quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Homem-Aranha: Viver e deixar morrer*


Amazing Spider-Man #573

O Homem-Aranha está a perigo. Caçado pelos Thunderbolts, acusado de assassinatos em série, perturbado pelo Ameaça, que, além de interesses na disputa eleitoral para a prefeitura de Nova York, demonstrou ser um admirador do Duende Verde, agora tem mais um problema para resolver. Eddie Brock, o primeiro hospedeiro do simbionte alienígena que Peter Parker já usou como uniforme e assumiu a alcunha de Venom, por influência dos poderes de Martin Li, o Sr. Negativo, assumiu uma nova identidade. O Anti-Venom, um anti-herói que, pensando em fazer o bem, vem atrapalhando bem mais do que ajudando. Tudo isso se resolve, ou quase, na conclusão de Novas Formas de Morrer, de Dan Slott e John Romita Jr. em Homem-Aranha 94.

As coisas parecem voltar a um pouco de sua normalidade depois da destruição da última edição, e logo o caso dos trabalhadores escravos vai se desvendando. Abrigados no projeto FESTA de Martin Li, eles contam como foram usados como cobaias em experimentos químicos aparentemente ligados à Oscorp, empresa do atual diretor dos Thunderbolts e Duende Verde original, Norman Osborn. Um prato cheio para a reportagem do Linha de Frente e para o alterego de Peter, especialmente porque Norman é ligado diretamente a um dos candidatos à prefeitura, Randall Crowne.

Enquanto isso, a descoberta de que o uniforme do Aranha tem um sensor que guia a câmera usada por Peter é explicada à equipe de assalto formada por Norman, que inseriu o mesmo tipo de sinal em suas armas. Porém, dentre os soldados está Brock disfarçado com seu novo simbionte, e ele logo sabe que não terminou de destruir Venom, cujo simbionte está em recuperação, aguardando apenas que Osborn crie uma contra-medida para os efeitos inibidores inseridos nele pelo Anti-Venom.

Homem-Aranha: Novas Formas de Morrer

No laboratório, realizando testes no corpo de Mac Gargan com auxílio do Homem Radiativo, Norman descobre que o Anti-Venom é composto de anti-corpos, algo que ele agora pode facilmente anular. Isso graças ao uso do corpo do Monstro, criatura enfrentada pelo Homem-Aranha recentemente e capaz de se adaptar a qualquer toxina ou malefício a seu corpo. Ele agora é uma cobaia permanente, que implora pela morte, o que lhe é insistentemente negado.

O uso para criar vacinas que salvariam milhões de vida, contudo, é direcionado para algo mesquinho e egoísta. O superveneno que combate o Anti-Venom é então produzido. Algo inimaginável de ser produzido sinteticamente. Uma nova forma de se matar alguém; uma nova forma de morrer.

Homem-Aranha: Novas Formas de Morrer

Visitando seu velho covil, Norman percebe que este recebeu uma visita imprevista, mas isso pode esperar. Ele finaliza o veneno e, à caráter, vai à caça.

No Grão de Café Peter hesita em dizer a Lily que o ataque a seu pai, o candidato Bill Hollister, agora hospitalizado, pode ter ligação direta com a presença de Norman Osborn na cidade. Ao mesmo tempo, trajado como Duende Verde, ele fala com Harry ao telefone, crendo ter sido o filho aquele que mexeu em suas coisas. Contudo, antes de Peter questionar isso a Harry, já que ouviu de relance a conversa, seu sentido de aranha dispara, e ele tenta sair. Mas é tarde, com aval de Osborn, a equipe liderada pelo Mercenário ataca.

Homem-Aranha: Novas Formas de Morrer

Logo Peter consegue fazer com que Harry leve Lily para longe, e o Homem-Aranha está prestes a entrar em confronto com seus perseguidores. Porém, alguém contra-ataca antes: o Anti-Venom. Ainda assim, o Aranha acaba atingido no fogo cruzado e por vidros lançados pelo Mercenário.

Homem-Aranha: Novas Formas de Morrer

Do lado de fora, Harry está furioso por saber que seu pai permitiu o ataque mesmo com sua presença no local. Irritado, deixa Lily sozinha e vai resolver as coisas com Norman. No Grão de Café a batalha continua, e com a ajuda do Anti-Venom Peter acaba sobrevivendo, mas se apavora ao pensar em perder os poderes de novo com a proximidade entre os dois. Ainda assim, Brock revela como ele foi facilmente atingido, fazendo com que o Aranha concorde em trabalharem juntos.

Usando o truque contra os Thunderbolts, o cabeça de teia prende o sensor no mercenário, que acaba atingido pelos tiros disparados pelos soldados. Peter e Eddie se entendem provisoriamente, e vão atrás de Osborn juntos.

