quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Origens Millennium: Quando Steve foi para a guerra e Charles conheceu Erik

Na estreia da minissérie que investiga as origens do universo super-heróico da Terra 1610, descobrimos que a decisão do presidente norte-americano Franklin Roosevelt de vencer a Segunda Guerra Mundial usando supersoldados levou os prisioneiros de guerra Nicholas Fury e James Howllett a se tornarem cobaias de experimentos científicos. Em Manhattan, Fury escapou depois de ter soros experimentais ministrados em sua corrente sanguínea, o que parece ter trazido conseqüências para a condição humana do soldado. E, no Canadá, o programa Arma X alterou o genoma de Howllett a ponto de criar um novo gene: o mutante. Assim, James se tornou o primeiro Homo superior.


Capa



Mas isso foi só o começo. Brian Michael Bendis e Butch Guice ainda têm muito mais para mostrar...

A segunda parte da história, publicada em Marvel Millennium 92, começa no presente, com o Quarteto Fantástico sendo levado pela diretora interina da SHIELD Carol Danvers até a sede do Projeto Pégaso, em Devil’s Point, Wyoming, a fim de atender a um chamado de emergência. Lá, Wendell Vaughn, encarregado da base, lhes explica que o lugar é um imenso depósito onde o governo dos EUA guarda todos os objetos de origem misteriosa ou poder inexplicável que encontra. Após questionamentos sobre a duvidosa decisão de manter todos os artefatos no mesmo lugar e a explicação de que o Projeto existe bem antes de Nick Fury chegar à organização, Vaughn explica qual é a emergência: Trata-se de um objeto que ninguém sabe o que é e que estava ali há décadas. Hoje, simplesmente ligou. Com uma forma de olho em sua parte superior, o misterioso obelisco não pode deixar de proporcionar aos presentes a sensação de estarem sendo observados.


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Mas o que nós observamos agora está num cinema de Nova York, no ano de 1942. O jovem Steve Rogers assiste,concentrado, os filmes com notícias da guerra tão comuns na época. Gail, sua colega de classe, o reconhece e tenta puxar assunto, sugerindo que os dois saiam juntos qualquer hora – a despeito de seu acompanhante, um soldado prestes a embarcar. Ele assente ao convite e, pouco depois da moça ser repreendida por falar em meio ao filme, Steve se retira do local.


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Ele caminha pela Times Square até o centro de recrutamento, onde lhe explicam novamente que ele não está apto para servir, devido à sua condição física. O rapaz insiste, dizendo que quer ajudar a por um fim à guerra, e que eles só precisam lhe dizer o que fazer. Nisso, o telefone da recepção toca e Rogers é convocado para a sala do Sargento Dugan.

O homem lhe explica que, ao contrário de seu receio, ele não está encrencado e não há nada de errado em sua atitude. Na verdade, o trabalho de Dugan era encontrar alguém como ele: órfão, manco, esperto e patriota. Conforme percebeu ao analisar sua ficha depois de várias tentativas de alistamento, o sargento revela que Steve é o candidato perfeito para o Projeto Renascer do Dr. Erskine.

Após algum tempo de experimentos, Erskine explica, em suas notas pessoais, que Steve Rogers se encaixa em cada critério físico e mental necessário para o projeto. O doutor se pergunta se era a vontade da cobaia o ingrediente que faltava até então na realização do mesmo. Se o rapaz sobreviver às injeções do soro, será um dia histórico para a medicina que mudará o rumo da Guerra Mundial.


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O cientista e o sargento Dugan visitam o quarto do jovem Sr. Rogers, que diz estar pronto para a conclusão do experimento. Mas antes, ainda há mais que ele precisa saber, diz Dugan. O sargento lhe entrega relatórios que conta serem registros sobre os aliados dos alemães e japoneses que não nasceram na Terra, revelando para o garoto a presença dos alienígenas Chitauri – ou Skrulls – nas linhas inimigas.

No dia seguinte, chega a hora esperada. Rogers se considera pronto e o Dr. Esrkine começa a ministrar o soro do supersoldado. Após alguns momentos, Steve libera energia que destrói a cadeira em que se encontrava, junto com parte do laboratório. Já tendo visto aquilo antes - assim como nós, que testemunhamos o mesmo acontecer com Nick Fury na edição passada -, a segurança do laboratório presume mais uma falha e se prepara para combater a cobaia. Mas o doutor os manda esperarem.

