja, ou o Capitão estava errado antes, ou está agora. Considerando os pontos indicados antes (ele já ter levado uma força de ataque de antemão, desrespeitado a decisão do governante de Utopia quanto a uma habitante de Utopia, ordenado ataque a uma nação e colocado menores em risco), eu diria que ele está errado agora. Bem errado.

(sim, as imagens internas deste artigo são as mesmas do artigo anterior, até porque as situações descritas são as mesmas... só que sob outro ponto de vista)

De qualquer forma, as batalhas começam em solo utopiano. Entre um golpe e outro, Ciclope aponta outro problema na vinda do Capitão América: ao buscar informações sobre a Fênix, Steve Rogers prontamente aceitou o que Wolverine tinha para dizer em vez de consultar Scott sobre ela. Se Ciclope realmente se tornou um fanático disposto a arriscar o planeta, cabe a cada leitor decidir, mas pensem nisso: assim como a opinião de Scott pode não estar isenta de preconceitos, quem garante que a de Logan também não está? Afinal, o canadense tem um histórico conturbado com a Fênix: a fim de detê-la, já matou Jean, já tentou matar Rachel, e agora tentou matar Esperança (uma menor de idade - cadê agora a filosofia de proteger todos os jovens mutantes, Logan?), falhando após a messias mutante incinerá-lo, colocar o Homem-Aranha e os adolescentes de Utopia a nocaute e fugir da ilha. A sangue frio. Sem qualquer certeza de que ela represente perigo para o planeta. Será mesmo que os Vingadores estão enfrentando um fanático - ou será que estão sendo manipulados por um?

Escolha o leitor o lado que escolher, o ponto é: a guerra já começou. Talvez nem seja necessária, caso a tropa de Vingadores enviada ao espaço consiga deter a Fênix (mas convenhamos, alguém acredita nisso?), mas começou. Quem vencerá a luta e ficará com Esperança? Com quem Esperança quer realmente ficar (se é que ela quer escolher um lado)? Que outras artimanhas terá o Capitão América preparado contra uma população em extinção? Aguardemos para descobrir.


Fernando Saker

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