quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Sobre as mudanças na distribuidora das revistas da Panini

Hoje, o pessoal que continua antenado nos quadrinhos se deparou com uma surpresa. Um informativo destinado aos donos de bancas de jornais do Rio de Janeiro colocava que a partir de agora, a distribuição das publicações da Editora Panini passaria a ser feita pela INFOGLOBO e não mais pela distribuidora anterior.



A distribuição da editora italiana país a fora sempre foi tratado como um dos grandes problemas pelos fãs. Eram cada vez mais frequentes as queixas não só quanto a atrasos como também por falta ou descontinuidade de algumas séries mensais publicadas pela Panini em várias cidades, inclusive capitais de regiões fora do eixo Rio-São Paulo. A real culpa desse problema, no entanto, vai além do âmbito da filial da editora italiana no Brasil.

Desde o final de 2007, quando a segunda maior distribuidora do país, Fernando Chinaglia, foi comprada pela Dinap, do grupo Abril, não só a Panini como muitas outras se viram obrigadas a se submeter as condições de uma única empresa que agora se chamaria DGB Logística S.A. (Fusão da Dinap/Treelog, mais tarde mudaria pra Total), que orquestrava praticamente um monopólio sobre as bancas do país. Com isso, as duas pontas sofreram com o que ditava o grupo Abril - as editoras, com o tempo e formas de pagamento (que não é segredo dentro do meio, veio só piorando de dois anos pra cá com a crise) e os donos de bancas, sujeitos diretos a essas consequências, perdendo variedades de títulos quando as editoras menores deixaram de negociar com a antiga Dinap.

A resposta da Panini aos problemas da ex-Dinap com suas dificuldades de pagamento até demorou. Haviam rumores pouco tempo atrás inclusive se a editora investiria na sua própria distribuidora, assim como, fez o grupo Abril em seu tempo. Contudo, o que aconteceu é que, segundo circular que foi passada a jornaleiros do Rio de Janeiro, as revistas da editora italiana - e vale ressaltar aqui, pessoal, isso não só inclui Marvel e DC, como os tão vendidos quadrinhos da Mônica, álbuns de figurinhas e diversas revistas de atividade infantil - passariam a ser distribuídas para eles através da INFOGLOBO. No informe, inclusive, a nova distribuidora pedia para os donos de bancas entrarem em contato repassando seus antigos históricos de vendas para continuar a receber ininterruptamente as novas revistas.



A nova mudança, que potencialmente poderia ser sinalizada como um bom sinal, tem que ser vista com muito cuidado, no entanto. O alcance da distribuição da INFOGLOBO não chega nem de perto ao da gigantesca distribuidora do grupo Abril (na verdade, confesso que sequer conhecia o serviço de distribuição da INFOGLOBO até o dito caso) e até onde pude checar, seria algo restrito ao Rio de Janeiro.  Atualizado: Para os demais estados, o que se falou depois em uma entrevista ao Universo HQ, é que a Panini pretende passar a trabalhar com distribuidoras locais e assim atingir particularmente todas as demais regiões. E mesmo julgando isso como uma boa saída de imediato as dificuldades impostas pela distribuidora anterior, não tem como eu deixar de me preocupar se realmente cada estado  em particular tem hoje uma logística minimamente eficiente para dar conta disso na prática. Em sumo, desejo estar enganado, mas talvez tenhamos um período de transição aí com mais problemas do que já estávamos.

É válido considerar que o mercado de Bancas de Jornais e Revista ano após ano vêm entrando em notório declínio. Isso não remete apenas a questão dos quadrinhos. É tanto que os proprietários de bancas tem diversificado cada vez mais seus tipos de produtos para poder sobreviver. Do outro lado da história, o perfil de consumidor de quadrinhos tem ficado cada vez mais voltado para os das livrarias, comicshops ou mesmo lojas virtuais, que cresceu exponencialmente nos últimos anos. Investir no lojista especializado, foi inclusive a saída que décadas atrás os EUA encontrou pra que o mercado sobrevivesse e se estruturasse para durar até os dias de hoje.

Atualizados agora com as informações da entrevista que saiu horas atrás com o Presidente da PANINI, confirmamos que a partir de então a editora italiana terá contato direto com as distribuidoras locais. E apesar de isso ser ótimo para escapar das intempéries promovidas pelo monopólio da ex-Dinap (outrora DGB, agora Total) e talvez até abrir portas para outras editoras menores de quadrinhos fazerem o mesmo, percebe-se pela conversa que nem todos os contatos com as regionais fora ainda feitos. A Panini na entrevista afirma que deve ter problemas pontuais até Setembro, mas é difícil realmente prever como se desenrolará essa história. Assim como vocês, na posição de leitores, vamos ficar de olho!

Coveiro

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