sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Homem-Aranha: Break on through (to the other side)


Amazing Spider-Man #535

Peter Parker cometeu alguns erros. "Revelar minha identidade? Onde eu estava com a cabeça? E expor minha esposa, minha tia (!), a todos os riscos de serem familiares do Homem-Aranha? Assinar o registro de super-humanos e combater o CAPITÃO AMÉRICA? E toda essa guerra acabou levando à morte de Bill Foster, o Golias. Por causa de uma criação bizarra de Hank Pym, Tony Stark (em quem pensei que poderia confiar) e Reed Richards. Não dou a mínima para os motivos do Pym (alguém dá?). Já desconfio porque Tony está nessa. Quer controlar tudo e lucrar com o arsenal necessário para caçar os heróis não registrados. Mas e Reed? Preciso descobrir. Isso está errado. Preciso descobrir e tirar minha família dessa enrascada".

A reviravolta da posição do Homem-Aranha na Guerra Civil se inicia já com as dúvidas de Peter se sua fidelidade ao Homem de Ferro era ou não benéfica, e cada pequeno detalhe o fazia desconfiar mais que não. Cada vez mais se sentia uma marionete do líder dos pró-registro. A batalha que teve como resultado a morte do Golias (Guerra Civil 3 e 4) só parece ter acirrado tal desconforto. Pouco depois, Parker, em uma reportagem de TV, percebe o óbvio que lhe fugia à percepção. As Empresas Stark são as mais beneficiadas economicamente com toda a guerra. A quebra de sua ingenuidade com relação a Stark parece ser a gota d’água para que Peter queira tirar suas últimas dúvidas com relação ao que está prestes a fazer.

Parker cobra do Homem de Ferro uma visita à tal Prisão 42, que ele e Reed construíram para os não registrados capturados até agora. Tony nota a agressividade nas palavras de Peter. Há algo de errado. Ambos vão até o Edifício Baxter, onde encontram um Senhor Fantástico exaurido, mal barbeado e claramente imerso em trabalho. O Homem-Aranha se surpreende quando descobre que a prisão se localiza na Zona Negativa. A coisa era pior do que ele imaginava.

Homem-Aranha: Guerra Civil

Chegando lá, a magnitude e segurança das instalações o deixa boquiaberto. Mesmo assim, todo o papo de que a prisão é a mais confortável possível não faz com que Peter não confronte Tony ao perceber que todos estão presos perpetuamente sem julgamento. Que aquilo, mesmo que seja por um "bom" motivo, é completamente autoritário, um abuso de autoridade sem proporções, comparável ao que é feito em regimes ditatoriais. Mas Stark não parece se incomodar muito em se esconder atrás do mantra "estamos seguindo a lei". E, percebendo que Peter contesta aquilo tudo como nunca contestou, Tony faz uma ameaça velada do destino de um Aranha contra o registro ser o mesmo das pessoas que ele agora via na prisão.

Homem-Aranha: Guerra Civil

Ao voltar ao Edifício Baxter, Peter pergunta a Reed por que apóia o registro. Sua resposta é um pouco contraditória. Ele conta a história de seu tio Ted, um escritor "excêntrico" com quem teve uma relação quase de pai e filho em sua infância. Mas Ted, por sua postura contestadora, acabou sendo chamado a depor no comitê liderado pelo Senador John McCarthy.

Esse comitê, que mais tarde foi chamado de Caça às Bruxas, foi formado no período da Guerra Fria, durando de 1950 a 1956. Seu objetivo era investigar qualquer um suspeito de ter alguma relação com a União Soviética e com o comunismo, que, caso fosse confirmado, seriam condenados por traição aos EUA e, muitas vezes, condenados à morte. O que também ficou conhecido como Macartismo, acabou se transformando em um "show" (de horrores) por McCarthy, que passou a acusar de traição não só comunistas, mas qualquer um que contestasse o governo dos EUA. A perseguição e a censura passaram a ser praticados em profusão. Seus objetivos foram subvertidos, fazendo com que, cada vez mais, McCarthy perdesse popularidade e sua caça às bruxas fosse extinta. Um dos principais responsáveis foi o jornalista Edward R. Murrow (episódio contado no filme Boa Noite e Boa Sorte, de 2005). Algumas das "vítimas" famosas do comitê: Charles Chaplin, Oppenheimer e Orson Welles.

Tio Ted, além de ter de dizer que não era comunista, seria obrigado a apontar suspeitos de seu círculo social. Ele mandou o comitê para o inferno, acabou preso por desacato e nunca mais foi o mesmo. O problema é que, ao invés de tomar isso como um exemplo de que nem sempre uma lei ou algo que o governo faz é correto, Reed conta a história vendo pelo prisma de que, caso obedecesse a lei, nada de ruim teria acontecido com Ted. Mas e com as outras pessoas? Peter diz que provavelmente gostaria do tio de Reed, mas se espanta por ele amá-lo e condenar sua atitude.

Homem-Aranha: Guerra Civil

Chegando na torre dos Vingadores, Peter reúne May e Mary Jane, dizendo que precisam sair dali. Que cometeu um erro. Que nunca poderia ter se revelado e apoiado essa caçada aos anti-registro. Mas suas ações durante as últimas horas foram transparentes demais e, antes de sair com sua família, o Homem-Aranha é violentamente abordado por um irado Homem de Ferro.

Homem-Aranha: Guerra Civil

A continuação desse confronto, veremos em Homem-Aranha 70 e Guerra Civil 5, quando uma nova peça é introduzida nesse jogo.


« Jøåø »

Obs.: Título do artigo retirado da canção Break on through (to the other side), do grupo The Doors.

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