A Parceria inusitada do Homem-Aranha e do Deadpool após um intervalo com outros nomes assumindo a revista, voltou ao comando de Joe Kelly a partir da revista homônima da Panini no número 9. Só que algumas coisas não estão exatamente as mesmas depois do confronto com o tal Paciente Zero. Deadpool está mudando, agora comprometido em ser uma pessoa melhor, seu rosto também está normal e bonitão. Já o Homem-Aranha, após voltar dos mortos e ter tido um encontro com um vilão dos infernos (que ele não se lembra) parece ter algo diferente e mais pesado dentro de si. E quando menos esperam, o ápice do plano final do Paciente Zero se revela assombrando os dois.
Noites atrás, Deadpool e o Homem-Aranha toparam com uma nova versão de supergrupo de vilões só formados por personagens baseados em animais - Coelha Branca, Gibão, Calamar, Enxame, Touro e o novato Homem-Urso-Javali. Juntos eles formam a Héxade Horrenda e mal se reuniam para formalizar algum plano e foram atacados pela nova dupla de "broders" - Homem-Aranha e Deadpool. Diferente da história anterior, os dois parecem estar se entendendo melhor. Deadpool está com problemas em casa desde que ficou com o rosto mais bonito (mas não pra sua esposa) e o Homem-Aranha até pensou em dar um carrão personalizado de presente pro amigo que anda se comportando muito bem. Eles funcionam em muita sincronia para acabar com os seis vilões, até que são surpreendidos pela filha deles.
Mas... como assim?
Quem leu a edição anterior, sabe que o Paciente Zero estava preparando algo não revelado que teria a ver com o material genético roubado dos dois. E o resultado disso foi uma jovem azul de seis braços, capaz de produzir uma teia afiadíssima. Ela tinha a destreza do Homem-Aranha e o fator de cura absurdo do Deadpool. Mas sua cabeça era monstruosa, uma psicopata muito pior do que Deadpool já ousou ser. Ela tentou por um fim definitivo em cada um dos membros da Héxade ali (e com alguns teve sucesso) enquanto cantava a música infantil da DONA ARANHA. Era algo que ela usaria como codinome a partir daí. Ela provocava os dois chamando-os de pai, dizendo que estava seguindo o exemplo deles de impedir a bandidagem só que de uma forma mais definitiva e sumiu em seguida antes da polícia aparecer sem dar maiores explicações.
Na edição que se seguiu, o Homem-Aranha achou por bem que deveria buscar mais informações sobre a tal Dona Aranha diretamente com o Paciente Zero. E assim, marcou um encontro com ele num dos esconderijos do Deadpool (sem ele saber ou concordar). Quando o vilão apareceu, cheio de raiva guardada ainda dos dois heróis, não conseguiu sequer revelar-se de fato quem era. Foi morto pela teia cortante da Dona Aranha e uma nova briga começou ali entre "Pais" e "filha". A enlouquecida garota parecia não ter escrúpulos nenhum e ataca sem dó o Aranha e Wade, mostrando que ela realmente seria um problema se ficasse a solta. Antes de ir embora dessa vez, no entanto, a vilã encheu o lugar de explosivos e detonou tudo.
O Deadpool podia se curar, mas era o fim certo do Homem-Aranha se não fosse um tal de espelhinho mágico presente da Shiklah que transportava as pessoas pra outras dimensões.
O próximo capítulo desse arco funciona quase como um grande interlúdio para se respirar depois de tanta sanguinolência. Peter e Wade foram parar LITERALMENTE num bolso interdimensional (na calça do Eternidade) e se viram num lugar maluco onde versões duplas de heróis da Terra existiam como um só ser e Morgana Le Fay comandava e escravizava pobres trolls nativos. O Homem-Aranha que mal se recuperou de seus ferimentos após dias naquele lugar (que podia equivaler a horas na nossa realidade) queria voltar logo pra o universo 616 lidar com a Dona Aranha definitivamente. Já Deadpool achava que como bons heróis, eles deveriam salvar aquele reino antes. Demorou um pouco, mas Parker foi convencido e de posse de um dragão recheado de explosivos, Homem-Aranha e Deadpool conseguiram derrotar o vilão principal daquela realidade - o peludo Slurboroth - e acabar temporariamente com a tirania.
Resolvido o problema, os dois usaram o espelho e voltaram para o esconderijo onde tinham deixado a Dona Aranha. Ela sumira, mas no lugar encontraram uma teia cheio de criminosos presos e mortos. E aquilo foi só o começo.
O lance é que com o excesso de provocações de Deadpool, mais uma vez Peter Parker saiu do sério. Irritado por ser considerado sempre uma bússola incorruptível de moral, acabou literalmente decepando o Deadpool para ele calar a boca. Obviamente, ele fez isso de caso pensado sabendo que ele regeneraria. A momentânea 'Morte' de Deadpool levou-o para o Inferno de novo. Encontrou temporariamente sua esposa e ela indicou que o vilão Paciente Zero estava lá a sua espera. E eis que descobrimos finalmente que o Pacienter Zero era o Fuinha (agora com o rosto recuperado após morto). O ex-colega de Deadpool estava irritado com tudo que Wade aprontou e a morte indireta que ele causou a ele tempos atrás. Piorou ainda mais quando viu Wade ser reconhecido como "herói" e "vingador" mesmo depois de toda matança que já foi responsável. Por isso, ele se associou com "alguém" no inferno que tinha também interesses pessoais no Homem-Aranha. E foi assim que o plano de agir contra os dois começou.
