sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Quarteto Fantástico: Reduzindo os Números


Fantastic Four #540

Um dos personagens centrais mais controversos de Guerra Civil, Reed Richards, o Senhor Fantástico, entrou de cabeça nas atividades dos heróis pró-registro, especialmente na construção e manutenção da gigantesca prisão na zona negativa. Em Universo Marvel 28, em uma história que se passa entre o fim da batalha que resultou na morte do Golias e o fim da edição número 4 de Guerra Civil, vemos mais alguns sinais do comportamento polêmico do líder do Quarteto Fantástico. Comportamento que levou Reed a ficar sozinho. Completamente sozinho.

Reed sempre demonstrou, pelo menos para mim, duas características bem marcantes. Uma é a sua obsessão pela ciência, e como ele acredita que, através de cálculos e análises racionais, tudo pode ser compreendido. A outra é um grande censo de responsabilidade, apesar de, muitas vezes, a primeira característica se sobrepor a esta. E logo no início dessa história podemos vê-lo, ao cuidar da importante prisão 42, uma fixação por números, repetindo quase como um mantra que só eles importam. Ao transferir a prisioneira Faísca, mais uma super-humana que se recusou a aderia ao registro, um incidente. Por descuido de um dos agentes da SHIELD, o dispositivo que a prendia entra em curto, libertando-a. Culpa do descuidado soldado, mas, em sua mente, Reed coloca 100% do fardo dessa falha em suas próprias costas.

Quarteto Fantástico: Guerra Civil

A fuga acaba sendo bem sucedida, mas não pelas habilidades de Faísca. Ela recebe ajuda da já decidida Susan Richards, a Mulher Invisível, que, depois do incidente que gerou a morte do Golias, se aproxima dos Vingadores Secretos do Capitão América. A única coisa que a prende ao Edifício Baxter é seu marido. Não que ele a esteja forçando, ou que seu amor por ele a faça mudar de idéia. Quando Reed interpela Susan, sabendo que ela interferiu na fuga, inicia-se a discussão que determina a triste despedida através de uma carta, que lemos no desfecho de Guerra Civil 4. Discussão na qual Susan tenta convencê-lo de que o que ele, Tony e os outros estão fazendo, é errado.

Como falado no Em Foco, Susan não concorda com a lei, especialmente porque ela a obriga a perseguir e combater amigos. Companheiros. A lei está errada. Quando Reed repete o mesmo discurso da maioria dos pró-registro, de que as leis devem ser obedecidas acima de tudo, ela rebate habilmente lembrando que a Solução Final (massacre de judeus, homossexuais, ciganos, deficientes, entre outros, promovido no Holocausto Nazista) também era lei.

Com raiva, Reed cerra seu punho, como se quisesse golpear de volta a "bofetada moral" que foi a resposta de Susan. Ela o refuta asperamente, dizendo para ele ou desfazer o gesto ou socá-la de uma vez, porque, se não, arrancaria seu braço. Abalada, Susan se recusa a acreditar que seu marido, que ela sabia ser uma pessoa extremamente racional, mas que nunca teve seus sentimentos atrapalhados por isso até agora, estava agindo dessa forma. Então, um recurso patético e claramente mentiroso. Reed diz que está fazendo isso para protegê-la.

Quarteto Fantástico: Guerra Civil

A declaração desencadeia a fúria da Mulher Invisível, que nunca foi nenhuma coitadinha, pelo contrário, demonstrando, mais uma vez, ser a mais poderosa do Quarteto. Causando um senhor prejuízo ao prédio, Susan se irrita demais, rebatendo a apelação infantil de Reed dizendo que ela não está ali para ser usada como uma desculpa esfarrapada que encobre os reais motivos pelos quais ele está fazendo aquilo tudo. Finaliza dizendo que ele se acostumou tanto a seguir as regras, que nem sabe mais porque faz aquilo. Que uma lei pode estar errada, e que vale a pena mesmo morrer para combater o que se acha errado. E aquele homem, que aceita o que é errado porque outros dizem que está certo, não é o Reed com quem ela se casou. Susan vai embora, para voltar mais tarde e se "despedir", com vimos em Guerra Civil 4. E ele, assim que ela sai, só consegue voltar a se concentrar nos números, calculando os prejuízos que Susan causou.

Quarteto Fantástico: Guerra Civil

Concordando que a lei não está correta, mas muito mais passivo (e, talvez, covarde) do que Susan, o Coisa, avisa que vai embora. Buscar asilo em Paris, cidade que já serviu de retiro para diversos exilados políticos no passado. Reed não consegue reagir.

Quarteto Fantástico: Guerra Civil

Em seguida, temos um cruzamento com a última história do Aranha, repetindo a conversa sobre o tio de Reed, após Peter visitar a prisão na Zona Negativa. Uma novidade é que descobrimos que toda aquela conversa entre os dois foi ouvida pelo Homem de Ferro, explicando parte de suas desconfianças.

Quarteto Fantástico: Guerra Civil

E Reed? Bom... Reed fica só com seus números no escuro. No caminho que ele mesmo escolheu.


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