O estranho desaparecimento de dois ex-membros acabam levando os Novos Mutantes para o meio de uma trama envolvendo viagens temporais, ameaças à realidade, possíveis futuros e revelações assustadoras sobre um de seus membros. E tudo isso contado pela equipe criativa formada pela dupla Dan Abnett e Andy Lanning nos roteiros, Leandro Fernandez na arte.
Tudo começa quando os Novos Mutantes recebem uma visita um tanto quanto incomum: Os Defensores. Representados por Doutor Estranho, Punho de Ferro e Surfista Prateado, eles comunicam ao grupo mutante que eles detectaram uma anomalia temporal que poderia criar um rasgo na realidade em pouco tempo e o epicentro desta anomalia era o próprio grupo mutante. Após um pequeno embate para deter um momentaneamente descontrolado Mancha Solar, eles avisam que darão 72 horas para que o grupo cuide deste problema sozinho, do contrário eles intervirão.
No entanto, o grupo não tinha quase nenhuma dica acerca do que seria essa anomalia temporal. Exceto o fato do Roberto da Costa ter reconhecido o tipo de controle mental ao qual foi submetido: idêntico ao realizado por Karma. Eles vão para o Instituto Jean Grey investigar isso e reencontram Karma, Míssil e Blink, mas os dois primeiros desaparecem completamente logo em seguida.
Investigando através do Cerebra, eles descobrem a localização de ambos em Stroud, Michigan, a mesma cidade em que eles haviam enfrentado a banda Diskhord. Teleportando-se para lá, eles descobrem que o Míssil e Karma que encontraram eram variantes deles vindo de dez anos no futuro e utilizando trajes baseados no Warlock. A dupla parecia estar em uma missão secreta que tinha a ver com o caso da luta contra a banda Diskhord e, inevitavelmente, explode o conflito entre os mutantes do presente, que querem explicações sobre os acontecimentos, e os mutantes do futuro, que não podem contar as suas motivações. Mas o conflito é rápido devido a uma série de decisões não-pensadas do Míssil do futuro, que parecia oscilar constantemente entre a vontade de contar o que acontecerá e o medo das consequências.
Quando o Míssil do futuro é reacordado, ele tenta explicar o problema do futuro dele através de uma série de imagens, que parecem revelar um futuro paradisíaco, mas apenas Doug Ramsey percebe o que havia de errado: a sua própria ausência. Isso acaba alertando àquele a quem Míssil temia revelar sua posição temporal: o “verdadeiro amigo” – Doug do futuro.
Aparentemente, o Doug do Futuro havia se tornado um déspota que transformara o mundo em uma Utopia forçada, através da tecnologia de Warlock. Ele chegara a conclusão de que este era o melhor para todos ao ser corrompido pelo ser extradimensional com quem ele tivera contato durante o arco da Blink e da banda Diskhord. Controlando o fluxo do tempo e os corpos do Míssil e Karma do futuro, esse Doug maligno enfrenta os Novos Mutantes numa tentativa de evitar que eles pudessem impedir o futuro dele de existir ou mesmo que qualquer conseqüência eventual da presença dos seres do futuro pudesse gerar um efeito borboleta que impedisse a própria existência.
No entanto, ele acabou derrotado pelos esforços conjuntos do Cifra do presente e de Nate Grey, que conseguiram enviar as versões futuristas de seus colegas de volta para o futuro, trazendo as versões presentes dele para o tempo correto. Ao final, embora Doug tenha prometido que estava decidido a não se tornar aquele déspota, Míssil e Dani Moonstar não conseguem acreditar muito nas palavras dele, criando para o próximo arco dos Novos Mutantes.
Este foi um dos melhores arcos dos Novos Mutantes desde que a dupla DnA assumiu o título. Ele conseguiram, como poucas vezes antes, fazer o grupo funcionar como uma equipe, sem dar excessivo destaque para nenhum dos membros. Além de terem conseguido utilizar elementos de diversos arcos anteriores, dando uma sensação de continuidade e até de planejamento deles.
Quanto aos membros da equipe, nenhum deles teve um destaque destoante ou se comportou como figurante “para fazer número” dessa vez. Mas os destaques positivos em termos de desenvolvimento foram o Nate Grey, que agora demonstra poder utilizar níveis medianos de telecinésia quando focado (embora tenha ficado estranho e conveniente demais a sua telepatia residual, uma vez que desde o começo havia sido dito que só restara a telecinésia), e o Cifra, que por muitos momentos relembrou vagamente a personalidade que Zeb Wells havia colocado para ele no run anterior. As participações de Míssil e Karma foram breves em suas contrapartes do presente e relativamente fracas em suas contrapartes do futuro, que pareceram, em alguns momentos, os viajantes do tempo mais descuidados de
Entre as fraquezas do arco, podemos mencionar a participação especial dos Defensores, que basicamente serviu apenas para que eles aparecessem na capa da edição, uma vez que qualquer outro evento poderia gerar a ida dos Novos Mutantes para Westchester; a “química” entre Nate Grey e Dani Moonstar, que parece existir mais nas falas dos personagens que os cercam do que entre eles mesmos; e a própria mecânica da viagem temporal, que inventou regras que não existiam em outras histórias de viagens temporal da Marvel por pura e simples conveniência de roteiro, o que enfraqueceu bastante a história. Na arte, Leandro Fernandez fez uma arte competente, mas nada que pudesse encher o olhos. Apenas cumpriu bem o seu papel.
Esta história foi publicada originalmente nas edições norte-americanas New Mutants 44 a 46 e, aqui no Brasil, saiu em X-Men Extra 139 a 141.
Paulo Artur