segunda-feira, 4 de novembro de 2013

É um novo fim para Thor e a Jornada ao Mistério

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Chegou o momento do fim. Como comumentye ocorre nas histórias asgardianas, encerramos um ciclo mais uma vez. Sob a batuta de Matt Fraction e Kieron Gillen, associados a Alan Davis, Carmine di Giandomenico, Stephanie Hans e Barry Kitson, o arco “Tudo Queima” traz as consequências diretas das travessuras de Loki que se acumularam até este momento e estão prestes a explodir. Ao soltar o gigantesco Surtur, criar um transtorno entre os reinos dos Senhores do Medo e privilegiar a vitória dos Deuses de Manchester, Loki gerou uma força irrefreável que agora investe sobre os nove mundos.

Como vimos anteriormente, Mestre Wilson (dos Deuses de Manchester) se associou a Surtur, que agora usa suas máquinas como hordas aliadas. Mas essa é apenas uma parte dos problemas, pois uma figura incógnita também oferece essas mesmas máquinas para Gullveig, atual rainha de Vanaheim, irmã caçula de Freya, e que está disposta a acabar com a paz entre os Vanires e Aesires estabelecidas no passado. Com isso, começa as primeiras rebeliões, os primeiros incêndios. A árvore da vida começa a queimar, num nítido sinal de mal presságio.

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Ao tentar sufocar as forças de Gullveig, os Guerreiros de Asgard se veem em grande perigo ao se deparem com as Máquinas do Extramundo (muito mais poderosas por terem sido feitas pelas forjas de Muspelheim). Percebendo que fez uma grande besteira deixando os Deuses do Extramundo vencerem, Loki conta a grande besteira que fez na sua última aventura. O irmão mais velho se irrita e tenta remediar o problema sem muito sucesso numa conversa com Mestre Wilson. E pra piorar, as Mães Supremas de Asgardia são depostas no momento em que o povo descobre que arbitrariamente elas usaram Loki para missões escusas e de intenções particulares. Todos também querem a cabeça do Deus da Trapaça agora ao saber que foi ele quem ajudou a deixar Surtur escapar no passado. Mas isso é algo que Thor não permitirá. Mesmo que tenha que se voltar contra todos os Asgardianos.

A confusão em Asgardia só ameniza quando Heimdall se intromete. Sendo de sangue Vanir, mas fiel aos Aesires, Heimdall é alguém a ser ouvido. Ele clama uma profecia de que todos estão fadados a um terrível fim se voltarem-se uns contra os outros. Então, Thor volta a tomar ares de líder e coloca seus iguais para combater os revoltosos ao longo de todos os noves reinos. Enquanto isso, as Mães Supremas estão presas. São atendidas apenas pela fiel Sif, que acaba sabendo da história que deu origem a paz entre Vaneim e Asgard.  Já o trono vazio de Asgardia, recai para as mãos corpulentas de  Volstagg  depois de tirar tal decisão na sorte com os outros dos Três Guerreiros. É, acredite. Não poderia ser nada pior.

Para remediar o que fez, Loki tem uma audiência com Hela e suplica ajuda. E tal ajuda lhe é negada. Por outro lado, é nesse momento que descobrimos que a encapuzada que serve a Surtur e promoveu a nova guerra é ninguém menos que Leah. Ou um aspecto dela. Loki e Leah voltam a se encontrar quando o jovem Deus da Trapaça tenta entrar sorrateiramente nos reinos de Surtur. É nesse momento que a moça explica que ela não é a mesma Leah que Loki conheceu, mas a menina que Loki criou ao alterar a profecia no arco da Essencia do Medo. Então, o Deus da Trapaça abre seu coração para ela, fala de suas frustações e oferece algo a mais do que a simples sede de vingança de Surtur. E assim Loki volta a ganhar mais uma aliada.

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Leah leva Loki para conversar com Surtur. E mesmo receoso, o Demônio ouve o que Loki tem a dizer. Assim, mais tarde, o Deus da Trapaça convoca ali seu irmão, Thor, para as escaldantes terras de Muspelheim. E lá Loki o trai, lançando à mercê de um rio de lava daquele inferno. Sem o Deus do Trovão, a resistência dos Nove Mundos torna-se quase nula.  O traidor Loki parece que deu a Surtur tudo o que ele queria. O gigantes fica extasiado de felicidade e mal percebe quando Loki rouba uma sombra de sua espada quando este se levanta.  Quando Surtur se dá conta, Loki fugiu com a arma. Mas não por muito tempo. Ele libera um antigo desafeto do garoto para caçá-lo – O Lobo de Hel.


Enquanto isso, o então traído Thor continua a arder nas chamas e a única voz que ele ouve é a de Loki. O garoto pede para ele se deixar queimar (com alguma intenção desconhecida) e assim o irmão cede ao fogo. Já Loki, agora caçado pelo Lobo de Hel, não tem muito pra onde se esconder. Sua única chance repousa no cãozinho Thori, que pede uma de suas luvas para fugir dali e atrair o cheiro de Loki para longe. Mal sabia o Deus da Trapaça que iria ser traído pelo “não tão amigo do Deus”. Thori se une ao pai, o Lobo de Hel, e entrega o esconderijo do Trapaceiro. Seria o fim de Loki se Garm, a loba protetora dos portões de Hel e mãe de Thori, junto com as Dísirs não viessem em seu resgate.

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Levado até Hel por magia, Loki tem a segunda chance de reverter o jogo. Com ajuda de Hela, ele é lançado ao passado, minutos antes da Queda da Serpente na Asgard Sombria.  Dessa vez, ele tem a oportunidade de reescrever o que mudou naquela profecia. E o que ele faz é dar livre arbítrio a menina Leah. E quando concluiu a nova profecia, ele foi lançado a Muspelheim, bem próximo a lâmina ardente de Surtur. Mas antes que pudesse sentir o fogo inimigo, foi resgatado por Leah, que agora mais uma vez se coloca como sua aliada. Mas isso só fez com que Surtur tivesse dois alvos agora.