Esse alguém, nós já podemos deduzir, mas Deadpool não, é o Mephisto.
Wade desperta depois de sua cabeça ser colada por 'bamfs' e é avisado por Noturno que o Homem-Aranha se mandou e não queria ser seguido. Antes que seu amigo fizesse uma grande besteira, Wilson saiu com tudo atrás de Peter. O nível de desespero de Parker para impedir a Dona Aranha de matar mais alguém era tão grande que ele vestiu uma versão ainda mais mortífera do uniforme do Homem-Aranha Superior. E assim perseguiu a vilã decidido a usar tudo contra ela. Wade tentou impedir, mas Peter Parker ameaçou usar uma câmera escondida no quarto da Ellie revelando para os piores inimigos do mercenário sua filha em segredo. Isso fez Deadpool se desesperar e deixar a cena por um tempo.
Mesmo jogando com todo equipamento pesado que tinha no momento, o Homem-Aranha estava levando uma baita sova da Dona Aranha. Ela arrebentou os braços mecânicos da roupa do Aranha Superior e encurralou Parker na parede pronto pra decapitá-lo. Foi quando Deadpool surgiu do nada e o salvou, estava ciente agora que por pior que Parker parecesse estar, ele não colocaria a vida de uma garotinha em perigo. Era tudo um blefe. Juntos, os dois conseguiram sobrepujar a louca vilã e o Homem-Aranha estava levando a Dona Aranha para o alto das Indústrias Parker onde jogou ela dentro de um reprodutor de plasma usado como gerador de energia. Parte do corpo dela foi imediatamente consumido e um toco caiu fora. Nem o fator de cura poderosíssimo da vilã a salvaria dali se fosse jogada por inteiro.
Só que Deadpool o conteve. Ciente de que o Parker estava passando de seus próprios limites ali, o Mercenário Tagarela segurou o Homem-Aranha para não agir assim e lembrou que alguém poderia estar fazendo um joguete pra provocá-lo a esse ponto por outras intensões. E realmente estava. Depois de acabar com o casamento de Parker, Mefisto queria detonar sua alma considerada uma das mais incorruptíveis do mundo. Estava já a um passo disso.
A briga do Homem-Aranha e Deadpool começou a chamar a atenção de helicópteros da imprensa. A Dona Aranha também voltou a recuperar suas pernas e entrou no meio atacando os dois. Dessa vez, o Homem-Aranha estava batendo pesado e levou a melhor em cima da psicopata azul de seis braços. Ele não mais ouvia o Deadpool e seus pedidos. De longe, Mefisto observava já com ar vitorioso. Então, Wade fez uma última tentativa e explodiu um monte de granadas ao redor. No meio da fumaça e fogo, o que vemos é o Homem-Aranha sair da explosão carregando a vilã e a jogando por inteiro no Gerador de Plasma.
Ou foi isso que pensávamos.
Na verdade, Deadpool aproveitou-se da cortina de fumaça, usou um indutor de imagens e ele mesmo decidiu matar a Dona Aranha. Mefisto se vangloriou antes da hora. Para Wade, era melhor ele voltar a cometer o que sempre fez na vida do que ver seu grande amigo cair em desgraça a esse ponto pela primeira vez. Peter Parker ficou sem palavras. Apenas recostou os olhos nas mãos e chorou pelo que quase fez.
Como principais consequências dessa história, temos agora um Mefisto muito irado querendo vingança em cima do Deadpool também. Wade voltou a ficar com seu rosto deformado. Aparentemente, seu fator de cura tornava-o mais belo de acordo com o que ele pensava sobre si mesmo. Agora, depois daquela morte, ele simplesmente voltara a se ver daquele jeito. Já a Dona Aranha, para quem pensava que esse fora o fim definitivo dela, uma última cena mostra o contrário.
E esse arco, resumido aqui nas edições 9 a 12, marca o fim da passagem de Joe Kelly na revista. Vai fazer uma grande falta, pois sua escrita era praticamente a alma desse título e seu humor que ficou ainda mais ousado aqui deixou esse título muito superior inclusive em relação a mensal principal escrita por Gerry Dugan. É certamente uma história que merece muito ser encarada como canônica, pois trabalha muito bem a personalidade dos dois personagens tão dispares, mas que quando juntos, começam a se entender e influenciar um pouco um a outro. É uma construção bem feita de caráter de personagens, mesclada com um humor digno de cinema. Depois disso aqui, é difícil não ver realmente os dois como um tipo de BFF. E para que não se ligou, a Panini aproveitou a deixa pra encerrar por aqui o título mensal. Mas as histórias de Homem-Aranha e Deadpool continuarão na mensal principal do Mercenário Tagarela. Vai só demorar um pouco porque a cronologia do título lá precisa se organizar...
Coveiro