Homem-Aranha: Novas Formas de Morrer

Ainda trajado como Duende, Norman chega na sede da Oscorp (onde estãoVenom, o Homem Radioativo e Soprano), aplicando uma “vacina” em Mac Gargan, erradicando o anti-venom de seu corpo. Mas como o simbionte ainda não se regenerou por completo, Gargan ganha uma armadura, fundindo suas duas identidades de vilão, torna-se a mais nova versão do Escorpião!

Homem-Aranha: Novas Formas de Morrer

Logo Harry chega à Oscorp, deixando Lily no lobby. Encontra seu pai, que ironiza a relação que ambos têm com a vida e a morte (apesar de eu não ter achado tanta graça), e mais uma vez tenta convencer seu filho a se juntar a ele. Apesar do rapaz achar que tudo gira em torno do Homem-Aranha, seu pai nega, dizendo que Harry está no centro de suas ações. Nesse momento, a ligação do Mercenário noticia o fracasso da missão.

Não é só Harry que chega à Oscorp. O Aranha e o Anti-Venom se dividem, confirmando a desconfiança de Peter na reabilitação de Brock. Mas rapidamente parece que o herói é derrubado pelos Thunderbolts.

Homem-Aranha: Novas Formas de Morrer

Mas era Brock, disfarçado como o Aranha. O verdadeiro aracnídeo confronta o Duende Verde na frente de seu filho, fazendo de tudo para defender Harry. Mas ele não quer a ajuda do herói. Na verdade, essa luta eterna entre os dois já passou de todos os limites para o rapaz.

Homem-Aranha: Novas Formas de Morrer

Logo Norman revela que Harry tem realizado feitos secretos até mesmo para seus amigos mais próximos, crendo que com isso estaria mais parecido consigo. O Aranha afasta o Duende de Harry, e continua agredindo-o sem se conter, dizendo que ele sempre se recusa a morrer.

Então, acidentalmente, um laboratório com vários outros escravos orientais é revelado... mas ficamos sabendo que é obra de Harry!

Sem explicações, Peter se recusa a acreditar e espanca o Duende, que, iniciando uma seqüência de auto-destruição do prédio, obriga o Aranha a largá-lo e salvar os inocentes.

Homem-Aranha: Novas Formas de Morrer

Enquanto o Homem-Aranha salva todos, Venom e Anti-Venom continuam a lutar. Mesmo Soprano e o Homem Radioativo são resgatados por ele.

A luta entre os dois lados da mesma moeda continua, com Brock querendo insistentemente “curar” Gargan. Porém, usando o veneno criado por Osborn, o Gargan destrói seu simbionte “negativo” ao mesmo tempo em que o Venom se recupera totalmente. Com isso, o simbionte impede que Brock seja assassinado, por manter algum tipo de conexão com ele depois de anos atrelado a seu corpo e mente. Assim, eles deixam o local.

Homem-Aranha: Novas Formas de Morrer

O prédio desaba, e com ele qualquer tipo de prova das investigações iniciadas por Ben Urich e Sally Floyd do Linha de Frente. Harry encontra Lily e Norman escapa quase ileso. Porém, algo de sorte sobrou para o Aranha, e Soprano deixa ele escapar.

Mais tarde Norman dá sua versão da história, completamente distorcida, aumentando o mau nome do Homem-Aranha, supostamente soterrado sob os escombros e desaparecido. A questão da participação de Harry nos experimentos permanece enevoada, mas, com ajuda de Peter e Lily ele procura documentos que podem lhe inocentar.

De repente, com Harry indo a outra sala do escritório destruído, uma cena surreal. No momento em que Peter estava prestes a desvendar o compartimento secreto do local, Lily o puxa, desdenha de Harry e lhe dá um beijo, dizendo que escolheu o homem errado. Ele logo a afasta e Harry volta com o que estava procurando, deixando a cena em suspenso, com Peter sem saber o que falar. Dizendo que não pode falar qual o conteúdo dos documentos naquele momento, Harry conta com a amizade e confiança de Peter. Eles saem, e na bolsa de Harry podemos ler “Oscorp Prometheus X-90”.

Homem-Aranha: Novas Formas de Morrer

No projeto FESTA Urich não consegue nenhuma testemunha disposta a falar contra a Oscorp. “Coincidentemente” as “curas milagrosas” que rondavam o local cessaram, e vários residentes voltaram a adoecer ao mesmo tempo em que Martin Li adoeceu. Amparado pela tia de Peter, May, ele não consegue segurar seu lado “negativo” e acaba se afastando com uma grosseria.

Ao longe, Eddie Brock olha para o local onde teve uma nova chance, sabendo que, como fugitivo, não pode mais voltar. Mas sua obsessão por curar todo mal à sua volta permanece, assim como o Anti-Venom em seu corpo. Não será a última vez que ouviremos falar dele.


João

* Título do artigo inspirado em Live and Let Die, título do segundo livro da série James Bond de Ian Fleming (1954), do filme homônimo com direção de Guy Hamilton (1973) e da canção, também homônima, de Paul e Linda McCartney.

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