quinta-feira, 21 de abril de 2016

Thor: deuses e legados

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Quem é a mulher que carrega o sagrado Mjolnir enquanto o filho de Odin, indigno desde os eventos de Pecado Original, não possui mais essa capacidade? Quem é Thor? Essa é a pergunta que o roteirista JASON AARON e o desenhista RUSSEL DAUTERMAN buscam responder desde o lançamento de Novíssimos Vingadores, e da qual falarei nessa resenha até sua edição número 4.

Aaron não usa as páginas da nova revista para falar da nova heroína. Aliás, ela nem dá as caras antes do final da primeira parte. O que ele elabora de forma bastante consistente desde que assumiu o título é o entrelaçamento entre novos e antigos personagens, entre aliados e antagonistas que fazem parte do universo de Thor. Odin, Freyja, Asgardia, gigantes de gelo, trolls e o soberano dos elfos negros, Malekith do lado místico e mítico, e o contraponto representado pela Roxxon e seu mais implacável representante Dario Agger dão o tom do aprofundamento da desgraça do filho de Odin.

Com o antigo vingador mutilado pelo elfo, que planeja junto com seus aliados algo muito maior do que apenas derrubar o campeão de Asgardia, uma heroína misteriosa retoma o legado do deus do trovão, encarnando em si a tarefa e o ímpeto do herói caído à sua própria maneira.

A história se volta também, claro, para um momento de autodescoberta. Com Mjolnir funcionando como condutor de imenso poder, a nova Thor vê seu lado mortal (será?) e imortal se fundirem em uma só persona.

Não demora para ela que vá quase instintivamente ao encalço de Malekith e dos gigantes do gelo, demonstrando que todo o poder de Thor está ali. Mas não sua experiência, e é aí que Malekith, sem dúvidas o adversário mais perigoso de todos (mesmo com todo o poder do minotauro Agger), consegue certa vantagem inicial quando se vê na necessidade de confrontar a deusa do trovão.

Mas ela aprende rápido, realiza coisas que nem o filho de Odin já fizera, e consegue momentaneamente frustrar os planos do elfo negro. Porém, não tarda para que precise enfrentar o antigo dono de Mjolnir, que com um braço protético feito do mesmo metal uru, questiona a legitimidade da heroína. É um clássico choque entre heróis que, no final, acabam por se entender.

O filho de Odin reconhece o quanto aquela mulher – que ele suspeita ser sua mãe Freyja – é digna do seu próprio legado, e deixa de lutar contra o que parece inevitável. Ele não é mais Thor, ELA é!

A história é uma clara continuação do que Aaron fez até agora com o mundo de Thor. A mudança da arte de ESAD RIBIC para Dauterman é apenas mais uma nuance bem planejada e executada desse projeto. O tom épico do título anterior caía como uma luva a Ribc, que ao dar lugar para o frescor da arte de Dauterman ativa a noção de recomeço e mesmo de leveza que funda um novo capítulo na história do deus (deusa!) do trovão.

A invasão dos gigantes do gelo arquitetada por Malekith parece derrotada, mas ao obter o crânio do seu rei (e pai biológico de Loki) Laufey, morto desde tempos imemoriais. O elfo negro é o pivô do que está por vir, e caberá à misteriosa heroína fazer aquilo que, como Thor, tem obrigação de fazer.

João

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