É quando todos contemplam Steve Rogers, calmo e com o corpo desenvolvido, denotando o sucesso do projeto. O silêncio de admiração só é interrompido por um grito. “Heil Hitler!” e um espião infiltrado entre os americanos dispara contra o supersoldado. O chocado Dr. Erskine é o próximo e o nazista continua disparando contra os inimigos. Mas, arremessando um disco de metal qualquer que achou no laboratório destruído, e demonstrando grandes habilidades de luta, Steve derrota o inimigo. Enquanto as esperanças de salvar a vida de Erskine vão diminuindo, todos se espantam com o surgimento de um estranho artefato na sala, e correm para evacuar o local, no temor de estarem lidando com uma bomba. O que seria aquele objeto é exatamente o que o Quarteto Fantástico está tentando descobrir ainda hoje, como vimos no início da história.


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Nos aposentos de Steve, uma visita interrompe suas orações: ninguém menos que o presidente Roosevelt veio vê-lo. Ele explica que mandará Rogers para o campo de batalha e, principalmente agora que ele é único, já que Erskine levou metade de suas conclusões para o túmulo, o país precisa dele. O jovem pretende fazer o melhor, mas seu presidente explica que não é o bastante. Ele precisa vestir a bandeira para ganhar essa guerra. Porque, sem ele, o próximo passo da nação é lançar uma bomba, que não poupará mulheres ou crianças, o que certamente não é sua vontade. Roosevelt finaliza dizendo que não iniciou esta guerra e nem queria estar nela, mas irá terminá-la, e o supersoldado afirma que irá ajudá-lo a fazer isso.

Em outro momento, despedindo-se de Gail, Steve conta que vai embarcar. Em tal situação, é mais fácil para ele confessar que a ama já há algum tempo, e ela revela sentir o mesmo. Quando ela garante que fala sério, ele se surpreende e, por fim, os amantes se beijam. Quando ele está prestes a fazer um pedido para quando voltar, a moça pede que ele o guarde para tal momento. Quando seria sua volta, ela aproveita para perguntar. “Quando eu terminar”, ele diz, encerrando a segunda parte da mini.


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No início da terceira, em Marvel Millennium 93, acompanhamos o desenrolar da situação no Projeto Pégaso. Reed e Sue começam a bolar teorias, se perguntando se aquilo os está mesmo observando, sendo que parece estar transmitindo para algum lugar. Seria um sensor ou um ser vivo complexo? Só o que sabem é que as leituras são inconclusivas. O agente Vaughn revela que aquilo se encontra ali desde a Segunda Guerra Mundial, o que gera a preocupação de evacuar o local, já que toda a tecnologia da época tinha objetivos bélicos. Aquilo poderia ser uma arma, ou bomba, ou dispositivo alienígena usado como arma. Seja o que for, Danvers ordena a evacuação do local e a procura por respostas. É quando um agente lhe traz espantosas notícias...

Nós vemos objetos similares àquele surgirem nos lares e QG’s dos principais heróis e defensores do planeta.


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Mas é hora de voltarmos no tempo novamente. Agora para 27 anos atrás em Alberta, Canadá. Num laboratório também familiar para quem leu a primeira parte da história, um jovem se aproxima de um tanque e convoca seu ocupante a levantar, fazendo-o flutuar no ar. Ele afirma saber o que foi feito com ele e, reiterando que seu nome é James, não Arma X ou Mutante X, o rapaz declara que ele está livre. É quando a mãe do garoto chega, acompanhada de reforço militar, e pede para que ele pare tudo aquilo. Erik percebe que ela o teme e condena seu trabalho, que é torturar aquele homem recém-libertado. Mas ela explica que seu verdadeiro trabalho é encontrar a cura para aqueles com a doença de seu filho. Antes que ela diga muito mais, ele se despede e torce para que o inferno exista.


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Nove anos depois, em São Francisco, o professor Charles Xavier faz uma leitura de A Trágica História do Dr. Fausto para seus alunos. Enquanto recita o monólogo escolhido, alguém lhe pergunta em pensamento se ele está lendo a mente dos alunos. Sem parar de ler, ele dialoga mentalmente com o homem de chapéu e sobretudo que nunca viu antes – e cuja mente não pode ler, sendo capaz de ver apenas os pensamentos que ele lhe projeta intencionalmente. Nem ele sabia que possuía tal imunidade, mas afirma se chamar Erik e convida o professor para almoçar.

