quinta-feira, 27 de junho de 2019

Nos tempos em que a Marvel planejava um filme dos X-Men por Chris Claremont antes de serem adquiridos pela FOX

E se eu contasse pra vocês que antes, muito antes do filme de X-Men de 2000 de Brian Singer pela FOX, havia um projeto de filme dos mutantes que seria escrito por Chris Claremont? E seria uma iniciativa ousada da Marvel a ser feito nos anos 80 e teria uma caminho muito, muito diferente a ser seguido. O site Polygon é quem conta essa história e resumimos tudo a seguir:



Com o sucesso do Super-Homem de Richard Donner nas bilheterias e as vendas da Marvel Comics e com o mechandisng relacionado em alta, Stan Lee sentiu que era hora de trazer suas propriedades intelectuais para a telona. Ele enviou Alice Donenfeld-Vernoux como embaixadora da Marvel para os Estúdios de cinema e, após uma longa série de rejeições feitas, eis que Vernoux conseguiu que o estúdio canadense Nelvana, conhecido na época por ser um grande estúdio de animação, se interessasse pelos X-Men.

A Marvel enviou Chris Claremont - o escritor que transformou os X-Men na franquia mais vendida e mais popular da Marvel - para apresentar a equipe do Nelvana ao mundo dos mutantes. Claremont foi então designado ao trabalho de desenvolver um tratamento para o filme. Ele apresentou dois rascunhos diferentes, ambos com uma lista de X-Men que incluíam Ciclope, Fênix, Tempestade, Wolverine e Professor Xavier.

O resumo do primeiro esboço de Claremont, conforme descrito pelo Polygon era o seguinte: “A primeira versão, datada de junho de 1982 e chamada de Rito de Passagem, foca-se especificamente em Kitty Pryde. Claremont entra no mundo dos X-Men através da vida de Kitty, seguindo sua jornada como nova recruta a se tornar parte da família X. O vilão seria o pai da heroína, que, depois de tentar matar o Professor Xavier que acabou  possuído por um mutante maligno chamado Proteus, se volta contra sua filha e usa seu poder como Senador para colocar o país contra os mutantes. Enquanto isso, o Professor X se enfraquece devido à possessão, fazendo com que seus alunos se levantem e salvem-no de ficar preso no plano astral. No final do dia, a equipe salvaria Xavier e o amor do senador Pryde por sua filha vence e todo mundo ficaria feliz ”.

O segundo esboço também incluiria Kitty Pryde, mas se concentrou mais na rivalidade de Magneto com Xavier. Essa rivalidade se desenrolou lateralmente ao pano de fundo da Guerra Fria e teve riscos muito maiores, muito mais gigantescos: “Em um ponto, Magneto levanta uma ilha de baixo do oceano e destrói um submarino soviético cheio de ogivas nucleares com as mãos. Mais tarde, ele cria um vulcão em uma cidade distante da Rússia e o faz para enviar uma mensagem. No final, depois de quase matar Kitty, Magneto percebe que ele está indo longe demais e pede perdão a Charles.

 Quem ler esse segundo roteiro vai achar bastante familiar essa história com a edição #150 dos X-Men e também um pouco do que vimos em First Class. A primeira versão parece um pouco mais alterada, misturando mais a saga de Proteus com trechos de outros arcos. Nos quadrinhos, são excelentes arcos de história, mas pro cinema certamente requeriria um cuidado maior e mudanças na adaptação.



Contudo, nenhuma dessas versões do Claremont conseguiu passar da fase de roteiro. Claremont deixou o projeto para se concentrar em escrever de novo os quadrinhos, os X-Men e a nova série de spinoff da época, os Novos Mutantes. Daí que as coisas começaram a dar errado. Os veteranos da Marvel Roy Thomas e Gerry Conway foram contratados para escrever novos roteiros, apesar de não haver tratamento para o filme. Nelvana fechou um acordo de distribuição com a Orion Pictures, que trouxe alguns novos produtores. Esses produtores praticamente ignoravam a mitologia da Marvel e dos X-Men. Eles continuavam rejeitando os roteiros de Thomas e Conway e pedindo que eles fossem reescritos para um mercado de “nicho” menor. Depois de várias reescritas, Thomas e Conway entregaram um roteiro que mal parecia X-Men.

Esse filme quase não fazia menção aos mutantes, já que os produtores sentiram que "mutantes" eram análogos aos "monstros" e tornariam o filme difícil de ser vendido. Não havia escola Xavier. Em vez disso, o Professor X e Ciclope viajavam pelo mundo recrutando super-heróis. Proteus tornou-se um CEO corporativo, Wolverine conseguiu seu esqueleto de adamantium após um acidente de carro, e o Professor X podia andar. Nesse novo rascunho, Jean Grey foi substituída por uma nova personagem chamada Yoshi, uma estrela pop japonesa da 'New Wave' que adorava "todas as coisas fofas, todas as coisas tipo Godzilla". Ela teria sido um interesse amoroso de Ciclope que os produtores esperavam atrair o mercado internacional (eles eram contra o uso do Solaris, um mutante japonês que já existia no cânon da Marvel).

Havia também uma personagem completamente impotente chamada Bernie, que era amiga de Kitty Pryde e serviria como um interesse amoroso alternativo para Colossus, que foi incluído nesta versão do roteiro. Mas Bernie foi criada principalmente como um dispositivo de trama desajeitado que os produtores queriam incluir porque sentiam que os meninos não se conectariam com a Kitty, uma garota, sendo a personagem que teria todo ponto de vista nela (apesar de ela ter sido criada nos quadrinhos para esse propósito em específico ).

Este projeto X-Men foi descartado quando Orion se deparou com alguns problemas financeiros e entrou com pedido de falência. O estúdio perdeu os direitos e eles foram comprados pela 20th Century Fox, que finalmente lançou a franquia de filmes X-Men em 2000. 

Para quem for curioso e quiser saber mais, site Polygon tem detalhes adicionais sobre esta estranha saga e citações de Conway e alguns dos outros envolvidos. Para o bem ou para o mal, o projeto não andou, talvez porque o Destino ache que fosse prematuro demais trabalhar com esses super-heróis quando naquela época os recursos de efeitos visuais era tão raso.

Coveiro



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