Enquanto isso, em Hel, Thor surge em meio as chamas. Hela diz que em outros tempos era uma oportunidade que ela ia amar, mas agora as prioridades são outras. Thor vai ser liberto dos grilhões do reino dos mortos para poder salvar tudo e a todos.  Assim, liderando as forças de Hel e de Valhala, o Deus do Trovão invade Muspelheim. Lá no meio estão também Bill de Broxton e sua amada Kelda.

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Mas nem isso é suficiente para derrotar Surtur. É preciso mais das artimanhas de Loki. Primeiro, ele se teleporta com Leah até o Extramundo para convencer o Mestre Wilson de que apoiar Surtur é também um risco pra seu próprio reino e assim as máquinas dos Deuses de Manchester são destruídas nos nove reinos. Em seguida, cabe a ele entregar a Thor a sombra da  Espada de Surtur, algo que pode sim ser usado para machucar o Gigante de Muspelheim. Mas resta uma coisa. Ao matar Surtur, a energia do vilão deve ser dispersada para outro lugar que não corra o risco de acabar com os nove reinos.

Então, mais uma vez, vemos a trapaça de Loki. Ele e Leah se passam por Freya e convocam Odin. O Pai de Todos se enfurece com o embuste assim que o descobre, mas atende aos pedidos do filho adotivo.  Quando Thor finalmente matar Surtur, Odin canaliza toda energia do monstro para o vácuo do outrora espaço asgardiano. E assim tudo se encerra comum final feliz. Bem, não tanto assim feliz, na verdade.

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E então, antes de tudo acabar, temos dois epílogos para as revistas antes da nova fase. Em Thor, escrita por Matt Fraction e desenhada por Barry Kitson e Jay Leisten, temos o julgamento do Deus do Trovão por Odin. Devido ao embuste criado por Thor e Loki ao tirá-lo do exílio para salvar tudo, o Pai de Todos exige que seu filho pague um preço e seja exilado. O julgamento é realizado perante todo o povo. Para a acusação, Odin convoca Encantor, que aponta inúmeros momentos em que Asgard (e depois Asgardia) foi posta em perigo pelos problemas que o próprio Thor criou. Já o anão Hreidmar serve de Defesa, e coloca as inúmeras vezes que Thor os tirou do fim certo e sempre agiu com boas intenções. Todavia, o destino daquele julgamento só realmente m uda quando Balder é trazido de volta do Limbo (bem mais velho, mais uma referência a histórias antigas de outro ciclo). Thor está livre. Mas não teria sido tudo um plano de Odin para unir mais sem povo antes de partir? O Pai de todos some sem explicações. Mas então Freyja, diz que aceitou o que Odin requeria e agora está grávida do herdeiro dos dois povos – Aesir e Vanir. O ciclo foi realmente desfeito. E muitas pontas foram amarradas.

Já Jornada ao Misterio é quem tem a conclusão mais interessante, por Kieron Gillen e Stephanie Hans. Ao final do arco, Loki e Leah deparam-se com um adoecido Damian Hellstorm informando que há um perigo no inferno e tudo é culpa de Loki. A coroa criada para os deuses do medo agora foi tomada por ninguém menos que Mephisto. Tudo obra da traição da “Pega”, a essência do antigo Loki, que viu ali a oportunidade de barganhar com sua versão jovem e inocente.  Agora, para impedir Mephisto que será coroado em breve e dominará unicamente todos os infernos, é preciso que o jovem Loki se sacrifique, sua mente deixe de existir (assim eliminando o poder que ele mesmo concedeu aquela coroa num arco de histórias atrás) e deixe a essência do velho Loki dominar. É uma escolha difícil se desfazer de tudo e ele pede então a chance de se despedir de três pessoas, mas ele nada pode dizer sobre o assunto. Leah é uma delas, que o leva então para Hel. Lá, ele encontra Hela e pede para que ele elimine Leah da existência e a lance apenas para um passado. Por fim, seu irmão Thor, a quem ele pede que faça o que deve ser feito caso o garoto fique malvado de novo. Então, chega a hora do sacrifício. Antes do fim, o jovem e bom Loki apenas lembra ao velho deus que ele venceu. Ele conseguiu ser alguém diferente. E já o velho Loki não. Ele apenas está sendo o mesmo. O velho Loki se irrita e diz que mudará também. O jovem Loki diz que eles não permitirão isso. E então é tudo feito. Loki morde a pega. Agarra seu antigo elmo. Cai aos prantos. E amaldiçoa a todos. Inclusive ele mesmo.


O esforço para esse último arco de histórias, uma clara alusão a anterior Saga de Surtur tem seu mérito. Apoiado desta vez por Gillen e Alan Davis, Matt Fraction conseguiu trazer referências melhores e mais bem engendradas de um clássico. Particularmente, toda essa fase do novo Loki, jovem e comprometido em fazer o bem, mesmo que por vias não muito certas, tem dado um novo brilho as histórias. Ele se torna um personagem muito mais profundo como nunca já foi antes e, de fato, tornar-se um melhor coadjuvante que o próprio Thor (mas que é igualmente necessário para uma alusão de como funcionam de forma oposta , mas só até certo ponto). Loki tornou-se um personagem tão querido nos quadrinhos como é no cinema, mesmo seguindo caminhos tão diferentes. E agora que tudo mudou (e vamos sentir saudade do moleque), um novo caminho se abre para o personagem. Mas isso veremos em outra revista numa Nova Marvel. Até lá!

Coveiro

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