X-Men: O Fim do Messias

Deixando de lado o trocadilho intencional do título do artigo (afinal, hoje é Sexta Feira da Paixão), muito aconteceu em X-Men nos últimos meses. Bishop se revelou um traidor, Cable estava vivo e mais preocupado com o futuro da raça mutante do que nunca, Ciclope aos poucos vai se tornando, de fato, o grande líder de que precisam os X-Men (mesmo que isso o jogue contra seu mestre Charles Xavier), o Predador X finalmente chega até seu alvo principal, personagens de lealdades fluidas assumiram papéis de importância, tudo em torno do messias mutante. Sim, a menina nascida em meio à devastação de sua cidade natal, a bebezinha ruiva (coincidência?) é o motivo de tudo isso, pois, enquanto para uns ela é a esperança de que os dizimados mutantes não entrem em extinção, para outros é motivo de desgraça para a própria raça. Pois bem, para o bem ou para o mal, em X-Men 88 Complexo de Messias se conclui. É o fim.

Retomando de onde a última edição nos deixou, temos uma situação extremamente crítica na Ilha Muir. Sinistro está morto, assassinado pela traiçoeira Mística, que trabalhava com Gambit pelo bem de Vampira, sua filha. Junto de Xavier, Cable finalmente recupera a menina mutante, enquanto, perto dali, enquanto X-Men e Carrascos se enfrentam, a enrolada Fada acaba teleportando o confronto dos Novos X-Men com o Predador X para o olho do furacão.

Mas a monstruosidade, produto dos esforços dos Purificadores em assassinar toda a raça mutante, logo encontra seu principal alvo: a bebê. Mas ela está em posse de Cable, que tem Bishop à sua frente. Enquanto o policial do futuro tenta desesperadamente alvejá-lo, Nathan se esquiva, fazendo com que a besta aparentemente devore seu perseguidor. Vemos um de seus braços serem arrancados, enquanto Cable se afasta em disparada.


No centro da ação, Ciclope assume uma estratégia muito inteligente. Envia Wolverine e sua X-Force atrás do Predador X, e deixa à cargo dos Novos X-Men o combate dos Carrascos. Não se trata de covardia, mas sim, como explica a Emma, uma manobra pensada, já que os capangas de Sinistro conhecem muito bem os X-Men, mas não sua mais nova geração. Scott conta com o imprevisível para vencer, fazendo justiça à sua liderança.


Em seguida, frente a frente com seu filho, Scott exige que a criança lhe seja entregue. Mas Cable tenta explicar que, permanecendo ali, a menina não teria chance de exercer seu papel messiânico. Que é necessário a exilar no futuro. Mantendo a posição mesmo sob a mira de uma arma, Ciclope ganha um inesperado apoio. Xavier surge e diz a Cable que obedeça e entregue a bebê, mas para mostrar a ele pelo que luta.


Na enfermaria, aos poucos Vampira recobra sua consciência, para surpresa e felicidade de Gambit e Mística. E ela desperta obviamente confusa, pois perdera a consciência há muito. Sua mãe adotiva explica que tudo isso fora previsto pela falecida Sina. Todos os problemas vividos com seus poderes, a absorção de bilhões de consciências alienígenas e ficar às portas da morte, só evitada por toda manipulação orquestrada nos últimos meses. Mas Vampira se enraivece com as ações de Raven, que mais uma vez fez o que quis para atingir seus objetivos.


Enquanto a X-Force leva uma baita canseira do Predador X, percebemos que, mesmo mutilado, Bishop ainda vive. Os adolescentes mutantes (e, de surpreendentemente, até mesmo a trapalhona Fada) cumprem a previsão de Ciclope, e viram o jogo para cima dos Carrascos. O que fica provado também na engenhosa dupla formada por Emma Frost (protetora um tanto mal sucedida dos meninos) e Pó, que derrubam o perigoso Exodus, com regozijo da veterana, e hesitação da novata.


De volta a Cable e Ciclope, Nathan fica surpreso com a atitude de Xavie, pois pensava que o velho mentor dos X-Men acreditasse em suas motivações. E o telepata não nega que acredita, mas afirma que aquela decisão não é de nenhum dos dois, mas de Scott. Como o líder da quase extinta raça mutante, é ele quem decide o que será feito a partir dali. Convencido, Cable entrega a bebê.


Ao mesmo tempo, Vampira toma uma decisão surpreendente, e com os poderes ainda descontrolados, toca a pele de Mística, afirmando-o amá-la, mas sem ver outra saída, absorvendo permanentemente sua psique. Mas ela não morre. O poder da bebê retirou o toque seu mortal, as bilhões de mentes e a degeneração do variante 88. Mas a partir daquele momento, Vampira compartilha sua mente com uma fração da mente de sua mãe. Ela parte, implorando para que Gambit não a siga.


Cansado da surra que a X-Force leva do monstro de pele impenetrável, Logan faz aquilo que em que é melhor. Dá um salto suicida pela boca do Predador X, deixando X-23, cada vez mais próxima dele, desesperada. Com os Carrascos quase derrotados, todos os mutantes partem para cima da besta para salvar Wolverine. Porém, ele não precisa ser salvo. De repente suas garras de adamantium surgem de dentro do animal. Rasgando-o de dentro para fora, ele finalmente derrota o que parece a última ameaça.


O que resta é a decisão de Ciclope. Revelando-se um antigo medalhão com o movimento da bebê ruiva, o o líder dos X-Men não consegue não pensar que o futuro daquela menina, da própria espécie mutante, e a decisão que ele mesmo precisa tomar, lembra demais a dura escolha que fez quando entregou seu moribundo filho recém nascido, agora ao seu lado com mais idade do que ele, para que fosse salvo. E também da surreal experiência de ter participado de parte de sua criação em um futuro distante, e, como não podia deixar de ser, lembra de Jean.

Quando Xavier tenta aconselhá-lo, dizendo que o futuro não pode ser controlado, os dois sabem que existem dois caminhos a partir daquele momento. Dois futuros possíveis. Sob a vista dos outros X-Men, todos ali são X-Men agora, ele toma sua decisão. Beija a testa da neném, e a entrega a seu filho. Scott reconhece que não poderia criá-la devidamente, não naquele momento. Só Cable pode dar a ela a possibilidade de fazer suas próprias escolhas, mesmo com protestos tímidos de outros presentes.


Scott, depositando esperanças em seu filho, prevê um reencontro em breve. Nathan acena positivamente, prometendo se reportar com freqüência assim que os dois se estabelecerem. Enquanto ambos desaparecem, fruto do transporte temporal, Bishop surge das sombras à beira da morte, e dá um último e desesperado disparo em direção da criança. Mas ela e Cable desaparecem frações de segundo antes.


O disparo atinge Xavier na cabeça de forma certeira, ao mesmo tempo em que Ciclope reage e devasta Bishop com uma rajada ótica.


O Fera analisa a situação e não vê saída para Charles. Perguntado sobre o que fazer, Ciclope só consegue pedir que todos tenham esperança que sua decisão com relação à menina seja acertada, pois, com o professor morto, seu sonho morria com ele. Sem hesitar, ele declara o fim dos X-Men, quando, de repente, o corpo de Xavier desaparece.


O fim dos X-Men? Podemos ver como isso se desenrola ainda nessa edição da revista. Mas, com Cable e a menina no futuro, essa é apenas um começo de uma nova fase dos mutantes. Agora, mesmo divididos, os X-Men permanecem, com uma nova cara e nova atitude, à espera da volta da messias.



João