sexta-feira, 14 de março de 2008

Guerra Civil: No Limite da Verdade


Civil War: Front Line # 11

Depois de se reunirem sob o fogo cruzado do confronto definitivo da Guerra Civil, Ben Urich e Sally Floyd saem de seu refúgio vislumbrando a destruição maciça causada pela batalha e recebendo a notícia da rendição do Capitão América. O mundo em que eles vivem mudaria para sempre a partir daquele momento. Porém, Sally só consegue pensar com ceticismo a respeito de toda a guerra, interpretando-a mais como uma disputa egoísta dos heróis do que uma batalha por aqueles que clamam defender. As inúmeras mortes civis das últimas horas definitivamente pesaram em sua reflexão. Ainda assim, ela e Urich ainda tinham informações bombásticas sobre tudo o que aconteceu nas últimas semanas. O que os dois fariam com o que descobriram sobre o Homem de Ferro?

Na última parte d’O Incrustado, em Guerra Civil Especial 4, a dupla de repórteres se dirige primeiro ao local em que se encontra o lado derrotado da guerra. Antes de começar, Sally diz a Ben que está abandonando o Alternativa por se sentir limitada pela linha editorial do jornal. Em seguida, adentram a prisão do Capitão América, acompanhado de perto por CLOC. Steve parece amargurado, mas inicia a entrevista depois de saber que os repórteres pretendem traçar um paralelo entre o que ambos os lados da guerra pensam a respeito dela e de seu desfecho. Seu discurso não muda quando argumenta seus motivos em ficar do lado contra o registro. Porém, admite que talvez uma negociação fosse possível, ainda que ela tivesse sido dificultada pelas condições em que o registro foi votado, dizendo-se arrependido das coisas terem transcorrido da forma como foram. Até mesmo um pedido de desculpas a Tony Stark ele deixa escapar.

Guerra Civil Especial

É nesse momento que Sally intervém, talvez continuando o discurso de seu último encontro com o Capitão. E é aqui que ela faz algumas comparações no mínimo toscas. Afirma que o Capitão América fez tudo isso por orgulho ao constatar que ele não dá a mínima para o que os habitantes dos EUA pensam. Até esse ponto o argumento é válido, mas a repórter usa o myspace, o campeonato de beisebol, a Nascar, o American Idol (!!) como exemplos de como se conectar à população. Se esses são os parâmetros pelos quais ela acredita que o país deve ser interpretado, talvez o problema não seja apenas com os heróis, como ela tenta provar. Talvez sua intenção fosse razoável, mas seus argumentos são sofríveis. E a entrevista termina de forma lamentável, na minha opinião. Sally não parecia estar lá para pegar informações, mas para provar um ponto, reclamar do dinheiro gasto nas batalhas mais do que suas razões e conseqüências. Isso não passa desapercebido por Urich, que pede para conduzir a entrevista com Stark.

Guerra Civil Especial

Enquanto Sally e Danny parecem fortalecer seu relacionamento, garantindo a Urich o título de cupido, os dois repórteres se prepararam com as informações obtidas. Atentos a cada mudança que acontecia com relação ao fim da guerra e à Iniciativa que se espalhava pelos 50 estados dos EUA, recolhiam mais depoimentos de ambos os lados. Fundam o linhadefrente.com, endereço onde pretendiam divulgar tudo que produziam, já que ambos estavam desempregados por opção. O site já nascia bem sucedido.

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Enfim, tomados por uma grande ansiedade, vão até Tony Stark confrontá-lo com tudo que descobriram. Antes de começarem, Stark revela as “cem idéias” desenvolvidas pelo centro nervoso dos pró-registro, observando que a 66ª era ser mais aberto à imprensa. Urich não embroma, indo direto ao assunto. Eles começam traçando uma linha do tempo desde Stamford até aquele momento. Falam da rápida aprovação da lei de registro, da rápida caçada àqueles que não aderiram a ela imediatamente, as péssimas condições enfrentadas pelos capturados na prisão 42, do alistamento de ex-criminosos, do incidente internacional causado pelo Duende Verde, que deveria estar sob custódia do Estado e, finalmente, que sabem sobre o traidor nas fileiras pró-registro!

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Tony não tem tempo de negar, já que Urich mostra as informações sobre a mudança nos nanitas inseridos no corpo de Osborn. Quando Stark tenta contra-argumentar que nenhum desses vilões recrutados estariam fora de seu controle é que Urich dá o tiro de misericórdia. Ele concorda com o entrevistado, constatando que o traidor é ele mesmo!

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Urich diz que sabe dos ganhos financeiros que Stark teve com a guerra, mas que também tem conhecimento que tudo foi doado a instituições beneficentes. Sally complementa o pensamento de Ben, falando que a prisão 42 e várias situações geradas durante a guerra foram planejadas por Stark para que, em um futuro próximo, ele persuadisse a maioria dos heróis a se registrarem. O pulo do gato está no atentado de Osborn à delegação atlante. Sua falha na tentativa de assassinato, sua incapacidade de contar porque fez aquilo, até mesmo sua designação para comandar o novo grupo de Thunderbolts, tudo isso está ligado ao fato de que Tony orquestrou uma provável guerra contra Atlântida, visando a união dos heróis contra um inimigo em comum. Nenhuma novidade em termos políticos, diga-se de passagem.

Sally surpreendentemente aplaude a postura de Stark, elogiando todos os sacrifícios feitos por ele para realizar o que claramente acha certo. Ele não consegue falar nada, além de expulsar os dois de sua sala. Mais surpreendente é a escolha de não publicar a história. Contrapondo ao discurso moralista imposto ao Capitão América, soa um pouco “estranho” ter todas essas informações e não divulgá-las. Auto-censura, é o que muitos chamam tal atitude. Muito comum em tempos de guerra no mundo em que vivemos, o que não faz dela menos questionável. Para muitos o trabalho jornalístico pressupõe informar, mas tal situação nos mostra que muitas vezes a imprensa escolhe o que informar.

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O “tapa na cara” que Stark leva dos dois repórteres o enfurece, especialmente por lembrar do que teve de realizar para fazer o que achava certo, tornando-o muito parecido com o Capitão América, afinal. Mas agora que os sacrifícios foram feitos, sob a fumaça da destruição causada, o verdadeiro trabalho se inicia.

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