Enquanto os dois caminham pelo campus, ele afirma ter lido o livro de Charles e se inspirado. Xavier fica realmente surpreso com isso, já que tal obra causou muito menos impacto que o esperado. Como mutante, Erik Lehnsherr se sentiu motivado a melhorar sua condição única pela leitura. Indagado por Charles sobre como soube que ele lia as mentes dos alunos mais cedo, ele explica que sempre percebe quando outros usam suas habilidades especiais. Mas não é este seu poder, e sim o controle sobre campos magnéticos.

Depois de uma breve demonstração dos poderes de Erik, os dois constatam que Charles realmente não pode entrar na mente dele, apenas ler os pensamentos projetados. Talvez os poderes dos dois se contradigam de alguma forma, mas a única certeza de Xavier é a de nunca ter encontrado uma mente assim antes. Ele assume gostar de poder assumir uma posição normal em uma conversa, sem saber como ela vai terminar ou quais as intenções de seu interlocutor.

As intenções de Erik e seus amigos, que abraçaram a idéia exposta por Charles, em seu livro, de um lugar onde mutantes possam se unir e treinar, cultivando a raça, são as de tornar tal lugar real. Ele explica que não dispõe de muito dinheiro, mas de algo melhor.


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Dois anos depois, os dois chegam, novamente, à Terra Selvagem. Embora considere o lugar o Paraíso na Terra, Xavier receia que ele seja isolado demais da humanidade. Reencontrando a Irmandade reunida por ele e Erik – que conta com a esposa do último, Magda -, ele explica que não gosta da idéia de remover os mutantes da sociedade. Eles se defendem dizendo que estão criando uma nova sociedade, como o próprio Charles escreveu.

É quando Erik confessa algo que nunca contou ao amigo: seus pais eram agentes do Arma X canadense - onde se sabe ser o lugar onde o primeiro mutante foi encontrado. Ele teve uma vida relativamente normal até que, aos treze anos, fez os talheres dançarem e seu pai se embebedou e tentou matá-lo, atirando contra ele. Instintivamente, ele desviou o projétil e o retornou ao pai. Foi quando aprendeu o que seus pais faziam para viver. Então, invadiu os laboratórios e libertou o “Mutante X”. Os rumores de que ele sofria experimentos são verdadeiros. Testavam o que poderia acontecer com ele em diversas situações, diariamente, por décadas. Erik o libertou, e sua mãe morreu o tentando impedir de fazê-lo. Foi quando soube que viveria com o objetivo de libertar os mutantes; um por um se foi preciso. E este foi seu primeiro.


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Surpreso, Charles se interessa por conhecer tal mutante. Mas Erik esclarece que ele segue seu próprio caminho, sabendo que é bem-vindo ali há qualquer hora. Libertá-lo da prisão e obrigá-lo a ficar em outro lugar não faria sentido. Lehnsherr explica que seu ponto era: os humanos ainda não estão prontos para a convivência com os mutantes, conforme seus pais ilustraram bem. Por isso, o isolamento, que não durará para sempre. Xavier escreveu algo parecido, mas o que ele quis dizer é que a educação dos mutantes é uma parte da solução, e a dos humanos é a outra.

Afirmando que as coisas devem ser feitas uma de cada vez, Erik pede para Charles por em sua cabeça a escola para mutantes que ele sabe que o amigo idealizou nos mínimos detalhes. Um pouco receoso, Xavier aceita. Logo, a imensa estrutura de metal que antes só existia na cabeça do professor se encontra na frente de todos, graças aos poderes de seu orgulhoso amigo. Assim, ele enfatiza: "uma coisa de cada vez". E nós, leitores, podemos perceber ao fundo o objeto de retina vermelha de que tanto falamos e tão pouco sabemos. E nisso, mais uma parte se encerra.


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A minissérie fica mais interessante a cada nova edição. Uma ideia tão corajosa precisa ser muito bem-executada para convencer, e até agora convenceu. Ouso até dizer que deu mais profundidade a alguns personagens do Ultiverso, que antes podiam parecer meio jogados na maioria das histórias. Minha única ressalva até agora é a cena de despadida de Steve e Gail, que já havia sido contada anteriormente por Mark Millar de forma diferente, na última cena do volume 2 dos Supremos. A cena tinha uma carga emocional mais forte, e acho que o Bendis vacilou em contá-la de outra forma em vez de criar uma situação diferente para encaixar seu diálogo.

Mas como já disse, tudo caminha muito bem. Aguardemos as duas últimas partes para ver onde tudo isso vai dar. Até lá.

Léo

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